sábado, 2 de março de 2024

Esquerda diverge sobre pedir prisão de Bolsonaro e evita Paulista para manifestação

Movimentos e partidos de esquerda decidiram vetar o mote da prisão de Jair Bolsonaro (PL) como bandeira de uma manifestação que foi marcada para 23 de março, quase um mês depois do ato que reuniu milhares de apoiadores do ex-presidente na avenida Paulista no último domingo (25).

A proposta de defender a prisão foi discutida em reuniões das frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, que agregam organizações alinhadas ao presidente Lula (PT), mas acabou rejeitada pela maioria.

A definição em consenso foi a de pregar o lema "sem anistia para golpista" e lembrar os 60 anos do golpe militar de 1964, difundindo a mensagem de que novas tentativas de ruptura devem ser combatidas.

Líderes da mobilização se irritaram com materiais que circularam dando conta de que o pedido de prisão seria um dos chamarizes do ato. O argumento que prevaleceu nos debates fechados foi o de que o direito de defesa e o devido processo legal têm que ser resguardados, assim como se reivindicava para Lula.

Articuladores contrários à ideia lembraram que, quando o presidente estava no alvo da Operação Lava Jato e preso, o chamado campo progressista defendeu majoritariamente o cumprimento da pena de prisão somente após quando não houvesse mais recursos.

Bolsonaro é investigado sob suspeita de comandar uma trama golpista para reverter a eleição vencida pelo petista em 2022 e ainda não foi nem sequer denunciado formalmente.

A manifestação da esquerda será em defesa da democracia e de punição para aqueles que a Justiça considerar responsáveis pelo levante inconstitucional.

Ela deve se concentrar em São Paulo e Salvador, mas os detalhes ainda estão sendo fechados. A tendência é evitar a avenida Paulista como ponto escolhido na capital paulista, pelo temor de que a comparação com o ato bolsonarista seja desfavorável.

Pessoas envolvidas nas discussões admitem, sob condição de anonimato, que a direita demonstrou manter capacidade de mobilização e afirmam que a presença de Bolsonaro e de aliados de peso funcionou como atrativo para caravanas que saíram de outros estados.

A participação de Lula no evento está sendo cogitada, o que reforçaria a disputa de forças com o bolsonarismo.

"Nós queremos a participação do Lula e que ele ajude a decidir se o melhor é concentrar esforços em Salvador ou em São Paulo", diz João Paulo Rodrigues, dirigente nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Segundo ele, a manifestação não é uma resposta à dos rivais.

A capital da Bahia foi escolhida como um dos locais prioritários pela força de Lula no Nordeste e pelo fato de o estado ser governado por um aliado, Jerônimo Rodrigues (PT). Organizadores estão medindo a disposição da militância para decidir sobre a realização de atos em mais capitais no mesmo dia.

No caso de São Paulo, outros locais em avaliação são as praças da República e da Sé e os largos da Batata e São Francisco. A escolha dificultaria uma comparação direta do tamanho dos públicos. Caso o ato da esquerda seja pulverizado, a configuração será ainda mais diferente, na ótica dos líderes.

No último domingo, o ato bolsonarista atraiu milhares de pessoas. Ao menos quatro quarteirões da Paulista ficaram superlotados. Havia bolsonaristas, mais espalhados, em cerca de um total de dez quarteirões da avenida.

A manifestação teve 600 mil pessoas na avenida e mais 150 mil nas ruas próximas, segundo o secretário estadual da Segurança Pública, o bolsonarista Guilherme Derrite. Um cálculo de pesquisadores da USP chegou a um número menor, de 185 mil pessoas no total.

O próprio Lula reconheceu em entrevista que o ato foi grande e que "não é possível você negar um fato". "É só ver a imagem. Como as pessoas chegaram lá 'é outros 500'", afirmou o presidente à RedeTV!. Aliados do petista têm dito que empresários e produtores do agronegócio financiaram ônibus para o destino.

De acordo com Rud Rafael, que é coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e representa o grupo na frente Povo sem Medo, o mote da prisão de Bolsonaro foi excluído da pauta para unificar as entidades que preparam a convocação. A reunião que definiu os temas da data teve a participação de 150 porta-vozes de movimentos, de acordo com Rafael.

"Fizemos o ajuste porque não queremos precipitar uma conclusão das investigações ou nos anteciparmos à Justiça. Nossa defesa é a de que as autoridades possam ir a fundo no que de fato aconteceu", diz ele, acrescentando que "há fartas provas mostrando a ligação de vários setores com a estratégia golpista".

