Tentativa da OTAN de assumir o controle do
Grupo de Defesa da Ucrânia parece inviável
O grupo foi formado no
início de 2022 para reforçar militarmente a Ucrânia, mas já dá sinais de
colapso. A última reunião, no final de janeiro, terminou sem a aprovação de
qualquer financiamento dos EUA para a Ucrânia.
A Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN) pretende assumir o controle do Grupo de
Contato de Defesa da Ucrânia (UDCG, na sigla em inglês), liderado pelos EUA,
que coordena o envio de armas a Kiev, informou o Politico, citando fontes não
identificadas.
A questão será
discutida durante a reunião dos ministros das Relações Exteriores da OTAN em
Bruxelas, nesta quarta (3) e quinta-feira (4), e espera-se que seja finalizada
na cúpula de líderes da OTAN em Washington, em julho.
A transferência da
UDCG para a OTAN pode apresentar desafios devido a vários fatores, incluindo as
diferenças de opiniões e capacidades entre os EUA e os aliados no que diz
respeito ao fornecimento financeiro e militar à Ucrânia, bem como às crises
internas que afetam inevitavelmente a política externa.
·
Término do financiamento dos EUA para a
Ucrânia
Em dezembro, o
Departamento de Defesa dos EUA sinalizou que não seria capaz de enviar
quaisquer armas adicionais dos seus arsenais para Kiev até que o Congresso
destinasse fundos adicionais. Embora o Senado tenha aprovado um pacote
suplementar de US$ 95 bilhões (cerca de R$ 481,8 bilhões), incluindo fundos
adicionais para a Ucrânia, a legislação está paralisada na Câmara há meses.
Em segundo lugar, com
a queda dos índices de aprovação de Joe Biden, existe um cenário de possível
reeleição, no início de novembro, do ex-presidente Donald Trump, que tem
repetidamente repreendido os membros da OTAN por não terem cumprido as suas
obrigações financeiras para com a aliança.
De acordo com o The
New York Times, há "uma enorme incerteza e ansiedade" em toda a
Europa e entre os "apoiadores norte-americanos do papel tradicional da
política externa do país" de que, se reeleito, Trump possa retirar os EUA
da OTAN.
·
Desentendimentos dentro da Aliança
Atlântica
Outro fator que pode
complicar o controle do organismo pela OTAN é a situação atual de alguns
membros, como a Hungria, que se opõem ao fornecimento de armas à Ucrânia.
Além disso, há
alegadamente pessoas no Ocidente que têm sido cautelosas em relação a quaisquer
medidas que impliquem o papel direto da OTAN no conflito na Ucrânia. Moscou
alertou repetidamente que a ajuda militar dos EUA e dos seus aliados da OTAN a
Kiev torna a aliança uma parte do impasse.
Eleições que impactam
as políticas da UE
Por último, mas não
menos importante, nas próximas eleições para o Parlamento Europeu de 2024 é
possível que haja "uma grande mudança para os partidos populistas de
direita em muitos países", de acordo com o Conselho Europeu de Relações
Exteriores.
Tal cenário
"provavelmente terá consequências significativas para as políticas a nível
europeu" e "afetará as escolhas de política externa que a União
Europeia [UE] possa fazer", especialmente as relativas à Ucrânia, destacou
o conselho.
Ø
Kremlin: afirmações de Zelensky sobre
suposta mobilização russa são falsas
"Isso não é
verdade", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, sobre a declaração
dada por Zelensky de que Moscou estaria se preparando para enviar mais 300 mil
soldados para o campo de batalha.
O porta-voz do
Kremlin, Dmitry Peskov, negou nesta quarta-feira (3) as declarações do
presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, sobre um suposto plano da Rússia para
enviar centenas de milhares de novos soldados para a frente de batalha.
"Isso não é
verdade", disse Peskov em entrevista à agência russa Tass, após ser
questionado sobre o assunto.
Mais cedo, em uma
coletiva conjunta com o presidente finlandês, Alexander Stubb, Zelensky disse
que não sabia quantos soldados exatamente a Ucrânia precisa recrutar, mas
afirmou que a Rússia está se preparando para mobilizar mais de 300 mil soldados
até o dia 1º de junho.
