sábado, 24 de fevereiro de 2024

As consequências políticas do renascimento do 'neoconservadorismo' americano sob George W. Bush

A reorientação da política externa americana sob George W. Bush nos anos 2000 trouxe consequências caóticas para o cenário global. Uma delas tem a ver com o renascimento do chamado "neoconservadorismo" estadunidense, cuja conduta internacional forneceu as pré-condições para a contestação da hegemonia americana no mundo.

No começo do século XXI, a chegada de Bush ao poder marcou uma espécie de ponto de virada no pensamento político em Washington. Marcou também o início de uma série de intervenções militares americanas em diversas regiões do globo, ignorando totalmente o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Outro dos traços característicos dessa época foi o aumento da instabilidade internacional e das incertezas geradas em torno dessa nova visão americana de fazer as coisas que, podemos dizer com toda a certeza, foi a principal responsável por jogar o mundo no caos durante as primeiras décadas desse século.

No entanto, no começo dos anos 1990 não parecia que estávamos nos encaminhando exatamente para esse cenário. Com o final da Guerra Fria, vale lembrar, a administração do presidente Bill Clinton (1993-2001) adotou uma visão política voltada sobretudo para a afirmação de valores comuns entre os Estados Unidos e a chamada "comunidade internacional", assim como pelo impulsionamento da globalização na esfera econômica.

As ações de política externa dos Estados Unidos durante esse período eram envoltas em uma retórica que enfatizava, em teoria, a solidariedade das "democracias livres" no enfrentamento dos principais problemas que afligiam o planeta até então. O clima de tensão da Guerra Fria, por sua vez, tratava-se de algo do passado.

Na década de 1990, a percepção de uma nova ordem mundial sob a liderança americana era sim bastante forte, baseada no sentimento da primazia absoluta dos princípios políticos e econômicos estadunidenses. Era como se o mundo inteiro se encaminhasse para a adoção do famigerado Consenso de Washington e do internacionalismo liberal.

A política externa em Washington era então elaborada justamente sob essas premissas, com base nas realidades da globalização da economia mundial, que tinha no poder financeiro excepcional americano um de seus principais baluartes.

Levando em conta a crescente interdependência entre os países, os aliados americanos na Europa e na Ásia adquiriram um papel especial para a estratégia de política externa americana, no sentido de forneceram seu apoio tácito – e por vezes explicito – à hegemonia estadunidense no mundo.

Também forneceram seu apoio à difusão da democracia como sendo o regime mais favorável ao desenvolvimento das nações, fomentando ao mesmo tempo o estabelecimento de economias de mercado na maioria dos países, em especial no Leste Europeu e na própria Rússia após a dissolução soviética.

Sob Bill Clinton, portanto, os chamados "valores morais" perdem sua importância em relação aos objetivos pragmáticos e econômicos dos Estados Unidos. O liberalismo da época Clinton abandonou – pelo menos do ponto de vista retórico – a tradicional retórica "conservadora" que dividia o mundo entre mocinhos e bandidos. Em seu lugar, preferiu enfatizar formas menos antagônicas de liderança a partir do uso das vantagens econômicas e financeiras dos Estados Unidos, de modo a concretizar – sem maiores alardes – os seus objetivos nacionais.

Clinton procurou "disfarçadamente" operar a partir de alianças e das instituições internacionais dominadas pelo Ocidente, comprometendo-se com os ditos valores liberais, mas ainda assim contando com o reconhecimento dos demais países sobre a incontestável – até então – Majestade Americana.

Contudo, quando George W. Bush chega ao poder no começo dos anos 2000, a situação começa se inverter de modo rápido. Em 2001, os Estados Unidos sentiram na pele as consequências provocadas por uma nova ameaça internacional, a saber, o terrorismo extremista praticado pelo grupo Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países). Bush, como resposta aos ataques às Torres Gêmeas, anuncia então sua "Guerra ao Terror", implementando uma política externa altamente ideologizada, baseada em uma interpretação de mundo excludente, que poderia ser resumida na seguinte frase "quem não é conosco, é contra nós".

Era o renascimento de uma visão de mundo "neoconservadora" nos corredores da Casa Branca, que voltou a retomar parte da retórica de antagonismo presente durante a Guerra Fria. Agora os interesses geopolíticos dos Estados Unidos tomavam precedência perante os interesses econômicos, justificando ações militares unilaterais ao redor do mundo, sem pedir a opinião de ninguém, seja de adversários seja de aliados.

Não obstante, a crescente influência político-militar da China na Ásia e seu papel como poderoso contrapeso econômico-financeiro aos Estados Unidos começava a desenhar o quadro de uma disputa de poder que se acirraria ainda mais nos anos seguintes. Na Eurásia, o renascimento da Rússia sob a presidência de Vladimir Putin também tornava as coisas ainda mais complicadas para os americanos, com Moscou passando a defender seus interesses nacionais e de segurança de forma mais assertiva, em especial no espaço pós-soviético.

Os Estados Unidos de Bush, por meio de sua nova visão de política externa, enfrentaram um sério problema de déficit de legitimidade, problema esse que continua a assombrar os estrategistas em Washington até hoje.

Tudo isso se deu pois Bush reavivou os princípios da era conservadora dos anos 1980, acreditado na chamada "missão especial dos Estados Unidos" no mundo como o único "portador da luz" e da civilização às demais nações. Na prática, essa interpretação "neoconservadora" da realidade levou à utilização desmedida do poderio militar estadunidense para atingir seus objetivos geopolíticos em diversas partes do globo, mas com resultados absolutamente catastróficos.

Além de aumentar o sentimento "antiamericanista" em muitas regiões, o renascimento do "neoconservadorismo" estadunidense sob George W. Bush forneceu as pré-condições para a ascensão da multipolaridade nas relações internacionais. Esse talvez seja um dos poucos motivos pelos quais o mundo tem a agradecer a George W. Bush.

 

Ø  Polícia da China trabalha em Kiribati por solicitação local, perto do Havaí dos EUA, diz mídia

 

A Reuters confirmou a presença chinesa na ilha, que integra uma região onde tem havido luta por influência com Washington.

A polícia chinesa está trabalhando com policiais no país insular de Kiribati, vizinha do Havaí no oceano Pacífico, contaram autoridades de Kiribati à Reuters em uma reportagem de sexta-feira (23).

Eeri Aritiera, comissário de polícia interino de Kiribati, disse à Reuters que a polícia chinesa na ilha trabalha com a polícia local. Em janeiro, a Embaixada da China anunciou o líder da "delegacia de polícia chinesa em Kiribati".

"A equipe da delegação policial chinesa trabalha com o Serviço de Polícia de Kiribati para auxiliar no programa de Policiamento Comunitário e Artes Marciais [Tai Chi] Kung Fu, e o departamento de TI auxilia nosso programa de banco de dados de crimes", disse ele em um e-mail.

Aritiera, que participou de uma reunião em dezembro entre Wang Xiaohong, ministro de Segurança Pública da China, e várias autoridades policiais das Ilhas do Pacífico em Pequim, disse que Kiribati havia solicitado assistência policial da China em 2022, e até 12 policiais chineses uniformizados chegaram em 2023 em um rodízio de seis meses.

"Eles só prestam o serviço que o Serviço de Polícia de Kiribati precisa ou solicita", explicou Aritiera.

Kiribati não anunciou publicamente o acordo de policiamento com a China, que acontece em meio às iniciativas de Pequim para expandir os laços com os países das ilhas do Pacífico, algo que também tem suscitado preocupação dos Estados Unidos.

Apesar de somente ter 115.000 habitantes, Kiribati é considerado um país estratégico por estar relativamente próximo do Havaí, um importante território dos EUA no oceano Pacífico, e por controlar uma das maiores zonas econômicas exclusivas do mundo, que cobre mais de 3,5 milhões de quilômetros quadrados.

·        Houthis intensificarão ataques no mar Vermelho e usarão 'armas submarinas', diz líder

De acordo com a liderança do grupo iemenita, a intensidade dos ataques aumentou conforme a escalada das operações israelenses na Faixa de Gaza.

Os houthis intensificarão seus ataques a navios no mar Vermelho e em outras águas e passarão a usar "armas submarinas", em contínua solidariedade aos palestinos por causa da guerra na Faixa de Gaza, disse o líder do grupo nesta quinta-feira (22).

"As operações nos mares Vermelho e Arábico, no estreito de Bab al-Mandab e no golfo de Áden continuam, aumentam e são eficazes", acrescentou Abdul Malik al-Houthi em um discurso televisionado, sem dar maiores detalhes sobre as armas submarinas, relata a Reuters.

O discurso do líder ocorreu no mesmo dia em que os houthis enviaram às transportadoras marítimas e seguradoras uma notificação formal do que chamaram de proibição de navios ligados a Israel, aos Estados Unidos e ao Reino Unido de navegarem nos mares vizinhos, procurando reforçar a sua campanha militar.

"O Centro de Operações Humanitárias foi estabelecido em Sanaa para coordenar a passagem segura e pacífica de navios e embarcações que não têm ligação com Israel", disse um alto funcionário houthi à mídia hoje (22).

Na manhã desta quinta, dois mísseis incendiaram um navio a cerca de 70 milhas náuticas a sudeste de Áden, no Iêmen, informou a agência das Operações de Comércio Marítimo do Reino Unido (UKMTO, na sigla em inglês).

O líder militante Al-Houthi disse que os ataques refletiriam a escalada das operações militares de Israel na Faixa de Gaza, e que os ataques retaliatórios da coligação EUA-Reino Unido não conseguiram parar a sua campanha.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

Nenhum comentário: