sexta-feira, 26 de abril de 2024

Armamentista e neto de oficial nazista, Paulo Bilynskyj afina para deputada do Psol

Câmara dos Deputados foi palco nesta quarta-feira (24) de um embate entre o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) e a deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS). A provocação partiu do bolsonarista, mas quando a parlamentar gaúcha exercia seu direito de resposta olhando-o no olho, o armamentista que se vangloria de ser neto de um ex-militar da Alemanha nazista não teve a mesma coragem para encará-la de volta.

“Chegou a deputada que disse que o partido dela não usava dinheiro para contratar segurança privada”, disse Paulo Bilynskyj em tom de deboche, quando Melchionna se sentava. A deputada então pediu um direito de resposta e rebateu o bolsonarista.

“Não me citou nominalmente para não dá direito de resposta, quem é covarde aqui não sou eu. Não tenho vergonha e nem medo de dizer os nomes, Bilynskyj. Eu faço as polêmicas olho no olho, cara na cara. Tenho coragem de falar o nome na crítica, na política e no combate. Então o covarde aqui é tu”, começou a deputada.

Ao começo da fala de Melchionna, Bilynskyj fez 'caras e bocas' e tentou interrompê-la, sem sucesso. A deputada prosseguiu.

“Eu disse que aqui nós não tínhamos segurança paga e eu não tenho mesmo. E não quer dizer que eu não saiba me defender. E nem o deputado Chico Alencar tem segurança pago, como tu disseste, por medo de se defender. Nós temos vários companheiros do Psol ameaçados pelos grupos vinculados a grupos de extermínio como milícias”, disparou.

Nesse momento Bilynskyj ri e debocha de Melchionna. Mas a gaúcha não deixa barato e relembra que ele foi um dos 129 bolsonaristas que votaram pela soltura de Chiquinho Brazão, acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco. Veja a lista completa aqui.

“Não faz essa cara de deboche. Infelizmente nós tivemos uma vereadora assassinada e você votou para soltar o acusado de ser o mandante intelectual desse assassinato. E inclusive vem sempre falar que vocês são contra bandidos, mas votam para soltar bandidos – aqueles milicianos vinculados a um crime hediondo. O teu voto foi para soltar o Brazão. Então quero dizer que sim, têm parlamentares nossos que são ameaçados de morte e merecem usar de todos os recursos necessários para não serem assassinados pela sua opinião política”, disse Melchionna.

Bilynskyj então esboça mais um deboche, mas logo é cortado por Melchionna e permanece de cabeça baixa ao decorrer da fala. Sequer olhou na direção da parlamentar.

“Nós sabemos que esses parlamentares deveriam ser segurados pelo Estado. Mas às vezes têm governos de extrema direita que não garantem a segurança privada. Nós tivemos que fazer uma batalha para a deputada Talíria Petrone ter escolta. Ela já recebeu mais de 15 ameaças ao longo da sua vida. Deputada Talíria que é do Rio de Janeiro e que foi companheira como eu e amiga pessoal da Marielle, e é ameaçada. Nós temos companheiras deputadas, mulheres trans, mulheres negras, ameaçadas pela sua pauta política, pela sua identidade de gênero, pela sua cor, e nós não nos rogamos em defender esses companheiros. O que vocês querem fazendo esse deboche raso e leviano é que a gente não tenha segurança, para continuarmos sendo vítimas”, disparou.

Sem olhar para Melchionna, Bilynskyj apenas escutou o fim da fala, em que a parlamentar relembrou dos seus laços familiares com o Terceiro Reich.

“Inclusive, tu comemoraste e exaltaste o teu avô que foi parte do exército pessoal do Hitler, na Waffen-SS, está na Aventuras da História, na Isto É, e em vários veículos de imprensa e tu foste bastante criticado. Eu não sou covarde, eu olho na rua cara e digo: isso foi enaltecido por ti na plenária”, finalizou.

