Como
prevenir a dengue? Veja os principais cuidados
A América
do Sul está vivenciando um aumento dos casos de dengue. Só no Brasil, de
julho de 2023 a janeiro deste ano, foram registrados 305.190 casos prováveis da
doença, um aumento de quase 40% em comparação ao mesmo período
em anos anteriores. A estimativa do Ministério da Saúde é que o país chegue
a 5 milhões de casos da doença em 2024.
Diante
do aumento da incidência, é
importante conhecer e reforçar todos os cuidados para prevenção da dengue,
que pode causar sintomas como febre alta, dor de cabeça, náuseas e vômitos,
fadiga, manchas vermelhas na pele e, em casos mais graves, sangramentos e até a
morte.
·
Principais formas de prevenir a dengue
A
principal forma de prevenir a dengue é reduzir a infestação do
mosquito Aedes aegypti, inseto responsável por transmitir o vírus
causador da doença. Para isso, é fundamental eliminar criadouros do mosquito
sempre que possível. Algumas dicas incluem:
- Manter
reservatórios ou caixas d’água cobertos com tampas, telas ou capas,
impedindo que o mosquito Aedes aegypti deposite neles
seus ovos;
- Evitar
água parada em pneus, latas, garrafas vazias ou calhas;
- Realizar
a limpeza regular da caixa d’água.
Além
disso, algumas medidas de proteção individual são importantes,
principalmente em áreas de maior risco. É
possível proteger as regiões do corpo que costumam ficar mais
expostas e, por isso, podem ser alvo do mosquito, usando camisas de mangas
compridas e calças, por exemplo. Também é interessante utilizar
telas mosqueteiras em portas e janelas e sobre a cama.
·
Repelente funciona para evitar dengue?
O uso
de repelente também é uma forma de prevenir a picada pelo mosquito
transmissor da dengue.
De acordo
com o Ministério da Saúde, os produtos mais indicados para prevenção são os à
base de DEET (N-N-dietilmetatoluamida), IR3535 ou Icaridina.
Esses
tipos de repelente são indicados para o uso durante a gravidez, o que é
importante já que a gestação é um fator de risco para complicações da dengue.
Já para
crianças, o uso de repelentes deve ser feito com orientação médica. Para o
restante da população, a utilização deve seguir as instruções de cada
fabricante.
·
Vacina da dengue
No fim de
dezembro, o Ministério da Saúde incorporou a vacina contra a dengue ao
SUS (Sistema Único de Saúde). Com isso, o Brasil passa a ser o primeiro país do
mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.
A vacina,
conhecida como Qdenga, foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) em março de 2023, e desde julho já está disponível em
clínicas privadas também.
Ela pode ser aplicada em pessoas de 4 a 60 anos de idade, independentemente da exposição anterior à doença
e sem necessidade de teste pré-vacinação.
A
aplicação é feita em um esquema de duas doses, com intervalo de 90 dias entre
elas. Porém, é contra-indicada para gestantes, lactantes, pessoas com
imunodeficiência ou sob algum tratamento imunossupressor.
De acordo
com o Ministério da Saúde, o governo irá priorizar a
imunização contra a dengue em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos,
conforme recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Ø
Dengue: quais são os sintomas e quando devo
procurar um médico?
Os casos
prováveis de dengue cresceram quase 40% desde julho de 2023 no
Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Apenas em 2024, até o dia 17 de
janeiro, foram registrados 55.859 casos prováveis da doença, com maior
incidência nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
As
estimativas do Ministério da Saúde apontam que o Brasil pode chegar a 5
milhões de casos de dengue ainda
este ano. Entre as justificativas para esse número de ocorrências estão o calor intenso, o
grande volume de chuvas e a recirculação dos sorotipos 3 e 4 do vírus
que causa a doença.
Por isso,
é importante saber como identificar a dengue e buscar ajuda médica
para iniciar o tratamento adequado. Afinal, a doença pode ser confundida
com outras infecções virais, o que pode dificultar o diagnóstico.
Veja os
principais sintomas de dengue.
- Febre
alta (acima de 38 ºC);
- Mal-estar;
- Fadiga;
- Dor
de cabeça;
- Dor
no corpo e nas articulações;
- Perda
de apetite;
- Náuseas
e vômitos;
- Manchas
vermelhas pelo corpo.
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Quais são os sintomas graves da dengue?
Em alguns
casos, a dengue pode apresentar sintomas mais graves.
Todos os
sorotipos do vírus – existem quatro – podem evoluir para quadros mais intensos
da doença, mas a incidência é mais comum após a segunda ou terceira
infecção.
Além
disso, alguns grupos têm maior risco de desenvolver complicações de
saúde, como é o caso de pessoas com diabetes e/ou hipertensão arterial,
gestantes, crianças e idosos.
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Veja quais são os sintomas mais graves
- Dor
abdominal intensa;
- Vômitos
persistentes;
- Letargia;
- Sangramento
nas mucosas, como gengiva e nariz;
- Hipotensão
postural (queda na pressão arterial após se levantar);
- Hepatomegalia
(aumento do fígado).
Esses são
sinais de extravasamento plasmático, quadro que pode levar ao choque e ao
óbito. Por isso, é fundamental buscar ajuda médica imediata ao notar algum
desses sintomas.
É somente
através da orientação médica que será prescrito o melhor tratamento para cada
caso, que pode incluir repouso, maior ingestão de líquidos e uso de paracetamol
ou dipirona em caso de dor e febre.
Os quadros
de saúde mais graves também podem requerer internação.
