Embates entre forças hegemônicas e emergentes no Oriente Médio podem
levar à 3ª guerra mundial?
Em entrevista à Sputnik Brasil, especialistas analisam
se a escalada de tensão no Oriente Médio pode extravasar as fronteiras da
região, dando início a um novo conflito mundial, calcado na reconfiguração da
balança de poder global.
A morte de um conselheiro sênior da Guarda
Revolucionária do Irã (GRI), na semana passada, causou furor entre autoridades
iranianas. Responsável pela coordenação da aliança militar entre a Síria e o
Irã, Sayyed Razi Mousavi foi morto em um ataque perpetrado por forças
israelenses no sul da Síria, próximo à capital, Damasco.
O governo iraniano prometeu uma retaliação dura a
Israel, e as Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram que estão prontas para
responder à ameaça.
O episódio marcou uma nova escalada de tensão na já
volátil situação no Oriente Médio, região abalada pela ofensiva israelense
travada na Faixa de Gaza após os ataques do dia 7 de outubro promovidos pelo
grupo palestino Hamas e por vários outros confrontos, envolvendo diversos
atores.
No último domingo (31), ao menos dez membros do
movimento houthi foram mortos em um ataque dos Estados Unidos contra barcos dos
militantes do Iêmen no mar Vermelho, onde os houthis vêm realizando uma série
de ações contra embarcações ligadas a Israel, em resposta aos ataques
israelenses contra os palestinos.
Já nesta terça-feira (2), as tensões na região
atingiram outro nível após Israel realizar um ataque de drone na capital do
Líbano, Beirute, matando um dos líderes do Hamas, Saleh al-Arouri, e outros
dois dirigentes do grupo, entre outras pessoas. O primeiro-ministro libanês,
Najib Mikati, classificou a ação como um crime e acusou Tel Aviv de tentar
"arrastar o Líbano para uma nova fase de confronto".
Em entrevista à Sputnik Brasil, especialistas em
relações internacionais analisam se a situação em curso no Oriente Médio, que
mobiliza não apenas os países da própria região, mas de diferentes partes do
mundo, pode extravasar as fronteiras regionais, resultando em um novo conflito
de proporções globais.
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Crise no Oriente Médio reflete disputa entre potências emergentes e
forças hegemônicas
Para Beatriz Bissio, professora de política
internacional no Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), há dois erros de abordagem na situação em curso na Faixa
de Gaza: o primeiro é afirmar que há uma guerra entre Israel e Hamas; o segundo
é considerar que o cenário atual se iniciou com os ataques de 7 de outubro.
"Pessoalmente, considero que há em curso,
mesmo que muito longe do interesse da mídia mainstream, um enfrentamento de
longo prazo entre uma potência ocupante, Israel, e uma população submetida a
uma ocupação ilegal se tomamos em consideração o direito internacional",
explica Bissio.
Ela acrescenta que o direito internacional
reconhece que um povo que sofre ocupação tem legítimo direito de reagir a essa
ocupação para defender a sua integridade e para, no caso concreto da Palestina,
reivindicar perante o mundo aquilo que foi designado pelas Nações Unidas, que é
a criação de um Estado palestino independente.
"Portanto, primeiro, considero que devemos
falar de um enfrentamento de Israel com o povo palestino, ao qual lhe nega a
possibilidade de lutar pela sua soberania, e não uma guerra com o Hamas, mesmo
que, neste momento, esse grupo seja, dentro de um contexto palestino diverso,
com vários grupos que, inclusive, estão na resistência, o que está em
evidência."
Questionada sobre o argumento do direito de defesa,
apontado por Israel, com apoio dos EUA, como justificativa para a ofensiva na
Faixa de Gaza, a especialista diz se tratar de uma interpretação do direito
internacional que está sendo invocada de uma forma capciosa e tendenciosa para
confundir a opinião pública.
"Direito à defesa é um direito assegurado,
realmente, por tratados internacionais, quando um Estado é agredido por outro
Estado. O Estado palestino nunca foi proclamado, não existe. Legalmente,
portanto, não há menor condição de alegar que Israel está exercendo o direito à
defesa. Israel é um Estado agressor, que desobedece sistematicamente, há
décadas, o direito internacional, com apoio, naturalmente, de potências que já
foram coloniais e que têm interesses nessa região [do Oriente Médio] e, concretamente,
o apoio dos Estados Unidos e, na maior parte das vezes, também do Reino Unido,
além de outros, que se utilizam falaciosamente dessa argumentação, sabendo,
porque eles sabem perfeitamente, que não cabe neste momento alegar direito à
defesa."
Em contraponto, ela afirma que o direito dos
palestinos de defender sua integridade física e seu direito a ter seu Estado
reconhecido "está assegurado pelo direito internacional e é absolutamente
equiparável ao que foi o entendimento da comunidade internacional quando outros
movimentos conquistaram finalmente sua independência política e sua soberania
nacional através de luta armada".
"O caso que me vem à memória é o caso, por
exemplo, da Argélia. A Frente de Libertação Nacional da Argélia negociou ou
tentou negociar com a França por todos os meios. Mas no momento que se
convenceu que a França jamais abandonaria a Argélia, se não fosse obrigada a
isso, a Frente da Libertação Nacional decidiu optar por tomar as armas e
defender os seus direitos com as armas", explica a especialista.
"Acho [que o caso da Argélia] é muito
semelhante ao que está acontecendo hoje na Palestina. E não podemos confundir,
nesse caso também se trata de um movimento de defesa do direito à soberania e
movimento de liberação nacional que pode ser equiparado, portanto, à Frente da
Libertação Nacional da Argélia, como pode ser equiparado à Frente da Libertação
em Moçambique, a Frelimo, ao movimento popular de libertação de Angola, ao
movimento dos vietnamitas para se defender e para reagir, primeiro, à ocupação
francesa e, depois, à ocupação norte-americana", complementa.
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Por que os EUA são o principal aliado de Israel?
A professora destaca que Israel não poderia
concretizar a ofensiva em curso na Faixa de Gaza, paralelamente a incursões em
territórios de outros países, como os recentes ataques ao Líbano e o ataque na
Síria que resultou na morte de Mousavi, se não fosse o apoio incondicional do
establishment dos Estados Unidos, onde ela afirma haver núcleos políticos,
militares e financeiros que apoiam Israel praticamente desde a criação do país,
por vários motivos.
"Um dos motivos, muito relevante, é o peso do
lobby de Israel na política dos EUA e, concretamente, nas eleições em todos os
níveis e na eleição presidencial. Um lobby que tem um peso decisivo, tem sido
um elemento chave, um elemento sem o qual Israel não poderia ter a atitude
belicista, genocida até, podemos falar, pela forma como está procedendo
atualmente em Gaza. Não poderia ter, não fosse os EUA, que freia no Conselho de
Segurança [da ONU] qualquer condenação explícita a essa política de terra
arrasada com relação aos palestinos."
Beatriz destaca que "Israel não poderia fazer
o que está fazendo, não fosse o suporte e o apoio material em relação a essa
guerra" por parte dos EUA.
"Material em armamento, em assessoria militar
e também em financiamento. Sabemos que a maior parte da ajuda financeira dos
Estados Unidos anualmente vai para Israel."
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Podemos chegar a uma terceira guerra mundial?
Sobre o temor de que a situação no Oriente Médio
possa extravasar as fronteiras da região, culminando em uma terceira guerra
mundial, Beatriz Bissio diz considerar pouco provável que ocorra um novo
conflito global nos moldes da Primeira e da Segunda Guerra.
"As guerras mundiais do século XX não acredito
que tenham uma nova versão no século XXI, tal qual elas foram, ou seja, de uma
formalização de um estado de guerra, com o momento inclusive que essa guerra se
declara vencida por uma das partes e, portanto, o perdedor reconhecendo que foi
derrotado. Esse modelo eu não acredito que estejamos preparados ou que venha a
acontecer novamente agora no século XXI", explica a professora.
Porém, ela afirma que "isso não significa que
não estejamos com um cenário internacional altamente marcado por guerras, por
conflitos, nos quais, como sempre aconteceu no século XX, o maior número de
vítimas é entre os civis e com perspectivas de um agravamento das tensões
internacionais".
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Oriente Médio é palco de guerras por procurações?
Questionada se o Oriente Médio está sendo usado
como território para disputas por procuração entre potências, Beatriz afirma
que, de fato, há uma disputa entre dois polos em curso: o das potências
ocidentais que sempre exerceram um poder hegemônico, e o das potências que vêm
contestando essa hegemonia.
"Esse pano de fundo desse confronto, que
alguns na mídia têm chamado de 'nova guerra fria', tem que ser levado em
consideração para entender o que está acontecendo no Oriente Médio. Esse é um
dado relevante para entender não somente o conflito no Oriente Médio, mas
também o conflito na Ucrânia e outros também que pipocam pelo mundo, essa queda
de braço entre um Ocidente que exerceu e ainda exerce um poder hegemônico, um
poder de polícia, através da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e
outros instrumentos no mundo, versus potências que poderíamos, por exemplo,
citar como que estão nucleadas no BRICS, que clamam por uma alternativa de um
cenário mundial mais diverso, mais plural, sem um hegemon exclusivo ou um
Ocidente controlando o resto do mundo."
