terça-feira, 5 de março de 2024

O genocídio em Gaza - pela memória dos que já não podem mais falar

O saudoso amigo Gershon Knispel* estava sempre a nos lembrar de uma frase clássica: “em uma guerra a primeira a ser assassinada é a verdade”.

A família de Shireen Abu Akleh lutou por mais de seis meses por uma investigação na Justiça, que foi continuamente rejeitada, quando o governo Biden se recusou a responsabilizar Israel pelo seu assassinato.

Shireen Abu Akleh, uma proeminente jornalista palestino-americana da Al Jazeera, foi baleada na cabeça enquanto cobria um ataque das forças israelenses em Jenin, em transmissão simultânea, tal qual estamos agora assistindo ao genocídio palestino.
Assistimos e denunciamos o assassinato de Shireen. Em resposta, ouvimos um sonoro “silêncio” na grande imprensa. Era como se a colega jornalista fosse “mais uma” periférica entre os pretos e pretas, pobres e miseráveis de ruas assassinados diariamente no Brasil, limitados às páginas policiais ou mencionados em algum programa de TV e rádio sensacionalista.

Não foi em Gaza que Shireen foi assassinada. Shireen foi assassinada na Cisjordânia. Eu disse “assassinada”, porque jamais eu escreveria “morta”.

Se eu escrever “morta”, estarei assassinando Shireen duas vezes. Não temos esse direito e nem seria digno com os palestinos e palestinas assassinar duas vezes nossos mártires, sejam eles e elas jornalistas, profissionais de saúde, professores, mulheres, crianças, idosos, doentes, mutilados e também, porque não, nossos heroicos combatentes da resistência que dão suas vidas para libertar o povo palestino do maior campo de concentração a céu aberto do planeta: a Faixa de Gaza.

A jornalista Shireen Abu Akleh foi reconhecida pelo povo palestino como o símbolo da mulher da resistência palestina e homenageada no “Dia Internacional em Solidariedade aos Jornalistas Palestinos”, 26 de fevereiro de 2022, assim como a Mãe Ibrahim Al-Nabulsi – a mãe do comandante “Leão de Nablus” – homenageada no Dia Internacional da Mulher em 2022.

Não era Gaza; era Cisjordânia, em 2022. Não era território administrado pelo Hamas, era território administrado pela Autoridade Nacional Palestina. Não era 7 de outubro. Não era um ataque dos terroristas do Hamas.

Shireen e Mãe Ibrahim Al-Nabulsi foram reconhecidas pelo povo palestino como as representantes da coragem e determinação das mulheres palestinas em posição de combate com o espirito Sumud – que significa perseverança e persistência.

Repetir-se à exaustão que “7 de Outubro” foi um ataque terrorista perpetrado por um grupo terrorista, o Hamas, equiparando, em gênero, número e grau, o Hamas ao Estado Islâmico – esses, sim, terroristas – sem que nos seja dado o direito de resposta na imprensa às fraudes, fake news, calúnias e mentiras, muitas das quais já foram desmentidas pela imprensa israelense e pelo depoimento de testemunhas, dentre elas até mesmo generais israelenses, é também um duplo assassinato contra todos os mártires deste genocídio.

O que aconteceu em 7 de Outubro não foi um ato terrorista do Hamas, como está a dizer toda a imprensa a serviço da propaganda sionista e seus correligionários, mas um “contra-ataque” da resistência em resposta a anos de ataques de Israel. Depois de quase cinco meses, e com mais de 100.000 vítimas, e somente agora, depois que Lula se posicionou clara e corretamente em defesa de nosso povo e de nossa justa causa, algumas frentes e lideranças começam a reconhecer o genocídio palestino, mas esse reconhecimento não é gratuito – cobra-se um pedágio. Como papagaios, esses que vivem em suas zonas de conforto, para dizer que Israel comete genocídio contra o povo palestino, precisam antes enfatizar, e repetir à exaustão, que a ação de Israel foi uma justa reação ao terrorismo do Hamas.

