Bancos ocidentais alertam sobre riscos no
plano da UE para usar ativos russos, diz mídia
Alguns bancos
ocidentais estão fazendo lobby contra as propostas da União Europeia (UE) para
redistribuir bilhões de euros em juros ganhos sobre ativos russos congelados,
disseram fontes importantes da indústria, temendo que isso possa levar a
pesados litígios.
De acordo com a
Reuters, os líderes da UE concordaram na quinta-feira (21) em avançar com um
plano para usar até € 3 bilhões (cerca de R$ 16,1 bilhões) por ano os
rendimentos dos ativos russos congelados pelo Ocidente para fornecer armas à
Ucrânia, enquanto tentam reforçar a luta de Kiev contra Moscou.
Entretanto, alguns
bancos temem que o movimento possa mais tarde gerar uma reação da Rússia ao
responsabilizá-los pela apreensão e consequente transferência financeira para a
Ucrânia uma vez que o plano da UE pode acabar se estendendo a ativos em contas detidas
de indivíduos e empresas, embora tal desdobramento ainda não tenha sido
cogitado pelos líderes do bloco.
Segundo fontes ouvidas
pela apuração, existe uma preocupação de que a proposta conduza a uma erosão
mais ampla da confiança no sistema bancário ocidental.
A Rússia já
caracterizou o plano da UE como absurdo, com diversos analistas e autoridades
políticas corroborando sua postura ao afirmar que seria um "roubo" o
uso tanto dos ativos quanto de seus rendimentos. Moscou já afirmou que tomará
todas as medidas legais possíveis para responsabilizar a todos os envolvidos
considerando inclusive retaliar caso seus bens ou rendimentos sejam
expropriados.
De acordo com o plano
da UE, cerca de 90% do dinheiro apreendido seria canalizado através do
Mecanismo Europeu para a Paz para a compra de armas para a Ucrânia e em parte
para a recuperação e reconstrução do país.
As leis de sanções da
UE, da Inglaterra e dos EUA normalmente preveem o congelamento de bens
pertencentes a partes designadas, mas não o confisco. Os bens podem ser
confiscados ao abrigo da lei inglesa, mas apenas se forem considerados produtos
de crime.
Permitir o confisco e
a redistribuição dos juros obtidos sobre esses ativos coloca os bancos em risco
de serem contestados pelos proprietários, afirmaram as fontes à apuração sob
condição de anonimato.
A Euroclear detém o
equivalente a € 190 bilhões (cerca de R$ 1,02 trilhão) em títulos e numerário
do banco central russo. Os bancos ocidentais também detêm bilhões de euros,
libras e dólares em ativos pertencentes a empresas e indivíduos sujeitos a
sanções. Mais de 3,5 milhões de russos tiveram seus ativos no exterior
congelados no valor de cerca de US$ 16,32 bilhões (aproximadamente R$ 87,8
bilhões), disse o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, no ano
passado.
¨ Especialista: UE 'não tem como' substituir financiamento dos EUA
à Ucrânia sem prejudicar economia
Na quarta-feira (20),
o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, visitou a Ucrânia,
dizendo estar confiante de que os EUA vão aprovar os cerca de US$ 61 bilhões em
ajuda à Ucrânia, parado no Congresso desde outubro, enfatizando que não há
necessidade de "falar hoje sobre plano B".
A União Europeia (UE)
já iniciou planos de contingência para garantir ajuda militar à Ucrânia. Na
terça-feira (19), o chefe da política externa da UE, Josep Borrell, propôs um
plano para enviar os juros acumulados sobre ativos russos congelados para a Ucrânia,
estimando que isso pudesse fornecer ao regime de Kiev cerca de € 3 bilhões
(aproximadamente R$ 16,1 bilhões) por ano, muito longe dos cerca de US$ 113
bilhões (cerca de R$ 562,3 bilhões) que os EUA têm desde o início da operação
militar especial.
"A única forma de
a Europa poder compensar [a falta de ajuda dos EUA à Ucrânia] necessária para
apoiar o regime de Kiev é roubar todos os ativos congelados da Rússia,
possivelmente afundando o euro e destruindo a reputação da UE como um lugar
respeitável para armazenar reservas monetárias para transações", disse
Mark Sleboda, especialista em segurança e relações internacionais, à Sputnik na
quinta-feira (21). "E eles são muito relutantes em fazer isso,
especialmente a Bélgica e a Suíça, onde está armazenada a maior parte dos
ativos congelados da Rússia, no valor de cerca de US$ 200 bilhões [cerca de R$
995,2 bilhões]."
Fora dessa "opção
nuclear", Sleboda disse que o único outro caminho para a Europa colocaria
"um dreno muito mais severo" nos seus orçamentos e economias
nacionais.
"A menos que
todos os europeus estejam dispostos a renunciar aos seus benefícios sociais e
outras vantagens na [qualidade de] vida na União Europeia a que se habituaram,
para apoiar este regime em Kiev, simplesmente não há forma", explicou Sleboda,
observando que os recentes € 50 bilhões (aproximadamente R$ 269 bilhões) em
pacote de ajuda aprovado pela UE está distribuído por quatro anos.
