Por ser ‘drag queen’, sobrinho de Malafaia
é internado em “clínica espiritual”
Lucas Santos, de 23
anos, era um jovem muito ativo nas redes sociais, especialmente no Instagram
como muitos da mesma faixa etária. Até o final de 2023 ele sempre postava
conteúdos vestido como uma ‘drag queen’. Mas desde aqueles dias ele
simplesmente desapareceu da internet. Acontece que ele é filho da cantora
gospel Eyshila Santos com o pastor Odilon Santos e sobrinho de Silas Malafaia,
notório líder fundamentalista evangélico.
Segundo o site “O
Fuxico Gospel”, especializado em noticiar as vidas particulares de celebridades
do seguimento, sua família não gostou nada dos conteúdos expostos por Lucas.
Fontes do site ligadas à igreja Assembleia de Deus, de Malafaia, teriam confirmado
que o jovem então foi internado numa “clínica espiritual” e teve os seus
perfis, incluindo um do OnlyFans, encerrados pela família.
Mas para apimentar
ainda mais a “fofoca de Jesus”, ele não foi levado para qualquer “clínica
espiritual”, mas para uma de propriedade de outro barão evangélico, o pastor
bolsonarista Márcio Valadão, dono da famosa Igreja Batista da Lagoinha, em Belo
Horizonte. A instituição, além de ser a dona da suposta “clínica espiritual”,
também revelou figuras como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) para a
política nacional.
Nas redes sociais,
Eyshila, a mãe, fez um post comentando a sexualidade do filho, sem esconder seu
desespero em relação à inesperada contradição: o fato do filho não ser um
exemplar da heteronormatividade cristã. Outros membros da família não
comentaram o caso publicamente.
“São nossos filhos,
não nossos troféus. Eles não nossos, mas eles são seres independentes. Não são
a nossa continuação, mas têm a sua própria história, com suas escolhas e suas
experiências. Pais, amem seus filhos! Amemos sem culpa e sem vergonha alguma.
Amemos sem concordar com seus erros, sem compactuar com suas escolhas”,
escreveu a cantora.
PL que restringe acesso de pessoas trans
a banheiros ‘unissex’ em escolas é aprovado em comissão do Senado
O texto fala em
“pessoas cujo sexo de nascimento seja diferente do sexo de destinação do
banheiro”; Para ativistas da comunidade LGBTQIA+, essa é “mais uma iniciativa
fascistoide” de Magno Malta
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A Comissão de Direitos
Humanos do Senado aprovou nesta quarta-feira (28) um projeto de lei proposto
pelo senador Magno Malta (PL-ES) que restringe o acesso de pessoas transexuais
e transgênero a banheiros de escolas. De acordo com o texto, os alvos da nova
lei só poderão entrar em banheiros caracterizados como “unissex”.
A lei se refere a
banheiros de uso coletivo e a mudança, caso aprovada, será válida para
instituições públicas e privadas. Assim como o efeito prático que pretende
promover, o texto se refere a pessoas trans de uma forma absolutamente
preconceituosa.
“Fica vedado em
escolas públicas e privadas o uso de banheiro e vestiário, acessíveis por
várias pessoas ao mesmo tempo, por usuário cujo sexo de nascimento seja
diferente do sexo da destinação do banheiro ou vestiário”, diz o projeto de
lei.
Uma inacreditável
Comissão de Direitos Humanos aprovou a ideia de Malta em votação simbólica, ou
seja, sem qualquer discussão. A relatoria foi do senador Zequinha Marinho
(Podemos-PA). O projeto agora vai a Comissão de Educação do Senado e, se
aprovado novamente, vai para a Câmara dos Deputados a não ser que pelo menos
nove senadores peçam que o plenário da casa o analise antes.
O senador Paulo Paim
(PT-RS), presidente da Comissão, disse que não vai deixar o projeto passar para
a Câmara sem que seja votado, mas descartou engavetá-lo.
Após a aprovação,
Malta e Marinho trocaram afagos. “É verdadeiramente urgente proibir que a mera
alegação verbal de uma declarada identidade de gênero permita que pessoas de
outro sexo usam vestiários ou banheiros exclusivos para meninas”, disse o
relator.
O autor respondeu:
“Fico muito feliz pelo seu relatório, pela votação, pelos senhores senadores, e
o Brasil é quem ganha com isso em dias tão difíceis (…) O gênero é humano, o
resto é macho e fêmea”.
Para ativistas da
causa LGBTQIA+ o texto é apenas “mais uma iniciativa fascistoide” de Malta. É o
que disse Julian Rodrigues à Fórum. Ele é jornalista, professor e ativista de
direitos humanos e da comunidade LGBTQIAP+
"É mais uma
iniciativa fascistoide desse senador. O projeto é flagrantemente
inconstitucional e uma agitação para as bases fundamentalistas religiosas.
Vamos derrotar mais esse PL anti-LGBT!", afirmou.
Prefeito de BH cede às exigências da
direita e retira cartazes de centro LGBT
O prefeito de Belo
Horizonte, Fuad Noman (PSD), atendeu às exigências de vereadores de direita e
retirou cartazes com as cores do arco-íris do Centro de Referência LGBT+ da
capital.
Esta não é a primeira
vez que a prefeitura tira símbolos da comunidade LGBT de circulação. No início
do mês, Noman já havia retirado outro cartaz LGBTQIAPN+ e com os dizeres
“bem-vindes”.
