sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Como prevenir a dengue? Veja os principais cuidados

A América do Sul está vivenciando um aumento dos casos de dengue. Só no Brasil, de julho de 2023 a janeiro deste ano, foram registrados 305.190 casos prováveis da doença, um aumento de quase 40% em comparação ao mesmo período em anos anteriores. A estimativa do Ministério da Saúde é que o país chegue a 5 milhões de casos da doença em 2024.

Diante do aumento da incidência, é importante conhecer e reforçar todos os cuidados para prevenção da dengue, que pode causar sintomas como febre alta, dor de cabeça, náuseas e vômitos, fadiga, manchas vermelhas na pele e, em casos mais graves, sangramentos e até a morte.

·        Principais formas de prevenir a dengue

A principal forma de prevenir a dengue é reduzir a infestação do mosquito Aedes aegypti, inseto responsável por transmitir o vírus causador da doença. Para isso, é fundamental eliminar criadouros do mosquito sempre que possível. Algumas dicas incluem:

  • Manter reservatórios ou caixas d’água cobertos com tampas, telas ou capas, impedindo que o mosquito Aedes aegypti deposite neles seus ovos;
  • Evitar água parada em pneus, latas, garrafas vazias ou calhas;
  • Realizar a limpeza regular da caixa d’água.

Além disso, algumas medidas de proteção individual são importantes, principalmente em áreas de maior risco. É possível proteger as regiões do corpo que costumam ficar mais expostas e, por isso, podem ser alvo do mosquito, usando camisas de mangas compridas e calças, por exemplo. Também é interessante utilizar telas mosqueteiras em portas e janelas e sobre a cama.

·        Repelente funciona para evitar dengue?

O uso de repelente também é uma forma de prevenir a picada pelo mosquito transmissor da dengue.

De acordo com o Ministério da Saúde, os produtos mais indicados para prevenção são os à base de DEET (N-N-dietilmetatoluamida), IR3535 ou Icaridina.

Esses tipos de repelente são indicados para o uso durante a gravidez, o que é importante já que a gestação é um fator de risco para complicações da dengue.

Já para crianças, o uso de repelentes deve ser feito com orientação médica. Para o restante da população, a utilização deve seguir as instruções de cada fabricante.

·        Vacina da dengue

No fim de dezembro, o Ministério da Saúde incorporou a vacina contra a dengue ao SUS (Sistema Único de Saúde). Com isso, o Brasil passa a ser o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.

A vacina, conhecida como Qdenga, foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em março de 2023, e desde julho já está disponível em clínicas privadas também.

Ela pode ser aplicada em pessoas de 4 a 60 anos de idade, independentemente da exposição anterior à doença e sem necessidade de teste pré-vacinação.

A aplicação é feita em um esquema de duas doses, com intervalo de 90 dias entre elas. Porém, é contra-indicada para gestantes, lactantes, pessoas com imunodeficiência ou sob algum tratamento imunossupressor.

De acordo com o Ministério da Saúde, o governo irá priorizar a imunização contra a dengue em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos, conforme recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde).

 

Ø  Dengue: quais são os sintomas e quando devo procurar um médico?

 

Os casos prováveis de dengue cresceram quase 40% desde julho de 2023 no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Apenas em 2024, até o dia 17 de janeiro, foram registrados 55.859 casos prováveis da doença, com maior incidência nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

As estimativas do Ministério da Saúde apontam que o Brasil pode chegar a 5 milhões de casos de dengue ainda este ano. Entre as justificativas para esse número de ocorrências estão o calor intenso, o grande volume de chuvas e a recirculação dos sorotipos 3 e 4 do vírus que causa a doença.

Por isso, é importante saber como identificar a dengue e buscar ajuda médica para iniciar o tratamento adequado. Afinal, a doença pode ser confundida com outras infecções virais, o que pode dificultar o diagnóstico.

Veja os principais sintomas de dengue.

  • Febre alta (acima de 38 ºC);
  • Mal-estar;
  • Fadiga;
  • Dor de cabeça;
  • Dor no corpo e nas articulações;
  • Perda de apetite;
  • Náuseas e vômitos;
  • Manchas vermelhas pelo corpo.

>>>> Quais são os sintomas graves da dengue?

Em alguns casos, a dengue pode apresentar sintomas mais graves.

Todos os sorotipos do vírus – existem quatro – podem evoluir para quadros mais intensos da doença, mas a incidência é mais comum após a segunda ou terceira infecção.

Além disso, alguns grupos têm maior risco de desenvolver complicações de saúde, como é o caso de pessoas com diabetes e/ou hipertensão arterial, gestantes, crianças e idosos.

>>> Veja quais são os sintomas mais graves

  • Dor abdominal intensa;
  • Vômitos persistentes;
  • Letargia;
  • Sangramento nas mucosas, como gengiva e nariz;
  • Hipotensão postural (queda na pressão arterial após se levantar);
  • Hepatomegalia (aumento do fígado).

Esses são sinais de extravasamento plasmático, quadro que pode levar ao choque e ao óbito. Por isso, é fundamental buscar ajuda médica imediata ao notar algum desses sintomas.

É somente através da orientação médica que será prescrito o melhor tratamento para cada caso, que pode incluir repouso, maior ingestão de líquidos e uso de paracetamol ou dipirona em caso de dor e febre.

Os quadros de saúde mais graves também podem requerer internação.

