domingo, 28 de janeiro de 2024

Blocos afro foram fundamentais para valorizar locais marginalizados em Salvador

“Nossa energia é ancestral”. Esse será o tema do Carnaval de Salvador de 2024, que terá início em 8 de fevereiro. A escolha é uma homenagem aos 50 anos da presença dos blocos afros - como Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Olodum, Malê Debalê, Cortejo Afro, Bloco Alvorada, Bankoma e Banda Didá - nos circuitos.

Para celebrar a existência desses grupos e o que eles representam, o documentário “Sons do Terreiro Mundo”, do A TARDE Play entrevistou os blocos afro e personalidades para falar sobre a origem de blocos e afoxés e o papel deles para desmarginalizar o Centro Histórico de Salvador.

Em 2024, o Olodum completa 45 anos e, ao longo da sua trajetória, foi parte fundamental para mudar a visão que as pessoas tinham do Pelourinho, segundo Marcelo Gentil, presidente do bloco. “Essa comunidade não seria o que é hoje se não fosse o Olodum. O Pelourinho era conhecido como a área de prostituição, de tráfico de drogas, de práticas de furtos e roubos. E o próprio Olodum, que surgiu como bloco de carnaval em 1979, também não tinha preocupação com nada disso. Passou a ter essa preocupação quando se refundou em 1983 e passou a olhar para a comunidade, principalmente para as crianças e adolescentes do Centro Histórico”, relembrou.

“Criou naquele mesmo ano o seu mais importante projeto social, o Rufar dos Tambores, que depois se transformou em Escola Olodum, e, a partir daí, com o seu trabalho social e musical, que começou a circular no Brasil e no mundo, as atenções se voltaram para o Pelourinho. E, com isso, o poder público e os empresários da iniciativa privada passaram a prestar atenção no Pelourinho”, destacou.

Na ocasião, Gentil, que em setembro de 2024 vai completar 37 anos de Olodum, afirmou que o grupo “só existe porque existe o Pelourinho”. “O Olodum só sobrevive porque convive no dia-a-dia com a força da comunidade. Se a gente sair daqui vamos perder o tecido social e seremos apenas mais um daqueles grandes artistas baianos e brasileiros que fizeram muito sucesso em determinado período e depois sumiram e a gente nem escuta mais”.

Cantor e integrante do Olodum, Lazinho, pontuou que, no Centro Histórico, o bloco já fazia parte da cultura de Salvador. “O carnaval acontecia aqui na Praça da Sé. [...] O Olodum veio abrilhantar ainda mais o nosso sorriso e fazer parte de uma guerrilha social, onde as pessoas viam a gente como marginal e delinquente. A gente provou para as pessoas que quando você usa a arte e a cultura a seu favor ela pode lhe levar a lugares infinitos. Foi o que o Olodum fez com todos nós”.

“E pretendemos galgar lugares mais longes ainda. É um pouco do recado e da história que está sendo contada de uma forma lógica,  como deveria. Agora, as pessoas sabem da nossa história contada por nós. [...] O Olodum serve para contar uma história pela visão do negro”, enfatizou.

Lazinho afirma ainda que o reconhecimento do Olodum como patrimônio “é o reconhecimento da história que está sendo contada de forma correta. O Olodum não tem nenhum preconceito. Aqui não existe xenofobia, homofobia. Aqui, nós elegemos a primeira mulher que presidiu um bloco afro. Por aqui passou muita gente. Branco. Porque a gente entende que a sociedade, independente da cor, nós somos humanos. Quando o Olodum é reconhecido pelas instituições significa que nós fizemos algo de bom e que nós estamos no caminho certo”.

•        O maior balé afro do mundo

Outro grupo que completa 45 anos em 2024, é o Malê Debalê. Presidente do bloco, Cláudio Araújo destacou o papel fundamental do Malê para Itapuã, bairro onde surgiu o maior balé afro do mundo. Ao A TARDE Play, ele citou, no entanto, o esquecimento por parte das autoridades em relação ao local em que o grupo nasceu.

