quinta-feira, 4 de abril de 2024

Bahia segue desgovernada: Alta do ICMS assusta empresários e consumidores

Desde a última segunda-feira (1), empresários baianos foram surpreendidos pelo aumento de 4% para 20,5% no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), referente a produtos de mercearia, laticínios, congelados, frios e fatiados. No caso de bebidas alcoólicas, exceto as cervejas, a tributação passa a ser de 27%.

Diante da medida, a direção do Almacen Pepe emitiu um informativo aos colaboradores explicando a situação. “Infelizmente, devido ao expressivo aumento da carga tributária, no setor de padarias e delicatessen, tornou-se cada vez mais desafiador para nós, do Almacen Pepe, mantermos nossos preços competitivos, forçando a nossa empresa a aumentar o valor final dos produtos”, informa.

Conforme o Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria da Cidade do Salvador (Sindipan), o ajuste do benefício fiscal gerou “uma repercussão generalizada no mercado”. O sindicato aponta impactos em negócios como padarias, pastelarias, confeitarias, doçarias, bombonieres, sorveterias, casas de chá e "delicatessen", “que há anos são contempladas com uma alíquota diferenciada de ICMS no percentual de 4% para os produtos produzidos e os revendidos”.

Para Tatiana Chaves, sócia comercial da padaria Padoca e da Convivium Eventos Corporativos, o impacto será imenso nas vendas, pois, segundo ela, não existe possibilidade de não fazer um repasse para o consumidor final. “A situação fica muito difícil para o setor de padarias, delicatessen, restaurantes e outros do segmento de alimentação. Terá que ser realizada uma engenharia de custos, porém, torno a dizer: o seguimento vai aumentar seus preços finais. Não há solução”, afirma.

Em nota, o presidente do Sindipan, Mário Augusto Rocha Pithon, informa que a medida do governo busca coibir uma possível anomalia. “Chegou a nosso conhecimento de que infelizmente esse benefício fiscal vinha sendo utilizado por contribuintes que não se adequavam aos requisitos legais, não estando sequer enquadrados no conceito de padarias e delicatessens, trazendo desequilíbrio no mercado atacadista”, explica.

Frente à repercussão da medida, o sindicato diz que já iniciou as tratativas com a Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz), “buscando o aprimoramento das novas exigências e a certeza da permanência do benefício fiscal para os contribuintes que de fato se enquadrem no conceito de padarias e delicatessens, garantindo assim a geração de emprego e renda, aliada a uma política fiscal de incentivo às pequenas e médias empresas”.

Por sua vez, a Sefaz esclarece que o benefício fiscal de redução do ICMS para 4%, destinado ao setor de delicatessens, continua em vigor, tendo sido preservados os critérios e objetivos para os quais este regime foi criado, ou seja, o incentivo à comercialização de itens alimentícios de fabricação própria. De acordo com a pasta, ajustes neste regime de tributação foram realizados com o objetivo de preservar a concorrência leal no mercado baiano.

“A alteração retirou a possibilidade de redução da carga tributária para produtos como vinhos, whiskies, queijos, frios e fatiados e outros itens, em especial alimentícios importados, comercializados por estes estabelecimentos. Ao pagar menos imposto para produtos sobre os quais outros estabelecimentos são tributados pelo ICMS padrão de 20,5%, as delicatessens de grande porte vinham obtendo vantagem sobre a concorrência. O objetivo da medida, portanto, é garantir a isonomia tributária”, acrescenta a Fazenda estadual.

O governo ainda ressalta que os efeitos do ajuste promovido não se aplicam aos micro e pequenos contribuintes. Conforme a Sefaz, esses negócios, “na prática, não precisam recorrer ao ICMS reduzido, considerando-se que os benefícios incluídos no Simples Nacional são mais vantajosos”.

Preocupada com a possibilidade de aumento de preços, a aposentada Paula Oliveira afirma que o orçamento doméstico já não comporta aumentos nos alimentos. “Tudo está caro e se o preço desses produtos aumentar, vamos deixar de consumir nesses estabelecimentos, o que vai acabar gerando até desemprego. Essa situação é muito complicada para todos os lados”, comenta.

 

       Jerônimo reconhece retratação do JN sobre VLT

 

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) discutiu, em entrevista à rádio Metrópole ontem (2), a retratação do Jornal Nacional sobre uma matéria veiculada no último sábado (30) sobre as obras do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) do Subúrbio Ferroviário de Salvador. Ele reconheceu a relevância do pedido de desculpas da TV Globo, mas ressaltou que "o estrago foi feito".

"Aquele ato de retratação fortalece o papel que a democracia tem que existir em cada espaço do Brasil. É claro, o estrago foi feito. De sábado até a segunda-feira, a gente 'apanhou' de forma muito irresponsável", declarou o chefe do Executivo baiano. 

"A nossa responsabilidade, enquanto imprensa ou enquanto cidadão que acompanha a imprensa, tem que ser sempre cuidar e zelar para não desmerecer aqueles que não tratam e não fazem da imprensa com qualquer tipo de responsabilidade", acrescentou Jerônimo Rodrigues.

Na edição desta segunda (1º), o âncora William Bonner reconheceu erros na matéria e pediu desculpas. Ele declarou que o JN cometeu um equívoco ao não mencionar que, dois dias antes da transmissão da reportagem, a Justiça já havia revogado uma liminar que suspendia a licitação em curso e corrigiu o uso da expressão "desperdício de dinheiro público", uma vez que os canteiros de obras e os anteprojetos serão utilizados nos planos para o modal.

Após a veiculação da reportagem, o governo emitiu uma nota negando a informação. “É falsa a informação veiculada na chamada do Jornal Nacional, da Globo, que foi ao ar neste sábado, afirmando que a obra do VLT 'se arrasta há 11 anos'. A chamada também errou ao dizer que houve desperdício de dinheiro público, pois todo o valor investido até aqui foi empregado em anteprojetos e canteiro, que serão reaproveitados no novo projeto proposto pelo estado", inicia o comunicado.

"O contrato com o consórcio de empresas chinesas, iniciado em 2019, foi distratado em outubro de 2023, respeitando questões legais, e em apenas dois meses o governo da Bahia lançou uma nova licitação, com um projeto muito mais amplo de modernização da mobilidade urbana para Salvador e Região Metropolitana. O governo destaca ainda que a liminar que suspendeu a licitação, foi anulada na quarta (27), tendo a reportagem do JN sido comunicado e atualizada dos fatos", completa a nota.

 

Fonte: Tribuna da Bahia

 

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