Por que os cientistas estão preocupados com
a Neuralink
Imagine poder
controlar máquinas a partir do pensamento, literalmente. Embora seja o limite
da ficção científica, inserir um computador no cérebro de alguém já é uma
realidade. Nesse contexto, diversas empresas estão testando implantes
cerebrais, sobretudo em pessoas com deficiência.
No entanto, ainda que
este avanço represente um marco em áreas como a tecnologia médica e represente
um potencial gigantesco na melhoria de vida e bem-estar para pessoas que sofrem
de alguma limitação física, a empresa de Elon Musk, Neuralink, colocou esta
tecnologia no centro dos debates sobre segurança, ética e neurociência.
Recentemente, Musk
anunciou que a Neuralink colocou o seu primeiro implante cerebral em um ser
humano – que está se recuperando bem. Mas o que ainda permanece inconclusivo,
também para os especialistas, é se a Neuralink está corroborando com os
preceitos éticos e supremos da neurociência.
• O que são os implantes cerebrais
Os implantes cerebrais
ou os dispositivos Interface Cérebro-Computador (BCI) é uma tecnologia que
possibilita a interação direta entre o cérebro humano e dispositivos externos,
utilizando sinais cerebrais como meio de comunicação.
Essa inovação
promissora pode trazer benefícios significativos, especialmente para pessoas
com deficiências físicas, ao mesmo tempo em que apresenta aplicações amplas e
diversificadas, incluindo implicações na segurança nacional.
Além disso, há
esforços sendo feitos na criação de membros robóticos controlados por implantes
cerebrais, capazes até mesmo de transmitir sensações táteis aos usuários,
proporcionando uma experiência mais próxima da sensação real de toque.
Outra vertente
interessante das BCIs é o seu potencial para ampliar as capacidades humanas.
Essa tecnologia poderia permitir que as pessoas controlem máquinas e
dispositivos computadorizados utilizando apenas seus pensamentos, abrindo
portas para uma série de aplicações inovadoras e possibilitando interações mais
intuitivas e eficientes com a tecnologia.
• Chip da Neuralink – o N1 e como ele se
diferencia dos demais
A Neuralink
desenvolveu o dispositivo N1, do tamanho de uma moeda, para permitir que
pacientes realizem ações apenas concentrando-se nelas, sem mover o corpo.
Chamado de PRIME (Precise Robotically Implanted Brain-Computer Interface), o
dispositivo é implantado cirurgicamente em uma área do cérebro responsável pelo
movimento.
Desse modo, o
dispositivo registra e processa a atividade elétrica cerebral, transmitindo
esses dados para dispositivos externos, como telefones ou computadores. Através
da decodificação desses sinais cerebrais, o dispositivo externo aprende a
associar padrões neurais a ações específicas, como mover um cursor na tela.
O dispositivo N1
combina tecnologias avançadas, como a capacidade de atingir neurônios
individuais e recarregar a bateria sem fio, o que representa avanços
significativos no campo das interfaces cérebro-computador e torna o N1 da
Neuralink o modelo atualmente mais tecnológico.
• Críticas e questões éticas que envolvem
a Neuralink
A Neuralink obteve
aprovação para testes em humanos em 2023, anunciando seu primeiro teste em
2024. Contudo, a falta de transparência sobre o implante levanta preocupações
éticas, especialmente pela ausência de registro em ClinicalTrials.gov e pela
dependência excessiva das mídias sociais para promoção.
Além disso, o modelo
de financiamento baseado em investimentos privados pode comprometer prioridades
e interesses. Incidentes anteriores de preocupações éticas, como acusações de
crueldade animal e violações regulatórias, também levantam questões sobre práticas
e responsabilidade corporativa da empresa de Musk.
Do ponto de vista
ético, as BCIs têm o potencial de melhorar significativamente a qualidade de
vida dos pacientes, concedendo-lhes maior independência e autonomia.
Entretanto, há
preocupações sérias sobre questões de privacidade, segurança e manipulação dos
pensamentos dos usuários por terceiros, além dos potenciais efeitos adversos e
riscos associados a dispositivos totalmente implantados.
• Direcionamentos legal e ético claros
Os testes da Neuralink
estão concentrados em pacientes com paralisia, mas o empresário planeja tornar
os BCIs acessíveis também a pessoas saudáveis para “acompanhar a inteligência
artificial“. Isso levanta preocupações sobre justiça social e acesso equitativo.
Ademais, existe o
risco de os dispositivos se tornarem indisponíveis após estudos de pesquisa,
levantando questões éticas sobre acesso contínuo a tratamentos inovadores.
Assim sendo,
diretrizes éticas e legais claras são necessárias para equilibrar os benefícios
das inovações médicas com a segurança dos pacientes e o bem-estar social.
Paciente com implante da Neuralink
consegue mover mouse apenas pensando, diz Elon Musk
Elon Musk anunciou
recentemente que o primeiro paciente humano da Neuralink, implantado com um
dispositivo de chip cerebral chamado Telepathy, pode mover o cursor de um mouse
de computador apenas pensando. Esse desenvolvimento ocorre depois que o paciente
recebeu o implante inovador em janeiro, e a FDA aprovou testes em humanos para
a tecnologia em maio.
Esse marco representa
um progresso significativo para a empresa de neurotecnologia, que tem como objetivo
criar um sistema de comunicação totalmente funcional entre humanos e
computadores apenas com o pensamento. Como Musk explicou durante uma interação
com o X Spaces, o paciente se recuperou bem e pode controlar o cursor com seus
pensamentos.
Com o desenvolvimento
contínuo, a Neuralink espera expandir os recursos do Telepathy, permitindo que
os pacientes não apenas movam o mouse pela tela, mas também cliquem, segurem e
executem outras tarefas essenciais. A meta final é desenvolver um sistema que
dê aos usuários a capacidade de pressionar vários botões apenas com o
pensamento.
As aspirações da
Neuralink vão além do controle do computador, com o objetivo de ajudar pessoas
que perderam o uso de seus membros e potencialmente tratar várias condições
médicas relacionadas à função motora, fala e visão. Na verdade, a empresa
também está trabalhando em um “chip de visão”, divulgado por Musk em novembro
passado, que deverá estar pronto em alguns anos.
Embora o Telepathy
tenha recebido a aprovação da FDA para testes em humanos, o chip de visão da
Neuralink ainda não obteve a liberação regulatória necessária. No entanto, a
empresa continua firme em seu objetivo de transformar a comunicação humana e
expandir nossa conexão com o mundo ao nosso redor.
IA pode criar propagandas tão
assustadoras e persuasivas quanto as pessoas
Um novo estudo
realizado por pesquisadores da Universidade de Stanford e da Universidade de
Georgetown aponta a capacidade inquietante da propaganda gerada por IA de
influenciar a opinião pública de forma quase tão eficaz quanto o conteúdo
criado por humanos.
Em um experimento, o
estudo que foi publicado recentemente na revista PNAS Nexus apresentou uma
série de propagandas reais e criadas por IA sobre assuntos políticos acalorados
a mais de 8.000 destinatários americanos. Os resultados mostraram que o poder de
persuasão não diferiu significativamente; o conteúdo gerado por IA ficou atrás
da eficácia humana por apenas quatro pontos percentuais.
Um sistema de IA
específico conhecido como GPT-3, o precursor do ChatGPT, foi o mecanismo por
trás desse experimento. Ele precisou de apenas algumas amostras de propaganda
existentes para aprender e gerar novos artigos que pudessem se misturar
perfeitamente com a desinformação criada por humanos. O estudo revelou como
intervenções humanas modestas poderiam aprimorar ainda mais a natureza
convincente da IA. A revisão e a seleção dos artigos mais convincentes de
autoria da IA, ou mesmo o ajuste fino das instruções dadas à IA, resultaram em
maior capacidade de persuasão.
As preocupações
aumentam quando se considera a variedade de conteúdo que a IA pode
potencialmente produzir, que não se limita apenas a artigos de texto.
Publicações em mídias sociais, comentários e até mesmo multimídia, como áudio
ou vídeo, apresentam o risco de serem fabricados com igual convicção.
Josh Goldstein, da
Universidade de Georgetown, liderou o estudo que esclareceu esse potencial
desconcertante. A equipe enfatizou a necessidade de desenvolver sistemas de
detecção robustos como uma contramedida para essas campanhas de desinformação
difundidas por IA. A descoberta de contas falsas e a identificação do
maquinário que dissemina essas narrativas são etapas fundamentais para mitigar
os riscos.
Aprimorar nossa defesa
contra a propaganda habilitada por IA significa focar não apenas no conteúdo,
mas também nas redes de distribuição – como contas de mídia social não
autênticas – usadas para atingir públicos-alvo. A escalabilidade das
ferramentas de IA na geração de conteúdo de propaganda exige uma escala
equivalente nos esforços de pesquisa para destacar e desmantelar a
infraestrutura propulsora dessas narrativas falsificadas.
Com a IA, até mesmo
indivíduos ou pequenos grupos sem proficiência em idiomas podem gerar
facilmente volumes de conteúdo alinhado à narrativa, cada um variando
sutilmente em estilo e redação. Isso não apenas multiplica o conteúdo, mas
complica a capacidade de detecção, exigindo avanços na contraestratégia talvez
ainda mais do que antes.
Fonte: Só Cientifica
Nenhum comentário:
Postar um comentário