Por que real foi moeda que mais se
desvalorizou neste mês entre países do G20
O real se desvalorizou
4,5% no mês de abril — mais do que qualquer outra moeda entre os países do G20.
As moedas que mais
chegaram perto do real em desvalorização em
relação ao dólar foram o iene japonês, o rublo russo, o
peso mexicano e o won coreano — todos com desvalorização de 2%.
Já outras moedas como
o euro e a libra esterlina se desvalorizaram menos que 1% contra o dólar americano no
mesmo período.
Nesta semana, os
mercados em todo o mundo sofreram com alguns choques econômicos que abalaram a
confiança dos investidores. No Oriente Médio, um ataque com mísseis e drones do Irã a Israel aumentou temores de uma escalada de violência regional.
E nos Estados Unidos,
autoridades monetárias sinalizaram que as taxas de juros do Federal Reserve (o
Banco Central americano) devem cair mais lentamente do que analistas de mercado
imaginavam.
Números da semana
passada sobre a economia dos EUA revelaram que a inflação não está caindo como
o desejado pelas autoridades. Por isso, os juros devem ser mantidos num patamar
mais alto por mais tempo — aumentando custos e até mesmo riscos de uma recessão
no país.
As repercussões dessas
notícias foram globais. A principal delas foi nos juros dos papéis do Tesouro
americano de 10 anos — que subiram de 4,35% em média para mais de 4,6%.
Com juros maiores nos
EUA, a moeda americana se valorizou em todo o mundo, já que se tornou mais
atraente para investidores americanos manterem suas posições em dólares, e não
em moedas estrangeiras.
A notícia provocou mau
humor entre investidores no mundo todo, que acreditam que os juros americanos
maiores por mais tempo vão prejudicar a economia como um todo.
O índice Ibovespa, o
principal da bolsa brasileira, caiu 2% neste mês. Já o Dow Jones e o Nasdaq —
índices de ações nos Estados Unidos — desabaram 4,4% e 3% respectivamente.
·
Real mais
desvalorizado que as demais moedas
O ministro da
Economia, Fernando Haddad, sugeriu esta semana que o cenário internacional
"explica dois terços" da desvalorização do real no Brasil.
No entanto, o real
brasileiro se desvalorizou muito mais do que as demais moedas no mundo neste
mês (confira os dados no gráfico abaixo.)
Analistas de mercado
dizem que um grande fator da desvalorização do real foi o anúncio feito nesta
semana pelo governo brasileiro de que não pretende cumprir as metas de
superávit fiscal no mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que
termina no final de 2026.
As contas do governo
têm impacto nos juros e na cotação da moeda nacional.
Quando o governo
arrecada mais do que gasta, ele produz o chamado superávit fiscal — o que
contribui para a queda do endividamento público do Brasil. Esse menor
endividamento contribui para reduzir preços, juros e custos na economia.
A combinação dos
cenários externo (queda mais lenta dos juros americanos) e doméstico (anúncio
do abandono da meta de superávit para os próximos dois anos) fez com que o
mercado mudasse suas previsões para o futuro no boletim Focus, o levantamento
semanal feito pelo Banco Central brasileiro.
Os agentes de mercado
acreditam agora que a taxa Selic — o juro referência na economia brasileira —
vai terminar o ano em 9,13%, em média.
Na semana passada, a
projeção era de 9%. A projeção da cotação do dólar para o final de ano subiu de
R$$ 4,95 para R$ 4,97.
Fonte: BBC News Brasil
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