Ø
Chikungunya e zika diminuem no país, mas
casos crescem em áreas de maior risco
Os casos
de chikungunya e zika apresentam tendência de queda no Brasil como um todo, mas
a situação continua preocupante nas regiões de maior risco de infecção por
esses dois vírus: Nordeste, Centro-Oeste e litoral de São Paulo e Rio de
Janeiro. Nesses locais, ambas as doenças seguem com número de casos em alta.
É o que
mostra estudo publicado na revista Scientific
Reports por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo (FSP-USP) e do Centro de Vigilância Epidemiológica do
Estado de São Paulo (CVE), que analisaram os padrões espaço-temporais de
ocorrência e coocorrência das duas arboviroses em todos os municípios
nacionais, bem como os fatores ambientais e socioeconômicos associados a elas.
Consideradas
doenças tropicais negligenciadas pela Organização Pan-Americana da Saúde
(Opas/OMS), chikungunya e zika são arboviroses causadas
respectivamente por vírus das famílias Togaviridae e Flaviviridae e
transmitidas por mosquitos do gênero Aedes. Na última década, os
números de casos das duas doenças aumentaram em todo o mundo e se expandiram
geograficamente – chikungunya já foi relatada em 116 países, e zika, em 92, de
acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), principal agência
de saúde dos Estados Unidos. Ambas somam mais de 8 milhões de casos, que, por
conta da subnotificação, podem chegar a 100 milhões.
No Brasil,
as áreas de maior risco de infecção se localizaram inicialmente na região
Nordeste. Entre 2018 e 2021, data inicial do estudo atual, o foco se deslocou
para o Centro-Oeste e para os litorais de São Paulo e do Rio de Janeiro, antes
de recrudescer novamente no Nordeste, de 2019 a 2021.
“Identificar
essas áreas de alto risco – que são influenciadas pela alteração do ambiente
causada por fatores como urbanização, desflorestação e alterações climáticas –
é importante tanto para controlar os vetores quanto para direcionar
corretamente as medidas de saúde pública, especialmente em um momento em que a
Opas/OMS e o Ministério da Saúde (MS) vêm alertando sobre um aumento no número
de casos de chikungunya e zika acima dos relatados nos últimos anos”,
afirma Raquel Gardini Sanches Palasio, pesquisadora do Laboratório de Análise Espacial em Saúde
(Laes) do Departamento de Epidemiologia da FSP-USP e primeira autora do estudo.
A
pesquisadora cita o Boletim do MS, que relata um aumento de 78,9% dos casos de
chikungunya e 42% dos casos de zika entre 2021 e 2022. “Além disso, quando
analisamos os dados divulgados pelo MS para os dois últimos anos, observamos um
aumento nos números dos casos confirmados entre o verão de 2022 e 2023 de 53%
para chikungunya e 58% para zika. Possivelmente esse aumento dos números dos
casos pode estar relacionado aos fatores climáticos, tal como as temperaturas
elevadas.”
Neste
estudo financiado pela FAPESP, Palasio, seu supervisor, Francisco Chiaravalloti Neto, e outros pesquisadores da USP e do CVE analisaram mais de 770
mil casos (608.388 de chikungunya e 162.992 de zika), em sua maioria autóctones
e confirmados por teste de laboratório ou clínico-epidemiológico. Foram
observados aspectos espaciais, temporais e sazonais, levando em conta valores
de temperatura e precipitação e fatores socioeconômicos.
A
investigação revelou que as regiões de alto risco apresentavam temperaturas
mais elevadas e foram identificados aglomerados com alto risco de coocorrência
em algumas regiões do Brasil.
“Chikungunya
e zika demonstraram respectivamente tendências decrescentes de 13% e 40% no
Brasil como um todo entre 2018 e 2021; entretanto, 85% e 57% dos aglomerados
[áreas de maior concentração] encontrados mostraram uma tendência crescente,
com provável crescimento anual entre 0,85% e 96,56% para chikungunya e entre
2,77% e 53,03% para zika.”
“Observamos
ainda que, desde 2015, as duas arboviroses ocorreram com maior frequência no
verão e no outono no Brasil. No entanto, a chikungunya está associada a baixos
níveis de precipitação, ambientes mais urbanizados e locais com maior
desigualdade social. E zika a alto volume de chuvas e áreas com baixa cobertura
de rede de esgoto.”
De acordo
com a pesquisadora, ambas as doenças são mais frequentes ainda em locais com
menores taxas de vegetação nas áreas urbanas e, aparentemente, o fator
socioeconômico é mais evidente para chikungunya do que para zika.
·
Próximos passos
“Por se
tratar de doenças que envolvem os mesmos vetores, há certas semelhanças e,
em teoria, elas deveriam acontecer nos mesmos locais, mas não observamos essa
sobreposição perfeita no espaço e no tempo”, diz Palasio.
Uma das
hipóteses para isso estaria relacionada aos fatores socioeconômicos, ambientais
e climáticos. Neste primeiro trabalho foram utilizados dados do censo de 2010.
Por isso, um dos próximos passos é a atualização desse cenário, de acordo com
as novas informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) em 2022.
“Além
disso, queremos realizar agora uma análise mais complexa, levando em conta, ao
mesmo tempo e não separadamente como aconteceu desta vez, os fatores
socioeconômicos e climáticos [temperatura e precipitação] em uma análise
espaço-temporal”, conta Palasio.
Outro
ponto de atenção deve ser observar a coocorrência das duas doenças, se elas se
sobrepõem, e modelar essas informações com os cenários de mudanças climáticas
futuras, tanto num cenário otimista quanto num pessimista, relacionados à
emissão de gases do efeito estufa.
Fonte: CNN
Brasil
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