sexta-feira, 26 de abril de 2024

Fespe Bahia rejeita 4% e apresenta contraproposta ao governo

Representantes da Federação dos Servidores Públicos do Estado da Bahia (FespeBA) se reuniram na tarde de segunda (22) com o secretário de Relações Institucionais, Jonival Lucas e com o Superintendente da Saeb, Adriano Tambone. Participaram do encontro dirigentes do Sinpojud, Sindsaúde, APLB-Sindicato, Sintest, Sinsppeb e Sindsefaz, representado pelos colegas Claudio Meireles, Joaquim Amaral, Davi Marcos e Jorge Claudemiro.

A FespeBA comunicou ao governo que não aceita a proposta apresentada semana passada de um reajuste de 4%, parcelado em duas vezes (maio e setembro). A entidade, através de sua presidente, Ivanilda Brito, salientou que as perdas acumuladas dos servidores estaduais ultrapassam 54% desde 2015, conforme cálculos feitos pelo Dieese. Ela frisou que o percentual ofertado sequer recupera as perdas inflacionárias de 2023, que são de 4,62% (IPCA) e cobrou a promessa feita pelo governador Jerônimo de “cuidar do servidor público”. Foi protocolado um documento formalizado a reivindicação de aumento do percentual para 10% com retroatividade a janeiro.

O Superintendente da Secretaria da Administração, Adriano Tambone, alegou que a repercussão em 2024 do incremento de 2023 alcançará valor próximo a R$ 1,2 bilhão, sendo que o proposto agora terá impacto de R$ 1,4 bilhão em 2025. Ressaltou que aqueles que se encontram com salário base inferior ao mínimo, a equivalência resultará num aumento total em 6,97%, a ser concedido em setembro, com repercussão para todo o Grupo Administrativo.

O secretário Jonival Lucas observou que a partir de maio tratará com os sindicatos sobre pautas específicas de cada categoria, bem como das propostas de revisão das carreiras, com acordos para cumprimento a partir de 2025. Salientou que essa proposta passou pelo crivo da Junta Orçamentária, levando em consideração a margem disponível para reajuste.

Daiana Alcântara, do Sintest-BA, destacou a disparidade entre o valor do auxílio alimentação para os servidores que cumprem jornada de 40 horas em relação aos de 30 horas, cobrando a correção da distorção, com aumento de R$ 13,00 para R$ 15,00 diários. Ela também reclamou do descumprimento da paridade para com os aposentados.

Rui Oliveira, dirigente da APLB-Sindicato, apontou que mesmo no caso das categorias ou segmentos que obtiveram ganhos indiretos, é grande os prejuízos e que os sindicatos reivindicam a instalação da mesa de negociação, para tratar, entre outros pontos, dos problemas do Planserv. Pediu também que sejam estabelecidas as tratativas específicas nas secretarias e órgãos como política negocial do governo.

Nosso colega Joaquim Amaral salientou que o comprometimento da Receita Corrente com despesas de pessoal é um dos menores de toda série histórica e que cabe ao novo governo exercitar a prática democrática de ouvir seus funcionários e de aprender a transigir. Reivon Pimentel, do Sinsppeb, reiterou que a proposta é inaceitável e que cabe ao governo reformá-la, garantido a retroatividade a janeiro deste ano.

•        Fazenda

Do encontro desta segunda (22), em resumo, para os fazendários, temos por enquanto a proposta de reajuste de 4% parcelado, sendo que para o grupo administrativo o incremento será maior, em torno de 6,97%, que alcançará os aposentados e pensionistas. Para Fisco teremos a possibilidade de negociar, para os exercícios de 2025 em diante, uma reestruturação nos vencimentos e nas carreiras.

•        Servidores farão protesto na segunda (29) por reajuste maior que 4%

Sindicatos de servidores e FespeBahia decidiram realizar um novo protesto para segunda (29), 9h, em frente ao prédio do Centro de Operações e Inteligência de Segurança Pública 2 de Julho (COE), órgão da SSP, onde está funcionando, temporariamente, a Governadoria. As entidades não aceitam a proposta de reajuste linear de 4%, divididos em duas parcelas, em maio e setembro, proposta pelo governo e querem 10%, retroativo a janeiro/2024.

O Sindsefaz, que se alinha à proposta da FespeBahia, é possível ampliar o reajuste aos servidores, pois existe folga orçamentária e justificativa. Entre 2015 e 2023, a arrecadação de impostos cresceu 152,8%, para uma inflação acumulada, medida pelo IPCA, de 66,8%. Existe também grande margem em relação ao que diz a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Segundo cálculos feitos pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com bases nos dados fiscais da Bahia no 3º quadrimestre de 2023, a relação DTP/RCL (Despesa Total de Pessoal/Receita Corrente Líquida) está em 39,98%. Como o limite prudencial de comprometimento é de 46,17%, segundo determina a RLC, os indicadores mostram que há um espaço de 6,19% para ser usado pelo Estado. Lembrando, o limite máximo de comprometimento com pessoal é 48,60%.

Esta margem (ou parte dela) poderia ser utilizada pelo governo para amenizar a enorme perda salarial que os servidores acumulam desde 2014. Segundo o Dieese, para recompor o poder de compra de 10 anos atrás seria necessário um reajuste de 54,25%. Com os 4% proposto, parcelado, o governo não repõe nem a inflação de 2023, que foi de 4,62%.

 

       Lei que reestrutura carreira de professor indígena é sancionada

 

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) sancionou a Lei nº 14.668/2024, que redefine a carreira dos professores indígenas da rede estadual de ensino. A sanção desta nova legislação foi publicada na edição de ontem (24) do Diário Oficial do Estado (DOE).

A partir dessa publicação, os salários dos professores indígenas serão equiparados aos dos profissionais não indígenas da Educação da Bahia, uma promessa de campanha de Jerônimo em 2022 e uma demanda antiga dessa comunidade.

A lei foi aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) na terça-feira (23), apenas cinco dias após Jerônimo apresentar a proposta à Casa, em 18 de abril, solicitando tramitação em regime de urgência.

Para agilizar a aprovação, as bancadas do governo e da oposição chegaram a um acordo que suspendeu formalidades e permitiu a apreciação do projeto no plenário sem passar pelas comissões temáticas.

Com essa nova legislação, os professores indígenas terão um piso salarial de R$ 2.210,28 para uma escala de 20 horas semanais e de R$ 4.420,56 para uma carga horária de 40 horas semanais. Dependendo da classe e do nível em que o professor indígena se enquadra, os salários podem chegar a R$ 4.680,41 para uma escala de 20 horas e a R$ 9.360,82 para uma carga de 40 horas.

A nova tabela de vencimentos, aprovada pela Assembleia Legislativa, deverá acrescentar um valor estimado de R$ 633.423,00 nas despesas de pessoal para o exercício de 2024. Para os anos de 2025 e 2026, estima-se um acréscimo de R$ 823.854,00.

Essa legislação beneficiará 700 professores em todo o estado, além de 27 gestores, 12 coordenadores pedagógicos e sete coordenadores dos Núcleos Territoriais de Educação. A Bahia abriga 27 escolas indígenas, que atendem a 7.400 estudantes.

“Compartilho a alegria dessa conquista com todos os movimentos indígenas, com estudantes e professores. Esse é o reflexo de como a união capacita nossa Bahia no caminho do fortalecimento da educação, da luta por direitos e justiça. Avanço no compromisso com a Bahia”, disse Jerônimo após a sanção.

“A carreira desses profissionais ganha uma nova estrutura e reconhecimento, possibilitando que tenham acesso ao Ensino Superior e todas as garantias e direitos necessários para exercerem seu trabalho com dignidade e qualidade. É uma conquista que, certamente, trará benefícios significativos para a Educação Indígena”, contou a secretária estadual da Educação, Rowenna Brito.

 

Fonte: Sindesefaz/Tribuna da Bahia

 

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