O entendimento expresso em conversas privadas é que o apelo por prisão pode ser usado como estratégia de agitação, mas colocá-lo oficialmente como uma demanda neste momento soaria incoerente com o histórico do campo de esquerda no caso de Lula e de outros réus da Lava Jato. O discurso, naquele momento, era o de que a operação instrumentalizou o Judiciário para interferir indevidamente na política.

"O que vamos fazer é, no contexto de aniversário do golpe [militar], lembrar que isso não pode acontecer de novo, nunca mais", diz o coordenador nacional da CMP (Central de Movimentos Populares), Raimundo Bonfim. "Vamos defender a democracia que foi atacada no ato do Bolsonaro e reforçar que não deve haver perdão para quem tiver culpa no cartório."

Mobilizadores dizem que, mesmo sem ser um tema oficial, a questão da prisão deve aparecer em cartazes e falas, já que a militância anti-Bolsonaro tem a expectativa de que ele seja condenado. Essa pressão tem aparecido em outros protestos, como no realizado em 8 de janeiro deste ano também na avenida Paulista.

Além do PT, estão envolvidos nas mobilizações de março PC do B, PSOL, PV, Rede, PSB e PDT. O campo de esquerda também lançou um manifesto contra a iniciativa bolsonarista. O Palácio do Planalto avaliou que Bolsonaro mostrou força ao mobilizar aliados e estuda ações para dialogar com esse público.

Além das pautas relacionadas a golpe e democracia, a manifestação se posicionará "contra o genocídio na Palestina", segundo a versão final da convocação aprovada pelos movimentos. A guerra Israel-Hamas apareceu com destaque no ato bolsonarista, com um posicionamento pró-Israel.

O calendário estabelecido pelas organizações de esquerda prevê ainda manifestações em 8 de março, pelo Dia Internacional da Mulher, e em 14 de março, nos seis anos do assassinato da vereadora Marielle Franco, com cobrança de esclarecimento do caso. O dia 23 seria o capítulo final da chamada "jornada de lutas".

Simone Nascimento, do MNU (Movimento Negro Unificado), diz que "o avanço da extrema direita se combate com mobilização popular" e rebate críticas feitas na própria esquerda sobre o risco de medir forças com Bolsonaro. "Risco nós correremos se não continuarmos a construir as lutas também nas ruas."

 

Ø  Saiba quem são os líderes ruralistas que participaram de ato pró-Bolsonaro na Paulista

 

Realizada no dia 25 de fevereiro, data em que é celebrado o Dia do Agronegócio, a manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista teve a presença de 19 líderes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), entre deputados e senadores. Desses, 14 são correligionários do Partido Liberal (PL) e quatro integram o Partido Progressistas (PP) que, desde setembro, integra a base do governo Lula. Completa a lista o PSDB, representado pelo senador Izalci Lucas, do Distrito Federal.

Presidente da FPA, o deputado Pedro Lupion (PP-PR) vestiu a camiseta verde e amarela da seleção brasileira e posou para uma foto ao lado dos governadores Ronaldo Caiado (União-GO), Romeu Zema (Novo-MG) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). A imagem foi publicada no Instagram e no Twitter do paranaense com a legenda “acompanhando a manifestação do povo brasileiro”.

Nos vídeos de convocação da manifestação, publicados em suas redes sociais, Bolsonaro adotou tom de fala moderado e informou que se tratava de um ato em defesa do Estado Democrático de Direito. “Nesse evento, eu quero me defender de todas as acusações que vêm sendo imputadas à minha pessoa nos últimos meses”, ressaltou, em referência à operação da Polícia Federal que investiga o ex-presidente pela tentativa de golpe de estado do dia 8 de janeiro de 2023.

Em seu discurso na Avenida Paulista, Bolsonaro questionou a acusação. “Golpe é tanque na rua, é arma, é conspiração, é trazer classes políticas pro seu lado, empresariais”, disse o ex-presidente no carro de som. “Nada disso foi feito no Brasil”. No discurso, Bolsonaro chamou de “pobres coitados” os participantes do quebra-quebra em Brasília.

Divulgado em outubro de 2023, o relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas apresentou uma lista com dezesseis financiadores do movimento que resultou na invasão e depredação do patrimônio público. Desses, treze são fazendeiros, conforme noticiou o De Olho nos Ruralistas: “Entre 16 financiadores do golpe denunciados por CPMI,13 são fazendeiros“.

