quinta-feira, 4 de abril de 2024

Tentativa da OTAN de assumir o controle do Grupo de Defesa da Ucrânia parece inviável

O grupo foi formado no início de 2022 para reforçar militarmente a Ucrânia, mas já dá sinais de colapso. A última reunião, no final de janeiro, terminou sem a aprovação de qualquer financiamento dos EUA para a Ucrânia.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) pretende assumir o controle do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia (UDCG, na sigla em inglês), liderado pelos EUA, que coordena o envio de armas a Kiev, informou o Politico, citando fontes não identificadas.

A questão será discutida durante a reunião dos ministros das Relações Exteriores da OTAN em Bruxelas, nesta quarta (3) e quinta-feira (4), e espera-se que seja finalizada na cúpula de líderes da OTAN em Washington, em julho.

A transferência da UDCG para a OTAN pode apresentar desafios devido a vários fatores, incluindo as diferenças de opiniões e capacidades entre os EUA e os aliados no que diz respeito ao fornecimento financeiro e militar à Ucrânia, bem como às crises internas que afetam inevitavelmente a política externa.

·        Término do financiamento dos EUA para a Ucrânia

Em dezembro, o Departamento de Defesa dos EUA sinalizou que não seria capaz de enviar quaisquer armas adicionais dos seus arsenais para Kiev até que o Congresso destinasse fundos adicionais. Embora o Senado tenha aprovado um pacote suplementar de US$ 95 bilhões (cerca de R$ 481,8 bilhões), incluindo fundos adicionais para a Ucrânia, a legislação está paralisada na Câmara há meses.

Em segundo lugar, com a queda dos índices de aprovação de Joe Biden, existe um cenário de possível reeleição, no início de novembro, do ex-presidente Donald Trump, que tem repetidamente repreendido os membros da OTAN por não terem cumprido as suas obrigações financeiras para com a aliança.

De acordo com o The New York Times, há "uma enorme incerteza e ansiedade" em toda a Europa e entre os "apoiadores norte-americanos do papel tradicional da política externa do país" de que, se reeleito, Trump possa retirar os EUA da OTAN.

·        Desentendimentos dentro da Aliança Atlântica

Outro fator que pode complicar o controle do organismo pela OTAN é a situação atual de alguns membros, como a Hungria, que se opõem ao fornecimento de armas à Ucrânia.

Além disso, há alegadamente pessoas no Ocidente que têm sido cautelosas em relação a quaisquer medidas que impliquem o papel direto da OTAN no conflito na Ucrânia. Moscou alertou repetidamente que a ajuda militar dos EUA e dos seus aliados da OTAN a Kiev torna a aliança uma parte do impasse.

Eleições que impactam as políticas da UE

Por último, mas não menos importante, nas próximas eleições para o Parlamento Europeu de 2024 é possível que haja "uma grande mudança para os partidos populistas de direita em muitos países", de acordo com o Conselho Europeu de Relações Exteriores.

Tal cenário "provavelmente terá consequências significativas para as políticas a nível europeu" e "afetará as escolhas de política externa que a União Europeia [UE] possa fazer", especialmente as relativas à Ucrânia, destacou o conselho.

 

Ø  Kremlin: afirmações de Zelensky sobre suposta mobilização russa são falsas

 

"Isso não é verdade", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, sobre a declaração dada por Zelensky de que Moscou estaria se preparando para enviar mais 300 mil soldados para o campo de batalha.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou nesta quarta-feira (3) as declarações do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, sobre um suposto plano da Rússia para enviar centenas de milhares de novos soldados para a frente de batalha.

"Isso não é verdade", disse Peskov em entrevista à agência russa Tass, após ser questionado sobre o assunto.

Mais cedo, em uma coletiva conjunta com o presidente finlandês, Alexander Stubb, Zelensky disse que não sabia quantos soldados exatamente a Ucrânia precisa recrutar, mas afirmou que a Rússia está se preparando para mobilizar mais de 300 mil soldados até o dia 1º de junho.

Em dezembro, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que a Rússia tem 617 mil soldados lutando contra Kiev na operação militar especial, dos quais 250 mil foram convocados da reserva no outono de 2022. Na ocasião, ele ressaltou que Moscou não pretende realizar um novo recrutamento.

Nesta quarta-feira, o Ministério da Defesa russo informou que mais de 100 mil cidadãos russos se voluntariaram para lutar contra o regime de Kiev desde o início do ano, dos quais 16 mil se inscreveram após os ataques terroristas ao Crocus City Hall, em 22 de março.

"Durante as entrevistas realizadas na semana passada, a maioria dos candidatos disse que o seu principal motivo para se voluntariar foi o desejo de vingar os mortos na tragédia que ocorreu em 22 de março de 2024, na região de Moscou", disse o órgão em comunicado.

A Ucrânia, por outro lado, vem tentando contornar a escassez de soldados no campo de batalha, causada por morte em confronto com forças russas ou por rendição. Na terça-feira (2), Zelensky assinou uma lei que elimina a necessidade de aptidão física para ingressar no serviço militar, e outra para reduzir a idade mínima para o recrutamento militar, de 27 para 25 anos. Ademais, a Ucrânia discute um projeto de lei que visa permitir que presos obtenham liberdade condicional para reforçar a linha de frente.

•        França pode mobilizar 1.500 soldados para a Ucrânia ainda neste mês, alerta MRE russo

Paris pode mobilizar 1.500 soldados neste mês para transferi-los para a Ucrânia, disse a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.

Em meados de março, a inteligência russa, através do Serviço de Inteligência Externa (SVR, na sigla em russo), já havia alertado para o fato de que um contingente francês de cerca de 2 mil militares poderia seguir para o território ucraniano.

