quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

As perspectivas demográficas para a Ucrânia são sombrias

A Ucrânia está diante de uma das taxas de fertilidade mais baixas do mundo, registrando uma média de apenas 0,7 filhos por mulher em idade fértil.

Essa situação, agravada por mortes violentas em massa e pelo êxodo de milhões de refugiados, coloca em xeque a sobrevivência do país como nação, alerta o jornal britânico The Times.

Ella Libanova, diretora do Instituto de Demografia e Estudos Sociais da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia, informou à imprensa que a expectativa de vida masculina diminuiu de 66-67 anos para 57-58 anos em decorrência do conflito, de acordo com estimativas de especialistas.

O veículo de comunicação britânico destaca que apenas Chade (54), Nigéria (54), Lesoto (55) e República Centro-Africana (55) apresentam expectativas de vida mais baixas do que a Ucrânia. O veículo enfatiza que as perspectivas demográficas para o país são sombrias.

O jornal relata que uma equipe de 12 acadêmicos especializados em demografia calculou o impacto das baixas militares na sociedade ucraniana, utilizando diversas fontes, embora esses números não sejam divulgados pelo governo.

Ella Libanova explicou que a informação está vazando, e a idade das pessoas mortas é conhecida. Eles consideraram a experiência da guerra dos Balcãs, analisaram dados anteriores e utilizaram todas as fontes disponíveis para estimar a situação atual.

A Ucrânia já enfrentava uma crise demográfica antes do conflito, com uma taxa de natalidade de 1,16 e uma pequena proporção da população entre 20 e 40 anos, o mesmo segmento com maior probabilidade de morrer em combate.

Fontes militares norte-americanas, citadas pelo jornal, estimam que o número de mortos no conflito ucraniano esteja entre 70 mil e 100 mil.

A crise atingiu um ponto tão crítico que os ministros ucranianos tiveram que desenvolver uma estratégia de repovoamento para 2040, revelou Libanova, embora ainda faltem planos concretos para reverter essa tendência.

"Há objetivos estratégicos: aumentar a natalidade, eliminar a mortalidade prematura, promover o crescimento migratório e adaptar a sociedade ao envelhecimento da população", afirmou a especialista ao The Times.

 

       Para analista militar, Zelensky perdeu o 'controle' sobre chefe das Forças Armadas da Ucrânia

 

O presidente ucraniano Vladimir Zelensky chegou a negar rumores nesta terça-feira (30) sobre a suposta demissão do comandante das Forças Armadas do país, Valery Zaluzhny, em meio aos atritos constantes com o governo. As informações iniciais apontavam que Zaluzhny teria sido forçado a renunciar ao cargo.

Na segunda (29), o gabinete presidencial também desmentiu a saída de Valery do cargo. Porém, antes disso, alguns legisladores e jornalistas ucranianos afirmaram que Zaluzhny havia sido destituído do cargo, acrescentando que Zelensky ainda não havia publicado o decreto. O especialista militar e coronel aposentado Anatoly Matviychuk afirmou à Sputnik que a situação mostrou que o presidente "não tem autoridade em nenhum dos grupos de poder [da Ucrânia]" e, por isso, precisou recuar da decisão.

"Penso que isso foi talvez uma ação deliberada por parte de Zelensky, porque ele precisa tomar alguma atitude para recuperar sua popularidade", disse.

Os rumores sobre a destituição de Zaluzhny foram precedidos por relatos de crescente inimizade entre o presidente ucraniano e o general de alto escalão. Alguns veículos de mídia ocidentais alertaram em novembro do ano passado que as relações entre Zaluzhny e Zelensky se tornaram "terríveis" após a contraofensiva malsucedida da Ucrânia.

Segundo o analista, o presidente ucraniano tentou atribuir a culpa pelo fracasso a Zaluzhny. Além disso, sem nomear o comandante, Zelensky advertiu "generais ucranianos" contra a interferência na política nacional. Na época, o assessor próximo de Zaluzhny, Gennady Chastyakov, foi morto de forma suspeita por uma explosão de granada após a publicação do artigo do general sobre o impasse no campo de batalha.