BASE DE LULA, PP MARCOU PRESENÇA EM ATO BOLSONARISTA

Pedro Lupion pertence a uma linhagem de ruralistas paranaenses, composta pelo ex-deputado Abelardo Lupion e pelo ex-governador Moisés Lupion. O apoio dele a Jair Bolsonaro contou com o coro de outros três colegas de partido, o mesmo do presidente da Câmara, Arthur Lira. Vice-presidente da FPA na Câmara, o capixaba Evair de Melo (PP), da bancada do café, viajou a São Paulo para a manifestação e compartilhou vídeos homenageando o ex-presidente e a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro.

Ele foi um dos líderes da bancada ruralista que receberam financiamento de campanha de fazendeiros com imóveis sobrepostos a terras indígenas, conforme revelado pelo relatório “Os Invasores: parlamentares e seus financiadores possuem sobreposições em terras indígenas“, produzido por este observatório. Evair recebeu R$ 20 mil de Adelar Mateus Jacobowski, sócio da Agropecuária São Gabriel, que disputa uma área limítrofe à TI Menkü, no Mato Grosso.

O mesmo tipo de financiamento beneficiou a campanha de outro nome de peso do PP, o senador gaúcho Luis Carlos Heinze. Atualmente ocupando o cargo de “vogal” — uma espécie de conselheiro — da FPA, o negacionista climático Heinze recebeu durante a campanha de 2018 uma transferência no valor de R$ 100 mil de Wanda Inês Riedi, diretora da empresa I. Riedi, um dos cem maiores conglomerados do agronegócio brasileiro. A empresa disputa terras com indígenas da TI Tekohá Guasu Guavirá, em Terra Roxa (PR), e é dona de 6.312,86 hectares sobrepostos às TIs Porquinhos e Kanela Memorturé, no Marnahão.

Vice-presidente da FPA para a região Norte, o deputado Vicentinho Junior (PP-TO) também vestiu verde e amarelo e foi para a Avenida Paulista no domingo. Ele é investigado por usar recursos da cota parlamentar para comprar um carro no valor de R$ 100 mil. O veículo adquirido com dinheiro público foi registrado em nome da irmã do deputado.

Apesar da presença dos parlamentares, o PP integra oficialmente a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em setembro de 2023, o presidente da Câmara Arthur Lira negociou a adesão da sigla ao governo. Em troca, o líder do Centrão recebeu a presidência da Caixa Econômica Federal e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), além do Ministério dos Esportes, onde emplacou seu aliado André Fufuca (PP-MA). Apesar da entrega de cargos, o bloco rachou nos meses seguintes: um grupo de parlamentares se amotinou e declarou não pertencer à base governista.

ALA RURALISTA DO PL TAMBEM SE CONECTA A INVASORES DE TERRAS INDÍGENAS

O deputado Domingos Sávio (PL-MG), vice-presidente da FPA na região sudeste, acompanhou a manifestação do alto do trio elétrico principal, perto do ex-presidente Jair Bolsonaro. Agropecuarista, Sávio tem entre os financiadores da sua campanha o fazendeiro Adelar Mateus Jacobowski, titular da Fazenda Frei Gabriel, que se sobrepõe aos limites da TI Menkü, em Mato Grosso.

No grupo de integrantes da FPA com campanha financiada por invasores de terras indígenas, estavam os deputados Marcos Pollon (PL-MS), da Comissão de Segurança no Campo; e Rodolfo Nogueira (PL-MS). Na campanha de 2022, eles receberam dinheiro dos fazendeiros Rovilson Alves Correa e Walter Romeiro Beloto, respectivamente, cujas fazendas incidem em TIs no Mato Grosso do Sul.

Entre os manifestantes com cargos de destaque na FPA estavam as deputadas Caroline de Toni (PL-SC), da Coordenação Jurídica da FPA; Coronel Fernanda (PL-MT), da Comissão de Defesa Vegetal e Bia Kicis (PL-DF), da Comissão de Alimentação e Saúde; e os deputados Giacobo (PL-PR), da Comissão de Orçamento; e Zé Vitor (PL-MG), da Comissão do Meio Ambiente.

Amigo íntimo de Bolsonaro, o deputado e ex-policial militar Alberto Fraga (PL-DF) usou o Instagram para convidar seus seguidores para o evento. Na FPA, ele é vogal, cargo equivalente ao de conselheiro. Entre os políticos com cargo de vogal, marcaram presença na manifestação bolsonarista os deputados Giovani Cherini (PL-RS), José Medeiros (PL-MT) e Roberta Roma (PL-BA), esposa de João Roma, presidente do PL na Bahia, que também vestiu verde e amarelo e posou ao lado de Lupion.