“O aeroporto que liga Salvador ao mundo está bem aqui do lado de Itapuã, mas parece, às vezes, que Itapuã é invisível para determinados segmentos. Aí eu falo da política, porque as pessoas pensam que Itapuã não existe. E com essa ligação do aeroporto com a Paralela ficou pior”, criticou.

Cláudio Araújo apontou a importância fundamental do Malê para aquela área geográfica. “[...] O Malê nasceu aqui em Itapuã. O Malê nasce e faz seus primeiros ensaios em cima da Lagoa do Abaeté, nas areias brancas. Então, o poder que o Malê tem diante de Itapuã é algo imensurável. O Malê nasce através de revoltas e, de uma forma muito direta, ele representa essa terra que eu gosto de chamar de península itapuanzeira”, completou.

 

Ø  Bloco Coruja: uma história de alegria no Carnaval de Salvador

 

Quando se fala em Carnaval de Salvador, o Bloco Coruja aparece como um símbolo da  alegria e da cultura baiana, tradição construída ao longo de mais de seis décadas. Mais que um bloco, o Coruja personifica a essência da maior festa de rua do planeta, aliando história e inovação para oferecer, a cada ano, uma experiência única a seu folião.

Desde suas origens, em 1963, o Bloco Coruja se destaca como uma referência de animação e diversidade cultural, acompanhando a história e evolução da festa de Momo. Sua trajetória, marcada por grandes nomes da música baiana, a exemplo do cantor Ricardo Chaves, o fortaleceram como um ícone da folia, conquistando rapidamente seu espaço no coração dos foliões e no Carnaval de Salvador.

Com uma tradição consolidada e uma legião de fãs, um novo capítulo da história do Bloco Coruja começou a ser escrito quando a cantora Ivete Sangalo assumiu o comando do bloco, em 2002. O sucesso foi imediato e, sob sua liderança, o Coruja conquistou o título de melhor bloco do Carnaval de Salvador por anos consecutivos, atraindo não apenas foliões, mas também personalidades nacionais e internacionais. 

Por conta desse crescimento, em 2009, o Coruja passou a desfilar nos dois principais circuitos da festa, refletindo o compromisso em proporcionar novas experiências a seus foliões. Além da música envolvente, o "bloco mais animado de Salvador" ficou conhecido por sua atmosfera descontraída e por sua proximidade com o público, se tornando mais do que uma atração do Carnaval de Salvador, uma experiência que transcende gerações.

·        Pausa em 2018 e restrições pandêmicas

Com o nascimento das filhas gêmeas de Ivete Sangalo, em 2018, o bloco precisou passar por um hiato, retomando suas atividades em 2019 com três dias seguidos de desfile no circuito Barra-Ondina. Já em 2020, em dois dias de festa, o Coruja somou mais de 15 horas de folia no Carnaval de Salvador.

Mesmo com os desafios apresentados pela pandemia do coronavírus em 2021 e 2022, o "bloco mais animado do Carnaval de Salvador" voltou em 2023 repleto de novidades e com a promessa de realizar mais um evento inesquecível. Com o tema "De Volta Para o Futuro", Ivete Sangalo levou para o circuito o seu EP recém lançado "Chega Mais", trazendo sucessos como "Cria da Ivete", "Só Love na Cabeça", "Rua da Saudade", "Se Saia" e "Batucada".

·        Diversão garantida em 2024

Entre as diversas opções de blocos e camarotes, o Coruja aparece como a melhor escolha para quem busca vivenciar o melhor da folia baiana. Comandado pela musa Ivete Sangalo, o "melhor bloco do Carnaval de Salvador" incarna a verdadeira essência da festa de Momo e promete surpreender os foliões com uma combinação de muita música e animação.

 

Fonte: A Tarde

 

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