"Em primeiro lugar, a hostilidade entre Zaluzhny e Zelensky existe há quase um ano. Diante das ações pouco profissionais do presidente ucraniano, o chefe do Exército ucraniano mais de uma vez disse diretamente [a Zelensky], em reuniões, que ele não era competente o suficiente para resolver muitas questões militares", explica o analista.

Além disso, o coronel aposentado acrescentou que "Zelensky entende que Zaluzhny se destacou em termos de importância sociopolítica. Há um conflito em curso, ele controla as tropas, que conhecem e confiam nele. Ele criou uma galáxia de comandantes e generais que o seguem. Ou seja, essa é uma força militar que ameaça Zelensky no poder", afirma.

Matviychuk também acredita que o abate do avião militar de transporte Il-76 da Rússia pelas Forças Armadas ucranianas pode ter dado coragem a Zelensky e o instigado a exercer pressão sobre o alto general.

Em 24 de janeiro, a aeronave transportava 65 prisioneiros de guerra ucranianos para uma troca com Kiev, quando foi abatido. Isso resultou na morte de todos os prisioneiros de guerra, além de seis membros da tripulação e três acompanhantes. O Ministério da Defesa da Ucrânia afirmou que o Exército não sabia do transporte, apesar da imprensa do país ter relatado anteriormente que a pasta havia confirmado a troca para a mesma data do ataque.

"Penso que houve uma conversa muito séria entre Zaluzhny e Zelensky", presumiu o coronel aposentado. "Zelensky quer Zaluzhny morrendo ou evaporando, e ele deve ter realizado a demissão. Mas, depois disso, muitas alavancas foram acionadas, que são desconhecidas para nós, e só podemos especular. Suponho que também foram os pares dos Estados Unidos [principais aliados de Zelensky] que começaram a protestar. E, claro, os Estados-membros da União Europeia também se juntaram a esse coro", argumenta.

•        Ucrânia e a crise de poder: general Zaluzhny defendeu sua posição

Questionado sobre qual seria a reação do comandante-chefe das Forças Armadas ucranianas à sua possível demissão, Matviychuk sugeriu que Zaluzhny aparentemente se recusou a renunciar. "Mostrou que não renunciaria, que deveriam removê-lo do cargo. Mas há um temor com relação a isso, porque há um grupo de generais que pode chegar a qualquer momento e dizer: 'Chega, vamos mudar o presidente'. Ou seja, Zaluzhny não sairá silenciosamente", sugeriu o coronel aposentado.

Porém, o especialista não acredita que seria necessário um golpe militar para destituir o presidente Zelensky. "Acredito que isso teria acontecido de maneira muito calma e suave, e teria se transformado em uma mudança de liderança política", continuou o especialista.

•        Zelensky perdeu o controle sobre o comandante

Matviychuk não descarta que a controvérsia em torno de Zaluzhny possa ser um plano dos serviços de inteligência britânicos que estão testando uma possível reformulação do cenário político da Ucrânia.

"Entendo que [Zaluzhny] recebeu carta branca para o futuro. E hoje ele poderia pleitear o poder dadas as condições no país e dentro da força militar. E se esse poder não lhe for dado — vemos que Zelensky se recusa a realizar eleições — ele pode tirá-lo à força", finaliza.

>>>> Veja um resumo sobre a crise no comando da Ucrânia:

# Zaluzhny foi nomeado comandante das Forças Armadas da Ucrânia em julho de 2021.

# A imagem de Zaluzhny como um general capaz sofreu um golpe durante a segunda metade de 2023, quando a muito alardeada contraofensiva ucraniana terminou em desastre total, com milhares de soldados morrendo em vão.

# Após o fracasso da contraofensiva, diversos veículos de mídia começaram a relatar uma aparente ruptura entre o presidente e seu comandante. A situação teria se complicado após Zelensky considerar Zaluzhny um possível rival nas próximas eleições.

