Trump é o presidente dos EUA com pior
aprovação aos 100 dias mandato em 80 anos, diz pesquisa
Uma
pesquisa do instituto Ipsos, do jornal "Washington Post" e da rede de
TV ABC News, divulgada neste domingo (27) mostra que Donald Trump é o presidente dos Estados Unidos com pior aprovação aos 100 dias de
mandato em 80 anos.
Veja os
números:
- Aprovam Trump:
39%
- Desaprovam: 55%
- Não responderam:
5%
Os
números não somam 100% por conta de arredondamentos.
Sobre a
economia do EUA, 73% disseram que ela está em má situação, 53% afirmaram
que piorou desde que Trump tomou posse e 41% disseram que as suas finanças
pessoais pioraram.
➡️A pesquisa foi feita com 2.464 adultos, entre
18 e 22 de abril de 2025, em inglês e espanhol. Uma parcela de 30% dos
entrevistados se declarou democrata, 30% republicano e 29% independente.
Os
resultados têm uma margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para
menos.
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Inflação
O
levantamento apontou que 62% dos americanos afirmam que os preços estão
subindo, enquanto 71% disseram que as tarifas de importação impostas
por Trump a
parceiros comerciais, no início do mês, são um fator negativo para a inflação.
Durante
a sua campanha, Trump prometeu controlar a alta de preços.
Uma
parcela de 31% disse aceitar o argumento de Trump de que a economia vai emergir
com uma base mais forte a longo prazo.
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Direitos e liberdade
A
maioria (55%) dos ouvidos pela pesquisa duvidou do compromisso do governo Trump
em proteger os direitos e as liberdades dos cidadãos, e 62% disseram não
acreditar que a sua administração respeite o Estado de Direito.
Uma
parcela 56% argumenta que ele agiu para além da sua autoridade como presidente,
sem justificativa.
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Pesquisa da CNN
O canal
de notícias norte-americano CNN també divulgou neste domingo uma pesquisa de
opinião sobre a atual administração.
O
levantamento, que foi conduzido pelo SSRS Finds, apontou que 41% aprovam a
nova gestão do presidente Trump.
Esse é
o menor índice para um presidente recém-eleito a 100 dias de mandato, desde
pelo menos a administração de Dwight Eisenhower (1953-1961).
Outros
59% desaprovam o republicano
Foram
ouvidos 1.678 eleitores em todos os Estados Unidos, entre os dias 17 e 24 de
abril deste ano. A margem de erro da pesquisa é de 2,9 pontos percentuais para
cima ou para baixo.
Com o
resultado, a aprovação da condução da presidência por Trump caiu 4 pontos desde
março e ficou 7 pontos abaixo do registrado no final de fevereiro, indicou a
CNN.
Além
disso, apenas 22% afirmaram aprovar fortemente a forma com a qual Trump tem
exercido a presidência dos EUA — um novo recorde negativo.
Trump
tem registrado quedas notáveis em seus índices de aprovação desde março, principalmente entre mulheres e
hispano-americanos.
No período, os dois grupos registraram quedas de 7 p.p., indo para 36% e 28% de
aprovação, respectivamente.
Ainda
segundo a pesquisa, a percepção sobre ao trabalho do presidente norte-americano
tem piorado significativamente em todas as principais questões que o
republicano tentou abordar durante seu mandato até agora. A confiança do
público em sua capacidade de lidar com essas questões também está em declínio.
Desde o
início de março, os índices de aprovação de Trump em questões econômicas caíram
significativamente, em meio à implementação do plano tarifário por parte do
republicano, que gerou uma grande volatilidade nos mercados financeiros diante
das preocupações de que as medidas possam trazer um novo aumento de preços e
dos juros no país.
A
pesquisa ainda apontou que 45% dos americanos acreditam que Trump não fez nada
que efetivamente endereçasse os problemas dos Estados Unidos desde que iniciou
o seu segundo mandato.
Além
disso, 51% acreditam que o republicano está fazendo um mau trabalho em manter
as importantes promessas feitas durante sua campanha presidencial, em 2024, e
57% afirmaram que as ações de Trump colocaram o país em risco de maneira
desnecessária.
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Como Trump virou
política do Canadá de cabeça pra baixo e pode mudar resultado da eleição
Em um
comício realizado na sexta-feira (25/4) em London, na província de Ontário, a
multidão vaiou enquanto Mark Carney proferia a
mensagem principal de campanha, que foca numa ameaça existencial enfrentada
pelo Canadá.
"O presidente [dos EUA Donald] Trump está tentando
nos destruir para que a América possa nos dominar", alertou o líder do
Partido Liberal.
"Nunca",
gritaram seus apoiadores.
Muitos
agitavam bandeiras canadenses presas com fita adesiva em tacos de hóquei no
gelo.
Níveis
semelhantes de paixão também foram demonstrados num sindicato da região de
Toronto, onde Pierre Poilievre cumprimentou apoiadores entusiasmados no início
da semana.
O líder
conservador atraiu grandes multidões para comícios em todo o país, onde o
mote Bring it Home ("Traga para Casa", em tradução
livre) é um chamado tanto para escolher por uma mudança de governo quanto para
acenar à onda de patriotismo canadense diante das ameaças tarifárias dos Estados
Unidos.
Nas
horas finais de uma campanha que durou 36 dias, a sombra de Donald Trump paira
sobre tudo.
O
vencedor das eleições marcadas para segunda-feira (27/4) provavelmente será o
partido capaz de convencer os eleitores de que tem um plano para lidar com o
presidente americano.
E as
últimas pesquisas sugerem que os liberais sustentam uma pequena vantagem na
reta final.
Ainda
assim, Trump não é o único fator em jogo — ele foi mencionado apenas uma vez no
discurso de campanha de Poilievre.
O líder
conservador tem se concentrado mais nos eleitores descontentes com o que chama
de "década liberal perdida", ao prometer mudanças em um governo que
ele culpa pela escassez de moradias e pela economia lenta, além de uma
dificuldade para lidar com questões sociais como a criminalidade e a crise do
fentanil.
O
discurso dele repercute entre eleitores como Eric e Carri Gionet, de Barrie,
Ontário. O casal têm duas filhas na casa dos 20 anos e contou que participava
do primeiro comício político.
"Estamos
financeiramente bem seguros, mas me preocupo com eles [a próxima
geração]", disse Eric Gionet.
Embora
ele e a esposa pudessem comprar a primeira casa ainda jovens, relata o homem,
"não há perspectiva" de que as filhas conseguirão fazer o mesmo.
"Estou
animada por estar aqui", disse Carri Gionet. "Estou
esperançosa."
Explorar
a frustração dos eleitores ajudou partidos de oposição a tirar governos do
poder em democracias ao redor do mundo.
E tudo
levava a crer que o Canadá seguiria esse mesmo exemplo.
No ano
passado, os conservadores mantiveram uma vantagem de 20 pontos percentuais
sobre os liberais governistas nas pesquisas de intenção de voto durante meses.
O
futuro de Poilievre como o próximo primeiro-ministro do país parecia garantido.
No
entanto, uma série de ondas de choque que se sucederam rapidamente a partir do
início de 2025 virou o cenário político canadense de cabeça para baixo.
Alguns
exemplos foram a renúncia de Justin Trudeau, a subsequente ascensão de Carney à
liderança liberal e o retorno de Trump à Casa Branca com as ameaças e as
tarifas que se seguiram.
Quando
a eleição foi convocada em meados de março, os liberais de Carney estavam
empatados com os conservadores nas pesquisas.
Já no
início de abril, o partido aparecia ligeiramente à frente, como sugerem as
pesquisas nacionais.
Foi uma
reviravolta impressionante. Aparentemente mortos e enterrados, os liberais
agora acreditam que podem vencer uma quarta eleição consecutiva — e até mesmo
obter a maioria no Parlamento.
Carney
se apresenta como o homem mais preparado para enfrentar este momento crítico:
um banqueiro estável que ajudou a conduzir a economia do Canadá durante a crise
financeira de 2008 e, posteriormente, a do Reino Unido durante o Brexit.
Para a
eleitora conservadora Gwendolyn Slover, de 69 anos, que mora Summerside, na
província da Ilha do Príncipe Eduardo, o apelo do candidato liberal é
"desconcertante".
"Muitas
pessoas acham que Mark Carney é uma espécie de Messias", avalia ela.
"Trata-se
do mesmo partido, ele é só uma pessoa. E não vai mudar nada."
Já os
apoiadores de Carney veem um currículo forte e uma postura que acalmou
ansiedades diante das ameaças de Trump sobre as tarifas elevadas e as repetidas
sugestões de que o país deveria se tornar o 51º estado dos EUA.
