O
que é a tristeza, segundo a psicologia?
“Tristeza
não tem fim. Felicidade sim”. O refrão da canção “Felicidade”, do músico
brasileiro Antônio Carlos Jobim, conhecido mundialmente como referência da
bossa-nova, é um dos muitos que se acerca da emoção humana a qual, talvez, as
pessoas mais evitem sentir. “Embora a tristeza seja, frequentemente,
considerada uma emoção ‘negativa’, ela desempenha um papel importante ao
sinalizar a necessidade de receber ajuda ou conforto”.
É o que
explica Karen Vogel, psicóloga e psicoterapeuta, mestre em ciências pela
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), especialista em
mindfulness, autora de livros sobre saúde mental e professora da The School of
Life paulistana.
Segundo
ela, não há como escapar da tristeza, porque esta é “uma das sete emoções
universais”. Por isso mesmo, é experimentada “por todas as pessoas ao redor do
mundo, ainda que aquilo capaz de causar tristeza varie muito com base nas
noções pessoais e culturais de perda”, detalha.
Por sua
importância no espectro emocional humano, a tristeza também está na base do
roteiro da nova animação “Divertida Mente 2”, da Disney, disponível nos cinemas
brasileiros a partir de 20 de junho de 2024. Na trama, a protagonista Riley
entra na adolescência e começa a lidar com o amadurecimento e as novas emoções
que ele traz, incluindo estar triste.
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Como a psicologia define o sentimento de tristeza
Karen
explica que o “gatilho universal” para acionar esse sentimento é, geralmente, a
perda de uma pessoa, objeto ou algo valioso.
“Os
desencadeadores comuns da tristeza são a rejeição (por um amigo, parente ou
amante); os finais e despedidas/separações; as doenças; a morte de um ente
querido; a perda de algum aspecto da identidade (por exemplo, durante períodos
de transição em casa, no trabalho, nas fases da vida); e ficar desapontado com
um resultado inesperado (por exemplo, não receber um aumento no trabalho quando
esperava)”, explica ela.
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De que forma a tristeza pode afetar uma pessoa?
Por
mais duro que seja passar pelo sentimento de tristeza, a especialista em saúde
mental conta que esta é, justamente, uma emoção das mais duradouras. No
entanto, ela ressalta que tristeza e depressão são coisas bastante diferentes e
quem estiver caminhando no limiar desse distúrbio deve ficar atento.
“A
tristeza passa, muitas vezes, por períodos de protesto, resignação e desamparo,
como é o caso do luto. Mas a tristeza é diferente da depressão, que é um
distúrbio psicológico comum, descrito por sentimentos recorrentes, persistentes
e intensos de tristeza e desesperança que interferem na vida diária”, afirma.
A
psicóloga detalha também que não é difícil o indivíduo perceber-se triste,
porque o sentimento afeta o corpo inclusive fisicamente. “Há uma redução ou
enfraquecimento emocional, falta de energia, vontade de entrar em isolamento
social, falta de tônus muscular, além de choro e angústia, entre outros”, diz a
especialista. Também é comum, ao sentir-se triste, ter mais pensamentos de
baixa estima ou de “um futuro desfavorável, com
menos fé ou a crença em algo positivo”.
Karen
Voges ressalta que é impossível “escaparmos da tristeza” durante a vida, por
isso, é necessário lidar com ela, sem evitá-la. “Nós ganhamos e perdemos coisas
todos os dias e, por isso, a tristeza pertence à nossa rotina. O ideal seria
acolher e entrar em contato com a tristeza até ela passar”, afirma a psicóloga.
• Como lidar com a tristeza? Especialista
em saúde mental explica como passar por ela
Ficar
triste é algo que nenhuma pessoa poderá evitar em sua jornada pela vida. A
tristeza é definida por um sentimento de perda, que pode estar relacionado a
uma pessoa, objeto ou algo valioso para o indivíduo, explica Karen Vogel,
psicóloga e psicoterapeuta, mestre em ciências pela Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP), especialista em mindfulness, autora de livros
sobre saúde mental e professora da The School of Life paulistana.
Segundo
ela, rejeição, despedidas e separações, doenças e morte podem desencadear essa
emoção – que é considerada uma das mais duradouras, afirma a especialista.
Mas,
afinal, como é possível lidar com a tristeza? Veja o que a psicologia explica
sobre sua ação na mente do indivíduo e a melhor forma de passar por ela.
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O que é possível fazer ao passar por momentos de tristeza?
“A
tristeza pode desencadear períodos de protesto, resignação e desamparo por
parte do indivíduo”, explica Vogel. A especialista detalha que essa emoção
também afeta o corpo, inclusive fisicamente, gerando mais vontade de isolar-se,
falta de energia devido o enfraquecimento emocional, “além de choro, angústia e
pensamentos de baixa estima”, comenta a terapeuta.
Por
isso, na hora de lidar com períodos assim, “o ideal seria acolher e entrar em
contato com a tristeza até ela passar”, diz a expert. “Os estudos mostram que
uma emoção demora segundos ou alguns minutos para atingir o seu auge e diminuir
gradativamente. Mas a maioria das pessoas sente tanto desconforto que,
geralmente, busca algum tipo de comportamento de esquiva para se afastar da
tristeza”, explica.
“Exemplos
desses comportamentos podem ser comer, fumar, beber, comprar, entre outros”,
detalha a psicóloga. Essas atitudes interrompem a emoção, mas podem trazer
prejuízos ao corpo. “É o caso, por exemplo, das chamadas doenças
psicossomáticas. O ideal seria permitirmos o livre fluxo da manifestação
emocional mas, pelo desconforto que elas causam, buscamos fugir ou evitar. Brigamos
com elas”, explica.
No
entanto, a especialista destaca a importância de sentir a tristeza, porque sua
existência está ligada ao amadurecimento emocional, tão importante para cada
pessoa. “A tristeza nos ajuda a entender sobre nossos valores, aquilo que é
importante para nós, o que faz sentido em nossa vida. Quando estou triste, esta
é uma oportunidade de podermos entender que algo importante ali está faltando”,
detalha a expert.
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Não se deve evitar a tristeza, diz a psicologia
“É ruim
sentir tristeza, é desconfortável. Mas as emoções são muito importantes, são a
nossa bússola interna, não devem ser bloquedas”, ensina a psicóloga.
“No
caso dos meninos, por exemplo, a cultura ensina que ‘homem não chora’, e que
não devem expressar emoções que demonstram fragilidade. Acredito que a cultura
tem um papel fundamental neste aprendizado de que emoções são ruins e não devem
ser sentidas. Mas isso precisa ser mudado”, diz. “A tristeza pode ajudar em uma
compreensão mais expandida do que é significativo para cada um: ver que se
perdeu algo realmente importante”, conclui Vogel.
Fonte:
National Geographic Brasil

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