·        Quem é Paulo Bilynskyj

O ex-delegado e digital influencer bolsonarista e armamentista, Paulo Bilynskj, teve sua demissão aprovada pelo Conselho da Polícia Civil de São Paulo em julho de 2022 por incitar a violência política no 7 de setembro que se avizinhava, além de ter feito ameaças veladas a Lula, então ex-presidente e pré-candidato. Segundo a corporação, o conjunto de vídeos de Bilynskyj também fazia apologia ao racismo e ao estupro.

Em publicações da época, feitas através dos stories do Instagram, Bilynskyj fala em "lutar" para que "não dê merda" nas eleições enquanto aparece abrindo fogo. Em uma das postagens, diz que vai aos atos bolsonaristas no feriado de 7 de setembro junto a um vídeo em que dispara contra um alvo. "Não podemos deixar a esquerda voltar", declara em outra postagem.

Em outro vídeo, ele aparece como professor de "defesa armada" e tenta vender seu curso. Na peça, Bilynskyj mostra uma mulher branca sendo carregada por homens negros para dizer que a "situação fica preta" para quem não se inscreve neste tipo de curso.

Meses antes, em maio de 2022, ele já havia ganhado holofotes ao divulgar em suas redes sociais um vídeo debochando da fala de Lula sobre transformar clubes de tiro em clubes de leitura. Com caixas de armas que simulam esteticamente livros, o delegado convidou o petista, de forma irônica, a conhecer seu ‘clube do livro’, em uma ameaça velada.

Em meio a repercussão dos seus absurdos, tanto nas redes sociais, como na imprensa que noticiou o processo administrativo que ocorreu na Polícia Civil, Bilynskyj aproveitou o momento para lançar sua candidatura à Câmara dos Deputados. Meses depois, era um dos 38 políticos eleitos com apoio do Proarmas no primeiro turno das eleições nacionais.

Ele também foi suspeito de ter assassinado a namorada, Priscila Delgado, em 2020. Bilynskj tinha 33 anos em 20 de maio de 2020 quando foi socorrido por vizinhos na porta do apartamento onde vivia com a mulher e levado para um hospital. Priscila, por sua vez, foi encontrada morta no banheiro do apartamento. À época, a Polícia Militar, mesmo após visitar o local, afirmou que não iria se manifestar e que informações poderiam ser procuradas na Secretaria de Segurança Pública (SSP). A SSP, por sua vez, disse que a investigação do caso ficaria a cargo da Corregedoria da Polícia Civil.

De acordo com sua versão, o delegado tomava banho quando a namorada entrou no banheiro atirando contra a sua pessoa por haver se irritado com mensagens que encontrou no celular do companheiro. Ele foi baleado no abdômen mas teria conseguido fugir para o local onde foi encontrado enquanto a namorada teria se suicidado com um tiro no peito. A tese foi acatada pela Justiça e o delegado acabou absolvido.

No entanto, a família da vítima e especialistas forenses ouvidos na época ainda colocavam dúvidas sobre a decisão. O próprio exame que mostraria se o delegado disparou ou não uma arma naquele dia acabou não sendo realizado.

Para o perito forense particular Eduardo Llanos, a ausência da prova residual “chama muito a atenção”. “É feito o exame residuográfico na maioria dos casos, mesmo nas mãos de vítimas feridas ou bandidos feridos quando levados a hospital”, disse ele à Ponte. “Não há como dar 100% de crédito à história que ele está contando. Por que omitir uma prova que pode confirmar a inocência do delegado?”, questionou à época.

Já cientista forense Sérgio Hernandez, também à época, mostrou uma opinião semelhante a de Llanos e destacou que quem teria que ter feito a solicitação dessa perícia é o delegado que registrou a ocorrência. “Houve negligência, omissão. Todos os casos balísticos, onde se efetue tiros de arma de fogo, tanto a vítima, como o suspeito, o agressor, eles devem passar pela coleta de resíduos, obrigatoriamente, para verificar se essas pessoas efetuaram ou não os tiros”, afirmou.