 

Ø  Chikungunya e zika diminuem no país, mas casos crescem em áreas de maior risco

 

Os casos de chikungunya e zika apresentam tendência de queda no Brasil como um todo, mas a situação continua preocupante nas regiões de maior risco de infecção por esses dois vírus: Nordeste, Centro-Oeste e litoral de São Paulo e Rio de Janeiro. Nesses locais, ambas as doenças seguem com número de casos em alta.

É o que mostra estudo publicado na revista Scientific Reports por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) e do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo (CVE), que analisaram os padrões espaço-temporais de ocorrência e coocorrência das duas arboviroses em todos os municípios nacionais, bem como os fatores ambientais e socioeconômicos associados a elas.

Consideradas doenças tropicais negligenciadas pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), chikungunya e zika são arboviroses causadas respectivamente por vírus das famílias Togaviridae e Flaviviridae e transmitidas por mosquitos do gênero Aedes. Na última década, os números de casos das duas doenças aumentaram em todo o mundo e se expandiram geograficamente – chikungunya já foi relatada em 116 países, e zika, em 92, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), principal agência de saúde dos Estados Unidos. Ambas somam mais de 8 milhões de casos, que, por conta da subnotificação, podem chegar a 100 milhões.

No Brasil, as áreas de maior risco de infecção se localizaram inicialmente na região Nordeste. Entre 2018 e 2021, data inicial do estudo atual, o foco se deslocou para o Centro-Oeste e para os litorais de São Paulo e do Rio de Janeiro, antes de recrudescer novamente no Nordeste, de 2019 a 2021.

“Identificar essas áreas de alto risco – que são influenciadas pela alteração do ambiente causada por fatores como urbanização, desflorestação e alterações climáticas – é importante tanto para controlar os vetores quanto para direcionar corretamente as medidas de saúde pública, especialmente em um momento em que a Opas/OMS e o Ministério da Saúde (MS) vêm alertando sobre um aumento no número de casos de chikungunya e zika acima dos relatados nos últimos anos”, afirma Raquel Gardini Sanches Palasio, pesquisadora do Laboratório de Análise Espacial em Saúde (Laes) do Departamento de Epidemiologia da FSP-USP e primeira autora do estudo.

A pesquisadora cita o Boletim do MS, que relata um aumento de 78,9% dos casos de chikungunya e 42% dos casos de zika entre 2021 e 2022. “Além disso, quando analisamos os dados divulgados pelo MS para os dois últimos anos, observamos um aumento nos números dos casos confirmados entre o verão de 2022 e 2023 de 53% para chikungunya e 58% para zika. Possivelmente esse aumento dos números dos casos pode estar relacionado aos fatores climáticos, tal como as temperaturas elevadas.”

Neste estudo financiado pela FAPESP, Palasio, seu supervisor, Francisco Chiaravalloti Neto, e outros pesquisadores da USP e do CVE analisaram mais de 770 mil casos (608.388 de chikungunya e 162.992 de zika), em sua maioria autóctones e confirmados por teste de laboratório ou clínico-epidemiológico. Foram observados aspectos espaciais, temporais e sazonais, levando em conta valores de temperatura e precipitação e fatores socioeconômicos.

A investigação revelou que as regiões de alto risco apresentavam temperaturas mais elevadas e foram identificados aglomerados com alto risco de coocorrência em algumas regiões do Brasil.

“Chikungunya e zika demonstraram respectivamente tendências decrescentes de 13% e 40% no Brasil como um todo entre 2018 e 2021; entretanto, 85% e 57% dos aglomerados [áreas de maior concentração] encontrados mostraram uma tendência crescente, com provável crescimento anual entre 0,85% e 96,56% para chikungunya e entre 2,77% e 53,03% para zika.”

“Observamos ainda que, desde 2015, as duas arboviroses ocorreram com maior frequência no verão e no outono no Brasil. No entanto, a chikungunya está associada a baixos níveis de precipitação, ambientes mais urbanizados e locais com maior desigualdade social. E zika a alto volume de chuvas e áreas com baixa cobertura de rede de esgoto.”

De acordo com a pesquisadora, ambas as doenças são mais frequentes ainda em locais com menores taxas de vegetação nas áreas urbanas e, aparentemente, o fator socioeconômico é mais evidente para chikungunya do que para zika.

·        Próximos passos

“Por se tratar de doenças que envolvem os mesmos vetores, há certas semelhanças e, em teoria, elas deveriam acontecer nos mesmos locais, mas não observamos essa sobreposição perfeita no espaço e no tempo”, diz Palasio.

Uma das hipóteses para isso estaria relacionada aos fatores socioeconômicos, ambientais e climáticos. Neste primeiro trabalho foram utilizados dados do censo de 2010. Por isso, um dos próximos passos é a atualização desse cenário, de acordo com as novas informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022.

“Além disso, queremos realizar agora uma análise mais complexa, levando em conta, ao mesmo tempo e não separadamente como aconteceu desta vez, os fatores socioeconômicos e climáticos [temperatura e precipitação] em uma análise espaço-temporal”, conta Palasio.

Outro ponto de atenção deve ser observar a coocorrência das duas doenças, se elas se sobrepõem, e modelar essas informações com os cenários de mudanças climáticas futuras, tanto num cenário otimista quanto num pessimista, relacionados à emissão de gases do efeito estufa.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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