Paulo Kliass: A Petrobras e a sanha do
financismo
A voracidade do
capital financeiro é um fenômeno patológico que tem causado prejuízos muito
graves para o conjunto da sociedade brasileira. Há décadas que o ambiente
econômico em nossas terras é amplamente conhecido no universo da gestão de
patrimônio e fortunas como sendo o paraíso do financismo global.
Durante longos
períodos, o Brasil ocupou a primeira posição dentre as nações que ofereciam a
maior taxa de juros do planeta. Esse trágico atributo guardava uma relação
direta com a definição dos patamares da taxa de juros oficial, a SELIC. O órgão
da autoridade monetária sempre respondeu muito mais aos interesses do grande
capital associados às finanças e menos a qualquer projeto de retomada de um
projeto de desenvolvimento econômico e social. Afinal, com o custo financeiro
na estratosfera, qualquer tipo de empreendimento produtivo, ampliação da
capacidade operacional ou atividade no setor real ficam bastante prejudicados.
Ora, como a taxa
referencial de juros opera com o patamar mínimo para qualquer tipo de cálculo
de rentabilidade, o fato é que a sociedade brasileira acabou como que
“naturalizando” esse absurdo financista. Aliás, essa capacidade que temos de
nos acostumar como coletivo social a situações disfuncionais, para dizer o
mínimo, se manifestou também no período de taxas de inflação elevadas. A
sociedade internalizava os distintos ciclos de crescimento acelerado de preços
e tudo se passava como se aqueles patamares fossem considerados “normais”.
Porém, os setores do topo de nossa pirâmide da desigualdade econômica e social
sempre conseguiam se defender da perda de poder aquisitivo da moeda. Foram
necessárias várias tentativas de plano de estabilização monetária, com criação
de novas moedas, para que finalmente o Plano Real lograsse êxito em 1994.
·
Capital especulativo
sempre quer mais
Pois, agora, ao longo
dos últimos dias, a turma do financismo volta ao ataque em defesa de seus
interesses rentistas e parasitários. Trata-se da tentativa de desqualificar o
governo Lula e a equipe do Ministério das Minas e Energia por conta da recente
decisão envolvendo a distribuição de lucros e dividendos da Petrobras. A nossa maior empresa estatal tem sido utilizada ao longo dos
últimos anos para direcionar vultosos recursos para os seus acionistas.
Ora, não satisfeitos
com essa quantidade enorme de recursos públicos distribuídos para os detentores
de títulos da empresa durante os últimos três anos, os porta-vozes do
financismo avançam sobre uma outra parcela que seria distribuída também a essa
conta. Trata-se de “lucros e dividendos extraordinários”. Ocorre que,
exatamente pela característica de não ser uma remuneração “ordinária”, o
Conselho houve por bem não promover a distribuição imediata dos valores. Eles
ficaram aprovisionados em uma conta interna da Petrobras, para posterior
decisão a esse respeito.
Pois essa suposta
“frustração” de expectativas dos acionistas levou a que os grandes grupos de
investidores do capital privado orquestrassem uma chantagem imensa sobre a
empresa, provocando uma queda artificial e especulativa da cotação dos papéis
no pregão da bolsa. E as manchetes e as telinhas estampavam que a empresa havia
sofrido uma perda patrimonial de x bilhões de reais em algumas poucas horas. A
responsabilidade, obviamente, aos olhos desse pessoal, seria creditada ao
presidente Lula por sua visão estatista, intervencionista, antimercado e
blábláblá. O pequeno “detalhe” é que ninguém esclareceu aos leitores que a
baixa especulativa em um único dia seria restabelecida pela alta na cotação das
ações no pregão da Bolsa no dia seguinte. E vida que segue.
Para esse pessoal não
interessa lembrar que, desde o primeiro dia do terceiro mandato do presidente
Lula até os dias de hoje, as ações da Petrobras na Bolsa passaram por uma
valorização superior a 100%. Esse tipo de ganho, que não tem paralelo com
nenhuma outra grande petroleira do mercado internacional, representa uma
rentabilidade que não se encontra em nenhum outro tipo de atividade econômica
em nosso País para o período considerado.
A Petrobras é uma
empresa estatal e a maior parte de seu capital pertence ao governo brasileiro.
Além disso, a União possui mais de 50% do total de ações com direito a voto.
Assim, os investidores que optaram por adquirir títulos do grupo estavam
cientes a respeito da natureza pública do grupo e da possibilidade de que, em
algum momento, os ganhos fossem redirecionados para o necessário aumento de
investimento e da capacidade produtiva da mesma. Essa opção é ainda mais
compreensível em uma conjuntura em que o Ministério da Fazenda atua duramente
pela consecução da meta de zerar o déficit primário e que o Novo Arcabouço
Fiscal elaborado por Fernando Haddad impede a capitalização de empresas
estatais pelo Tesouro Nacional. A austeridade fiscal impede a expansão das
atividades da Petrobras.
Esse comportamento
ávido e ganancioso do financismo parece mesmo não ter limites. O primeiro
aspecto a ser ressaltado é que a distribuição de lucros e dividendos continua
senso isenta do pagamento de imposto de renda. Uma loucura! Trata-se de uma
benesse oferecida por Fernando Henrique Cardoso aos detentores de capital em
1999 e que continua valendo até os dias de hoje, sem nunca ter sido excluída. O
governo foi dirigido por representantes do Partido dos Trabalhadores por mais
de 15 anos e a regra não foi sequer alterada.
As demais fontes de
drenagem de recursos públicos para o capital financeiro podem ser observadas
pelo volume das despesas com pagamento de juros da dívida pública. Trata-se de
um verdadeiro orçamento paralelo da União, sem nenhum controle do Congresso Nacional
ou dos demais órgãos do Poder Executivo. O Banco Central registra os volumes
crescentemente escandalosos a esse título. São gastos sobre os quais não existe
nenhum limite, nem teto, nem contingenciamento.
A chantagem levada a
cabo pelos grupos associados ao financismo nacional e internacional coloca em
xeque a natureza essencial da Petrobras. Ela é uma empresa estatal e, portanto,
deve responder aos desejos estabelecidos pelo acionista majoritário, o governo
federal. Não se trata aqui de decisões casuísticas ou marcadas por algum tipo
de oportunismo. A realidade é que as dimensões da empresa afetam de maneira
significativa o ambiente econômico. Exatamente por isso é que a recuperação de
seus investimentos se converte em uma necessidade premente para que o Brasil
reencontre o caminho do desenvolvimento social, econômico e ambiental.
A choradeira dos
especuladores parasitas é conhecida. Mas o governo deve ter força e firmeza
necessárias para reafirmar a natureza pública da Petrobras e confirmar a
prioridade das necessidades do conjunto da sociedade na comparação com o
punhado de acionistas privados ávidos por resultados no curto prazo.
Ø Petrobras na encruzilhada entre o curto e o longo prazo. Por
Euzébio Jorge Silveira de Sousa e Rafael Rodrigues da Costa
Afinal, a Petrobras
existe unicamente para distribuir lucros? Embora a pergunta possa parecer
simples, sua resposta gera intensas divergências entre economistas, acionistas,
funcionários e gestores públicos. Surgem disputas teóricas em relação à
definição de empresas de economia mista e suas estratégias, assim como
divergências práticas sobre as prioridades de empresas com grande relevância
social, poder de mercado e significativa importância para o desenvolvimento
nacional. Em 2024, as controvérsias em torno das estratégias da Petrobras se
destacam especialmente ao anunciar a distribuição de R$ 72,4 bilhões aos
acionistas, após registrar um lucro superior a R$ 124 bilhões. É crucial
reconhecer que o setor de petróleo e gás se diferencia em diversos aspectos dos
mercados de commodities convencionais. Ele é caracterizado por uma alta
verticalização e oligopolização, onde grandes empresas privadas e estatais
dominam. Em outras palavras, ao lidar com recursos energéticos essenciais, não
se pode fazer uma análise estritamente baseada em fatores econômicos.
Este texto aborda a
questão, ancorado em três aspectos cruciais: análise de dividendos e
investimentos; impactos ambientais da atividade da empresa; e impactos
econômicos.