Os peritos ainda comentaram sobre roupas que Bilynskj  estaria usando quando foi encontrado, uma vez que segundo sua versão ele teria corrido do chuveiro para fora do apartamento, e se estivesse vestido seria difícil confiar em sua história. Além disso, chamaram a atenção para a não realização de perícia do celular do então suspeito, para apurar se havia alguma troca de mensagens que pudesse despertar o ciúme da namorada, a fim de verificar sua versão dos fatos. As indagações dos especialistas à época deixaram dúvidas quanto à história, e a família da vítima naquele momento, em julho de 2022, negava a versão de suicídio. O processo foi arquivado.

Em abril de 2023, após se vangloriar do avô "morto pelos comunistas" que servia ao exército da Alemanha nazista, Bilynskyj teve a pachorra de comparar o presidente Lula a Hitler. A declaração veio após portaria do então ministro Flávio Dino, da Justiça, que limitava o acesso de civis a armas.

“Temos um prazo que vai de 7 a 8 meses em que lojas deixaram de vender armas e clubes de tiro deixaram de faturar e recolher tributos. Essa queda de faturamento chegou a 90%. Não existe no Brasil negócio algum que consiga sobreviver a uma queda de faturamento desta. Empregos foram perdidos e tributos deixaram de ser recolhidos por uma decisão que Vossa Excelência deixou claro em seu discurso de abertura que se trata de uma questão de visões diferentes de país, uma questão de programa de governo. O Estatuto do Desarmamento que regulamenta esse assunto foi votado nesta casa por representantes do povo, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, e já regulamentava várias das disposições que foram revogadas pelo decreto. O senhor então afirma que a vontade do povo pode ser revista a cada 4 anos, proibindo que o cidadão de bem tenha acesso a arma de fogo para autodefesa e que essa atividade econômica possa ser conduzida no Brasil. (...) Mao Tse-Tung, Adolf Hitler, Stalin, Fidel Castro e Lula, todos eles têm algo em comum: a vontade de desarmar o cidadão. Dentro desse contexto, o ministro acredita que o Estado brasileiro tem capacidade de proteger todos os seus cidadãos?”, disparou Bilynskyj em discurso que transparece cada ponto de preocupação do chamado lobby armamentista, além de trazer uma série de imprecisões históricas.

 

¨      DISCURSO DE ÓDIO: Nikolas Ferreira defende que empresas discriminem LGBT

 

Sem nenhuma novidade, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) correu para defender a gráfica que se recusou a fazer convites para um casamento LGBT e ainda sacramentou: "não é homofobia".

Em uma série de stories publicados em seu perfil no Instagram, o deputado elaborou um discurso bizarro, mas que não é novo, onde busca construir uma diferenciação entre "militantes" e "comunidade LGBT". Tal prática é utilizada há muito tempo pelo pastor Silas Malafaia.

"Basicamente eles se recusaram a fazer um convite de casamento para um casal homossexual. Eles estão sendo cancelados, acusados de homofobia, sendo que homofobia não é simplesmente uma recusa de fazer um convite de casamento. Homofobia é uma aversão ao homossexual. A homofobia, de fato, a pessoa tem que ser condenada, e que não é o caso. A gente sabe que, basicamente é uma militância em cima de pessoas que estão trabalhando, que têm ali o seu ganha pão”, inicia Nikolas Ferreira, condenado por transfobia e que quer ensinar o que é… homofobia.

Em seguida, o deputado elabora um discurso que visa incitar o ódio contra as LGBT, pois, de acordo com o raciocínio de Nikolas Ferreira, a busca pela responsabilização de atitudes LGBTfóbicas, se não for contida, pode se tornar uma ameaça social. “Agora é com eles e daqui a pouco é com você, com o seu pai, com o seu irmão e eu não quero que isso aconteça”.

Em seguida, Nikolas Ferreira faz uma distinção fictícia entre "homossexuais" e "militância": "A principal diferença entre homossexuais e militância LGBT: um quer a aceitação e o outro quer a imposição. Inclusive, essa semana recebi essa mensagem de uma pessoa homossexual que eu apoiei para um cargo importante do CREA, ou seja. As narrativas caem quando ficam falando que a gente é contra os homossexuais, pelo contrário. Se você ver, são diversos casos pelo mundo inteiro, desde 2018”, aqui o deputado traz um caso de um confeiteiro nos EUA que se recusou a fazer bolo para um evento LGBT. Porém, o parlamentar esquece que no país em questão a discriminação homofóbica não está tipificada como crime.

Posteriormente, o deputado compara uma atividade comercial com a prática de fé ao colocar o fato de que pastores e outros religiosos se recusam a realizar casamentos LGBT e, por fim, afirma que a luta pelos direitos civis LGBT é uma ameaça à liberdade religiosa.

"Básicamente: ou o cara nega a fé dele ou ele é multado e pode ir para a cadeia. Ou seja, isso não é aceitação, é impor algo, até mesmo porque se eu peço para a pessoa acreditar na Bíblia e ela diz que não e eu imponho, isso não é democracia, é imposição. Ou seja, é isso o que eles estão fazendo e por isso eu bato tanto nessa tecla: isso diz respeito à nossa liberdade, mas principalmente à liberdade religiosa”, finaliza Nikolas Ferreira.

Cabe destacar que: nunca foi sobre obrigar religiões a mudarem seus preceitos, mas sempre ao combate do discurso de ódio e discriminação, coisa que o deputado sabe muito bem, visto que é um condenado por transfobia.

·        Gráfica se recusa a fazer convite para casamento LGBT

Um casal gay fez contato com uma gráfica para orçar convites para o casamento, no entanto, o que era para ser o início de um grande ato de celebração, resvalou para o crime de homofobia, visto que a empresa Jurgenfeld Ateliê declarou que não faz convites para homossexuais.

Cabe lembrar que em 2019 o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou a homofobia ao crime de racismo (Lei do Racismo, 1988). Portanto, a discriminação por orientação sexual pode resultar em penas que vão de 2 a 5 anos de prisão.

Na resposta da empresa, um dos rapazes do casal recebeu o seguinte texto: "Oi Henrique, tudo bem? Peço desculpas por isso, mas nós não fazemos convites homossexuais. Seria bacana você procurar uma papelaria que atenda sua necessidade. Obrigado".

"É com grande decepção que expressamos nossa profunda insatisfação com a recusa em fornecer serviços para nosso casamento, simplesmente por sermos um casal homossexual", respondeu o casal à empresa que os discriminou.

Uma amiga do casal tornou o caso público e, após a repercussão, os proprietários da empresa publicaram um vídeo e falaram em "heterofobia".

"Nós não fazemos casamentos e nem eventos homossexuais [...] hoje foi a gota d'água. Nós dissemos que não, que não iríamos realizar nenhum tipo de casamento homossexual e fomos, de certa forma, retaliados por um casal que não aceitou a nossa posição e tem de fato feito alguns comentários aqui no nosso Instagram [...] dizendo que homofobia é crime. Eu sei que esse vídeo pode fazer com que algumas pessoas nos deixem de seguir [...] não estamos preocupados com isso", declararam os proprietários da empresa.

Na legenda que acompanhava o vídeo, que foi deletado, os responsáveis pela empresa também falaram em "heterofobia". "Existe 'heterofobia'? Taí uma pergunta que deveria ser introduzida nos livros de filosofia deste século diante de tantas barbaridades que temos visto".

Henrique e Wagner, o casal discriminado pela empresa, vão registrar um boletim de ocorrência. A reportagem da Fórum entrou em contato com o ateliê pelos números disponíveis, mas não obteve retorno. O espaço segue em aberto.

 

Fonte: Fórum

 

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