Sobre o plano de
enviar os juros acumulados sobre os ativos congelados da Rússia para a Ucrânia,
que a Rússia descreve como "roubo", Sleboda disse duvidar da
justificativa legal de Borrell. "Eles basicamente agitaram uma varinha
mágica e disseram 'é legal'", disse. "Você sempre pode encontrar um
advogado [que defenda, mas] 100 dos advogados mais respeitáveis podem dizer que
'isso é contra o direito internacional, isso é contra todos os princípios do
capitalismo que alguma vez construímos em Bretton Woods', mas há sempre um tipo
que [se você] disser 'ei, se dermos a você US$ 10 [R$ 49,76], você dirá que
isso é legal?''É legal.'"
A Rússia, argumentou
Sleboda, está "no comando" do conflito. "O seu complexo
militar-industrial está produzindo [o equivalente] a toda a OTAN reunida nos
principais tipos de munições [...]. O regime de Kiev também está sofrendo
enormes perdas de mão de obra neste momento em que eles não parecem ser capazes
de substituir, e depois o problema econômico. O dinheiro de que necessitam para
apoiar o governo, muito menos os militares, porque – economicamente – o regime
neste momento também depende inteiramente do dinheiro dos Estados-membros da
OTAN", concluiu.
¨ FMI conclui 3ª revisão de empréstimo à Ucrânia e autoriza US$
880 milhões em apoio orçamentário
O Conselho do Fundo
Monetário Internacional (FMI) anunciou nesta quinta-feira (21) que concluiu a
terceira revisão do acordo com a Ucrânia do Mecanismo de Fundo Alargado,
permitindo o empréstimo de aproximadamente US$ 880 milhões (cerca de R$ 4,4
bilhões) para Kiev.
"O Conselho do
FMI concluiu hoje a Terceira Revisão do acordo alargado ao abrigo do Mecanismo
de Fundo Alargado (EFF) para a Ucrânia, permitindo às autoridades retirarem o
equivalente a cerca de 880 milhões de dólares, que será canalizado para apoio
orçamentário", diz a nota do fundo.
O empréstimo faz parte
do pacote de financiamento para Kiev de US$ 15,6 bilhões (R$ 77,52 bilhões) a
ser entregue ao longo de quatro anos, alcançado em março de 2023.
Denis Shmygal,
primeiro-ministro da Ucrânia, disse que Kiev espera receber US$ 5,4 bilhões (R$
26,83 bilhões) em fundos do FMI durante este ano.
¨ AIEA repreende UE por tentativa de embargar combustível nuclear
russo
Segundo o chefe da
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, marginalizar o
abastecimento do país pode prejudicar os mercados globais de energia.
Não há uma maneira
rápida de abandonar o combustível nuclear russo, e romper os laços muito cedo
prejudicaria os mercados globais de energia, alertou Rafael Grossi na
quinta-feira (22). Grossi falava em uma coletiva de imprensa após uma cúpula
sobre energia nuclear em Bruxelas que reuniu mais de 30 países.
O chefe da AIEA apelou
à não divisão dos fornecedores de combustível nuclear em "bons e
maus", sublinhando que é importante ter em conta as necessidades de vários
países, tendo simultaneamente em mente que existem certos projetos de
infraestrutura de longo prazo onde o combustível russo é vital.
"Eu alertaria
contra este ponto da boa energia nuclear contra a má energia nuclear",
afirmou Grossi, acrescentando que "não creio que seja isso que precisamos
ter no mercado energético global".
O alerta surge no
momento em que o primeiro-ministro belga Alexander De Croo disse na cúpula de
quinta-feira que as cadeias de abastecimento da indústria nuclear europeia
precisavam ser desligadas da Rússia o mais rápido possível, equilibrando ao
mesmo tempo as operações existentes.
O comissário de
Energia da União Europeia (UE), Kadri Simson, repetiu as suas palavras, dizendo
que "cinco Estados-membros que ainda são muito dependentes do combustível
nuclear da Rússia têm de diversificar o mais rapidamente possível". Essa "não
é uma tarefa fácil", admitiu o comissário.
Alguns Estados-membros
da UE têm proposto alargar as sanções do bloco que foram impostas durante o
conflito na Ucrânia para incluir o combustível nuclear vendido por Moscou.
A gigante estatal de
energia nuclear da Rússia, Rosatom, possui quase 50% da infraestrutura global
de enriquecimento de urânio e foi responsável por quase 36% das exportações
mundiais em 2022. A Rosatom está atualmente construindo mais de 20 reatores nucleares
em todo o mundo, incluindo na Turquia, China, Índia e Hungria, membro da UE.
Ø
Macron: Ucrânia pode 'cair muito em breve'
O presidente da
França, Emmanuel Macron, acredita que as forças de Kiev podem sofrer uma
derrota no campo de batalha em um futuro próximo, de acordo com reportagem
divulgada nesta quinta-feira (21) pelo site de notícias Politico.
"Ucrânia pode
cair muito em breve", afirmou o presidente francês durante um jantar
privado em um evento político no Palácio do Élysée, segundo fontes citadas pelo
Politico.
Nas últimas semanas,
Macron subiu o tom com relação ao conflito na Ucrânia e chegou a ameaçar o
envolvimento direto da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) nos
combates com a Rússia, mesmo sem consenso na própria aliança.
Tudo isso em um
momento em que a Ucrânia, cujas Forças Armadas já chegaram a ter mais de 750
mil militares, vê-se cada vez mais fragilizada pelas constantes derrotas,
intensificadas após a perda do controle de Avdeevka, uma das últimas frentes da
linha de defesa, passando a convocar mulheres grávidas e pessoas com
deficiência.
Na terça-feira (19), o
Serviço de Inteligência Externa (SVR, na sigla em russo) da Rússia informou que
Paris já está preparando o envio de um contingente de cerca de 2 mil soldados
franceses para a Ucrânia.
Kremlin alertou que se
o Ocidente enviar forças militares para o país eslavo, não será possível evitar
um conflito direto entre a Rússia e a OTAN.
¨ Produção de munições na Ucrânia? Analista explica por que isso é
desculpa para retirada do Ocidente
A organização da
produção de munições de calibre 155 mm na Ucrânia não faz sentido e não é mais
do que uma desculpa para a retirada do Ocidente, escreve o ex-fuzileiro naval
dos EUA e analista geopolítico independente Brian Berletic na rede social X
(antigo Twitter).
"Esta é uma
grande desculpa para reduzir os gastos e abandonar a Ucrânia. […] Qualquer
produção de projéteis de artilharia na Ucrânia só é possível em uma escala que
não será suficiente para atender às necessidades das Forças Armadas da Ucrânia",
destacou o ex-militar.
O especialista chamou
a atenção para o fato de que o Ocidente não é capaz de cobrir os gastos de
munições das forças ucranianas e não conseguirá aumentar suas capacidades nem
mesmo até o final de 2025.
"Alguém acredita
que […] a Ucrânia será capaz no meio da guerra de iniciar a produção sem
qualquer base (e mantendo-a escondida dos mísseis russos de alguma forma
desconhecida)?", indaga Berletic.
Nesta quarta-feira
(20), o jornal norte-americano Washington Post relatou (citando fontes do
Ukroboronprom - consórcio de empresas da indústria militar na Ucrânia), que
Kiev poderia começar a produzir projéteis de 155 mm até o final de 2024. Ao
mesmo tempo, de acordo com a notícia, a indústria de defesa carece de alocações
orçamentárias, e as empresas têm grandes problemas em encontrar pólvora para
munição.
Ø
Rússia está agora em estado de guerra,
todos deveriam entender isso, diz porta-voz do Kremlin
Em uma entrevista ao
jornal russo Argumenty i Fakty, o porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov,
disse que a Rússia se encontra em estado de guerra.
"Estamos em
estado de guerra. Sim, começou como uma operação militar especial, mas assim
que ali se formou aquela companhia, quando o Ocidente coletivo se tornou um
participante disso do lado da Ucrânia, para nós já se tornou uma guerra. Estou
certo disso. E cada um deve entendê-lo, para sua mobilização interna."
A Rússia continuará a
agir para que o potencial militar da Ucrânia não ameace a segurança dos seus
cidadãos e território, disse o porta-voz.
Moscou não pode
permitir a existência nas suas fronteiras de um Estado que tenha uma intenção
documentada de utilizar quaisquer métodos para tirar a Crimeia, acrescentou
Peskov.
¨ Scott Ritter: Rússia criou inferno para mercenários estrangeiros
no campo de batalha na Ucrânia
Mercenários estão cada
vez menos indo para a Ucrânia, porque a Rússia criou um inferno para eles no
campo de batalha, disse o ex-inspetor de armas da ONU e comentarista Scott
Ritter no canal no YouTube Dialogue Works.
"Os mercenários
começaram a entender que a guerra é um inferno. […] esconder-se da artilharia
russa repetidamente sem esperanças de sobrevivência é algo onde menos
mercenários vão querer participar. […] cada vez menos pessoas se voluntariam
para assinar uma sentença de morte", disse o analista.
De acordo com Ritter,
as Forças Armadas da Ucrânia usam os "soldados da fortuna" ocidentais
nas mesmas áreas com os batalhões nacionalistas ucranianos. A razão é que ambos
são criminosos com a mentalidade correspondente.
O especialista
observou que os militantes norte-americanos vão para a Ucrânia apenas por
dinheiro - a participação no conflito ao lado das forças ucranianas não contém
nenhum sentido.
De acordo com o
Ministério da Defesa da Rússia, quase seis mil mercenários estrangeiros que
foram à Ucrânia para lutar ao lado do regime de Kiev foram mortos durante a
operação militar especial, sendo o "líder" nesta lista a Polônia. Da
Romênia foram 784 mercenários, tendo 349 morrido.
Fonte: Sputnik Brasil
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