O presidente do Centro
de Luta Pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos-MG), Maicon
Chaves, foi quem denunciou a pressão dos parlamentares de direita. "Alguns
vereadores e vereadoras da Câmara de BH estão fazendo movimentos para trocar a
placa de bem-vindos do Centro de Referência. É um espaço que foi construído, na
sua origem, em diálogo com a população LGBT. E me estranha muito que apareça um
deputado estadual falando que vai corrigir isso e, de repente, surge um
movimento de vereadores e tudo muda", diz Chaves, em um vídeo publicado no
Instagram.
“'A concretização
dessa iniciativa se mostra um total descaso com a nossa população. Belo
Horizonte é um município que mal possui políticas públicas para pessoas LGBTs,
sendo o Centro de Referência um dos poucos espaços de acolhimento. Retirar as
nossas cores, a nossa IDENTIDADE, de um local que deveria nos acolher é
extremamente violento', diz Chaves em um vídeo públicado no Instagram',
acrescenta na legenda do post.
Nas redes sociais,
parlamentares progressistas se manifestaram contra a retirada dos cartazes.
O Centro de Referência
LGBT faz parte da Diretoria de Políticas para a População LGBT da Secretaria
Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania. O espaço é
responsável pelo atendimento especializado para a população LGBTQIAPN+ e pela
promoção dos direitos humanos da comunidade.
• O que diz a prefeitura
Em coletiva de
imprensa, Noman negou a relação entre a pressão de vereadores de direita e a
retirada do adesivo. "Em lugar nenhum em Belo Horizonte, em nenhum órgão
da cidade, tem nenhum tipo de símbolo na frente. Foi só uma tentativa que foi
feita e nós pedimos para tirar. Não tem nada de vereador de direita ou esquerda
pedindo para por ou para tirar. Tem é uma política da cidade de não ter nenhum
tipo de identificação, a não ser o da área", disse.
• Ativistas denunciam prefeitura de Porto
Alegre ao MP por baixo investimento no setor LGBTI+
A Articulação
Brasileira de Jovens Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis
(ArtJovemLGBT) apresentou denúncia à Promotoria de Justiça de Defesa dos
Direitos Humanos do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul contra a
prefeitura de Porto Alegre, a respeito da previsão de baixo investimento em
políticas públicas na temática da diversidade sexual e de gênero para 2024.
De acordo com o
documento, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, torna impossível o
cumprimento da Lei Municipal de Porto Alegre nº 13.598 de 2023, que estabelece
diretrizes para a promoção da saúde na área, e a construção de uma casa de
acolhimento para a população LGBTQIA+, dentre outras políticas públicas
destinadas à diversidade, tais como rubricas específicas para estas áreas,
consoante consta no Plano Plurianual (PPA) do Município de Porto Alegre.
A denúncia destaca que
o orçamento aprovado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na Lei
Orçamentária Anual (LOA) do município para 2024, especificamente para a
implementação das medidas previstas na referida legislação, é de apenas R$ 158
mil. O montante é considerado insuficiente para garantir a efetividade das
políticas propostas. Atualmente, dados do IBGE registram que Porto Alegre
possui no mínimo 5,1% de pessoas LGBTI+ que se identificam como LGBTQIA+, o que
corresponde a mais de 60 mil pessoas. Tal orçamento daria conta de apenas R$
2,60 por pessoa.
Para a representante
da ArtJovem LGBTI no Rio Grande do Sul, a ativista trans e vereadora suplente
de Porto Alegre, Natasha Ferreira, a quantidade de recursos destinada pela
prefeitura demonstra falta de comprometimento do executivo municipal com a
pauta. Ela cita como exemplo que apenas os custos fixos de uma casa de
acolhimento com aluguel, energia, água, internet, alimentação, capacitação,
transporte, ações sociais e recursos humanos girariam em torno de no mínimo R$
20 mil por mês e R$ 240 mil ao ano, o que por si só já consumiria todo o
orçamento anual e ainda faltaria, isso sem contar todas as outras políticas
necessárias.
“Não considero esta
situação uma questão isolada ou algum erro de gestão. Para a comunidade LGBTI+
de Porto Alegre, é flagrante que a prefeitura está aliada a políticos
extremamente conservadores e que, na hora de definir as prioridades, demandam
ao executivo uma postura menos aberta à diversidade. Manter áreas voltadas para
a política LGBTI+ sem dedicar orçamento a elas prejudica muito o combate à
discriminação, principalmente de pessoas trans das periferias, que são as mais
vulnerabilizadas”, disse.
A denúncia também cita
que o cenário apresentado repete um padrão de exclusão: na Lei Orçamentária de
Porto Alegre para 2023, enquanto R$ 15 milhões foram aprovados para a
publicidade, apenas R$ 2 mil foram reservados para a promoção de ações de
enfrentamento a LGBTIFOBIA, à violência e à discriminação. Registra também que
apenas em 2022 a Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI)
registrou um aumento de 22% dos casos, impulsionado pelos crimes de injúria
discriminatória e LGBTIfobia, somando 493 ocorrências na cidade.
A denúncia encerra
demandando ao Ministério Público que intervenha investigando a compatibilidade
entre o montante de recursos e o necessário para o cumprimento da legislação e
demanda que o poder judiciário seja provocado a intervir na situação considerada
inconstitucional.
Fonte: Fórum
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