quinta-feira, 18 de abril de 2024


 X Brasil avisa STF que entregou ao Congresso dos EUA cópia de decisões sigilosas de Moraes

A defesa do X Brasil enviou documento ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes informando que entregou ao Congresso dos Estados Unidos cópias de decisões sigilosas do magistrado que pediam cancelamento de perfis, entre outras medidas. O X informou ainda que repassou os documentos por solicitação do Comitê de Assuntos Judiciários da Câmara de Deputados daquele país e pediu que todo o material permanecesse sigiloso.

Em ofício direcionado a Moraes, a plataforma prometeu ainda que as ordens da Corte e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) permanecem e continuarão a ser integralmente cumpridas pela X Corp., empresa de Elon Musk, dono da rede social.

O documento assinado pelo escritório Pinheiro Neto Advogados e enviado no último sábado, 13, ao ministro é em relação aos “princípios da transparência e da cooperação”, como mostra texto.

Segundo a defesa, a documentação refere-se à moderação, exclusão, supressão, restrição ou redução da circulação de conteúdo; a remoção ou bloqueio de contas; o desenvolvimento, execução ou aplicação das políticas de moderação de conteúdo da X Corp.; o tratamento pela X Corp. da exatidão ou veracidade de conteúdo; “ou a atribuição de conteúdo à fonte ou ao participante de uma operação de influência estrangeira maligna ou patrocinada pelo Estado”.

O documento ainda destaca que a X Corp., ao cumprir o objeto do Ofício, registrou à autoridade norte-americana que os referidos documentos solicitados são confidenciais, além de se encontrarem resguardados por sigilo judicial. “Por esta razão, a X Corp. solicitou que a autoridade norte-americana mantenha e respeite a confidencialidade e o sigilo dos documentos produzidos”.

Em contramão da representante da rede social, Elon Musk continua utilizando de seu perfil no X para tecer críticas ao ministro. Nesta segunda-feira, Musk afirmou que Moraes exige que a rede viole as leis brasileiras. “As leis dos Estados Unidos impedem o X de participar de corrupção que viole as leis de outros países, que é o que Alexandre de Moraes está exigindo que façamos”, escreveu marcando a conta oficial do ministro.

A disputa entre Musk e Moraes acontece desde o dia 6 deste mês, quando o bilionário afirmou que removeria as restrições em alguns perfis no X determinadas pelo ministro e que ele deveria “renunciar ou sofrer um impeachment” por “trair descaradamente e repetidamente a Constituição e a população do Brasil”.

Em resposta, Moraes incluiu o empresário como investigado no inquérito das milícias digitais por “dolosa instrumentalização” da rede social. O ministro também ordenou a abertura de um inquérito à parte sobre Elon Musk por suposta obstrução de Justiça “inclusive em organização criminosa e incitação ao crime”.

        Moraes determina que PF tome depoimento de representantes da rede social X no Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta terça-feira que a Polícia Federal tome o depoimento de representantes da rede social X no Brasil.

A decisão de Moraes ocorreu em inquérito aberto por Moraes contra o dono do X, o bilionário Elon Musk, após ele ter ameaçado descumprir ordens judiciais de bloqueio de contas da rede social.

O magistrado atendeu a pedido de diligências que havia sido requerido pela Procuradoria-Geral da República.

A PGR quer saber dos representantes legais do X no Brasil se Musk tem poderes para determinar a reativação de perfis de usuários que foram proibidos de atuar por determinação da Justiça brasileira e se assim procedeu.

O órgão também quer saber se a empresa já realizou algum levantamento de bloqueio de perfil suspenso nesse tipo de situação. Caso tenha ocorrido, que se informe quem foi o responsável por essa ordem, além de ser necessário revelar "quais os perfis proscritos que voltaram a se tornar operantes".

Por ora, segundo uma fonte da PF, não foi marcado o depoimento de representantes da rede social.

Na véspera, a Reuters havia noticiado que a defesa no Brasil da plataforma X, o antigo Twitter, havia informado a Moraes que a rede vai continuar a cumprir integralmente quaisquer ordens emitidas pela corte e também pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No documento, a filial brasileira do X também informou ao STF que a X Corp, dos Estados Unidos, foi intimada pelo Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados dos EUA a fornecer informações sobre as ordens do Supremo brasileiro em relação à moderação de conteúdo, e comprometeu-se a manter Moraes informado de quaisquer informações que recebesse sobre o tema "em cumprimento ao seu dever de transparência e lealdade processual".

Moraes determinou a abertura de inquérito contra Musk por crimes de obstrução de Justiça, inclusive em organização criminosa, e incitação ao crime depois de ele ter dito que publicaria as demandas do magistrado e supostamente mostraria como essas solicitações violariam "a lei brasileira".

A última manifestação da defesa do X do Brasil destoa da posição inicialmente adotada pela plataforma no caso. Advogados do X chegaram a pedir uma isenção sobre o caso e queriam que Moraes tratasse diretamente com a matriz da companhia nos EUA ao alegarem que não tinham qualquer capacidade de interferir na administração da plataforma, tampouco autoridade sobre decisões relativas a ordens judiciais.

O ministro do Supremo, contudo, rejeitou o pedido do X do Brasil e chegou a dizer que a posição inicial beirava a má-fé.

 

Ø  Comitê da Câmara dos EUA divulga relatório com decisões de processos sigilosos do STF envolvendo 'X' e outras redes

 

O Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos divulgou um relatório com decisões de processos sigilosos do Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo o "X" (antigo Twitter) e outras redes sociais. O documento foi disponibilizado na noite desta quarta-feira (17).

A maioria dos membros do comitê é do Partido Republicano, que faz oposição ao governo do presidente Joe Biden. Em um comunicado, o órgão aproveitou o embate envolvendo o X de Elon Musk e a Justiça brasileira para criticar Biden.

O documento, intitulado de "O ataque à liberdade de expressão no exterior e o silêncio do governo Biden: o caso do Brasil”, afirma que há uma "censura forçada" do governo do Brasil contra o X.

Além disso, o relatório afirma que os governos do Brasil e dos Estados Unidos têm buscado silenciar críticos na internet.

De acordo com o comunicado do comitê, o relatório conta com 88 decisões, sendo 51 do ministro Alexandre de Moraes expedidas com ordens ao X. Os despachos foram expedidos pelo STF, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) entre 2021 e 2024.

Dos despachos do relatório, 49 são referentes a 25 petições ou inquéritos do Supremo Tribunal Federal. Os demais processos são do TSE ou do TRE de Rondônia e Mato Grosso.

De acordo com a pesquisa pública consultada pelo g1, dos processos que correm no STF:

  • 16 petições e 3 inquéritos estão sinalizados com sigilosos;
  • três petições estão sinalizadas como segredo de justiça;
  • duas petições e um inquérito estão sinalizados como públicos.

Entre as decisões estão ordens de Moraes para a suspensão de contas no Twitter, Instagram e Facebook. Segundo o relatório, o ministro mandou o X suspender ou remover cerca de 150 contas da plataforma.

Em um dos despachos, por exemplo, o ministro determina a suspensão de uma conta que estava sendo confundida com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no contexto dos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. A decisão atendeu a um pedido do Conselho Federal da OAB.

No relatório, o comitê afirmou que o Congresso dos Estados Unidos deve agir para proteger a liberdade de expressão.

"Os ataques à liberdade de expressão no estrangeiro servem de alerta para a América. Desde o seu compromisso público com a liberdade de expressão, Elon Musk tem enfrentado críticas e ataques de governos de todo o mundo, incluindo os Estados Unidos", diz o relatório.

O g1 entrou em contato com o STF e aguarda retorno.

·        Musk x Moraes

No dia 6 de abril, Elon Musk usou a própria rede social para acusar Alexandre de Moraes de censura e de ameaçar prender funcionários da rede social no Brasil. Ele também disse que poderia reativar perfis bloqueados por determinações judiciais.

No dia seguinte, Moraes determinou que a conduta de Elon Musk fosse investigada e ordenou que o antigo Twitter não desobedeça às decisões judiciais, sob pena de multa de R$ 100 mil para cada perfil bloqueado que for reativado.

Na decisão, Moraes afirmou ter visto indícios de obstrução de Justiça e incitação ao crime nas atitudes de Musk. Além disso, o ministro entendeu que o bilionário usou as redes sociais para espalhar desinformação e desestabilizar instituições do Estado Democrático de Direito.

"Na presente hipótese, portanto, está caracterizada a utilização de mecanismos ilegais por parte do 'X'; bem como a presença de fortes indícios de dolo do CEO da rede social 'X', Elon Musk, na instrumentalização criminosa anteriormente apontada e investigada em diversos inquéritos", escreveu.

Em outro trecho da decisão, o ministro escreveu em letras maiúsculas:

"AS REDES SOCIAIS NÃO SÃO TERRA SEM LEI! AS REDES SOCIAIS NÃO SÃO TERRA DE NINGUÉM!"

Após a decisão de Moraes, Elon Musk fez novos ataques ao ministro. O bilionário publicou que Moraes é um "ditador brutal" e que tem o presidente Lula "na coleira".

Depois dos ataques de Musk a Moraes, o governo decidiu suspender novas campanhas de publicidade no X.

Na segunda-feira (15), a defesa do X no Brasil afirmou que vai continuar a cumprir integralmente quaisquer ordens emitidas pela Corte e também pelo Tribunal Superior Eleitoral.

 

       Elon Musk diz que novos usuários da rede X terão que pagar para publicar mensagens

 

Os novos usuários do X, antigo Twitter, terão que pagar “pequenas taxas” para publicar mensagens na plataforma durante três meses, afirmou o dono da rede social, Elon Musk, em publicação na plataforma na noite de segunda-feira, 15.

A medida afetará apenas os novos usuários da plataforma, que “poderão escrever gratuitamente após três meses”, afirmou ele.

“Infelizmente, pequenas taxas para novos usuários escreverem é a única maneira de combater o ataque implacável de ‘bots’ (contas automatizadas)”, escreveu o bilionário.

“A inteligência artificial de hoje (e as fábricas de trolls) passam facilmente no teste ‘você é um robô?’”, explicou ele.

Elon Musk, que comprou o X em 2022, quando ainda se chamava Twitter, não especificou quanto custarão essas tarifas, nem a data em que serão impostas, nem os países envolvidos.

O X já lançou uma medida semelhante na Nova Zelândia e nas Filipinas em outubro, onde novos usuários têm que pagar respectivamente US$ 0,75 (cerca de R$ 3,90) e US$ 0,85 (cerca de R$ 4,40) por serviços básicos, como publicar mensagens.

Quem se recusa a pagar só tem acesso à função “leitura” da plataforma.

Esta medida já buscava reduzir o “spam” (mensagens não solicitadas) e a “manipulação da plataforma e da atividade dos ‘bots’”, indicou a rede.

Desde que Musk comprou a rede social, a moderação de conteúdo foi drasticamente reduzida e isso fez com que a atividade de “bots”, contas falsas que espalham desinformação e falsos rumores, aumentasse no X.

Muitos anunciantes abandonaram a rede social. O seu valor passou de US$ 44 bilhões para US$ 20 bilhões e as receitas publicitárias foram reduzidas pela metade, conforme indicou Elon Musk em um documento interno revelado no final de março e ao qual vários veículos de comunicação americanos tiveram acesso.

Para contrariar este fenômeno, o X lançou formas de pagamento em 2023 para a obtenção de selos de verificação e para ocultar publicidade.

 

Fonte: Agencia Estado/g1/Reuters/AFP

Nenhum comentário: