Estudos de Harvard e Melbourne mostram como
ser feliz
Nesta quarta-feira, o
mundo celebrou o Dia Internacional da Felicidade (20/03), uma data que leva à
reflexão sobre o que realmente importa quando o assunto é qualidade de vida. Em
meio a agendas lotadas e responsabilidades diárias, a felicidade, por muitas
vezes, fica em segundo plano.
Há quem acredite que
para ser feliz, basta ter dinheiro, mas segundo o maior estudo já realizado
sobre o assunto, produzido pela Universidade Harvard, o que nos torna felizes e
saudáveis são os relacionamentos.
• O que diz o estudo de Harvard
O Estudo de
Desenvolvimento Adulto da Universidade de Harvard, também conhecido como o
Estudo de Grant, é uma das pesquisas longitudinais mais longas e abrangentes já
realizadas sobre o desenvolvimento humano.
Iniciado em 1938, o
projeto acompanhou a vida de 724 homens durante cerca de 75 anos, com o
objetivo de compreender os fatores que contribuem para uma vida longa e
saudável, bem como os padrões de desenvolvimento ao longo da vida adulta.
Os participantes foram
recrutados da própria Universidade de Harvard e dos bairros mais pobres de
Boston, incluindo homens de diferentes origens socioeconômicas. Ao longo das
décadas, os pesquisadores coletaram uma variedade de dados, como exames médicos,
questionários de saúde mental, entrevistas e informações sobre suas vidas
pessoais e profissionais.
As descobertas do
Estudo de Grant têm sido fascinantes e têm proporcionado insights importantes
sobre vários aspectos do desenvolvimento humano. Por exemplo, ele destaca a
importância das relações interpessoais e emocionais para a saúde e o bem-estar
ao longo da vida, mostrando que ter relacionamentos satisfatórios e de apoio
pode ser um fator crucial para uma vida longa e feliz.
Além disso, o estudo
também destaca a importância de fatores como estabilidade emocional,
adaptabilidade, propósito no trabalho e resiliência para o bem-estar ao longo
da vida.
• A felicidade nos relacionamentos
Segundo a especialista
em psicanálise clínica e desenvolvimento humano, Gisele Hedler, existem algumas
lições que podem ser tiradas do maior estudo já realizado sobre felicidade
humana.
Baseado na pesquisa,
Gisele pontua as lições que podemos tirar do Estudo de Desenvolvimento Adulto
para alcançar a felicidade e uma vida longa e saudável. Segundo Hedler, as
relações tóxicas drenam nossa energia emocional e impactam negativamente a
saúde mental.
Por isso, para a
especialista, é preciso saber filtrar os relacionamentos, mas também se atentar
para não se isolar.
“O estudo mostra que
os relacionamentos saudáveis são um dos maiores preditores de felicidade e
saúde a longo prazo. Por outro lado, o isolamento provoca solidão,
representando um fator de risco para a saúde, principalmente a mental”, afirma
Gisele.
E por falar em saúde
mental, ignorá-la também compromete a felicidade. É preciso abandonar o
ressentimento, pois guardar mágoas pode levar a problemas de saúde mental e
física. “Segundo o estudo, a capacidade de perdoar e soltar ressentimentos está
associada a melhor saúde e maior felicidade”, diz a especialista.
• O desenvolvimento pessoal e a felicidade
Dinheiro atrai
felicidade? De acordo com a ciência, a resposta é não. Nesse sentido, o
educador corporativo Rodrigo Lang reitera que não devemos trabalhar apenas
visando juntar dinheiro e ser rico.
“Muito pelo contrário,
a alegria diz respeito às experiências e relações interpessoais. Elas são as
responsáveis por enriquecerem a vida, promovendo satisfação verdadeira e
duradoura”, diz.
Ainda de acordo com o
estudo de Harvard, a resiliência é a chave para enfrentar os desafios da vida,
contribuindo para a felicidade e saúde a longo prazo. Já as preocupações em
excesso, seja com o passado ou com o futuro, podem aumentar os nossos níveis de
ansiedade e insatisfação. Viver o presente, portanto, melhora a qualidade de
vida.
Gisele aponta ainda
que podemos tirar como lição da grande pesquisa a importância da generosidade.
“A falta de atos altruístas diminui a sensação de satisfação pessoal. O estudo
evidencia que ser generoso aumenta a felicidade tanto de quem recebe quanto de
quem pratica o ato, reforçando laços sociais e bem-estar emocional”, afirma.
• Mudanças climáticas também impactam na
felicidade, diz Universidade de Melbourne
Outro aspecto não
abordado pelo estudo de Harvard, mas que vale a pena discutir, é o impacto das
mudanças climáticas em nosso bem-estar. Vale lembrar que, nos últimos anos,
temos testemunhado o aumento preocupante das mudanças climáticas e suas
consequências devastadoras.
Esse despertar para a
crise ambiental deve nos fazer reavaliar nossos hábitos e nossa relação com o
planeta. Isto é, trazendo consciência que fazemos parte deste grande
ecossistema e que tudo o que acontece nas florestas, nas calotas polares e nas
temperaturas, impacta a qualidade de vida, as relações sociais, o bem-estar, as
emoções e a saúde mental de crianças, jovens, adultos e idosos.
“As mudanças
climáticas afetam nossa saúde física, mental e social. É impossível ignorar o
que está acontecendo no planeta e seus impactos em cascata nas relações humanas
e na saúde mental de todos nós, em especial das novas gerações”, afirma o
especialista em felicidade e bem-estar Rodrigo de Aquino.
Um estudo realizado
pela Universidade de Melbourne com mais de 1200 alunos, mostra que as palavras
pessimismo e incerteza são chaves para a década. A pesquisa apontou que 1 em
cada 7 entrevistados sentia-se pessimista quanto ao seu próprio futuro, 29% estava
pessimista quanto ao futuro do seu país, enquanto 53% estava pessimista quanto
ao futuro do mundo.
Para Aquino, este é um
sinal de alerta, uma vez que há um impacto claro das mudanças climáticas na
saúde física, mental e social. O especialista destaca prejuízos como menor
disposição para atividades, desenvolvimento de distúrbios como ansiedade,
depressão, e estresse. Além disso, há
uma maior exposição a doenças transmitidas pela água, pelo ar, alergias ou por
alimentos intoxicados.
• Chave para a felicidade pode estar na
natureza
O contato com a
natureza, por outro lado, nutre nossa alma com sentimento de pertencimento e de
significado. Isso porque ela tem impacto em nosso bem-estar físico através do
ar, da água pura, da produção de alimentos naturais e do estímulo a atividades
físicas, destaca o especialista.
Sendo assim,
entendemos que, quanto mais nos distanciamos da natureza, quanto mais
mecanizados e robóticos nos permitimos ficar, mais adoecemos.
“As catástrofes, as
enchentes, as ondas de calor vão minando nossas esperanças de forma silenciosa
e, quando nos damos conta, estamos tomados por uma ansiedade que nos queima,
nos afoga e nos tira o chão. Ainda podemos fazer muito por nós e pelo planeta.
A Terra vive sem nós, mas nós não vivemos sem ela. Vamos nos mobilizar e fazer
o que tem que ser feito?”, finaliza Rodrigo.
Fonte: Saúde em Dia
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