terça-feira, 29 de abril de 2025

Trump é o presidente dos EUA com pior aprovação aos 100 dias mandato em 80 anos, diz pesquisa

Uma pesquisa do instituto Ipsos, do jornal "Washington Post" e da rede de TV ABC News, divulgada neste domingo (27) mostra que Donald Trump é o presidente dos Estados Unidos com pior aprovação aos 100 dias de mandato em 80 anos.

Veja os números:

  • Aprovam Trump: 39%
  • Desaprovam: 55%
  • Não responderam: 5%

Os números não somam 100% por conta de arredondamentos.

Sobre a economia do EUA, 73% disseram que ela está em má situação, 53% afirmaram que piorou desde que Trump tomou posse e 41% disseram que as suas finanças pessoais pioraram.

➡️A pesquisa foi feita com 2.464 adultos, entre 18 e 22 de abril de 2025, em inglês e espanhol. Uma parcela de 30% dos entrevistados se declarou democrata, 30% republicano e 29% independente.

Os resultados têm uma margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

<><> Inflação

O levantamento apontou que 62% dos americanos afirmam que os preços estão subindo, enquanto 71% disseram que as tarifas de importação impostas por Trump a parceiros comerciais, no início do mês, são um fator negativo para a inflação.

Durante a sua campanha, Trump prometeu controlar a alta de preços.

Uma parcela de 31% disse aceitar o argumento de Trump de que a economia vai emergir com uma base mais forte a longo prazo.

<><> Direitos e liberdade

A maioria (55%) dos ouvidos pela pesquisa duvidou do compromisso do governo Trump em proteger os direitos e as liberdades dos cidadãos, e 62% disseram não acreditar que a sua administração respeite o Estado de Direito.

Uma parcela 56% argumenta que ele agiu para além da sua autoridade como presidente, sem justificativa.

<><> Pesquisa da CNN

O canal de notícias norte-americano CNN també divulgou neste domingo uma pesquisa de opinião sobre a atual administração.

O levantamento, que foi conduzido pelo SSRS Finds, apontou que 41% aprovam a nova gestão do presidente Trump.

Esse é o menor índice para um presidente recém-eleito a 100 dias de mandato, desde pelo menos a administração de Dwight Eisenhower (1953-1961).

Outros 59% desaprovam o republicano

Foram ouvidos 1.678 eleitores em todos os Estados Unidos, entre os dias 17 e 24 de abril deste ano. A margem de erro da pesquisa é de 2,9 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Com o resultado, a aprovação da condução da presidência por Trump caiu 4 pontos desde março e ficou 7 pontos abaixo do registrado no final de fevereiro, indicou a CNN.

Além disso, apenas 22% afirmaram aprovar fortemente a forma com a qual Trump tem exercido a presidência dos EUA — um novo recorde negativo.

Trump tem registrado quedas notáveis em seus índices de aprovação desde março, principalmente entre mulheres e hispano-americanos. No período, os dois grupos registraram quedas de 7 p.p., indo para 36% e 28% de aprovação, respectivamente.

Ainda segundo a pesquisa, a percepção sobre ao trabalho do presidente norte-americano tem piorado significativamente em todas as principais questões que o republicano tentou abordar durante seu mandato até agora. A confiança do público em sua capacidade de lidar com essas questões também está em declínio.

Desde o início de março, os índices de aprovação de Trump em questões econômicas caíram significativamente, em meio à implementação do plano tarifário por parte do republicano, que gerou uma grande volatilidade nos mercados financeiros diante das preocupações de que as medidas possam trazer um novo aumento de preços e dos juros no país.

A pesquisa ainda apontou que 45% dos americanos acreditam que Trump não fez nada que efetivamente endereçasse os problemas dos Estados Unidos desde que iniciou o seu segundo mandato.

Além disso, 51% acreditam que o republicano está fazendo um mau trabalho em manter as importantes promessas feitas durante sua campanha presidencial, em 2024, e 57% afirmaram que as ações de Trump colocaram o país em risco de maneira desnecessária.

¨      Como Trump virou política do Canadá de cabeça pra baixo e pode mudar resultado da eleição

Em um comício realizado na sexta-feira (25/4) em London, na província de Ontário, a multidão vaiou enquanto Mark Carney proferia a mensagem principal de campanha, que foca numa ameaça existencial enfrentada pelo Canadá.

"O presidente [dos EUA Donald] Trump está tentando nos destruir para que a América possa nos dominar", alertou o líder do Partido Liberal.

"Nunca", gritaram seus apoiadores.

Muitos agitavam bandeiras canadenses presas com fita adesiva em tacos de hóquei no gelo.

Níveis semelhantes de paixão também foram demonstrados num sindicato da região de Toronto, onde Pierre Poilievre cumprimentou apoiadores entusiasmados no início da semana.

O líder conservador atraiu grandes multidões para comícios em todo o país, onde o mote Bring it Home ("Traga para Casa", em tradução livre) é um chamado tanto para escolher por uma mudança de governo quanto para acenar à onda de patriotismo canadense diante das ameaças tarifárias dos Estados Unidos.

Nas horas finais de uma campanha que durou 36 dias, a sombra de Donald Trump paira sobre tudo.

O vencedor das eleições marcadas para segunda-feira (27/4) provavelmente será o partido capaz de convencer os eleitores de que tem um plano para lidar com o presidente americano.

E as últimas pesquisas sugerem que os liberais sustentam uma pequena vantagem na reta final.

Ainda assim, Trump não é o único fator em jogo — ele foi mencionado apenas uma vez no discurso de campanha de Poilievre.

O líder conservador tem se concentrado mais nos eleitores descontentes com o que chama de "década liberal perdida", ao prometer mudanças em um governo que ele culpa pela escassez de moradias e pela economia lenta, além de uma dificuldade para lidar com questões sociais como a criminalidade e a crise do fentanil.

O discurso dele repercute entre eleitores como Eric e Carri Gionet, de Barrie, Ontário. O casal têm duas filhas na casa dos 20 anos e contou que participava do primeiro comício político.

"Estamos financeiramente bem seguros, mas me preocupo com eles [a próxima geração]", disse Eric Gionet.

Embora ele e a esposa pudessem comprar a primeira casa ainda jovens, relata o homem, "não há perspectiva" de que as filhas conseguirão fazer o mesmo.

"Estou animada por estar aqui", disse Carri Gionet. "Estou esperançosa."

Explorar a frustração dos eleitores ajudou partidos de oposição a tirar governos do poder em democracias ao redor do mundo.

E tudo levava a crer que o Canadá seguiria esse mesmo exemplo.

No ano passado, os conservadores mantiveram uma vantagem de 20 pontos percentuais sobre os liberais governistas nas pesquisas de intenção de voto durante meses.

O futuro de Poilievre como o próximo primeiro-ministro do país parecia garantido.

No entanto, uma série de ondas de choque que se sucederam rapidamente a partir do início de 2025 virou o cenário político canadense de cabeça para baixo.

Alguns exemplos foram a renúncia de Justin Trudeau, a subsequente ascensão de Carney à liderança liberal e o retorno de Trump à Casa Branca com as ameaças e as tarifas que se seguiram.

Quando a eleição foi convocada em meados de março, os liberais de Carney estavam empatados com os conservadores nas pesquisas.

Já no início de abril, o partido aparecia ligeiramente à frente, como sugerem as pesquisas nacionais.

Foi uma reviravolta impressionante. Aparentemente mortos e enterrados, os liberais agora acreditam que podem vencer uma quarta eleição consecutiva — e até mesmo obter a maioria no Parlamento.

Carney se apresenta como o homem mais preparado para enfrentar este momento crítico: um banqueiro estável que ajudou a conduzir a economia do Canadá durante a crise financeira de 2008 e, posteriormente, a do Reino Unido durante o Brexit.

Para a eleitora conservadora Gwendolyn Slover, de 69 anos, que mora Summerside, na província da Ilha do Príncipe Eduardo, o apelo do candidato liberal é "desconcertante".

"Muitas pessoas acham que Mark Carney é uma espécie de Messias", avalia ela.

"Trata-se do mesmo partido, ele é só uma pessoa. E não vai mudar nada."

Já os apoiadores de Carney veem um currículo forte e uma postura que acalmou ansiedades diante das ameaças de Trump sobre as tarifas elevadas e as repetidas sugestões de que o país deveria se tornar o 51º estado dos EUA.

"Estou muito impressionado com a estabilidade e a seriedade do pensamento de Mark Carney", afirmou Mike Brennan, de Kitchener, Ontário, enquanto aguardava na fila para encontrar o líder liberal em um café em Cambridge, que fica a cerca de uma hora de Toronto.

Brennan se entende como um "liberal de longa data". Ele inicialmente não planejava votar no partido nesta eleição devido à uma antipatia criada contra Trudeau.

A saída do ex-primeiro-ministro, que se tornou cada vez mais impopular ao longo de uma década no poder, abriu "uma enorme válvula de escape", acredita Shachi Kurl, presidente do Instituto Angus Reid, uma organização sem fins lucrativos de pesquisa de opinião pública.

"Todos esses liberais furiosos que pretendiam depositar seus votos no NDP [partido de esquerda] ou nos conservadores começam a se reagrupar", disse ela.

Liberais mais descontentes e outros eleitores progressistas migraram para o grupo de Carney, impulsionados por Trump, o "personagem principal" desta eleição, explica Kurl.

"As ameaças, as conversas sobre anexação, tudo isso se tornou um grande motivador para os eleitores de centro-esquerda."

E esse contexto favoreceu Carney. Ele nunca havia ocupado um cargo público eletivo — e esses meses à frente do governo após a saída de Trudeau serviram como uma chance para ele se provar diante da opinião pública.

No final de março, quando Trump anunciou taxas globais sobre importações de automóveis estrangeiros, Carney marcou uma ligação com o presidente dos EUA e se reuniu com representantes do governo americano.

Ele também nunca havia sido testado em uma campanha eleitoral federal extenuante, com viagens implacáveis, demandas de alta pressão e escrutínio diário da mídia.

No entanto, na campanha eleitoral e no debate de alto risco com líderes partidários, o desempenho dele foi considerado bom.

Poilievre, em contraste, é um político veterano. Mas, num cenário político instável, os conservadores pareciam ter dificuldade em se firmar, mudando a mensagem de "o Canadá está quebrado" para "o Canadá em primeiro lugar".

Poilievre teve que se defender das críticas de rivais políticos de que ele é um "Trump light", com seu estilo combativo, suas promessas de acabar com a "ideologia woke" e sua disposição em enfrentar a "elite global".

"Tenho uma história completamente diferente da de Donald Trump", afirmou ele.

Historicamente, os canadenses votam em conservadores ou liberais, mas partidos menores — como o NDP ou o Bloc Québécois, um partido soberanista que só apresenta candidatos na província de Quebec — formaram, no passado, a oposição oficial.

Nesta campanha, ambos definharam e enfrentam a possibilidade de perder várias cadeiras na Câmara dos Comuns, à medida que eleitores ansiosos se voltam para os dois principais partidos políticos.

Se os liberais e os conservadores conseguirem obter mais de 38% dos votos no país, como as pesquisas sugerem ser provável, será a primeira vez que isso acontecerá desde 1975.

O NDP — que ajudou a sustentar a minoria liberal no último governo — pediu aos eleitores nos últimos dias de campanha que votem estrategicamente.

"Você pode fazer a diferença entre Mark Carney obter uma supermaioria ou enviar um número suficiente de novos democratas para Ottawa, para que possamos lutar e defender as coisas com as quais você se importa", argumentou o líder da sigla, Jagmeet Singh, no início desta semana.

A campanha também destacou divisões crescentes em termos regionais.

Com grande parte da campanha dominada pela relação EUA-Canadá e pela guerra comercial, muitas outras questões — clima, imigração, reconciliação indígena — ficaram em segundo plano.

Mesmo quando as campanhas se concentraram em outros pontos, a discussão centrou-se no futuro econômico do país.

Os dois favoritos concordam em linhas gerais sobre as prioridades para o futuro: a necessidade de romper com a dependência dos EUA; o desenvolvimento dos setores de petróleo, gás e mineração; a proteção dos trabalhadores afetados por tarifas; e o aumento dos gastos com defesa.

Mas eles discordam sobre quem é a melhor pessoa para liderar o Canadá, especialmente quando há tanta coisa em jogo.

"É hora de experiência, não de experimentos", declarou Carney num discurso de campanha.

"Podemos escolher a mudança na segunda-feira. Podemos retomar o controle de nossas vidas e construir um futuro brilhante", propôs Poilievre.

 

Fonte: g1/BBC News 

 

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