EUA dizem que Estado Islâmico é 'único
responsável' por ataque em Moscou, e que Ucrânia não tem envolvimento
A porta-voz do
Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Adrienne Watson, disse neste
sábado (23) que o Estado Islâmico é o único responsável pelo ataque terrorista em Moscou na sexta-feira, e que a Ucrânia não teve qualquer envolvimento.
"No início de
março, o Governo dos EUA partilhou informações com a Rússia sobre o planejamento de um ataque terrorista em Moscou.
Também emitimos um aviso público aos americanos na Rússia em 7 de março. O
Estado Islâmico é o único responsável por este ataque. Não houve qualquer
envolvimento ucraniano", disse Watson.
Neste sábado, o
presidente da Rússia, Vladimir
Putin, fez um pronunciamento ao país sobre o atentado terrorista reivindicado pelo Estado Islâmico que deixou mais de cem
mortos em uma casa de shows.
No pronunciamento, o
primeiro de Putin depois do ataque, o líder russo afirmou que todos os
terroristas que participaram do ataque foram detidos. Putin disse que o grupo
tentava fugir para a Ucrânia quando foi capturado.
Sem fazer referência a
qualquer grupo ou governo, ele disse ainda que "nossos inimigos não
irão nos dividir". O presidente russo chamou o atentado de "ato
terrorista selvagem" e também afirmou que a segurança foi reforçada em todo
o país, tanto nas principais cidades quanto nas áreas de fronteira.
Em resposta à menção à
Ucrânia, o presidente Volodymyr Zelensky disse neste sábado (23) que Putin
busca maneiras de desviar a culpa pelo massacre em Moscou.
Ele disse que era
"absolutamente previsível" que Putin tivesse permanecido em silêncio
por 24 horas antes de vincular o tiroteio à Ucrânia e que as centenas de
milhares de "terroristas" que Putin enviou para lutar e serem mortos
na guerra na Ucrânia "definitivamente seriam suficientes" para deter
os terroristas em casa.
O atentado,
reivindicado por um braço do grupo terrorista Estado Islâmico, aconteceu na
casa de shows Crocus City Hall, na noite de sexta-feira (22), e é o pior
dos últimos 20 anos na Rússia. Segundo autoridades russas, ao menos cinco
homens armados invadiram o local enquanto a banda Picnic se preparava para se
apresentar.
De acordo com o
Kremlin, o chefe do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, na sigla em
inglês) informou ao presidente Vladimir Putin que quatro terroristas foram
detidos -- os outros sete haviam participado no planejamento do
ataque.
O FSB informou que os
suspeitos estavam indo em direção à fronteira com a Ucrânia e que tinham
contatos no país vizinho.
Na manhã deste sábado,
os agentes ainda estavam buscando por cúmplices, ainda de acordo com o Kremlin,
que prometeu caçar todos os envolvidos no atentado.
·
Perseguição
O parlamentar russo
Alexander Khinshtein, aliado de Putin, afirmou que os responsáveis pelo
ataque foram detidos após uma perseguição na região de Bryansk, a cerca de 350
km de onde o atentado aconteceu.
Khinshtein disse que
a perseguição começou após o motorista de um carro se recusar a obedecer a
uma ordem de parada.
"Durante a
perseguição, foram disparados tiros, e o carro capotou. Um terrorista foi
detido no local, os demais fugiram para a floresta. Como resultado da busca, um
segundo suspeito foi encontrado e detido", disse.
Segundo Khinshtein,
buscas continuaram sendo feitas para localizar outros dois suspeitos que
escaparam. Dentro do veículo onde estavam os suspeitos, as autoridades disseram
ter encontrado armas e passaportes do Tadjiquistão.
Esse foi o pior
atentado na Rússia desde a invasão de uma escola em 2004 em Beslan. O Estado
Islâmico reivindicou a autoria do ataque em seu canal no Telegram.
·
Tiros e coquetel molotov
Homens armados matam
ao menos 40 pessoas em casa de shows em Moscou
Um vídeo mostra homens
atirando, além de gritos e pessoas assustadas. A casa de shows tem capacidade
para 6.000 pessoas.
O ataque começou no
saguão da sala de shows. Em seguida, os homens entraram no auditório e abriram
fogo contra as pessoas que aguardavam para assistir ao show.
Uma pessoa que estava
no local afirmou que os homens entraram atirando e, em um momento, jogaram um
coquetel molotov no local.
Quando a testemunha
tentou fugir, descobriu que uma das saídas estava trancada. Ela atravessou o
salão para tentar fugir de outro ponto de saída, mas também não conseguiu.
Então, se refugiou no subsolo da casa de shows até que agentes dos serviços de
emergência chegaram.
Foram ouvidas duas
explosões no local, que pegou fogo. Os bombeiros conseguiram controlar as
chamas, mas, segundo a agência de notícias Tass, o teto do Crocus City Hall
pode cair a qualquer momento.
Ataque em casa de
concertos em Moscou — Foto: Maxim Shemetov/Reuters
·
Putin foi informado
O governo da Rússia
disse o presidente Vladimir Putin foi informado do ataque logo nos primeiros
minutos e que tem sido constantemente atualizado dos fatos.
"O presidente
recebe constantemente informações sobre o que está acontecendo e sobre as
medidas sendo tomadas por todos os serviços relevantes. O chefe de Estado deu
todas as instruções necessárias", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry
Peskov.
Um aliado do
presidente, Dmitry Medvedev, disse que tanto os atiradores como as pessoas por
trás do atentado serão perseguidos e mortos.
"Todos eles devem
ser encontrados e destruídos sem pena, como terroristas. Morte por morte",
afirmou em seu canal no Telegram.
A Rússia intensificou
a segurança em aeroportos e estações em toda a capital, uma vasta região urbana
que abriga 21 milhões de pessoas. Todos os eventos públicos de larga escala
foram cancelados no país.
Ø
Atentado é 'ato repugnante' que deve ser
investigado até as últimas consequências, dizem analistas
Especialistas
consultados pela Sputnik afirmaram que os autores e idealizadores do brutal
massacre no Crocus City Hall, perpetrado na noite de sexta-feira (22), nos
arredores da capital russa, buscam perturbar a paz no país e abrem caminho para
uma resposta "contundente".
O ataque, que segundo
autoridades deixou pelo menos 60 mortos e mais de 100 feridos, incluindo várias
crianças, foi classificado pelo governo russo como um "ato
terrorista".
Vale ressaltar que,
até o momento, não foram feitas declarações oficiais sobre quem estaria por
trás do acontecimento trágico.
Imagens capturadas no
momento dos eventos mostram um grupo de pessoas vestidas com camuflagem
entrando no local por volta das 20h00 (16h00, no horário de Brasília), com
armas de fogo, e começando a disparar contra uma multidão que aguardava o
início do concerto da banda de rock russa Piknik.
Simultaneamente, o
prédio que abriga o salão de concertos, com capacidade para 6,2 mil pessoas,
foi incendiado em sua parte superior.
Para o cientista
político internacionalista mexicano formado pela Universidade Nacional Autônoma
do México (UNAM), Nayar López Castellanos, trata-se "sem dúvida de um ato
repugnante" que deve ser condenado da forma mais enérgica possível, como têm
feito todos os países da América Latina.
Nesse sentido, o
especialista destacou a rapidez e a contundência "dos governos com maior
visão de paz na região, como México, Brasil, Cuba, Venezuela, Bolívia e vários
outros, para repudiar esse massacre insensato [...] que deve ser investigado
até as últimas consequências".
"O terrorismo não
representa nada mais do que o uso indiscriminado e irracional da força contra
civis e constitui um ultraje e um golpe não apenas à Rússia e seu povo, mas à
civilização como um todo, pela brutalidade e desumanidade que implica",
afirmou.
Ele avalia que
"não é a mesma coisa uma confrontação direta entre exércitos militares nos
termos estabelecidos pela Convenção de Genebra, do que um atentado dessa
natureza contra a população civil não armada", acrescentou.
Castellanos afirma
que, embora os responsáveis ainda não tenham sido identificados, é
"surpreendente" que o atentado tenha ocorrido em Moscou, o centro do
poder russo, poucos dias após a vitória eleitoral do presidente Vladimir Putin,
que obteve mais de 87% dos votos em eleição com recorde de participação na
história.
"Uma vez que a
Rússia encontrar os responsáveis por planejar e executar esse massacre atroz, a
resposta do governo russo será certamente dura e contundente", prevê o
especialista, lembrando que há muitos atores internacionais que não desejam a paz
na região e apostam em uma escalada bélica por diversas razões.
O professor de
relações internacionais do Instituto Rosário Castellanos e da UNAM, Javier
Gámez, afirmou à Sputnik que o ataque confirma mais uma vez que existe uma
campanha atualmente para promover o conflito no território russo e em suas
nações vizinhas, com objetivo de provocar reação do governo do país
euroasiático.
O analista aponta que
se trata de uma tentativa evidente de "desestabilização" da rotina
russa, cuja economia tem mostrado uma resiliência surpreendente aos esforços de
boicote econômico e diplomático do Ocidente nos últimos dois anos, buscando
instalar o caos em uma nação próspera e pacífica.
Embora o especialista
mexicano tenha deixado claro que não possui elementos suficientes para apontar
os responsáveis pelo massacre, ele indica que o ataque pode se enquadrar na
campanha de confrontação e hostilidade que vem sendo conduzida contra a Rússia
ultimamente.
Nesse sentido, ele
acrescenta que um ato terrorista desse nível muda o cenário e abre caminho para
uma resposta militar decisiva por parte da Rússia aos atores por trás dessa
ação "desprezível".
Ø
Ataque terrorista ao Crocus City Hall pode
ser discutido no Conselho de Segurança da ONU
O ataque terrorista no
teatro Crocus City Hall, na região de Moscou, poderá ser discutido em uma das
próximas reuniões do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas
(ONU), disse à Sputnik o subsecretário geral de contraterrorismo da ONU, Vladimir
Voronkov.
Um correspondente do
Sputnik perguntou a Voronkov sobre a disposição do comitê em ajudar a Rússia na
investigação do ataque terrorista e o possível envolvimento do Daesh (grupo
terrorista proibido na Rússia) no ataque ao Crocus.
"Como presumo,
estas questões serão levantadas e discutidas em uma das próximas reuniões do
Conselho de Segurança da ONU, que poderá dar instruções apropriadas ao Comitê
sobre Contraterrorismo", disse Voronkov.
O ataque que aconteceu
nesta sexta-feira (22) matou mais de 130 pessoas e deixou mais de uma centena
de feridos. Os serviços especiais e agências de segurança da Rússia seguem
investigando os envolvidos e quem pode estar por trás dos ataques. Os suspeitos
já foram encontrados e estão presos.
Fonte: g1/Sputnik
Brasil
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