"Estou
muito impressionado com a estabilidade e a seriedade do pensamento de Mark
Carney", afirmou Mike Brennan, de Kitchener, Ontário, enquanto aguardava
na fila para encontrar o líder liberal em um café em Cambridge, que fica a
cerca de uma hora de Toronto.
Brennan
se entende como um "liberal de longa data". Ele inicialmente não
planejava votar no partido nesta eleição devido à uma antipatia criada contra
Trudeau.
A saída
do ex-primeiro-ministro, que se tornou cada vez mais impopular ao longo de uma
década no poder, abriu "uma enorme válvula de escape", acredita
Shachi Kurl, presidente do Instituto Angus Reid, uma organização sem fins
lucrativos de pesquisa de opinião pública.
"Todos
esses liberais furiosos que pretendiam depositar seus votos no NDP [partido de
esquerda] ou nos conservadores começam a se reagrupar", disse ela.
Liberais
mais descontentes e outros eleitores progressistas migraram para o grupo de
Carney, impulsionados por Trump, o "personagem principal" desta
eleição, explica Kurl.
"As
ameaças, as conversas sobre anexação, tudo isso se tornou um grande motivador
para os eleitores de centro-esquerda."
E esse
contexto favoreceu Carney. Ele nunca havia ocupado um cargo público eletivo — e
esses meses à frente do governo após a saída de Trudeau serviram como uma
chance para ele se provar diante da opinião pública.
No
final de março, quando Trump anunciou taxas globais sobre importações de
automóveis estrangeiros, Carney marcou uma ligação com o presidente dos EUA e
se reuniu com representantes do governo americano.
Ele
também nunca havia sido testado em uma campanha eleitoral federal extenuante,
com viagens implacáveis, demandas de alta pressão e escrutínio diário da mídia.
No
entanto, na campanha eleitoral e no debate de alto risco com líderes
partidários, o desempenho dele foi considerado bom.
Poilievre,
em contraste, é um político veterano. Mas, num cenário político instável, os
conservadores pareciam ter dificuldade em se firmar, mudando a mensagem de
"o Canadá está quebrado" para "o Canadá em primeiro lugar".
Poilievre
teve que se defender das críticas de rivais políticos de que ele é um
"Trump light", com seu estilo combativo, suas promessas
de acabar com a "ideologia woke" e sua
disposição em enfrentar a "elite global".
"Tenho
uma história completamente diferente da de Donald Trump", afirmou ele.
Historicamente,
os canadenses votam em conservadores ou liberais, mas partidos menores — como o
NDP ou o Bloc Québécois, um partido soberanista que só apresenta candidatos na
província de Quebec — formaram, no passado, a oposição oficial.
Nesta
campanha, ambos definharam e enfrentam a possibilidade de perder várias
cadeiras na Câmara dos Comuns, à medida que eleitores ansiosos se voltam para
os dois principais partidos políticos.
Se os
liberais e os conservadores conseguirem obter mais de 38% dos votos no país,
como as pesquisas sugerem ser provável, será a primeira vez que isso acontecerá
desde 1975.
O NDP —
que ajudou a sustentar a minoria liberal no último governo — pediu aos
eleitores nos últimos dias de campanha que votem estrategicamente.
"Você
pode fazer a diferença entre Mark Carney obter uma supermaioria ou enviar um
número suficiente de novos democratas para Ottawa, para que possamos lutar e
defender as coisas com as quais você se importa", argumentou o líder da
sigla, Jagmeet Singh, no início desta semana.
A
campanha também destacou divisões crescentes em termos regionais.
Com
grande parte da campanha dominada pela relação EUA-Canadá e pela guerra
comercial, muitas outras questões — clima, imigração, reconciliação indígena —
ficaram em segundo plano.
Mesmo
quando as campanhas se concentraram em outros pontos, a discussão centrou-se no
futuro econômico do país.
Os dois
favoritos concordam em linhas gerais sobre as prioridades para o futuro: a
necessidade de romper com a dependência dos EUA; o desenvolvimento dos setores
de petróleo, gás e mineração; a proteção dos trabalhadores afetados por
tarifas; e o aumento dos gastos com defesa.
Mas
eles discordam sobre quem é a melhor pessoa para liderar o Canadá,
especialmente quando há tanta coisa em jogo.
"É
hora de experiência, não de experimentos", declarou Carney num discurso de
campanha.
"Podemos
escolher a mudança na segunda-feira. Podemos retomar o controle de nossas vidas
e construir um futuro brilhante", propôs Poilievre.
Fonte: g1/BBC News

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