A cidade
dos EUA em estado de emergência após alta de 533% em mortes por fentanil
As
autoridades de Portland, a maior cidade do Estado do Oregon, nos Estados
Unidos, declararam estado de emergência por 90 dias, em uma tentativa de
conter o impacto do fentanil na
cidade dos EUA.
O uso generalizado de fentanil,
um analgésico sintético 50 vezes mais potente que a heroína, é o fator causador
do aumento de mortes relacionadas a drogas nos EUA.
No Oregon,
o aumento de mortes ocorreu em momento em que também houve decisão de
descriminalizar o uso da maioria das drogas, incluindo o fentanil.
Na
terça-feira (30/1), autoridades estaduais e municipais disseram que o uso
tolerado de drogas está prejudicando Portland, uma cidade que viu a falta de
moradia e o vício em drogas se espalharem em suas ruas nos últimos anos.
O fenômeno
fez com que diversas empresas importantes e alguns moradores decidissem se
mudar para outros lugares.
De acordo
com o condado de Multnomah, onde Portland está localizada, o número de mortes
por overdose relacionadas ao fentanil aumentou 533% entre 2018 e 2022.
A
governadora Tina Kotek anunciou o estado de emergência e reconheceu que a
cidade está sofrendo "danos econômicos e de reputação" devido ao
problema do fentanil.
"Nosso
país e nosso estado nunca viram uma droga tão viciante e todos nós estamos
lutando para encontrar uma resposta", disse a governadora em um
comunicado.
O uso do
fentanil se espalhou nos EUA nos últimos anos, tornando-se um grande problema
político e de saúde.
O uso da
droga cresceu exponencialmente. Em 2016, o fentanil foi responsável por 62% das
mortes por overdose em Washington. Em 2022, foi a causa de 96% das mortes
relacionadas ao uso de drogas.
O
presidente Joe Biden descreveu a situação como uma "tragédia". Seu
governo anunciou em novembro um plano federal para facilitar o acesso ao
tratamento para dependentes químicos e fortalecer a cooperação internacional.
Alguns dos
produtos químicos utilizados na fabricação do fentanil são exportados em massa
da China e processados no México por grupos criminosos.
Acompanhado
pelo prefeito de Portland, Ted Wheeler, e pela presidente do condado de
Multnomah, Jessica Vega Pederson, a governadora anunciou na terça-feira uma
nova ação das três instâncias de governo para enfrentar a crise do fentanil.
A ordem
estabelece um centro de comando temporário onde "funcionários estaduais,
municipais e do condado se reunirão para coordenar estratégias e esforços de
resposta", disseram Kotek, Wheeler e Vega Pederson em comunicado conjunto.
O plano
também prevê uma campanha da Secretaria de Saúde do Oregon com propagandas em
outdoors, transporte público e na internet para promover a prevenção e o
tratamento da dependência de drogas.
A campanha
também pede recursos para os dependentes e faz um apelo à polícia para reprimir
o tráfico aberto de droga.
A
governadora disse que os líderes do condado, da cidade e do Estado agirão com
"urgência e unidade" para apresentar progressos contra o fentanil.
·
Leis mais duras
"Os
próximos 90 dias levarão a uma colaboração e recursos sem precedentes centrados
no fentanil e fornecerão um roteiro para os próximos passos", acrescentou.
Todos em
Portland sabem que o desafio não será fácil.
Em 2020,
os habitantes do Oregon aprovaram a Medida 110, que descriminalizou o consumo
da maior parte das drogas e estabeleceu que quando a polícia encontra
consumidores de fentanil deve encaminhá-los para centros de tratamento. Muitos
deles, porém, não aparecem.
De acordo
com dados estaduais, as mortes por opioides em Oregon aumentaram de 738 em
2021, primeiro ano em que a lei entrou em vigor, para 956 em 2022.
A
governadora já havia pedido aos legisladores estaduais que aprovassem uma lei
que criminalizasse o uso público de drogas, semelhante às leis para álcool em
muitos lugares dos EUA.
Mas as
tentativas de endurecer as políticas estatais em matéria de drogas poderão
enfrentar a oposição dos grupos de tratamento da dependência, que afirmam que a
recriminalização levará muitos a usar fentanil em privado, o que, segundo eles,
aumentaria os riscos e o número de overdoses.
Fonte: BBC
News Mundo
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