Jair de Souza: Cristianismo sem Jesus
Logo após o ato
político bolsonarista na Av. Paulista, em São Paulo, no passado 25/02/2024,
alguns pontos vão se tornando ainda mais cristalinos. Uma das primeiras
constatações que pudemos fazer é que a extrema direita no Brasil está
aglutinada no eixo ideológico abrangido pelo bolsonarismo, o nazifascismo e o
sionismo.
Ainda que estejamos
mencionando um amalgamado de três correntes políticas, é preciso ressaltar que
sua linha mestra é traçada pelo sionismo. Em outras palavras, é o sionismo que
baliza as forças de extrema direita no Brasil na atualidade, é o que lhes norteia,
conduz e inspira. Mas, como entender um fenômeno de tais características se
sabemos que os judeus não conformam nem sequer 1% da população brasileira?
A indagação que acaba
de ser feita se justifica em função da incompreensão que ainda permeia em boa
parte das pessoas com respeito à composição do sionismo. Muito embora haja
gente que veja no sionismo uma corrente política essencialmente judaica, a ampla
maioria de seus aderentes (no Brasil, e no mundo como um todo) não tem nenhum
vínculo direto com o judaísmo, seja pelo lado étnico, nacional ou religioso.
Além do mais, há muitos judeus que se opõem ao sionismo.
No citado ato
promovido há poucos dias por essas forças políticas de extrema direita, foi a
bandeira sionista do Estado de Israel o símbolo mais destacado de toda a
manifestação, ainda que tenha sido quase que inexistente a concorrência ao
mesmo de pessoas que pudessem ser catalogadas como parte da comunidade judaica.
Sim, quase não havia
judeus por ali, mas havia uma maioria de muitos milhares de sionistas. É que
nos estamos referindo aos chamados sionistas cristãos. Aliás, vale enfatizar, o
mais destacado articulador e financiador desse megaevento é um conhecido
empresário do negócio da fé, dono de uma empresa-igreja que se autodenomina
formalmente como cristã. E empresas-igrejas semelhantes à dele são as
principais supridoras de massa humana de apoio para os projetos políticos de
interesse dos setores do grande capital que se beneficiam com as orientações
impulsadas pelo sionismo cristão, ou seja, os grupos ligados ao grande capital
financeiro e os do capital agroexportador.
Ao analisar as imagens
disponíveis do acontecimento, é quase impossível não perceber que a bandeira
sionista do Estado de Israel despontava como o símbolo aglutinador daquelas
forças extremistas de direita. A função que no passado era tradicionalmente exercida
pela suástica nazista apresenta-se agora com nova aparência, novos desenhos e
novos contornos. Porém, os propósitos ao que serve parecem permanecer como eram
os de outrora.
Outra interrogante que
constantemente vem à tona ao abordar-se esta questão diz respeito ao papel que
a figura de Jesus desempenharia no atual contexto, em que estão involucrados,
além dessas empresas-igrejas que se autodefinem como cristãs evangélicas, certos
grupos integrados à estrutura da Igreja Católica, como é o caso dos chamados
“católicos carismáticos”.
Uma conclusão imediata
que extraímos após uma rápida análise da composição das forças que constituem o
sionismo cristão é que, para elas, Jesus perdeu toda sua relevância prática, e
já não tem quase nada a ver com aquilo que elas propõem e defendem como meta a
alcançar. Portanto, fica-nos a impressão de que os exemplos de vida de Jesus
servem muito mais para atrapalhar os planos dos sionistas cristãos do que
contribuir para sua realização.
Muito possivelmente em
consequência das razões recém mencionadas, o legado de vida de Jesus vai sendo
por eles abandonado, a cada dia de maneira mais evidente. É difícil negar que
quase tudo o que os próceres do sionismo cristão colocam como sua pauta de ação
prioritária se contrasta abertamente com os postulados que eram prioritários
para o próprio Jesus. Para fazer esta dedução, basta dedicar alguma atenção aos
relatos de sua vida nos Evangelhos.
Então, levando isto em
conta, vamos poder compreender mais facilmente porque está ocorrendo o descarte
de Jesus por parte dos sionistas cristãos. Os ensinamentos de vida por ele
ministrados vão sendo abandonados. Para fugir de tamanha inocultável evidência,
os sionistas cristãos vêm procurando se embasar tão somente nos textos do Velho
Testamento, com um afastamento de tudo o que concerne diretamente a Jesus. Em
outras palavras, o que se deseja é consagrar um cristianismo sem Jesus!
É devido a isto que,
apesar de em vida, Jesus ter lutado pelos direitos dos mais humildes a uma vida
digna e em igualdade, pelo fim da exploração dos trabalhadores pelos ricos e
abastados, pelo respeito e pela tolerância entre os diferentes povos, pela construção
de um mundo de justiça onde caibam todos os que queiram praticá-la, a despeito
de tudo isto, os sionistas cristãos querem que o cristianismo sirva para
objetivos diametralmente opostos. Para tanto, eles precisam se livrar de Jesus
o mais rápido possível. E é isto o que estão fazendo.
Uma prova da posta em
marcha deste plano, é constatar que líderes de empresas-igrejas formalmente
cristãs estejam apoiando o covarde massacre das crianças e mulheres palestinas
pelas forças armadas do sionista e colonialista Estado de Israel. Pudemos observar
como esses mesmas pessoas não hesitavam em dar seu aval a um estado que já
destruiu as moradias de mais de dois milhões de seres humanos, um Estado de
Israel que mantém à beira da fome toda essa população e que, além disso, é
capaz de fuzilar impiedosamente aos que se acercavam em busca de comida.
Jesus jamais
compactuaria com um crime tão horrendo, um crime que só encontra paralelo no
Holocausto da Alemanha hitlerista. Um crime que só é menos monstruoso do que o
de fazer uso do nome de Jesus para tratar de justificá-lo, como os sionistas
cristãos estão fazendo.
Bolsonarismo é um projeto de teocracia
evangélica. Por Alex Solnik
Fala-se muito e com
razão que o bolsonarismo é uma ameaça ao Estado Democrático de Direito, mas
isso não é tudo; ele também é uma ameaça ao Estado laico, o que ficou mais
evidente na Avenida Paulista, no discurso de Michelle Bolsonaro, a mais ousada
porta-voz da vertente religiosa do movimento, no qual Bolsonaro é o senhor as
armas e ela, a senhora das almas.
“O Brasil é do Senhor”
bradou ela, afrontando a todos nós que sabemos que o Brasil é dos brasileiros.
“Eu creio em Deus todo poderoso capaz de curar nossa nação”, insistiu nessa
ofensa a todos nós que construímos a nação e curamos nossas dores todos os dias.
Bastam essas duas
frases para perceber que não se trata apenas de eleger Bolsonaro, o projeto é
muito maior do que isso.
É um projeto de poder
que começou em 1989, quando Fernando Collor de Mello pediu apoio a Edir Macedo
na eleição presidencial, e em contrapartida abriu as portas da política para
ele e sua Igreja Universal do Reino de Deus.
Na festa da posse, a
certa altura Edir tirou os sapatos, ficou só de meias. “Temos que pisar com os
pés o território que queremos conquistar”, explicou ao seu acompanhante, um
ex-deputado federal.
Hoje, Edir é dono de
um partido, o Republicanos, e seu líder é candidato a suceder Lira na
presidência da Câmara.
O objetivo de demolir
o Estado laico ficou patente no formato do ato infame, convocado por
religiosos, mais precisamente pelo líder evangélico Silas Malafaia, e não por
políticos.
Os políticos ficaram a
reboque dos pastores. Políticos-pastores ou pastores-políticos? A simbiose é
tal que não dá para saber onde termina um e começa outro.
O poder que eles
almejam não é eleger um presidente da República por quatro ou oito anos,
submetido aos parâmetros da Constituição Federal, dentro das regras que nos
guiam desde a Proclamação da República e depois ir para casa.
O que eles querem é
transformar o Estado Democrático de Direito numa ditadura religiosa, na
primeira teocracia evangélica do mundo.
Essa é a forma mais
fácil de manter o poder.
Se a nação é do
Senhor, o presidente é seu representante, e todos têm que obedecê-lo. Quem
desobedece ou desafia o Senhor tem que ser castigado e quem o louva será
premiado com a vida eterna.
Se a Nação é do
Senhor, a Bíblia é a constituição do país.
Se a Nação é do Senhor
não há porque haver eleições.
A primeira tentativa,
com Bolsonaro à frente, fracassou. Mas tudo indica que eles não pretendem
desistir.
Conceder isenção
fiscal a igrejas só fortalece esse projeto de poder.
Anistiar os golpistas
de 8/1, também.
Jeferson Miola: A banalidade do mal
nazi-sionista
“A vida está se
esvaindo em Gaza numa velocidade assustadora”, declarou o Subsecretário-Geral
para Assuntos Humanitários da ONU Martin Griffiths após o ataque das forças
israelenses que resultou no massacre de pelo menos 112 palestinos e deixou
outros 760 feridos quando se aproximavam desesperadamente do comboio com ajuda
alimentar.
Uma covardia
vergonhosa e criminosa dos soldados israelenses, que dispararam contra a
multidão famélica em busca desesperada por uma ração mínima para comer.
Em quase cinco meses
de agressão brutal na Faixa de Gaza, o saldo da devastação humana e material é
terrível. Israel fez do território palestino uma terra arrasada; a Guernica do
século 21.
Cidades foram
inteiramente destruídas. A força nazi-sionista não poupou nem mesmo igrejas,
mesquitas, instalações da ONU, escolas e hospitais. É recorde o número de
jornalistas, funcionários da ONU, médicos e socorristas assassinados em tão
breve período.
Segundo estimativas
conservadoras da ONU, Israel deixou mais de 70 mil feridos e já matou mais de
30 mil palestinos. A imensa maioria –25 mil, que equivalem a 1% da população de
Gaza–, são mulheres e crianças. Uma hecatombe.
A cada 12 minutos, uma
criança palestina é assassinada, e a cada duas horas e meia outra fica aleijada
ou mutilada. Além das demais centenas que diariamente ficam órfãs – muitas
delas sem nenhum parente vivo.
Esse show de horrores
nazi-sionistas é transmitido em tempo real pela TV e internet para uma
população mundial incrédula e totalmente impotente diante do patrocínio
político e material dos EUA à limpeza étnica executada pelo regime criminoso de
Apartheid.
A barbárie é
naturalizada, integra a paisagem do cotidiano como uma fatalidade incontornável
para um povo que é desumanizado e, por isso, abandonado pelo mundo inteiro, que
assiste a vida se esvair em Gaza “numa velocidade assustadora”.
A cena do presidente
dos EUA Joe Biden [26/2] saboreando um sorvete enquanto comentava sorridente
esperar um cessar-fogo só na próxima segunda-feira, 4 de março, apenas uma
semana adiante, é chocante, imoral e abjeta.
“Meu conselheiro de
segurança nacional me disse que estamos perto. Minha esperança é que seja na
próxima segunda-feira”, disse o líder da maior potência mundial e fiador do
genocídio palestino com a naturalidade espantosa de quem agenda o tratamento de
uma unha encravada.
Os EUA são
indiferentes ao fato de que, em mais uma semana de demora para a cessação dos
ataques genocidas, mais de 1.500 crianças palestinas morrerão, ficarão órfãs ou
mutiladas e outras milhares de pessoas, a maioria mulheres, também serão
assassinadas.
A atitude indecorosa
de Biden significa a banalização do mal nazi-sionista que sujeita o povo
palestino às mesmíssimas condições desumanas, cruéis e macabras a que Hitler
sujeitou os judeus na Alemanha nazista.
Fonte: Brasil 247
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