# Em novembro, um assessor próximo de Zaluzhny foi morto em circunstâncias suspeitas enquanto celebrava seu 39º aniversário.

# Em dezembro, dispositivos de escuta inativos foram supostamente descobertos no escritório de Zaluzhny.

 

       Plano conjunto Reino Unido-Japão para fornecer projéteis de artilharia à Ucrânia fracassa

 

Mais más notícias para a Ucrânia: o Japão e o Reino Unido não conseguem cumprir acordos preliminares sobre o fornecimento de artilharia adicional ao Exército em dificuldades, à medida que o raio de esperança no fim do túnel se torna obscuro para Kiev.

Os esforços do Reino Unido e do Japão para reabastecer os estoques de artilharia da Ucrânia fracassaram, informou o The Wall Street Journal (WSJ), citando fontes ligadas ao projeto.

Há dois aspectos fundamentais nesta questão — a incompatibilidade técnica entre os planos militares britânicos e japoneses e a capacidade de produção limitada do suposto empreiteiro japonês.

Pela iniciativa, o Japão deveria produzir projéteis de 155 mm sob licença oficial concedida pela empresa BAE Systems, um dos principais empreiteiros globais de defesa.

Os projéteis em questão deveriam ser fabricados em instalações japonesas locais e depois enviados para o Reino Unido. Assim, o Japão estava essencialmente se envolvendo tacitamente no fornecimento de armas estrangeiras ao governo de Kiev, sem nunca ter de se aliar abertamente à Ucrânia no conflito em curso.

Em dezembro passado, o Financial Times (FT) noticiou que um plano semelhante estava sendo considerado entre o Japão e os EUA. O projeto visava reabastecer os agora esgotados arsenais ocidentais, para que os patrocinadores de Kiev estivessem em uma posição melhor para fornecer ainda mais suprimentos sem terem de comprometer o seu próprio potencial militar.

No entanto, ambos os planos estagnaram. De acordo com fontes do WSJ, as autoridades britânicas avaliaram se os militares poderiam usar projéteis de 155 mm produzidos pelo fabricante japonês Komatsu e, em última análise, decidiram abandonar totalmente o plano.

A principal questão supostamente decorre de problemas no uso de armas e sistemas de armas provenientes de diferentes fabricantes. Além disso, o WSJ também observou a capacidade limitada de fabricação de munição da Komatsu.

Os EUA e os seus aliados aumentaram a sua assistência militar a Kiev pouco depois de a Rússia ter lançado a sua operação militar especial em 2022. Moscou alertou repetidamente que os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) estão "brincando com fogo" ao fornecerem armas que, segundo o Kremlin, contribuem para prolongar o conflito na Ucrânia. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, sublinhou que qualquer carga com armas para a Ucrânia se tornaria um alvo legítimo para as forças russas.

•        Secretário-geral da OTAN acredita que envio de armas para a Ucrânia é o 'caminho para a paz'

O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse durante uma coletiva de imprensa que apoiar a Ucrânia vai além da caridade, servindo como um investimento em segurança global.

"Apoiar a Ucrânia não é uma caridade, é um investimento em nossa própria segurança", disse Stoltenberg durante uma coletiva de imprensa na segunda-feira (29).

Stoltenberg também sugeriu que as armas enviadas para a Ucrânia são "o caminho para a paz".

Em outubro, a Casa Branca solicitou ao Congresso um financiamento suplementar de mais de US$ 100 bilhões (R$ 492 bilhões), incluindo mais de US$ 60 bilhões (R$ 295 bilhões) para a Ucrânia, mas os legisladores republicanos se recusaram a aprovar a solicitação sem incluir medidas substanciais para fortalecer a segurança das fronteiras dos EUA.

Moscou tem repetidamente afirmado que a assistência militar ocidental não augura nada de bom para a Ucrânia e apenas prolonga o conflito, e o transporte com armas se torna um alvo legítimo para a Rússia.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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