sábado, 24 de fevereiro de 2024

STF manda recado a Bolsonaro: “se falar um ai do Supremo, vai preso”

O ato organizado por Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, neste domingo (25), promete momentos de tensão. Segundo informações do colunista Lauro Jardim, ministros do Supremo Tribunal Federal já formaram consenso sobre a prisão em flagrante do ex-presidente, caso ele decida atacar a instituição ou qualquer um de seus magistrados.

“Diz um ministro do Supremo, com mais rigor ainda: ‘Se ele falar um ‘ai’ do Supremo, vai preso'”, publicou Jardim nesta sexta (23).

A edição da revista Veja desta semana publica uma entrevista com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que diz expressamente que o atentado de 8 de Janeiro de 2023 não foi “baderna”, ao contrário do que alguns militares tentaram colocar, mas sim “golpe”.

A Polícia Federal já recolheu provas de que o núcleo duro do governo Bolsonaro trabalhou em cima de um decreto golpista, que previa a prisão de ministros de cortes superiores e a anulação das eleições 2022, com o intuito de manter Bolsonaro no poder. O gabinete do golpe também usou serviços de inteligência para monitorar os passos de Moraes, que seria preso. 

·        Ato de Bolsonaro na Paulista

Financiada pelo pastor Silas Malafaia, a manifestação organizada a favor de Bolsonaro será concentrada exclusivamente no coração da capital paulista. Os apoiadores do ex-presidente foram orientados a não gerar aglomerações em outros locais do País, nem ostentar cartazes com ataques às instituições ou figuras públicas.

A aposta de Bolsonaro – que nega tentativa de golpe – com o ato é demonstrar força em meio aos avanços da Polícia Federal. O encontro na Paulista ocorrerá somente três dias após Bolsonaro ter ido prestar depoimento à PF no âmbito da operação Tempus Veritatisocasião em que decidiu ficar calado, exercendo seu direito de não produzir provas contra si mesmo.

Em entrevista à BBC Brasil, o cientista político Sergio Praça apostou que o ato a favor Bolsonaro, desta vez, será mais fraco do que os anteriores. Mas para além de juntar populares, Bolsonaro – que está inelegível – pretende desfilar apoio de políticos com mandatos, com quem deve compartilhar o palanque no domingo.

Segundo levantamento do site Poder 360, até a semana passada, três governadores e 93 congressistas haviam confirmado presença no evento na Avenida Paulista.

O Globo ainda informa que Bolsonaro deve ser o último a discursar. Em 30 minutos de fala, ele pretende abordar três grandes assuntos: as políticas de seu governo, a “perseguição” que alega estar sofrendo e o futuro do País.

·        Bolsonaro já faz planos para 20 anos de prisão, se depender de Moraes

O ato marcado para domingo (25) é apenas o primeiro passo do plano que Jair Bolsonaro (PL) deve desencadear diante da prisão, que já considera iminente.

A interlocutores, segundo a revista Veja, o ex-presidente tem dito que se depender do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deve pegar 20 anos de prisão.

O objetivo do ex-presidente é aprofundar a estratégia de vitimização, alegando que é vítima de perseguição da "ditadura" de Lula. Como sempre, ele deve comparar o governo petista aos "comunistas" Nicolas Maduro, da Venezuela, e Miguel Diaz-Carnel, de Cuba.

Bolsonaro e aliados ainda vão propagar que ele é alvo de uma cruzada pessoal de Moraes em razão das ameaças em série contra o ministro feitas por aliados próximos.

A depender do discurso no ato, no entanto, o ex-presidente pode ser preso já no domingo (25). um ministro da corte já teria avisado que "se ele falar um 'ai' do Supremo, vai preso".

Organizador do ato, Silas Malafaia tem avisado a todos que irão discursar que apenas ele falará o nome de Alexandre de Moraes no ato.

No entanto, o temor é que diante da horda de apoiadores, Bolsonaro se sinta à vontade para disparar seus impropérios contra o ministro e o STF.

“(...) Qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais”, vociferou Bolsonaro no 7 de Setembro de 2021 na Paulista.

Acovardado, dias depois ele procurou o ex-presidente golpista Michel Temer (MDB), que indicou Moraes à corte, para apaziguar as relações com o ministro.

 

Ø  Mudanças na PM paulista lembram preparativo de golpe

 

O golpe foi evitado, em 8 de janeiro, entre outras coisas pelo enquadramento da Polícia Militar pelas respectivas Procuradorias Gerais do estado. Bolsonaro contava com a ida em massa de policiais militares a Brasilia.

A estratégia adotada pelo comando geral da democracia – Ministros do Supremo e Procurador Geral da República – foi acionar os procuradores gerais dos estados para decretar estado de emergência. Isso obrigaria todos os PMs a ficarem dentro dos quartéis, sob risco de serem acusados de insubordinação. Segundo dados da época, papel essencial foi desempenhado por Mário Luiz Sarrubo, Procurador Geral do Ministério Público Estadual de São Paulo – e atual Secretário Nacional de Segurança Pública. Obviamente, contou com o apoio de coronéis legalistas – que compunham a maioria do estado maior da corporação.

A medida do Secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, de afastar coronéis legalistas e colocar capitães ligados à Rota, tem um objetivo e várias consequências.

O motivo é alinhar a PM paulista com futuras manobras do bolsonarismo. Por trás da fala mansa, o governador Tarcísio de Freitas é a maior ameaça potencial à democracia brasileira. Se essa reforma tivesse sido feita antes de 8 de janeiro de 2023, o golpe teria sido perpetrado.

A consequência imediata será a ampliação das mortes e o aumento da insegurança no estado.

Há muitos pontos em comum entre Guilherme Derrite e o ex-Secretário de Segurança  Saulo de Castro Abreu.

O primeiro é o instinto sanguinário. Saulo foi responsável pelo Massacre de Osasco em 2006, no qual 19 presos foram assassinados pela PM, pela Operação Castelinho, na qual assassinou 12 pessoas de emboscada. E, principalmente, dos infames assassinatos de maior de 2006, que vitimou mais de 600 pessoas, entre eles jovens estudantes (negros, obviamente), mocinhas grávidas.

Derrite tem o mesmo instinto assassino.

O segundo ponto em comum é a tentativa de politização da PM. Saulo chegou ao ponto de invadir uma sessão da Assembleia Legislativa de São Paulo acompanhado de PMs vociferantes.

O terceiro ponto é o desmonte da segurança em São Paulo.

No período dos massacres, houve uma explosão dos roubos – especialmente de celulares – na cidade de São Paulo. Eu mesmo tive um celular roubado em plena Augusta com Paulista, às 13:30. Em janeiro, os roubos voltaram a bater recordes.

Por trás desses recordes, o desmonte da PM. Um modelo de segurança tem que dispor da área de inteligência, do policiamento de proximidade. Mas toda a energia da PM paulista, sob Derrite e sob Saulo, estava focada nos massacres na periferia.

Quais as consequências? PMs se sentiam inseguros para praticar o policiamento de proximidade. No dia em que fui assaltado na Paulista, vi um carro da PM, fui até eles e quase fui alvejado por policiais visivelmente inseguros em relação à sua própria segurança.

Os massacres, covardes, sanguinários, ao invés de trazer segurança trazem insegurança à própria corporação.

Os roubos de celulares estavam diretamente ligados à estrutura de lojas que adquiriam os celulares roubados. Só quando a inteligência policial – sob novo Secretário – descobriu o óbvio, houve uma redução dos furtos.

O desmonte que Tarcísio está fazendo em São Paulo é similar ao que Bolsonaro fez em Brasília. A única diferença entre ambos é o grau de histrionismo de Bolsonaro.

PS – Depois da Secretaria de Segurança, Saulo foi Secretário de Governo e, depois, Secretário de Logística e Transportes do governo Alckmin. Depois, sumiu na poeira, impune.

 

Ø  Malafaia fará o "L" em ato para Bolsonaro na Paulista

 

Financiador do ato pró Jair Bolsonaro (PL) que acontece no próximo domingo (25), o pastor Silas Malafaia dará um presente semiótico para a cobertura aérea do evento na Avenida Paulista, em São Paulo.

Para abrigar os convidados, Malafaia fará um L com os dois trios elétricos contratados para o ato. Em um deles, com capacidade para 70 pessoas, estará Bolsonaro, os governadores Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos-SP), Jorginho Mello (PL-SC) e Ronaldo Caiado (União-GO), além de senadores e deputados convidados por Malafaia.

Para subir no trio bolsonarista, os convidados usaram uma pulseira VIP, que está sendo distribuída pelo presidente da bancada Evangélica, Sóstenes Cavalcante (União-RJ), alçado ao cargo por manobra de Malafaia.

Entre os deputados estarão Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-RJ), que farão discursos. O ato será aberto por Michelle Bolsonaro, presidenta do PL Mulher, que fará uma oração.

Malafaia tem advertido a todos os que vão discursar que apenas ele tocará no nome de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e principal alvo dos bolsonaristas.

No entanto, o clima de guerra que será levado pelos extremistas pode fazer que Bolsonaro se anime em seu discurso. O temor dos organizadores é que se o ex-presidente desferior os ataques que comumente fazia contra Moraes e outros membros da corte, ele deve sair dali direto para a cadeia.

Malafaia e o próprio Bolsonaro tem orientado os apoiadores a não levarem bandeiras ou cartazez provocativos, mas o próprio pastor já se antecipou dizendo que não pode falar pelas 300 mil pessoas esperadas pela organização.

 

Ø  OLIVER STUENKEL: CIA e Pentágono atuavam desde 2021 contra golpe militar no Brasil

 

A cada dia que se passa, com as investigações da Polícia Federal, fica cada vez mais evidente que a quadrilha que ocupava o Palácio do Planalto até 31 de dezembro de 2022 tinha como objetivo completo a realização de um golpe de estado contra as eleições presidenciais.

E, como sabemos de 1945 e 1964, os EUA não só costumam apoiar, como já proveram ajuda militar armada para a aniquilação da democracia brasileira. O progressismo, acostumado a relembrar a tragédia da Operação Condor em toda a América Latina, torce o nariz quando lê esta manchete.

Mas a realidade é bem compilada em um artigo de Oliver Stuenkel na revista Foreign Policy. A ação de Biden não foi somente política, visando reduzir os efeitos de uma turba golpista, ou afirmando que não aceitaria um golpe.

O secretário de Defesa Lloyd Austin, chefe do Pentágono, e outros entes da cooperação de defesa entre Brasil e EUA trabalharam para avisar aos militares que não aceitariam um golpe no Brasil.

Como se sabe, existe um setor americanófilo tremendo nas Forças Armadas e a cooperação militar com os EUA ficaria ameaçada em caso de golpe, deixaram claro os americanos.

Isso era apenas um sinal de que não haveria estabilidade institucional e validação internacional de Washington para a empreitada golpista de Bolsonaro.

E mesmo mexendo os pauzinhos e se esforçando para tentar realizar o golpe, eles não tiveram coragem de entrar na turba golpista apenas pelo medo de perder o apoio dos EUA.

Segundo o artigo, as ações dos EUA via Pentágono, CIA e outros entes institucionais dos EUA foram feitas desde 2021, incluindo a de traslado de chips para as urnas eletrônicas brasileiras.

O governo de Washington atuou diretamente para conseguir garantir ao Brasil a implantação das urnas eletrônicas e realização segura das eleições de 2024.

Nada disso é especulação ou garantia de que os EUA subitamente se tornaram democratas. Mas os americanos enxergavam que uma operação bem sucedida de Bolsonaro em uma intentona golpista poderia dar ânimo aos inimigos de Biden nos EUA, que também tentaram seu golpe em 6 de janeiro de 2021.

 

Fonte: Jornal GGN/Fórum

 

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