Em dezembro, o
presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que a Rússia tem 617 mil soldados
lutando contra Kiev na operação militar especial, dos quais 250 mil foram
convocados da reserva no outono de 2022. Na ocasião, ele ressaltou que Moscou
não pretende realizar um novo recrutamento.
Nesta quarta-feira, o
Ministério da Defesa russo informou que mais de 100 mil cidadãos russos se
voluntariaram para lutar contra o regime de Kiev desde o início do ano, dos
quais 16 mil se inscreveram após os ataques terroristas ao Crocus City Hall, em
22 de março.
"Durante as
entrevistas realizadas na semana passada, a maioria dos candidatos disse que o
seu principal motivo para se voluntariar foi o desejo de vingar os mortos na
tragédia que ocorreu em 22 de março de 2024, na região de Moscou", disse o
órgão em comunicado.
A Ucrânia, por outro
lado, vem tentando contornar a escassez de soldados no campo de batalha,
causada por morte em confronto com forças russas ou por rendição. Na
terça-feira (2), Zelensky assinou uma lei que elimina a necessidade de aptidão
física para ingressar no serviço militar, e outra para reduzir a idade mínima
para o recrutamento militar, de 27 para 25 anos. Ademais, a Ucrânia discute um
projeto de lei que visa permitir que presos obtenham liberdade condicional para
reforçar a linha de frente.
• França pode mobilizar 1.500 soldados
para a Ucrânia ainda neste mês, alerta MRE russo
Paris pode mobilizar
1.500 soldados neste mês para transferi-los para a Ucrânia, disse a
representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria
Zakharova.
Em meados de março, a
inteligência russa, através do Serviço de Inteligência Externa (SVR, na sigla
em russo), já havia alertado para o fato de que um contingente francês de cerca
de 2 mil militares poderia seguir para o território ucraniano.
"Há novas
informações de que Paris está preparando um contingente militar para enviar à
Ucrânia. Para isso, no início de março, o comando da Legião Estrangeira
Francesa aprovou a composição de um grupo tático de batalhão de cerca de 1.500
soldados", disse Zakharova nesta quarta-feira (3).
A diplomata
acrescentou que "o grupo deverá estar em plena prontidão de combate"
em abril para se deslocar à zona de operações militares.
No final de fevereiro,
o presidente da França, Emmanuel Macron, sugeriu ter debatido com líderes de
alguns países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) o
possível envio de soldados à Ucrânia, mas, ao que tudo indica, não foi alcançado
consenso.
Vários Estados-membros
da Aliança Atlântica, incluindo Alemanha, Bulgária, Canadá, Espanha, Estados
Unidos, Finlândia, Polônia, República Tcheca e outros, se distanciaram do
comentário do francês e rejeitaram publicamente que enviariam seus soldados.
Comentando as palavras
do presidente francês, o Kremlin indicou que tal desenvolvimento levaria
inevitavelmente a um confronto militar direto entre a Rússia e a OTAN.
O porta-voz do
presidente russo, Dmitry Peskov, descreveu o simples fato de discutir a
possibilidade de enviar "alguns contingentes para a Ucrânia" como uma
novidade importante.
¨ Macron: Ocidente não precisa intervir se tropas francesas forem
atacadas na Ucrânia
O presidente francês
Emmanuel Macron disse aos aliados ocidentais que não haveria necessidade de as
forças da OTAN ou dos EUA entrarem no campo de batalha ucraniano se a Rússia
tivesse como alvo os soldados franceses destacados na área, informou a mídia dos
EUA nesta quarta-feira (3), citando autoridades norte-americanas não
identificadas.
No final de fevereiro,
na sequência de uma conferência sobre a Ucrânia organizada em Paris, Macron
disse que os líderes ocidentais discutiram a possibilidade de enviar tropas
para a Ucrânia e, embora não tenha sido alcançado consenso a este respeito, nada
poderia ser descartado.