OS DIVIDENDOS PAGOS
REFERENTES AO EXERCÍCIO DE 2023 FORAM ADEQUADOS?
O primeiro ponto a ser
abordado refere-se ao questionamento da legitimidade do valor distribuído aos
acionistas em relação às operações de 2023, considerando o descontentamento do
mercado financeiro e a expressiva queda nas ações da Petrobras entre 8 e 11 de
março de 2024. As manchetes dos jornais, ao anunciarem queda do lucro líquido
da Petrobras de 33,8% em relação ao exercício anterior, acabam por ofuscar o
fato de que o lucro de 2023 foi o segundo maior já registrado pela companhia.
Ademais, a redução do
lucro líquido deveu-se à queda do preço do petróleo no último ano, não a uma
redução na atividade da empresa. Em 2023, a Petrobras bateu recorde na produção
total própria no pré-sal, registrando um aumento de 10% em relação a 2022. Além
disso, os investimentos em Exploração & Produção cresceram 47,9%, enquanto
aqueles em Refino, Transporte e Comercialização aumentaram 30,6% no mesmo
período.
É imprescindível
observar que, a partir de 2021, a Petrobras passou a adotar uma política de
distribuição de dividendos substancialmente diferente de seu histórico e até
mesmo das práticas do setor em todo o mundo. Basta observar que os dividendos
distribuídos em 2021 superam a soma do que foi pago aos acionistas entre 2010 e
2020. Outra forma de perceber a mudança nas políticas de distribuição de lucros
é examinar a relação entre os dividendos pagos e o investimento líquido da
empresa. Essa informação é relevante para identificar o horizonte estratégico
da atuação da companhia, já que investimentos mais expressivos no presente
indicam maiores lucros e produção futura.
A despeito dessa
realidade, durante os governos Temer e Bolsonaro, foi inaugurada a “política de
retorno máximo ao acionista”, como afirmou o ex-presidente da companhia,
Roberto Castello Branco, em sua posse em janeiro de 2019. Desde então, a
Petrobras passou a adotar uma política de distribuição de dividendos
substancialmente diferente de seu histórico e das práticas do setor em todo o
mundo. Ao privilegiar a distribuição de dividendos para os acionistas, Temer e
Bolsonaro acabaram por optar por uma estratégia que comprometia os
investimentos líquidos da companhia no longo prazo.
Até 2020, a proporção
entre os dividendos pagos sobre os investimentos líquidos nunca havia
ultrapassado os 27%. Em 2021, essa razão aumentou para 829,94%, indicando
predomínio de uma estratégia de curto prazo, que levou a empresa a ampliar os
pagamentos aos acionistas e reduzir os investimentos. Esse comportamento foi
reproduzido em 2022, quando a razão foi de 778,17%. Em 2023, a razão
dividendos/investimentos diminuiu, mas permaneceu excessivamente elevada
(232,63%).
Ao comparar as
políticas de distribuição de dividendos com outras empresas do setor, é
possível identificar a discrepância da política de remuneração dos acionistas
praticada pela Petrobras. Enquanto grandes empresas petrolíferas mundiais, como
Exxon Mobil, Shell, Total, BP e Chevron, pagaram dividendos em 2023 que não
ultrapassaram 80% do investimento líquido, a Petrobras distribuiu dividendos
correspondentes a 233% do investimento líquido, em um momento em que a empresa
registra um dos maiores lucros líquidos de sua história. A Petrobras pagou em
2023 dividendos não apenas generosos, mas superiores aos sustentáveis para um
setor com tantos desafios.
É inegável que o
governo brasileiro detém a maior fatia de ações individuais da companhia, com
uma participação de 28,67% no total. Ao considerar outros órgãos estatais, essa
participação governamental alcança 36,61%. No entanto, ao analisar a composição
global do quadro acionário, os investidores estrangeiros atualmente possuem a
maior porção do capital social da empresa, com 47,51%, em comparação com os
14,96% detidos por investidores brasileiros. Essa distribuição sugere que um
aumento na distribuição de lucros pode reduzir os impactos positivos do
crescimento da empresa na economia nacional.
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA E
ECOLÓGICA E O PAPEL DA PETROBRAS
Uma das razões para a
redução do lucro da Petrobras entre 2022 e 2023 foi a queda nos preços do
petróleo, o que impactou negativamente o valor das ações da empresa e o
potencial de lucro a ser distribuído. Entretanto, é crucial considerar os
impactos sociais, ambientais e econômicos globais associados a essa redução nos
preços do petróleo. Ambientalmente, a diminuição desses preços desestimula a
expansão da produção de combustíveis fósseis, pois torna inviáveis produções em
instalações com custos mais elevados. Ao mesmo tempo, a diminuição nos preços
dos combustíveis fósseis dificulta a consolidação de bases energéticas menos
intensivas em carbono. Portanto, é de suma importância que empresas de
economias mistas em setores estratégicos, como a Petrobras, também assumam a
responsabilidade de cumprir seu papel na descarbonização do planeta.
A Petrobras tem a
capacidade de produzir mais de 3,6 milhões de barris de petróleo e 157,99
milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Essa produção desempenha um
papel determinante no desenvolvimento econômico, na geração de empregos e renda
e no equilíbrio de nossa balança de pagamentos. No entanto, contribui para o
aquecimento global, além de serem ganhos assentados em recursos finitos. Assim,
mesmo que seja mais lucrativo no curto prazo para a Petrobras ampliar
investimentos em combustíveis fósseis, a empresa deve utilizar seu potencial
inovador, suas cadeias produtivas e seu capital para transitar para outras
fontes energéticas, garantindo sua existência a longo prazo e contribuindo para
uma economia de baixo carbono.
Comprometida com sua
função social, a Petrobras assumiu compromissos com a sustentabilidade e o
desenvolvimento de combustíveis mais limpos, impulsionando a produção e a
eficiência em diversas áreas. A empresa anunciou que as plataformas P-32 e P-33
serão submetidas a um processo de reciclagem alinhado às melhores práticas de
ASG (Ambiental, Social e Governança). Isso significa que a empresa está
preocupada com o ciclo de vida completo de seus ativos, buscando minimizar o
impacto ambiental e social de sua desativação. A Petrobras está expandindo as
vendas de diesel R, um tipo de diesel renovável que contribui para a redução
das emissões de gases de efeito estufa. Além disso, a companhia está conduzindo
um novo teste de bunker + bio, um combustível marítimo mais sustentável.
Recentemente, ela lançou o asfalto Cap Pro W, um asfalto com menor emissão de
gases de efeito estufa. Todas essas iniciativas evidenciam o compromisso da
Petrobras em tornar-se uma empresa mais sustentável e responsável.
É evidente que haverá
pressões advindas de seu caráter e empresa de capital misto e, a depender do
desfecho das disputas entre grupos de interesses, a empresa será mais ou menos
capaz de honrar integralmente os compromissos ambientais assumidos. Além das
pressões internas, também há que se destacar o substantivo espaço que a empresa
ocupa na economia nacional, em setor estratégico para o desenvolvimento.
A PETROBRAS E A
DINÂMICA ECONÔMICA
Outro elemento de
grande relevância sobre a estratégia de atuação da Petrobras são os impactos
econômicos derivados de seus investimentos diretos e indiretos, receita
tributária e estabilidade de preços. O efeito multiplicador dos investimentos
diretos e indiretos da Petrobras desempenha um papel crucial na economia
brasileira. Ativam extensa cadeia e abrangem pesquisa, desenvolvimento e
infraestrutura.
Só em 2023, a receita
de vendas da Petrobras foi de R$ 511,9 bilhões, o que equivale a 4,7% do PIB do
Brasil no ano. Segundo a LCA Consultores, para cada R$ 1 investido pela
Petrobras, R$ 3 são adicionados à economia, o que reforça a importância da
elevação dos investimentos da Petrobras em 2023, somando R$ 12,6 bilhões, cifra
28,7% maior que a realizada em 2022. Mesmo com o crescimento, a empresa
continua com níveis de investimentos substancialmente inferiores aos
verificados antes da Lava Jato e inferiores aos desafios de desenvolvimento
sustentável almejados pelo país.
