O pedido
de desculpas de Mark Zuckerberg a famílias de crianças prejudicadas por redes
sociais
O CEO da Meta, Mark Zuckerberg,
pediu desculpas a famílias que dizem que seus filhos foram prejudicados pelas
redes sociais, durante audiência no Senado dos Estados Unidos.
Zuckerberg
– que administra o Instagram e o Facebook – virou-se para pais de filhos
presentes na audiência e disse que "ninguém deveria passar" pelo que
eles passaram.
Ele e os
diretores do TikTok, Snap, X e Discord foram interrogados durante quase quatro
horas por senadores dos dois partidos.
Os
parlamentares querem saber o que as empresas estão fazendo para proteger as
crianças nas suas plataformas na internet.
Está em
tramitação no Congresso uma legislação que busca responsabilizar as empresas de
mídia social pelo material postado em suas plataformas.
A
audiência de quarta-feira (31/1) foi uma rara oportunidade para os senadores
dos EUA questionarem os chefes das empresas de tecnologia.
Zuckerberg
e o CEO do TikTok, Shou Zi Chew, concordaram voluntariamente em dar seu
depoimento – mas os diretores do Snap, X (antigo Twitter) e da plataforma de
mensagens Discord inicialmente recusaram e foram intimados.
Sentados
atrás dos cinco diretores das gigantes de tecnologia estavam famílias que
disseram que seus filhos se machucaram ou se mataram como resultado de conteúdo
nas redes sociais.
Os pais se
manifestaram o tempo todo durante a audiência — vaiando quando os CEOs entraram
e aplaudindo quando os legisladores fizeram perguntas difíceis.
Embora a
audiência tenha se concentrado principalmente na proteção das crianças contra a
exploração sexual online, as questões variaram bastante, com os senadores
aproveitando a oportunidade de ter cinco executivos poderosos sob juramento.
Shou Zi
Chew, diretor do TikTok (que pertence à empresa chinesa ByteDance), foi
questionado se sua empresa compartilhava dados de usuários dos EUA com o
governo chinês, o que ele negou.
O senador
Tom Cotton perguntou a Chew, que é de Singapura, se alguma vez ele pertenceu ao
Partido Comunista Chinês.
"Senador,
sou de Siganpura. Não", respondeu Chew.
Cotton
então perguntou: "Você já foi associado ou afiliado ao Partido Comunista
Chinês?"
Chew
respondeu: "Não, senador. Mais uma vez, sou de Singapura."
Ele
acrescentou que, como pai de três filhos pequenos, sabia que as questões em
discussão eram "horríveis e o pesadelo de todos os pais".
Ele
afirmou que seus próprios filhos não usavam o TikTok por causa das regras em
Singapura, que proíbem menores de 13 anos de criar contas.
·
Senadores frustrados
O foco da
audiência foi a atitude das empresas em relação à legislação de segurança
online atualmente em tramitação no Congresso.
Isso foi
resumido em um debate tenso entre Jason Citron, da empresa Discord, e o
legislador republicano Lindsey Graham.
Graham
listou uma série de projetos de lei em tramitação no Congresso relacionados à
segurança online, perguntando se Citron os apoiava ou não.
Embora
Graham tenha dado poucas oportunidades a Citron para responder, o chefe do
Discord parecia ter reservas sobre a maioria deles.
Graham
concluiu: "Então aqui está – se vocês esperam que esses caras resolvam o
problema, vamos morrer esperando".
Antes da
audiência, Meta anunciou novas medidas de segurança, incluindo que menores de
idade não poderão receber mensagens de estranhos no Instagram e no Messenger.
O analista
da indústria de mídia social Matt Navarra disse à BBC que acha que a audiência
se assemelha a muitos outros confrontos — com exibição de muita arrogância por
parte dos políticos e com Zuckerberg aproveitando uma oportunidade perfeita
para aparecer nas fotos do noticiário, com seu pedido de desculpas, segundo
ele.
O
especialista diz que, apesar dos senadores concordarem com a necessidade de uma
legislação bipartidária para regular as plataformas, não se sabe o que será
decidido no futuro.
"Vimos
essas audiências repetidas vezes, até agora, elas ainda não geraram nenhuma
regulamentação significativa ou substancial", disse ele.
"Estamos
em 2024 e os EUA praticamente não têm regulamentação, como foi apontado nas
audiências, no que diz respeito às empresas de mídia social."
Na
audiência, os diretores revelaram quantas pessoas contrataram para moderar o
conteúdo em suas plataformas.
Meta e
TikTok, com o maior número de usuários das plataformas representadas, disseram
ter 40 mil moderadores cada; o Snap disse ter 2.300, o X, 2 mil e o Discord –
que alegou ser uma plataforma menor – disse que tinha "centenas" de
moderadores.
O Discord
é uma plataforma de mensagens e já foi questionado no passado sobre como
detecta e previne o abuso infantil em sua plataforma.
Após a
audiência, alguns dos pais que estavam na sala organizaram uma manifestação do
lado de fora, com vários apelando aos legisladores para aprovarem urgentemente
legislação para responsabilizar as empresas.
"Assim
como eu fazia antes, muitos pais continuam pensando que esses danos de que
estamos falando hoje não afetarão suas famílias", disse Joann Bogard, cujo
filho Mason morreu em maio de 2019. Ela disse que Mason participou de uma
corrente no TikTok sobre asfixia.
"Esses
danos estão acontecendo da noite para o dia com crianças comuns", disse
ela. "Temos os testemunhos. Agora é a hora de nossos parlamentares
aprovarem a Lei de Segurança Online para Crianças".
Arturo
Béjar, um ex-funcionário de alto escalão da Meta que testemunhou no Congresso
em novembro de 2023, também estava na audiência de quarta-feira e disse à BBC:
"A Meta está tentando transferir aos pais sua responsabilidade de fornecer
um ambiente seguro para os adolescentes, mas não adiciona um botão onde um
adolescente pode dizer que sofreu uma abordagem indesejada."
"Como
eles podem tornar esse ambiente seguro para os adolescentes sem isso?"
Durante a
audiência desta semana, a Meta disse que criou "mais de 30
ferramentas" para gerar um ambiente seguro para adolescentes na internet.
Fonte: BBC
News Mundo
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