Os remédios que realmente funcionam para
controlar a rinite
Nos últimos dias, o
nome de um remédio contra a rinite foi parar nos assuntos mais comentados do X
(o antigo Twitter) depois que um perfil propôs que as pessoas comentassem quais
eram os antialérgicos favoritos delas.
A loratadina, que
ganhou os holofotes nas redes sociais recentemente, pertence à classe
farmacêutica dos anti-histamínicos e, de fato, está entre os tratamentos
indicados para lidar com as crises alérgicas no nariz.
Porém, antes de tomar
qualquer comprimido ou aplicar um spray nas narinas, é importante buscar um
médico para fazer um diagnóstico adequado e definir a origem do problema.
Isso porque, ainda que
as crises alérgicas sejam de fato a principal causa da rinite, elas não são o
único gatilho para a condição.
Como você vai entender
ao longo da reportagem, a inflamação nasal pode ser provocada por mudanças de
temperatura e umidade, uso de remédios específicos ou até pela própria
gravidez.
E, para cada um desses
quadros, há uma abordagem específica, que trará resultados melhores.
Conheça a seguir os
principais tipos de rinite — e os tratamentos mais indicados para elas.
• As múltiplas raízes do nariz travado
O
otorrinolaringologista Cicero Matsuyama, do Hospital Cema, em São Paulo,
explica que a rinite é "um processo inflamatório que acomete as cavidades
nasais e os seios paranasais".
Estima-se que em torno
de 30 a 40% das pessoas desenvolvam esse incômodo, que é marcado por coriza,
espirros constantes, entupimento nasal e coceira no nariz, na garganta, nos
olhos e até no céu da boca, em algum momento da vida.
"O tipo mais
comum é a rinite alérgica", diz Matsuyama.
"Algo que está no
ar, no pelo de animais de estimação, na poeira, nos ácaros, entre outros,
engatilha uma resposta nessa região do corpo", complementa ele.
Outro gatilho
frequente — principalmente na região Sul do Brasil e no Hemisfério Norte, que
têm estações do ano mais definidas — é o pólen.
Indivíduos sensíveis a
esse composto costumam sofrer mais na primavera, quando as plantas crescem e
florescem.
"Mas nem toda
rinite é alérgica", chama a atenção Matsuyama.
Cerca de um terço dos
casos tem a ver com outros fatores. O primeiro deles é a mudança da umidade ou
da temperatura — seja do clima local ou de ambientes, salas ou cômodos
específicos.
Esse quadro ocorre,
por exemplo, quando há uma queda brusca nos termômetros, ou se está muito calor
e o paciente entra num local com ambiente com um ar condicionado muito gelado,
por exemplo.
Há também a rinite de
origem medicamentosa, marcada por incômodos nas vias aéreas superiores após o
uso de remédios específicos. Os mais frequentes causadores desse quadro são
fármacos prescritos contra a disfunção erétil ou a pressão alta.
"Por fim, há
também a rinite gestacional, que acomete algumas mulheres durante os meses de
gravidez", acrescenta o otorrino.
O médico Giovanni Di
Gesu, do Departamento Científico de Rinite da Associação Brasileira de Alergia
e Imunologia (Asbai), destaca que os sintomas da enfermidade não afetam apenas
a respiração.
"Os espirros
frequentes, a coceira, e a secreção nasal podem atrapalhar o dia a dia e levar
a um sono de má qualidade", diz ele.
• Rinite: como controlar a alergia
Se os sintomas típicos
da rinite persistem por vários dias — ou se repetem em períodos específicos do
ano — buscar um médico é o primeiro passo para lidar com o problema.
Durante a consulta, o
especialista vai avaliar o incômodo e investigar se há algum comportamento,
hábito ou qualquer outro fator que está envolvido nesse processo.
Quando as evidências
apontam para uma rinite alérgica, o profissional da saúde costuma indicar
algumas mudanças de hábito e na casa — como fazer faxinas mais frequentes para
acabar com o acúmulo de pó ou evitar certos cobertores, bichos de pelúcia,
carpetes e cortinas que acumulam ácaros ao longo do tempo.
"O quarto é o
ambiente que merece mais cuidados. Quanto mais simples, arejado e fácil de
limpar ele for, melhor para o paciente", destaca Di Gesu.
Enquanto a pessoa faz
esse controle dos gatilhos das crises, é possível também usar alguns remédios
que, segundo os médicos, são bem seguros e eficazes.
Para os casos leves de
rinite alérgica, os fármacos mais prescritos são justamente os
anti-histamínicos, ou antialérgicos.
Eles bloqueiam a
histamina, uma substância produzida por algumas células de defesa (como os
mastócitos) que desencadeia a irritação das paredes internas do nariz.
Essa classe
farmacêutica é dividida em dois grupos: os remédios de primeira e de segunda
geração.
Como o próprio nome
sugere, os de primeira geração são mais antigos e costumam causar sonolência
por algumas horas. Carbinoxamina, bronfeniramina, clorfeniramina e prometazina
são alguns exemplos dessa turma.
Já os de segunda
geração, como fexofenadina, loratadina e desloratadina, são mais modernos e não
causam essa vontade excessiva de dormir.
Para quem tem uma
rinite alérgica moderada ou grave, os médicos costumam prescrever, além dos
anti-histamínicos, anti-inflamatórios específicos. Alguns deles vêm na forma de
spray nasal.
Há ainda a opção da
imunoterapia, uma espécie de "vacina terapêutica". Essa modalidade de
tratamento consiste em aplicar doses mínimas do agente que causa a alergia
todos os meses.
A ideia é treinar o
sistema imunológico aos poucos, para que ele deixe de gerar uma reação
desmedida ao entrar em contato com o gatilho da rinite.
Essa terapia pode
durar entre dois e cinco anos — e custa ao redor de R$ 300,00 por mês.
• Os tratamentos para outros tipos da
inflamação nasal
Mas e se a rinite não
tiver um fundo alérgico? É justamente aí que entra a importância do diagnóstico
correto.
Afinal, se o quadro
for provocado apenas por mudanças de temperatura, remédios ou gestação, de nada
adianta insistir apenas em remédios específicos para as crises alérgicas (como
os anti-histamínicos).
Aliás, na gravidez, o
uso de qualquer remédio deve contar com a avaliação de um especialista na área.
Em situações como
essas, os incômodos continuarão a acontecer.
Para a rinite ligada a
questões de temperatura ou umidade, por exemplo, há medicamentos específicos.
Além disso, o paciente
pode ter melhoras ao fazer ajustes na temperatura ou ao usar um umidificador de
ar nos ambientes onde passa a maior parte do dia (ou da noite).
Quando o gatilho do
nariz travado é um remédio, o profissional de saúde pode realizar correções nas
doses ou indicar opções que tenham menos efeitos colaterais nas vias aéreas.
"Em alguns casos,
como quando o paciente usa medicamentos para lidar com a disfunção sexual, ele
vai ter a congestão nasal apenas por algumas horas, enquanto durar o efeito do
fármaco", pontua Matsuyama.
Até mesmo para a
rinite gestacional existem soluções específicas — afinal, como a gestação é um
período sensível, nem todo medicamento pode ser usado durante os nove meses.
Mas há certas opções
farmacológicas, como alguns sprays nasais, que os médicos podem prescrever para
aliviar os sintomas com segurança.
Fonte: BBC News Brasil
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