As extensas cadeias
produtivas associadas aos investimentos da Petrobras constituem um componente
vital para o fortalecimento da economia. A empresa frequentemente trabalha em
parceria com fornecedores e empreiteiras locais, gerando impactos indiretos que
se propagam por diferentes setores. A empresa envolve em suas operações mais de
2 mil fornecedores, entre os quais mais de 80% são pequenas e médias empresas.
Em 2022, o contrato com fornecedores movimentou R$ 239 bilhões, empregando mais
de 100 mil trabalhadores. Isso reforça o impacto da Petrobras nos mais
distintos agentes envolvidos na cadeia produtiva de petróleo e gás. Essa
colaboração não apenas promove o crescimento de pequenas e médias empresas, mas
também favorece o desenvolvimento regional, atenuando disparidades
socioeconômicas e promovendo uma distribuição mais equitativa dos benefícios
econômicos.
Os investimentos da
companhia não se limitam à criação de empregos e estímulo à produção. Eles
também têm impactos econômicos significativos, influenciando positivamente a
arrecadação de impostos e tributos. Em 2023, a Petrobras pagou R$ 240,2 bilhões
em tributos, configurando-se como uma das principais contribuintes para a
receita do país. Também desempenha um papel vital no financiamento de políticas
públicas, infraestrutura e serviços essenciais, promovendo um ambiente
econômico mais robusto e sustentável. Assim, é possível constatar que os
tributos pagos pela empresa, ainda que impactem o potencial de lucro a ser
distribuído aos acionistas, contribuem para o desenvolvimento nacional, tanto
na geração de emprego e renda como no financiamento de políticas públicas.
A contribuição da
empresa para o desenvolvimento econômico e social sustentável não pode ser
negligenciada, uma vez que a empresa prospecta, processa e comercializa um
recurso finito, que deve deixar um legado positivo para as gerações futuras.
Isso, sem falar no fato de que se trata de um setor com elevadas barreiras à
entrada, baixa concorrência e que comercializa um bem essencial para o
funcionamento da economia. Se não for adequadamente regulado e tributado,
produzirá distorções que penalizam o desenvolvimento do país e seu povo.
No âmbito dos preços
de combustíveis, a Petrobras exerce influência direta na estabilidade
econômica. A empresa, como líder do setor de petróleo e gás, toma decisões
sobre a precificação de combustíveis que impactam toda a economia. Ao buscar um
equilíbrio entre a viabilidade financeira da empresa e preços justos para os
consumidores, contribui para a estabilidade dos preços no mercado interno. O
preço dos combustíveis tem implicações diretas nos índices de inflação e
impactam a produção e comercialização de todos os bens. Ao adotar medidas que
consideram a manutenção de preços justos e previsíveis, a empresa contribui
para a estabilidade macroeconômica, promovendo um ambiente mais favorável para
investimentos, estabilidade dos preços e crescimento sustentável do país.
Em síntese, os
investimentos diretos e indiretos da Petrobras não só impulsionam a economia
brasileira, mas também têm profundos impactos na estabilidade de preços,
arrecadação tributária, desenvolvimento regional e controle da inflação. Não é
surpreendente que alguns acionistas da empresa, incluindo fundos de
investimento, corretoras de valores e outros agentes do mercado financeiro, no
Brasil e no exterior, busquem aumentar a parcela dos lucros distribuídos na
forma de dividendos, defendendo pragmaticamente seus próprios interesses
privados.
Entretanto, é crucial
evitar que essa perspectiva individual se sobreponha aos interesses nacionais
de curto e longo prazo. Transformar a empresa em simples geradora de dividendos
para um seleto e reduzido grupo de acionistas não pode ter precedência sobre
questões fundamentais, como o nível de atividade econômica do país, a
estabilidade dos preços, os índices de emprego e renda, a capacidade de
arrecadação tributária e realização de políticas públicas redistributivas, além
da habilidade de mitigar disparidades regionais. Além disso, a promoção de
mudanças na matriz energética para uma economia com baixas emissões de carbono
e o fomento ao desenvolvimento sustentável devem ser prioritários. Portanto, é
essencial que o rumo da Petrobras seja debatido amplamente por toda a sociedade
brasileira.
Fonte: Terapia
Política/Le Monde
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