A administração do
presidente dos EUA, Joe Biden, está preocupada com possíveis ataques russos
contra quaisquer forças francesas estacionadas na Ucrânia, uma vez que tais
circunstâncias poderiam levar ao envolvimento total da França no conflito
juntamente com outros aliados, afirma a apuração. No entanto, Macron garantiu
aos aliados que não havia necessidade de intervenção dos aliados da França,
disseram autoridades norte-americanas.
Em fevereiro, Macron
manteve conversas telefônicas com Biden e com o chanceler alemão Olaf Scholz,
instando os aliados a adotarem uma posição de ambiguidade estratégica em
relação à Rússia que lhes permitiria manter sobre a mesa todas as opções
militares da sua política de apoio à Ucrânia, incluindo o envio de tropas,
informou o Wall Street Journal (WSJ).
O presidente francês
pediu aos aliados que abandonassem a sua política de "linhas
vermelhas" em relação à Rússia, deixando ao encargo de Moscou adivinhar os
futuros passos potenciais do Ocidente, noticiou o jornal, acrescentando que
esta iniciativa contrasta com a abordagem de Biden de evitar ações que possam
provocar Moscou e levar a uma escalada na crise.
Os Estados Unidos e a
Alemanha rejeitaram a iniciativa de Macron, dizendo que corria o risco de
aumentar as hostilidades, dividir aliados e envolver a Organização do Tratado
do Atlântico Norte (OTAN) no lado do conflito ucraniano, informou o WSJ,
acrescentando que Scholz alertou o líder francês contra tornar públicas tais
ideias.
Na sequência das
declarações de Macron após a conferência organizada em Paris, outros países da
União Europeia (UE) se apressaram a rejeitar tais planos, com o chanceler
alemão dizendo que a OTAN não tinha intenção de enviar as suas tropas para a
Ucrânia. O Kremlin, em resposta aos comentários de Macron, disse que o envio de
tropas da Aliança Atlântica para a Ucrânia tornaria inevitável um conflito
direto entre a aliança e a Rússia.
De acordo com o Artigo
5.º do Tratado do Atlântico Norte, um ataque a um aliado é considerado um
ataque contra toda a OTAN, o que permite a prestação de assistência adequada a
qualquer membro quando atacado.
Ø
Rússia sabe que há mercenários suecos
lutando ao lado da Ucrânia, afirma MRE russo
Moscou está ciente da
participação de mercenários da Suécia nas hostilidades pelo lado da Ucrânia,
disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia à Sputnik.
O porta-voz do
Ministério das Relações Exteriores da Suécia, Tumas Vanesk, disse à Sputnik na
semana passada que a Embaixada da Ucrânia em Estocolmo pode recrutar suecos
para participarem das hostilidades porque não é ilegal de acordo com o direito
internacional.
Quando solicitado a
comentar estas declarações, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia
disse à Sputnik que "o lado russo está ciente da participação de
mercenários estrangeiros, incluindo suecos, nas hostilidades ao lado do regime
neonazista de Kiev".
"As tentativas do
Ministério das Relações Exteriores sueco de legitimar desajeitadamente estes
'soldados por dinheiro' e incitar mais cidadãos suecos a viajarem para a 'zona
quente' desta forma mostram a completa indiferença de Estocolmo ao destino dos
seus próprios cidadãos", afirmou o ministério russo.
O ministério
acrescentou que, "apesar da atual ausência de referência à legião
estrangeira ucraniana no site da Embaixada da Ucrânia na Suécia, dificilmente
se pode ter dúvidas de que o recrutamento de suecos é realizado pela missão
diplomática ucraniana através de outros canais".
"Como disse o
Ministério da Defesa russo, o número total de mercenários suecos em território
ucraniano chegava a 90 pessoas, dos quais 25 já foram mortos", disse o
ministério.
O ministério
aconselhou "lembrar isto a todos, e não apenas aos suecos, que estão
traçando planos para se envolverem em atividades armadas contra as tropas
russas na área de operações militares especiais", acrescentando que
"as autoridades de países estrangeiros devem saber disto e ser
responsáveis pelo seu destino".
Fonte: Sputnik Brasil
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