"Há novas informações de que Paris está preparando um contingente militar para enviar à Ucrânia. Para isso, no início de março, o comando da Legião Estrangeira Francesa aprovou a composição de um grupo tático de batalhão de cerca de 1.500 soldados", disse Zakharova nesta quarta-feira (3).

A diplomata acrescentou que "o grupo deverá estar em plena prontidão de combate" em abril para se deslocar à zona de operações militares.

No final de fevereiro, o presidente da França, Emmanuel Macron, sugeriu ter debatido com líderes de alguns países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) o possível envio de soldados à Ucrânia, mas, ao que tudo indica, não foi alcançado consenso.

Vários Estados-membros da Aliança Atlântica, incluindo Alemanha, Bulgária, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, Polônia, República Tcheca e outros, se distanciaram do comentário do francês e rejeitaram publicamente que enviariam seus soldados.

Comentando as palavras do presidente francês, o Kremlin indicou que tal desenvolvimento levaria inevitavelmente a um confronto militar direto entre a Rússia e a OTAN.

O porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov, descreveu o simples fato de discutir a possibilidade de enviar "alguns contingentes para a Ucrânia" como uma novidade importante.

¨      Macron: Ocidente não precisa intervir se tropas francesas forem atacadas na Ucrânia

O presidente francês Emmanuel Macron disse aos aliados ocidentais que não haveria necessidade de as forças da OTAN ou dos EUA entrarem no campo de batalha ucraniano se a Rússia tivesse como alvo os soldados franceses destacados na área, informou a mídia dos EUA nesta quarta-feira (3), citando autoridades norte-americanas não identificadas.

No final de fevereiro, na sequência de uma conferência sobre a Ucrânia organizada em Paris, Macron disse que os líderes ocidentais discutiram a possibilidade de enviar tropas para a Ucrânia e, embora não tenha sido alcançado consenso a este respeito, nada poderia ser descartado.

A administração do presidente dos EUA, Joe Biden, está preocupada com possíveis ataques russos contra quaisquer forças francesas estacionadas na Ucrânia, uma vez que tais circunstâncias poderiam levar ao envolvimento total da França no conflito juntamente com outros aliados, afirma a apuração. No entanto, Macron garantiu aos aliados que não havia necessidade de intervenção dos aliados da França, disseram autoridades norte-americanas.

Em fevereiro, Macron manteve conversas telefônicas com Biden e com o chanceler alemão Olaf Scholz, instando os aliados a adotarem uma posição de ambiguidade estratégica em relação à Rússia que lhes permitiria manter sobre a mesa todas as opções militares da sua política de apoio à Ucrânia, incluindo o envio de tropas, informou o Wall Street Journal (WSJ).

O presidente francês pediu aos aliados que abandonassem a sua política de "linhas vermelhas" em relação à Rússia, deixando ao encargo de Moscou adivinhar os futuros passos potenciais do Ocidente, noticiou o jornal, acrescentando que esta iniciativa contrasta com a abordagem de Biden de evitar ações que possam provocar Moscou e levar a uma escalada na crise.

Os Estados Unidos e a Alemanha rejeitaram a iniciativa de Macron, dizendo que corria o risco de aumentar as hostilidades, dividir aliados e envolver a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no lado do conflito ucraniano, informou o WSJ, acrescentando que Scholz alertou o líder francês contra tornar públicas tais ideias.

Na sequência das declarações de Macron após a conferência organizada em Paris, outros países da União Europeia (UE) se apressaram a rejeitar tais planos, com o chanceler alemão dizendo que a OTAN não tinha intenção de enviar as suas tropas para a Ucrânia. O Kremlin, em resposta aos comentários de Macron, disse que o envio de tropas da Aliança Atlântica para a Ucrânia tornaria inevitável um conflito direto entre a aliança e a Rússia.

De acordo com o Artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte, um ataque a um aliado é considerado um ataque contra toda a OTAN, o que permite a prestação de assistência adequada a qualquer membro quando atacado.

 

Ø  Rússia sabe que há mercenários suecos lutando ao lado da Ucrânia, afirma MRE russo

 

Moscou está ciente da participação de mercenários da Suécia nas hostilidades pelo lado da Ucrânia, disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia à Sputnik.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Suécia, Tumas Vanesk, disse à Sputnik na semana passada que a Embaixada da Ucrânia em Estocolmo pode recrutar suecos para participarem das hostilidades porque não é ilegal de acordo com o direito internacional.

Quando solicitado a comentar estas declarações, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse à Sputnik que "o lado russo está ciente da participação de mercenários estrangeiros, incluindo suecos, nas hostilidades ao lado do regime neonazista de Kiev".

"As tentativas do Ministério das Relações Exteriores sueco de legitimar desajeitadamente estes 'soldados por dinheiro' e incitar mais cidadãos suecos a viajarem para a 'zona quente' desta forma mostram a completa indiferença de Estocolmo ao destino dos seus próprios cidadãos", afirmou o ministério russo.

O ministério acrescentou que, "apesar da atual ausência de referência à legião estrangeira ucraniana no site da Embaixada da Ucrânia na Suécia, dificilmente se pode ter dúvidas de que o recrutamento de suecos é realizado pela missão diplomática ucraniana através de outros canais".

"Como disse o Ministério da Defesa russo, o número total de mercenários suecos em território ucraniano chegava a 90 pessoas, dos quais 25 já foram mortos", disse o ministério.

O ministério aconselhou "lembrar isto a todos, e não apenas aos suecos, que estão traçando planos para se envolverem em atividades armadas contra as tropas russas na área de operações militares especiais", acrescentando que "as autoridades de países estrangeiros devem saber disto e ser responsáveis pelo seu destino".

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

 

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