segunda-feira, 22 de abril de 2024

Melatonina para crianças: entenda principais dúvidas e riscos

A melatonina é um hormônio produzido naturalmente pelo nosso corpo que é responsável pelo nosso sono e, por isso, a sua suplementação é muito comum entre adultos que buscam aliviar os sintomas da insônia. Porém, ainda existem dúvidas acerca do uso do suplemento por crianças que também têm dificuldades para dormir: será que é seguro? Quais são as indicações? Há riscos?

De acordo com especialistas ouvidos pela CNN, a suplementação de melatonina pode ser segura em crianças, mas deve ser feita com cautela e apenas com indicação médica. Além disso, ainda não existem evidências científicas sobre os possíveis efeitos colaterais do uso do hormônio pelos pequenos à longo prazo.

“Apesar de ser, sim, seguro dar melatonina para a criança, é importante lembrar que esse é um hormônio, o que significa dizer que, assim como todos os outros hormônios, pode ter vários efeitos sobre o corpo”, afirma Leticia Soster, neurologista infantil, médica do sono e membro da SBNI (Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil).

“Embora haja um perfil de segurança, ainda falta muita pesquisa para dizermos quanto esses efeitos podem modificar outros fatores do corpo da criança à longo prazo”, completa.

•                                                O que é melatonina?

A melatonina é um hormônio produzido naturalmente pelo corpo, mais especificamente pela glândula pineal localizada no cérebro. A sua produção é controlada pelo ciclo circadiano de 24 horas, que se baseia na alternância entre luz e escuridão. À noite, os níveis do hormônio começam a subir, levando à sonolência, e seu pico é atingido durante a madrugada, garantindo um sono profundo e necessário para as funções cerebrais, conforme explica o neurologista infantil Antônio Carlos de Farias, do Hospital Pequeno Príncipe.

“Com o amanhecer e o aumento da claridade, a produção de melatonina diminui, pois a luz solar inibe sua produção, sinalizando ao corpo que é hora de despertar e ficar alerta. Essa oscilação natural é fundamental para regular o ciclo sono-vigília e manter um padrão saudável de sono”, afirma o especialista.

A suplementação de melatonina, em adultos, é indicada para auxiliar na regulação do sono em casos de dificuldade para dormir, desequilíbrios no ciclo circadiano e problemas para manter um sono profundo.

•                                                Quando a melatonina pode ser indicada para crianças?

A AASM (Academia Americana de Medicina do Sono) recomenda que o uso de melatonina “pode melhorar o sono em crianças cujos relógios biológicos estão ‘fora do horário’ e em algumas crianças com problemas de desenvolvimento”, em posicionamento oficial da entidade.

No entanto, a AASM reforça que os pais devem conversar com um profissional de saúde antes de dar melatonina e qualquer suplemento às crianças.

De acordo com de Farias, a suplementação de melatonina em crianças deve ser feita com a indicação correta, utilização de dosagens adequadas e com atenção às características individuais da criança, por um tempo de uso não prolongado. “[São] Aspectos que exigem orientação médica especializada”.

•                                                Quais são os possíveis riscos da suplementação de melatonina?

A suplementação de melatonina, quando feita sem orientação médica e em dosagens inapropriadas, pode levar à sonolência durante o dia, distúrbios gastrointestinais (náuseas, vômitos ou dores de estômago), além de alterações de humor. Em crianças, esses efeitos podem variar de acordo com a sensibilidade individual e podem afetar o desempenho escolar e a rotina da criança, de acordo com de Farias.

De acordo com a AASM, a melatonina é o segundo produto “natural” mais popular que os mais dão aos filhos. Diante desse cenário, ainda segundo a entidade, houve relatos, nos Estados Unidos, de aumento nos casos de overdose de melatonina e nos atendimentos de emergência para crianças, principalmente durante a pandemia de Covid-19.

No Brasil, em agosto de 2021, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu a fabricação, comercialização, distribuição e o uso de um suplemento alimentar de melatonina para crianças, chamado “Soninho Perfeito Melatonina Kids”, da empresa Oemed. De acordo com a agência, “não há segurança de uso comprovada junto à Agência para essas faixas etárias”.

                                               Dicas importantes para melhorar a qualidade do sono das crianças

A neurologista infantil Leticia Soster explica que “o sono começa na hora que acordamos”. Ou seja, ele é composto por todas as atitudes que tomamos durante o dia. “Isso é muito válido para as crianças, principalmente as mais novas”, afirma.

Portanto, uma das primeiras dicas essenciais é manter a rotina estabelecida com horários regulares. “É importante ter horário regular para acordar, para se alimentar, para realizar atividade física e para dormir. O cansaço é um fator que a gente chama, tecnicamente, de fator homeostático que, lá no final do dia, vai fazer a criança adormecer”, explica.

Uma outra questão importante é saber lidar com a aversão da criança ao sono. “A criança tem aquela sensação aversiva que é sentir sono, ela se incomoda com ele, sentir sono é ruim. Esse é um fator comportamental”, complementa. “Para solucionar essa questão, é preciso fazer a criança relaxar antes de adormecer para que ela não brigue com a sensação ruim que é ter sono.”

Outras dicas importantes, segundo os especialistas, incluem:

•                                                Evitar estímulos próximos da hora de dormir (televisão, música, dispositivos eletrônicos);

•                                                Proporcionar atividades relaxantes (música suave, luz com baixa intensidade, leitura de livros com conteúdos ajustados a faixa etária);

•                                                Evitar alimentos e bebidas estimulantes, como café, refrigerantes e chocolate;

•                                                Proporcionar um ambiente confortável, silencioso, escuro, ventilado e com temperatura adequada para favorecer o início e manutenção do sono.

 

                                               Dieta do pai pode impactar na saúde dos filhos, sugere estudo

 

Uma nova pesquisa, publicada na Nature Communications no início de abril, mostrou que a dieta do pai pode influenciar na saúde mental e metabólica dos filhos. O estudo ajuda a entender como os efeitos da alimentação podem ser transmitidos de uma geração para outra através do esperma do pai.

Estudos anteriores, realizados com camundongos, já haviam descoberto que a dieta de ratos machos poderia ter um impacto não só na sua saúde reprodutiva, mas também na da sua descendência. Tanto a alimentação excessiva quanto uma dieta pobre em macronutrientes poderia afetar o metabolismo e o comportamento dos filhotes, bem como influenciar no risco de câncer.

Para entender se existem diferentes impactos na saúde da prole dependendo do tipo e da composição da dieta dos camundongos machos antes da concepção, cientistas do consórcio GECKO decidiram fazer um novo estudo. Nesta pesquisa, eles alimentaram ratos machos com uma das dez dietas que variavam nas proporções de proteínas, gorduras e carboidratos e, em seguida, permitiram que eles acasalassem com fêmeas criadas com dieta padrão.

Os cientistas descobriram que os ratos alimentados com dietas pobres em proteínas e ricas em carboidratos tinham maior probabilidade de ter filhotes machos com níveis elevados de ansiedade. Também descobriram que ratos machos alimentados com dietas ricas em gordura tinham maior probabilidade de ter filhas com níveis mais elevados de gordura corporal e maior risco para doenças metabólicas.

“Nosso estudo mostra que o tipo de dieta ingerida antes da concepção pode programar características específicas da próxima geração”, afirma Romain Barrès, co-autor sênior, líder do consórcio GECKO e professor da Universidade de Copenhague e da Université Côte d’Azur, Nice, em comunicado à imprensa.

“É extraordinário que, ao titular misturas de proteínas, gorduras e carboidratos na dieta do pai, possamos influenciar características específicas da saúde e do comportamento dos seus filhos e filhas. Há alguma biologia importante em jogo aqui”, diz o professor Stephen Simpson, co-autor sênior e diretor acadêmico do Centro Charles Perkins da Universidade de Sydney, também em comunicado.

O estudo também observou que tanto a quantidade de calorias quanto a composição de macronutrientes das dietas dos machos podiam influenciar na saúde dos seus descendentes.

“Acreditamos que o nosso estudo é um passo no sentido de estabelecer diretrizes alimentares para os futuros pais, com o objetivo final de reduzir o risco de doenças metabólicas e distúrbios de humor na próxima geração”, afirma Romain Barrès.

 

Fonte: CNN Brasil

 

Nenhum comentário: