As consequências políticas do renascimento
do 'neoconservadorismo' americano sob George W. Bush
A reorientação da
política externa americana sob George W. Bush nos anos 2000 trouxe
consequências caóticas para o cenário global. Uma delas tem a ver com o
renascimento do chamado "neoconservadorismo" estadunidense, cuja
conduta internacional forneceu as pré-condições para a contestação da hegemonia
americana no mundo.
No começo do século
XXI, a chegada de Bush ao poder marcou uma espécie de ponto de virada no
pensamento político em Washington. Marcou também o início de uma série de
intervenções militares americanas em diversas regiões do globo, ignorando
totalmente o Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Outro dos traços
característicos dessa época foi o aumento da instabilidade internacional e das
incertezas geradas em torno dessa nova visão americana de fazer as coisas que,
podemos dizer com toda a certeza, foi a principal responsável por jogar o mundo
no caos durante as primeiras décadas desse século.
No entanto, no começo
dos anos 1990 não parecia que estávamos nos encaminhando exatamente para esse
cenário. Com o final da Guerra Fria, vale lembrar, a administração do
presidente Bill Clinton (1993-2001) adotou uma visão política voltada sobretudo
para a afirmação de valores comuns entre os Estados Unidos e a chamada
"comunidade internacional", assim como pelo impulsionamento da
globalização na esfera econômica.
As ações de política
externa dos Estados Unidos durante esse período eram envoltas em uma retórica
que enfatizava, em teoria, a solidariedade das "democracias livres"
no enfrentamento dos principais problemas que afligiam o planeta até então. O
clima de tensão da Guerra Fria, por sua vez, tratava-se de algo do passado.
Na década de 1990, a
percepção de uma nova ordem mundial sob a liderança americana era sim bastante
forte, baseada no sentimento da primazia absoluta dos princípios políticos e
econômicos estadunidenses. Era como se o mundo inteiro se encaminhasse para a
adoção do famigerado Consenso de Washington e do internacionalismo liberal.
A política externa em
Washington era então elaborada justamente sob essas premissas, com base nas
realidades da globalização da economia mundial, que tinha no poder financeiro
excepcional americano um de seus principais baluartes.
Levando em conta a
crescente interdependência entre os países, os aliados americanos na Europa e
na Ásia adquiriram um papel especial para a estratégia de política externa
americana, no sentido de forneceram seu apoio tácito – e por vezes explicito –
à hegemonia estadunidense no mundo.
Também forneceram seu
apoio à difusão da democracia como sendo o regime mais favorável ao
desenvolvimento das nações, fomentando ao mesmo tempo o estabelecimento de
economias de mercado na maioria dos países, em especial no Leste Europeu e na
própria Rússia após a dissolução soviética.
Sob Bill Clinton,
portanto, os chamados "valores morais" perdem sua importância em
relação aos objetivos pragmáticos e econômicos dos Estados Unidos. O
liberalismo da época Clinton abandonou – pelo menos do ponto de vista retórico
– a tradicional retórica "conservadora" que dividia o mundo entre
mocinhos e bandidos. Em seu lugar, preferiu enfatizar formas menos antagônicas
de liderança a partir do uso das vantagens econômicas e financeiras dos Estados
Unidos, de modo a concretizar – sem maiores alardes – os seus objetivos
nacionais.
Clinton procurou
"disfarçadamente" operar a partir de alianças e das instituições
internacionais dominadas pelo Ocidente, comprometendo-se com os ditos valores
liberais, mas ainda assim contando com o reconhecimento dos demais países sobre
a incontestável – até então – Majestade Americana.
Contudo, quando George
W. Bush chega ao poder no começo dos anos 2000, a situação começa se inverter
de modo rápido. Em 2001, os Estados Unidos sentiram na pele as consequências
provocadas por uma nova ameaça internacional, a saber, o terrorismo extremista
praticado pelo grupo Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia e em
vários outros países). Bush, como resposta aos ataques às Torres Gêmeas,
anuncia então sua "Guerra ao Terror", implementando uma política
externa altamente ideologizada, baseada em uma interpretação de mundo
excludente, que poderia ser resumida na seguinte frase "quem não é
conosco, é contra nós".
Era o renascimento de
uma visão de mundo "neoconservadora" nos corredores da Casa Branca,
que voltou a retomar parte da retórica de antagonismo presente durante a Guerra
Fria. Agora os interesses geopolíticos dos Estados Unidos tomavam precedência
perante os interesses econômicos, justificando ações militares unilaterais ao
redor do mundo, sem pedir a opinião de ninguém, seja de adversários seja de
aliados.
Não obstante, a
crescente influência político-militar da China na Ásia e seu papel como
poderoso contrapeso econômico-financeiro aos Estados Unidos começava a desenhar
o quadro de uma disputa de poder que se acirraria ainda mais nos anos
seguintes. Na Eurásia, o renascimento da Rússia sob a presidência de Vladimir
Putin também tornava as coisas ainda mais complicadas para os americanos, com
Moscou passando a defender seus interesses nacionais e de segurança de forma
mais assertiva, em especial no espaço pós-soviético.
Os Estados Unidos de
Bush, por meio de sua nova visão de política externa, enfrentaram um sério
problema de déficit de legitimidade, problema esse que continua a assombrar os
estrategistas em Washington até hoje.
Tudo isso se deu pois
Bush reavivou os princípios da era conservadora dos anos 1980, acreditado na
chamada "missão especial dos Estados Unidos" no mundo como o único
"portador da luz" e da civilização às demais nações. Na prática, essa
interpretação "neoconservadora" da realidade levou à utilização
desmedida do poderio militar estadunidense para atingir seus objetivos
geopolíticos em diversas partes do globo, mas com resultados absolutamente
catastróficos.
Além de aumentar o
sentimento "antiamericanista" em muitas regiões, o renascimento do
"neoconservadorismo" estadunidense sob George W. Bush forneceu as
pré-condições para a ascensão da multipolaridade nas relações internacionais.
Esse talvez seja um dos poucos motivos pelos quais o mundo tem a agradecer a
George W. Bush.
Ø
Polícia da China trabalha em Kiribati por
solicitação local, perto do Havaí dos EUA, diz mídia
A Reuters confirmou a
presença chinesa na ilha, que integra uma região onde tem havido luta por
influência com Washington.
A polícia chinesa está
trabalhando com policiais no país insular de Kiribati, vizinha do Havaí no
oceano Pacífico, contaram autoridades de Kiribati à Reuters em uma reportagem
de sexta-feira (23).
Eeri Aritiera,
comissário de polícia interino de Kiribati, disse à Reuters que a polícia
chinesa na ilha trabalha com a polícia local. Em janeiro, a Embaixada da China
anunciou o líder da "delegacia de polícia chinesa em Kiribati".
"A equipe da
delegação policial chinesa trabalha com o Serviço de Polícia de Kiribati para
auxiliar no programa de Policiamento Comunitário e Artes Marciais [Tai Chi]
Kung Fu, e o departamento de TI auxilia nosso programa de banco de dados de
crimes", disse ele em um e-mail.
Aritiera, que
participou de uma reunião em dezembro entre Wang Xiaohong, ministro de
Segurança Pública da China, e várias autoridades policiais das Ilhas do
Pacífico em Pequim, disse que Kiribati havia solicitado assistência policial da
China em 2022, e até 12 policiais chineses uniformizados chegaram em 2023 em um
rodízio de seis meses.
"Eles só prestam
o serviço que o Serviço de Polícia de Kiribati precisa ou solicita",
explicou Aritiera.
Kiribati não anunciou
publicamente o acordo de policiamento com a China, que acontece em meio às
iniciativas de Pequim para expandir os laços com os países das ilhas do
Pacífico, algo que também tem suscitado preocupação dos Estados Unidos.
Apesar de somente ter
115.000 habitantes, Kiribati é considerado um país estratégico por estar
relativamente próximo do Havaí, um importante território dos EUA no oceano
Pacífico, e por controlar uma das maiores zonas econômicas exclusivas do mundo,
que cobre mais de 3,5 milhões de quilômetros quadrados.
·
Houthis intensificarão ataques no mar
Vermelho e usarão 'armas submarinas', diz líder
De acordo com a
liderança do grupo iemenita, a intensidade dos ataques aumentou conforme a
escalada das operações israelenses na Faixa de Gaza.
Os houthis
intensificarão seus ataques a navios no mar Vermelho e em outras águas e
passarão a usar "armas submarinas", em contínua solidariedade aos
palestinos por causa da guerra na Faixa de Gaza, disse o líder do grupo nesta
quinta-feira (22).
"As operações nos
mares Vermelho e Arábico, no estreito de Bab al-Mandab e no golfo de Áden
continuam, aumentam e são eficazes", acrescentou Abdul Malik al-Houthi em
um discurso televisionado, sem dar maiores detalhes sobre as armas submarinas,
relata a Reuters.
O discurso do líder
ocorreu no mesmo dia em que os houthis enviaram às transportadoras marítimas e
seguradoras uma notificação formal do que chamaram de proibição de navios
ligados a Israel, aos Estados Unidos e ao Reino Unido de navegarem nos mares
vizinhos, procurando reforçar a sua campanha militar.
"O Centro de
Operações Humanitárias foi estabelecido em Sanaa para coordenar a passagem
segura e pacífica de navios e embarcações que não têm ligação com Israel",
disse um alto funcionário houthi à mídia hoje (22).
Na manhã desta quinta,
dois mísseis incendiaram um navio a cerca de 70 milhas náuticas a sudeste de
Áden, no Iêmen, informou a agência das Operações de Comércio Marítimo do Reino
Unido (UKMTO, na sigla em inglês).
O líder militante
Al-Houthi disse que os ataques refletiriam a escalada das operações militares
de Israel na Faixa de Gaza, e que os ataques retaliatórios da coligação
EUA-Reino Unido não conseguiram parar a sua campanha.
Fonte: Sputnik Brasil
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