Observem o que escreveu o Dr. M. Reza Behnam: “é desejo e direito de todas as pessoas subjugadas libertarem-se e serem donas do seu próprio destino, mesmo que essa liberdade exija luta armada. É neste contexto que os acontecimentos de 7 de outubro de 2023 devem ser entendidos. A violência daquele dia não surgiu do vazio; foi gerada por décadas de injustiça e pelo desejo de Israel, dos Estados Unidos e dos seus aliados fazerem desaparecer os palestinos”.

Isto posto, fazemos um apelo: não permitam que a verdade seja assassinada, porque seria assassiná-la mais uma vez, reproduzindo a dor e o desespero eternos em cada um de nós e nas memórias dos que tombaram em combate, sejam eles e elas civis inocentes ou combatentes membros da resistência.

Repetir uma mentira para justificar uma verdade seria imoral e desonesto demais com nossa alma e consciência.

Viva a resistência palestina!

 

Ø  Guerra em Gaza é 'o primeiro genocídio' transmitido ao vivo, diz Maduro

 

O mandatário da Venezuela condenou o que se está passando na Faixa de Gaza, e assinalou que o poder dos EUA e do mundo ocidental em geral está diminuindo.

O mundo inteiro está reagindo ao genocídio de Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza, especialmente depois que um soldado americano se incendiou em protesto em frente da embaixada israelense em Washington, EUA, disse no sábado (2) o presidente da Venezuela em uma entrevista.

"O que aconteceu com esse soldado, esse jovem soldado da Força Aérea dos EUA, abalou a sociedade americana e o mundo. Eles o censuraram nas redes, mas não conseguiram, e isso chegou ao mundo inteiro. E depois houve protestos em cidades dos Estados Unidos, onde soldados e ex-militares queimaram o uniforme", segundo Nicolás Maduro.

Isso provocou "uma reação da consciência, da moralidade do mundo diante de um genocídio transmitido ao vivo, em tempo real, pelas redes sociais", explicou o presidente venezuelano.

"[É] o primeiro genocídio, a primeira guerra de extermínio no século 21 contra um povo, o povo palestino, transmitido ao vivo. Isso vai gerar uma mudança na consciência do mundo, completamente, não tenho dúvida", reiterou.

Maduro acrescentou que o poder global dos EUA está diminuindo.

"Acredito que [estamos testemunhando] o esgotamento, o declínio definitivo dos EUA e do sistema de dominação imperial ocidental. Estamos testemunhando um momento na história, um antes e um depois. Há um declínio moral total, e um questionamento da ideologia imperialista e hegemônica", avaliou.

 

Ø  "Foi emboscada", denuncia Fepal após conselheiro israelense evitar responder quem enviou comboio no Massacre da Farinha

 

O conselheiro especial de Benjamin Netanyahu em Israel, Mark Regev, gaguejou e evitou responder quem foi responsável por enviar o comboio de ajuda humanitária que acabou resultando no episódio do "Massacre da Farinha", em que mais de cem palestinos foram assassinados pelo exército israelense ao se aglomerar para receber os alimentos.

Durante uma entrevista à Public Broadcasting Service (PBS), rede de televisão americana de carácter educativo-cultural, Regev foi questionado pelo tema após a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) afirmar que não esteve envolvida no envio de ajuda humanitária. Ele, então, começou a gaguejar e desconversou.

Após a divulgação da entrevista, a Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL) denunciou a possibilidade de o massacre ter, na verdade, sido uma emboscada contra os palestinos. Ou seja, Israel teria montado o caminhão com supostos utensílios de ajuda humanitária com o intuito de atrair palestinos em um mesmo local e, desta forma, assassiná-los com mais facilidade.

Na entrevista, Regev apenas falou que "parecia que [os palestinos] estavam tentando roubar caminhões", que "não confia nos números do Ministério da Saúde de Gaza" e que "parece ser uma tragédia, mas Israel não esteve envolvido de forma alguma". Ele ainda endossou a narrativa falsa de que as mortes foram ocasionadas porque as pessoas foram "esmagadas e pressionadas" entre si.

 

Ø  União Africana culpa Israel pelo massacre de palestinos em Gaza

 

A União Africana (UA) responsabilizou diretamente Israel pela realização de um “massacre de palestinos” durante uma distribuição de ajuda humanitária em Gaza, onftoma o canal iraniano Hispan TV.

Confrontado com a versão do regime israelense que procura atribuir as mortes da última quinta-feira (29) na Cidade de Gaza a um tumulto, o presidente da União Africana (UA), Musa Faki Mahamat, denunciou neste sábado (2) que as forças sionistas abriram fogo contra a multidão, que deixou um número fatal de mais de 100 mortos e 700 feridos.

“O presidente da UA apela a uma investigação internacional sobre este incidente para que os responsáveis ​​sejam responsabilizados perante a justiça, afirmou a organização num comunicado.

Da mesma forma, o chefe do bloco regional reiterou o apelo da União Africana a um cessar-fogo imediato e incondicional na Palestina ocupada para impedir o actual e crescente ataque de Israel às vidas e aos meios de sobrevivência do povo palestino.

 

Ø  'Insignificante e simbólica': agências humanitárias criticam ajuda enviada pelos EUA à Faixa de Gaza

 

Washington enviou, por via aérea, uma remessa de ajuda humanitária ao enclave. Organizações afirmaram que o envio é abaixo do necessário e que os EUA deveriam pressionar Israel para permitir a entrada de comboios por vias terrestres.

Organizações de ajuda humanitária classificaram como ineficaz e simbólico o envio de alimentos lançados por aviões militares de carga dos Estados Unidos, neste sábado (2), à Faixa de Gaza.

A operação foi realizada por aviões C-130 americanos, com assistência da Força Aérea da Jordânia, e consistiu apenas no envio de alimentos ao enclave, sem incluir água.

"O lançamento aéreo de hoje foi bem-sucedido. É um teste importante para mostrar que podemos fazer isso novamente nos próximos dias e semanas com sucesso", disse um alto funcionário do governo dos EUA.

O Comando Central dos EUA afirmou que foram lançadas mais de 38 mil refeições ao longo da costa da Faixa de Gaza, e disse que esta é a primeira de uma série de envios de ajuda humanitária. A escolha pelo lançamento aéreo foi tomada diante do bloqueio israelense ao envio de ajuda humanitária ao enclave por vias terrestres.

Organizações de ajuda humanitária, no entanto, advertem que a ajuda de Washington é ineficiente e afirmam que se trata apenas de uma medida de relações públicas.

"Os lançamentos aéreos [dos EUA] são simbólicos e concebidos de forma a apaziguar a base doméstica. Na verdade, o que precisa acontecer é mais envios terrestres e mais caminhões entrando todos os dias [no enclave]", afirmou, em entrevista à rede Al Jazeera, Dave Harden, ex-diretor da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês) na Cisjordânia.

"Acho que os Estados Unidos são fracos [no envio de ajuda] e isso é realmente decepcionante para mim. Os EUA têm a capacidade de obrigar Israel a conceder mais ajuda e, ao não o fazer isso, estamos colocando os nossos bens e o nosso povo em risco e potencialmente criando mais caos em Gaza", acrescentou.

A instituição Medical Aid for Palestinians (MAP), sediada no Reino Unido, também criticou a operação de Washington, e afirmou que os EUA deveriam trabalhar para "garantir que Israel abra, imediatamente, todas as vias terrestres para Gaza para passagem de ajuda humanitária".

O diretor da Oxfam, por sua vez, afirmou, em uma postagem publicada nas redes sociais, que as ações da gestão do presidente dos EUA, Joe Biden, são uma tentativa de aplacar a consciência culpada das autoridades americanas.

"Embora os palestinos em Gaza tenham sido empurrados para uma situação de limite absoluto, lançar uma quantidade insignificante e simbólica de ajuda em Gaza, sem nenhum plano para a sua distribuição segura, não ajuda [a solucionar o problema] e é profundamente degradante para os palestinos", disse Scott Paul, em comunicado na rede social X (antigo Twitter).

 

Fonte: Por Amyra El Khalili, no Correio da Cidadania/Sputnik Brasil/Brasil 247

 

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