EUA ameaçaram tirar fundos da Ucrânia se
negociasse com a Rússia, afirma jornalista investigativo
O governo dos EUA
impediu a Ucrânia de iniciar negociações de paz com a Rússia há vários meses,
com a ameaça de parar de financiar Kiev, afirmou nesta quinta-feira (21) o
jornalista investigativo norte-americano Seymour Hersh nas redes sociais.
Ganhador do Prêmio
Pulitzer em 1970 por sua exposição jornalística do massacre na vila vietnamita
de My Lai, Hersh citou que a afirmação foi feita por um integrante da
administração do presidente dos EUA, Joe Biden.
"Os líderes
americanos souberam da possibilidade de uma negociação entre Kiev e Moscou e
deram ao presidente ucraniano Vladimir Zelensky o ultimato: nenhuma negociação
ou acordo ou não apoiaremos o seu governo com os US$ 45 bilhões [R$ 224
bilhões] em fundos não militares", disse a fonte, afirmou Hersh em sua
conta na plataforma Substack.
No início de dezembro
passado, Hersh revelou que a Rússia e a Ucrânia estariam negociando condições
de paz ao nível de altos líderes militares. O jornalista investigativo afirmou
que as partes estavam estabelecendo fronteiras ao longo da atual linha de frente,
em troca da aprovação da Rússia à adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN) com uma série de condições restritivas.
·
Sabotagem aos gasodutos do Nord Stream
Há cerca de um ano,
ele publicou um artigo alegando a participação dos EUA e da Noruega no ataque
de sabotagem de 26 de setembro de 2022 aos gasodutos Nord Stream 1 e 2.
Washington negou qualquer envolvimento no incidente.
Nenhum dos países
ocidentais envolvidos na investigação subsequente — Suécia, Dinamarca e
Alemanha — apresentou explicações sobre o que aconteceu ou nomeou um culpado.
Além disso, a Suécia anunciou mais cedo que abandonaria a sua investigação
sobre as explosões.
¨ Ucrânia terá que se retirar de posições devido à falta de nova
assistência dos EUA, diz Pentágono
As Forças Armadas da
Ucrânia terão de se retirar de suas posições em meio à paralisação no
Congresso, disse a porta-voz adjunta do Pentágono, Sabrina Singh.
Segundo Singh, o
motivo de tais decisões é a falta de aprovação pelo Congresso dos Estados
Unidos de um novo pedido de assistência a Kiev.
"Sabemos que a
Ucrânia deve tomar decisões estratégicas agora mesmo para se retirar em certas
áreas para fortalecer as suas linhas de defesa", afirmou Singh em um
briefing nesta quinta-feira (21).
O conselheiro de
Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, disse ontem (20), durante visita a
Kiev, que não se compromete a prever quando será acordada uma nova assistência
à Ucrânia.
No início deste mês, a
Casa Branca anunciou que Washington tinha encontrado uma oportunidade para
enviar US$ 300 milhões (R$ 1,4 bilhão) em munições em fundos do Pentágono, mas
destacou que essa assistência às Forças Armadas ucranianas seria suficiente para
"algumas semanas".
Nesta semana, o chefe
do Pentágono, Lloyd Austin, disse que as forças russas continuam a avançar na
Ucrânia. A Casa Branca, por seu lado, admitiu que o Exército ucraniano está
"realmente perdendo terreno no campo de batalha" devido à inação dos
EUA.
O Congresso dos EUA
ainda não chegou a um acordo sobre o novo pedido de assistência à Ucrânia,
enquanto a administração informou que tinha esgotado as possibilidades de
transferência de fundos militares em dezembro do ano passado.
A Rússia acredita que
o fornecimento de armas a Kiev interfere em um cessar-fogo e envolve
diretamente os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no
conflito.
Moscou já enviou uma
nota aos países da OTAN na qual o Ministério das Relações Exteriores russo
advertia que qualquer carregamento, incluindo armas destinadas a Kiev, se
tornará alvo legítimo para as Forças Armadas russas.
¨ Reunião dos líderes da UE termina sem decisões sobre ativos
russos e pedido de cessar-fogo em Gaza
Os líderes da União
Europeia se reuniram nesta quinta-feira (21) para tratar de alguns assuntos,
entre eles o cessar-fogo em Israel e o que fazer ou não com os ativos russos
presentes na UE.
Sobre Israel, os
representantes pediram que Israel evite realizar uma operação terrestre na
cidade de Rafah e apelaram a uma pausa humanitária imediata na Faixa de Gaza
que levaria a um cessar-fogo sustentável.
"O Conselho
Europeu pede ao governo israelense que não realize uma operação terrestre em
Rafah, o que agravaria a já catastrófica situação humanitária e impediria a
prestação urgentemente necessária de serviços básicos e de assistência
humanitária", diz o documento.
O Conselho Europeu
também apelou para uma "pausa humanitária imediata que conduza a um
cessar-fogo sustentável e à libertação incondicional de todos os reféns".
·
O que fazer com os ativos russos?
Os chefes de estado e
de governo da União Europeia (UE) não conseguiram chegar a um acordo sobre os
bens congelados da Rússia, de acordo com um documento emitido no final da
reunião.
"O Conselho
Europeu continua trabalhando nas recentes propostas do Alto Representante para
os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança e da Comissão
Europeia", afirma o documento.
Mais cedo, o chefe da
diplomacia da UE, o espanhol Josep Borrell, declarou estar confiante de que os
líderes dos 27 países aprovariam a sua proposta de utilizar os rendimentos dos
ativos russos congelados para ajuda militar ao presidente ucraniano, Vladimir
Zelensky.
Ø
Rússia e Arábia Saudita impedirão qualquer
interferência no trabalho da OPEP+, diz Lavrov
Riad e Moscou não
deixarão que qualquer tentativa de interferência nos mecanismos regulatórios do
mercado mundial de petróleo na OPEP+ aconteça, garantiu o ministro das Relações
Exteriores russo, Sergei Lavrov.
Segundo o chefe da
diplomacia russa, a Arábia Saudita, com base nos interesses do reino,
"está interessada em preços estáveis do petróleo e em proporcionar lucros adequados aos
países produtores do
combustível, ao mesmo tempo
que quer chegar a um nível que seja atraente
para os compradores".
"O que estamos
fazendo agora com eles no âmbito da OPEP+, com o apoio de todos os outros
membros desta associação, refere-se precisamente a isto. A Arábia Saudita
mantém esta linha de forma muito clara", afirmou o chanceler.
Em 30 de novembro, os
países da OPEP+ decidiram reduzir voluntariamente a produção de petróleo num
total de 2,2 milhões de barril por dia até ao final do primeiro trimestre de
2024.
·
Mercado de petróleo venezuelano
Lavrov também
considera possível que a Rússia e os Estados Unidos "operem ao mesmo
tempo" no mercado petrolífero venezuelano, desde que não haja concorrência
desleal.
"Segundo muitas
estimativas, a Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo. Em
geral, somos contra o monopólio. Haverá espaço suficiente para todos se houver
jogo limpo e um processo justo para a atribuição de oportunidades de
investimento na indústria petrolífera venezuelana", disse o ministro.
Para o chanceler,
Washington tenta "iniciar novos jogos políticos em torno da
Venezuela", oferecendo-lhe um acordo para retomar a exportação de petróleo
venezuelano para os Estados Unidos em troca de "algumas concessões
políticas".
"Em troca, os
norte-americanos não querem apenas concessões em matéria de direitos humanos e
outras exigências democráticas que apresentam regularmente sem muita explicação
do que significam. A lealdade aos Estados Unidos é o critério da democracia tal
como Washington a entende", disse.
No entanto, Lavrov
destacou que Caracas "compreende perfeitamente o que está
acontecendo".
Além disso, destacou a
importância de a Venezuela ser firme na prossecução das suas conquistas no
diálogo com os Estados Unidos, sem esperar que Washington "realmente
cumpra as suas promessas vazias".
Ø
Sérvia não se submeteu aos fascistas, à
OTAN, e não impõe sanções à Rússia, diz ex-ministro sérvio
Nenad Popovic,
ex-ministro da Inovação da Sérvia, comparou o atual posicionamento do país como
confirmando os laços positivos com a Rússia dos tempos anteriores.
O caráter dos sérvios
fez com que eles se rebelassem contra os ocupantes fascistas para libertar o
país junto com o Exército Vermelho na Segunda Guerra Mundial, apoiou-os
heroicamente durante o bombardeio da Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN) em 1999 e agora os ajuda a resistir à pressão externa para impor sanções
à Rússia, disse nesta quinta-feira (21) um ex-ministro sérvio da Inovação.
O antigo representante
participou de um evento organizado pela Fundação do Regimento Imortal da Sérvia
que contou com a presença do embaixador russo no país, Aleksandr
Botsan-Kharchenko, ex-oficiais iugoslavos, especialistas e figuras públicas,
informa um correspondente da Sputnik.
"A Sérvia está
lutando por seu Kosovo e sua Metóquia e se recusa a impor sanções à Rússia,
independentemente das ameaças e pressões diárias", disse Nenad Popovic,
presidente honorário da Fundação do Regimento Imortal da Sérvia, durante a
conferência Agressão da OTAN — 25 Anos Depois, na Casa Russa do Centro Russo de
Ciência e Cultura, em Belgrado, Sérvia.
"Encontramos esse
espírito desafiador, que une os sérvios em todos os momentos de sofrimento, na
revolta contra os ocupantes fascistas, a primeira revolta desse tipo na Europa
ocupada [durante a Segunda Guerra Mundial]. Com a ajuda de um povo russo igualmente
heroico e rebelde, libertamos Belgrado e a Sérvia, e todos esses exemplos de
heroísmo inspiraram o espírito heroico da nação durante os atentados de
1999", referiu ele.
Em 1999, um confronto
armado entre separatistas albaneses do Exército de Libertação do Kosovo e as
forças de segurança sérvias levou ao bombardeio da Iugoslávia, então composta
pela Sérvia e por Montenegro, pelas forças da OTAN.
A operação militar foi
realizada sem a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, com base
na alegação dos países ocidentais de que as autoridades da Iugoslávia haviam
realizado uma limpeza étnica na autonomia do Kosovo e provocaram uma catástrofe
humanitária no local. Os bombardeios da OTAN aconteceram de 24 de março a 10 de
junho de 1999.
Eles resultaram em
mais de 2,5 mil mortes, incluindo 87 crianças, e US$ 100 bilhões (R$ 497,26
bilhões, na conversão atual) em danos, enquanto especialistas médicos registram
efeitos do urânio empobrecido, levando a um aumento do câncer na população.
Ø
Hungria saúda cooperação entre o Ocidente e
a Rússia no domínio nuclear
O primeiro-ministro
húngaro Viktor Orbán defende o desenvolvimento da cooperação entre o Ocidente e
a Rússia no domínio nuclear, apesar da situação geopolítica.
"Estamos
satisfeitos por ver que, apesar das dificuldades geopolíticas, ainda existe uma
ampla cooperação profissional e científica internacional no domínio da energia
nuclear", afirmou o primeiro-ministro húngaro ao discursar na cúpula da
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Orbán destacou que a
Rússia se tornou o maior fornecedor de urânio aos EUA em 2023, e agora
"uma variedade de subcontratantes dos EUA, Alemanha, França, Suécia, Suíça
e até Áustria" estão trabalhando em conjunto com construtores russos como
parte do projeto para expandir usinas nucleares.
Segundo o político, é
uma questão de interesse comum que a energia nuclear não se torne "refém
de conflitos geopolíticos, de hipocrisia e de debates ideológicos".
A Hungria utiliza
energia nuclear há quase 50 anos e, por enquanto, os quatro reatores ativos da
usina nuclear de Paks geram metade de toda a eletricidade do país e cobrem um
terço da demanda.
Localizada nas
proximidades da cidade húngara com o mesmo nome, cerca de 100 quilômetros a sul
de Budapeste, a usina nuclear de Paks é a única na Hungria e está em
funcionamento desde 1982. Ela foi construída com a ajuda da União Soviética e
produz metade da eletricidade consumida pela Hungria.
No final de 2014, a
empresa russa Rosatom e a Hungria assinaram um contrato avaliado em US$ 12,5
bilhões (cerca de R$ 62,2 bilhões) para a construção da segunda fase da central
nuclear de Paks, que vai incluir os reatores cinco e seis.
Em agosto de 2022, a
Hungria concedeu à Rosatom a licença para construir ambas as unidades. Está
previsto que as obras comecem entre o final de 2024 e o início de 2025. Com a
entrada em funcionamento dos dois novos reatores, a usina nuclear duplicará a
sua capacidade de geração de eletricidade.
Fonte: Sputnik Brasil
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