Ela afirma, no entanto, que não se trata exatamente
de uma nova Guerra Fria, "no sentido de que não há dois projetos, como era
o projeto socialista, o projeto capitalista, que estejam se confrontando".
"Nesse sentido, talvez não seja a melhor
metáfora falar em uma nova Guerra Fria ou Guerra Fria 2.0, mas serve para
entender que há um confronto, sim, a nível internacional, onde estão
enfrentados de um lado os que querem manter o seu poder hegemônico e de outro
lado os que entram e tentam se fortalecer para questionar esse poder
hegemônico", argumenta.
Sobre a maior cobertura dada pela mídia ao conflito
israelense, enquanto outros conflitos igualmente sangrentos e violentos ficam
fora do radar dos noticiários, como o do Iêmen, Beatriz afirma que isso ocorre
porque nesses conflitos paralelos "aparentemente, não estariam em jogo os
atores mais relevantes do cenário internacional".
"Mas eu digo aparentemente. Era um conflito
[do Iêmen] que estava de um lado a Arábia Saudita e do outro lado os houthis,
que são aliados do Irã. Esse confronto entre Irã e a Arábia Saudita, no
entanto, faz parte desse confronto mais abrangente entre o Ocidente hegemônico
e essas novas potências que almejam a uma nova configuração
internacional."
Ela acrescenta que "há indicadores de uma
reestruturação no Oriente Médio" em processo, na qual "tanto a Arábia
Saudita quanto o Irã estão se recolocando como peças de um tabuleiro de
xadrez", analisando quais seriam as melhores alianças e formas de
incidência no cenário internacional.
"Nesse sentido, o conflito do Iêmen, por,
justamente, estar em um momento e em uma conjuntura de grande transformação, no
meu entendimento, do que são as alianças tradicionais no Oriente Médio, ele
está meio que como congelado na imprensa, que ainda não está sabendo se situar
dentro dessa nova configuração, que, de fato, é um processo de
reacomodação."
Bissio afirma que agora, em 2024, essa reacomodação
de peças estará mais evidente, em parte por conta da consolidação da expansão
do BRICS.
"Acho que em 2024, quando o BRICS começar a
mostrar essa nova configuração, que foi definida e que começa agora no início
de janeiro, essas novas configurações passarão a estar mais evidentes para o
resto do mundo e a mídia voltará então a se reposicionar. A mídia mainstream,
que sempre é muito alinhada com a geopolítica dos interesses dos Estados
Unidos, certamente vai se reconfigurar."
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O que dificulta a paz entre palestinos e israelenses?
Ainda não há no horizonte, neste momento, nenhuma
liderança, seja eclesiástica ou política, dentro ou fora das Nações Unidas, com
poder e influência para "convocar uma grande conferência internacional de
paz, que seria o que desejam todos os que saem às manifestações, cada vez mais
numerosas no mundo", diz a analista sobre o conflito em Gaza.
Nesse recorte, em especial, ela afirma que essa
negociação passa, inevitavelmente, pela saída de Israel dos territórios
palestinos ocupados.
"Israel tem que sair dos territórios ocupados
ilegalmente e tem, dessa forma, que negociar o futuro da convivência com o povo
palestino, que terá que ter seus direitos respeitados", explica. Se a
solução de dois Estados inicialmente pensada quando da partilha da Palestina
não for mais viável, "que, consensualmente, se chegue a outro tipo de
solução, que poderá ser um Estado em que todos os cidadãos, independentemente
da sua religião, possam ter seus direitos assegurados", defende a professora,
destacando que, seja como for, "Israel tem que desocupar os territórios
que ocupa ilegalmente e sobre os quais não tem uma soberania no marco do
respeito aos tratados internacionais".
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EUA e Israel, uma aliança incontestável
Os EUA sempre tiveram uma aliança incondicional com
Israel, baseada em laços que se estreitaram após o 11 de setembro, como aponta
Isabela Agostinelli, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Relações
Internacionais San Tiago Dantas (UNESP, UNICAMP, PUC-SP), na área de
concentração de Paz, Defesa e Segurança Internacional, integrante do Grupo de
Estudos sobre Conflitos Internacionais (GECI) da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP) e do Grupo de Trabalho Oriente Médio e Norte da
África do Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (CLACSO) e bolsista da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Agostinelli, que afirma considerar os ataques do 7
de outubro como estopim para a situação atual no Oriente Médio, destaca que
"os EUA têm apoiado as ações israelenses contra a população de Gaza de
forma incontestável".
"Desde pelo menos o final dos anos 1960, EUA e
Israel têm consolidado uma 'aliança especial'. A partir da vitória de Israel na
Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967, que resultou na ocupação militar
israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, os EUA passaram a identificar o
Estado israelense como um grande parceiro estratégico no Oriente Médio. Essas
relações se tornaram mais estreitas nos anos 1990, com o fim da Guerra Fria, e
mais especiais ainda a partir de 2001, após os ataques terroristas às torres gêmeas
no 11 de setembro e o início da guerra global ao terror no Oriente Médio,
liderada pelos EUA e apoiada por Israel", explica.
Ela complementa afirmando que "tanto EUA
quanto Israel compartilham experiências de colonialismo por povoamento e se
assemelham, em termos de valores, da chamada 'democracia de mercado
ocidental'".
"Além disso, em termos de política doméstica
dos EUA, é importante ressaltar o forte papel do lobby sionista, conforme
exploram os pesquisadores renomados John Mearsheimer e Stephen Walt em 'The
Israel Lobby and US Foreign'. Por fim, vale mencionar as relações materiais
comerciais entre Israel e EUA, que são calcadas na indústria militar, grande
ativo de ambos os países."
Ela afirma, no entanto, que o capital político de
Israel para manter conflitos simultâneos está bem enfraquecido, "pois uma
parte considerável da população israelense não apoia as ações de Israel em
Gaza".
"A Síria, inclusive, teria pouca importância
estratégica nesse processo. O máximo que poderia acontecer seria uma guerra com
o Hezbollah, mas também acredito ser pouco provável, pois Israel teria que
arcar com custos muito maiores em relação aos custos da 'guerra' contra o
Hamas, visto que o Hezbollah é um grupo político mais organizado, tem função no
governo libanês e tem um poderio militar muito forte, com capacidade de
enfrentar o Exército israelense. Além disso, o Hezbollah recebe apoio do Irã,
grande fornecedor de armas para o grupo libanês", afirma Isabela.
Oriente Médio, uma região de conflitos constantes?
Dentre as consequências dos conflitos atualmente em
curso no mundo, a especialista afirma considerar que "o Iêmen enfrenta uma
das piores, senão a pior, crise humanitária dos últimos anos".
Ela acredita que a baixa cobertura ao conflito
reflete uma visão preconceituosa de que a região é naturalmente violenta e
inclinada a confrontos armados.
"O fato de a guerra no Iêmen não gerar
cobertura internacional responde às perspectivas orientalistas de que o que
acontece no Oriente Médio é 'normal', que aquela região está fadada ao conflito
contínuo e de que a sua população é bárbara e não merecedora de comoção. Por
muito tempo, a situação dos palestinos também esteve sob essa ótica, mas o 7 de
outubro, infelizmente por motivos tristes, trouxe à tona novamente a questão
palestina, transformando-a em pauta internacional. O Iêmen e tantos outros
conflitos, como no Sudão, ainda permanecem na ignorância de boa parte da
população mundial."
A especialista afirma que "o Oriente Médio tem
um histórico de ser um palco de disputas das relações de poder entre as grandes
potências, seja via guerras por procuração ou até mesmo via relações políticas
e comerciais". Porém, ela afirma que, na conjuntura atual, há um elemento
novo: a participação da China como mediadora.
"O que temos testemunhado recentemente é um
avanço no protagonismo da China como mediadora de negociações para normalização
de relações entre países anteriormente antagônicos, como foi o caso da mediação
para os acordos entre Arábia Saudita e Irã. A China também tem se articulado
com outras potencias regionais a fim de buscar um possível novo acordo de paz
entre palestinos e israelenses, embora em curto prazo não possamos fazer tantas
previsões de como e quanto isso poderá impactar a guerra em curso."
Isabela Agostinelli compartilha da opinião de
Beatriz Bissio, afirmando ser improvável que a situação atual no Oriente Médio
escale para uma terceira guerra mundial.
"Nem a guerra da Ucrânia evoluiu para tanto.
Alguns motivos são: o abandono político da questão palestina, com pouquíssimos
países apoiando a libertação nacional; falta de interesse de outros países em
se envolverem de forma armada no conflito; e atuação da ONU. Mesmo com as suas
falhas, a ONU tem sido um espaço importante para a busca de soluções políticas
e diplomáticas", conclui a especialista.
Fonte: Sputnik Brasil
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