Para participar da manifestação, o senador Jorge Seif (PL-SC) alterou a data de uma viagem de trabalho e gerou um gasto público no valor de R$30 mil, conforme noticiou o UOL. No Instagram, ele publicou um carrossel de imagens, onde posa ao lado de outros apoiadores de Bolsonaro, como os senadores Magno Malta (PL-ES) e Márcio Bittar (UB), eleito pelo Acre, estado que, no dia da manifestação, tinha 17 dos 22 municípios em estado de emergência devido a enchentes.

A deputada Carla Zambelli (PL-SP) aproveitou a ocasião para fazer propaganda de uma marca de calçados que leva o nome do ex-presidente. Em um vídeo publicado no Instagram minutos antes do início da manifestação, Zambelli olha para a câmera e saúda seus seguidores: “E aí, pessoal, tudo bem? Chegando na Paulista com um detalhe”. Então, ela se abaixa e aponta para a botina, onde se lê “Bolsonaro” bordado em azul, entre uma faixa verde e outra amarela. “Vai virar moda”, afirmou.

O calçado é de uma marca criada por apoiadores do ex-presidente e tem como slogan a frase “Passos firmes com o agro”.

 

       Tarcísio: candidato à Presidência ‘ungido’ por Bolsonaro será competitivo em 2026

 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), disse que o candidato que Jair Bolsonaro (PL) escolher para apoiar, ou em suas palavras, que for “ungido” pelo ex-presidente, vai ser competitivo na eleição de 2026. Considerado o principal herdeiro do capital político de Bolsonaro – inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030 -, Tarcísio afirmou em entrevista à Bloomberg News publicada nesta quinta-feira, 29, que o ex-presidente é uma “liderança incontestável” e que possui uma capacidade de mobilização que hoje ninguém no Brasil possui, “nem o próprio presidente da República”.

O bom desempenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro ano deste mandato, segundo o governador, se deve à herança deixada por Bolsonaro. Para ele, Lula tem “um perfil superado”. “Ele não traz nada de novo e eu atribuo a eleição dele muito mais aos erros que foram cometidos pelo nosso campo do que propriamente pelos méritos dele ou pelo projeto dele”, opinou. Tarcísio disse ainda que a competitividade do presidente no pleito de 2026 vai depender do desempenho econômico do Brasil.

No início do mês, o governador foi elogiado por Lula durante um evento com o presidente, marcado por vaias ao governador. Apesar de manter uma relação pacífica com o governo do petista, Tarcísio se diz fiel a Bolsonaro. “Eu estive com ele, vou estar com ele, vou estar sempre com ele.”

No ano passado, a relação entre os aliados ficou estremecida pelo comportamento amistoso de Tarcísio com o Planalto, sobretudo com o apoio do governador à reforma tributária – criticada por Bolsonaro. O ex-presidente afirmou, em novembro, que Tarcísio “dá suas escorregadas” politicamente.

•        Tarcísio diz que ataque do 8 de Janeiro não foi golpe

Questionado na entrevista à Bloomberg News sobre a possibilidade de prisão do ex-presidente, Tarcísio diz crer que não há razão para que ocorra, afirmando ainda que o ataque do 8 de Janeiro às sedes dos Três Poderes “não tinha uma liderança, não tinha um objetivo” e, por isso, não pode ser considerado uma tentativa de golpe.

Literalmente de mãos dadas a Bolsonaro, Tarcísio dividiu o trio elétrico com ele na Avenida Paulista no domingo, 25, no ato que reuniu milhares de apoiadores, além de parlamentares e governadores aliados do ex-presidente. Todos estavam na manifestação atendendo ao chamado de Bolsonaro após se tornar alvo da a operação da Polícia Federal (PF) Tempus Veritatis, que o investiga por organização criminosa em tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.

Na ocasião, o governador fez elogios a Bolsonaro, seu padrinho político, afirmando que ele “não é mais um CPF, não é mais uma pessoa”, mas sim “um movimento”. Tarcísio também hospedou o ex-presidente no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo e residência oficial, em mais um movimento para se manter perto do aliado político.

Apesar de ser apontado como favorito entre os possíveis “herdeiros” nesse cenário, Tarcísio disse que seu “foco está em São Paulo”.

Pesquisa realizada durante o ato de domingo pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que 61% dos manifestantes entrevistados creem que Tarcísio é o melhor nome para concorrer à Presidência em 2026. O espólio de Bolsonaro também é disputado por outros dois governadores: Ronaldo Caiado (União), de Goiás, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, que compareceram à manifestação em defesa do ex-chefe do Executivo.

 

Fonte: FolhaPress/De Olho nos Ruralistas/IstoÉ

 

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