quarta-feira, 30 de abril de 2025

Fumar, beber e sedentarismo: danos à saúde surgem antes dos 40, diz estudo

Os efeitos negativos relacionados ao tabagismo, do consumo do álcool e da falta de exercício físico podem ser sentidos a partir dos 36 anos, segundo uma nova pesquisa publicada na revista Annals of Medicine (Elevate). O estudo reforça que esses maus hábitos devem ser combatidos o mais cedo possível para aumentar as chances de um envelhecimento saudável.

Para chegar às conclusões, pesquisadores da Finlândia usaram um estudo longitudinal de longa duração, no qual centenas de crianças que nasceram em Jyväskylä, uma cidade finlandesa, em 1959 foram acompanhadas desde a infância até o início dos 60 anos.

A equipe analisou a saúde mental e física desses participantes por meio de dados coletados de pesquisas e exames médicos em diferentes pontos da vida: aos 27 anos (326 participantes) e novamente aos 36, 42, 50 e 61 anos (206 participantes).

Para avaliar a saúde mental, eles utilizaram pesquisas sobre sintomas de depressão e bem-estar psicológico. Já a saúde física foi avaliada pela criação de uma pontuação de risco metabólico com base na pressão arterial, circunferência da cintura e níveis de açúcar no sangue, colesterol e outras gorduras no sangue. Foi avaliada, ainda, a auto-saúde, ou seja, como os participantes classificaram seu estado de saúde no último ano.

Somado a isso, três comportamentos de risco foram analisados: tabagismo, consumo excessivo de álcool (definido como consumo de pelo menos 7.000 g/875 unidades de álcool por ano para mulheres e 10.000 g/1.250 unidades por ano para homens) e sedentarismo (praticar exercícios menos de uma vez por semana).

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Os pesquisadores concluíram que, se uma pessoa tivesse todos esses três hábitos, em um determinado momento da vida tanto a saúde física quanto a mental seria pior do que se ela não tivesse nenhum desses comportamentos. Além disso, os efeitos negativos foram aparentes nos participantes do estudo na faixa dos 35 anos.

“Doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardíacas e câncer, causam quase três quartos das mortes em todo o mundo”, afirma Tiia Kekäläinen, autora principal do estudo e cientista da saúde com interesse específico no envelhecimento, em comunicado. “Mas, ao adotar um estilo de vida saudável, o indivíduo pode reduzir o risco de desenvolver essas doenças e diminuir as chances de morte precoce.”

“Nossas descobertas destacam a importância de combater comportamentos de risco à saúde, como fumar, beber em excesso e inatividade física, o mais cedo possível para evitar que os danos que eles causam se acumulem ao longo dos anos, culminando em problemas de saúde mental e física mais tarde na vida”, completa.

Os autores reforçam que nunca é tarde para adotar hábitos mais saudáveis. Praticar atividades físicas, alimentar-se de forma saudável e evitar o tabagismo e o consumo de álcool na meia-idade pode trazer benefícios para a velhice, segundo os pesquisadores.

Apesar das descobertas, o estudo é observacional, ou seja, não consegue provar que os comportamentos de risco estavam fomentando problemas de saúde, e não o contrário.

As limitações do estudo incluem classificar cada um dos três hábitos como igualmente prejudiciais à saúde, em vez de ponderá-los. Os autores também reconhecem que analisaram apenas três tipos de comportamento e dizem que outros fatores, como dieta, devem ser incluídos em estudos futuros.

•        Praticar atividade física ajuda a controlar o apetite, aponta estudo

Que uma rotina ativa ajuda a aumentar a queima de calorias não é novidade para ninguém. Mas os benefícios da malhação para quem quer emagrecer podem ir além. Segundo um estudo da Universidade Murdoch, na Austrália, os exercícios levariam também a uma redução no apetite.

Publicada em dezembro no periódico científico The Physiological Society, a pesquisa é pequena: envolveu 11 homens jovens, com idades entre 20 e 24 anos, sedentários e com obesidade. Eles passaram por uma série de avaliações, para aferir níveis de colesterol, percentual de gordura e a circunferência da cintura. Também responderam a questionários sobre hábitos alimentares e a prática de atividade física.

Após as medições, os voluntários receberam um café da manhã padrão e aguardaram uma hora para a digestão. Em seguida, foram submetidos a um teste de atividade física com um cicloergômetro, uma espécie de bicicleta ergométrica. Nesse equipamento, fizeram cinco minutos de aquecimento e, depois, receberam uma carga de estímulo que aumentava a cada dois minutos, até a exaustão. Enquanto isso, o consumo de oxigênio, a produção de dióxido de carbono e a frequência cardíaca dos voluntários eram monitorados.

Os pesquisadores constataram que, em resposta à contração dos músculos, substâncias como a interleucina-6 e a irisina, que controlam o apetite, foram liberadas e agiram de maneira mais intensa ao longo de 40 minutos, aproximadamente, após o treino.

Apesar de o número de participantes do estudo ser pequeno e o trabalho ser focado em um grupo de pessoas com um perfil específico, especialistas ouvidos pela Agência Einstein ressaltam que esses resultados relevantes.

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“Realmente o número de voluntários avaliados é muito pequeno, mas o estudo traz informações interessantes sobre os fatores referentes à influência dos exercícios sobre a fome e a saciedade e ratifica outros trabalhos que já demonstraram essa relação — que, inclusive, podemos comprovar na nossa prática clínica, em especial quando se trata de exercícios aeróbicos de intensidade moderada”, diz a endocrinologista Deborah Beranger, do Rio de Janeiro.

O endocrinologista Carlos André Minanni, coordenador médico do check-up e da pós-graduação em endocrinologia do Hospital Israelita Albert Einstein, destaca outros achados da pesquisa. “De fato, esse estudo adiciona dados relevantes aos mecanismos pelos quais a atividade física modula a fome, incluindo alterações hormonais, elevação da temperatura e do fluxo sanguíneo, e a redução do neuropeptídeo Y (NPY), um conhecido estimulante do apetite no sistema nervoso”, comenta.

Contudo, são necessários mais estudos para entender como esses resultados se aplicam na população em geral. “Os efeitos são variados dependendo do tipo de exercício, da duração, da intensidade, do condicionamento prévio, da genética e da alimentação da pessoa, entre outros fatores”, observa Minanni.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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