terça-feira, 23 de abril de 2024

Economia israelense poderia resistir a uma escalada persistente no Oriente Médio?

Especialistas que falaram à Sputnik sobre a economia de Israel acreditam que, apesar da resiliência do Estado judeu ante tantos conflitos, o país foi muito afetado pela guerra e provavelmente uma nova espiral de escalada entre Tel Aviv e Teerã seria um desastre para a economia do país.

A agência de classificação de risco norte-americana, S&P Global Ratings, rebaixou a classificação de crédito de Israel de AA- para A+, devido à desaceleração da economia e ao aumento dos riscos geopolíticos, seu último rebaixamento desde uma baixa similar da Moody's em fevereiro.

A guerra de Gaza, amplificada pela escalada das tensões entre Tel Aviv e Teerã, tem afetado a economia israelense desde outubro de 2023. No quarto trimestre do mesmo ano, ela contraiu 20,7%, ultrapassando largamente a queda inicial projetada de 10%. A dívida do país aumentou US$ 43 bilhões (cerca de R$ 223,5 bilhões) em 2023, dos quais US$ 22 bilhões (aproximadamente R$ 114,3 bilhões) foram acumulados desde o início das hostilidades. A moeda nacional de Israel, o shekel, desvalorizou mais de 4% em relação ao dólar em 2024.

O presidente do Centro de Pesquisa Taub para Estudos de Política Social e professor de Economia da Universidade Bar-Ilan, Avi Weiss, acredita que a economia de Tel Aviv "demonstrou notável resiliência" argumentando que até "a indústria da construção está regressando ao trabalho".

De acordo com o professor, como resultado dos esforços israelenses, a economia deverá crescer entre 1,5% e 2% — ainda que abaixo dos 3,5% projetados — em 2024, e acima de 5% em 2025.

Para o diretor da Terner Consultancy, uma importante consultoria geopolítica e empresarial com sede em Nova York, dr. Steven Terner "a economia israelense não tem sido resiliente [...]. Ela sofreu imensamente com a guerra".

"A economia israelense ficou paralisada quando a guerra de Gaza começou porque praticamente todo o país foi mobilizado para o esforço de guerra", disse o diretor à Sputnik explicando que a guerra interrompeu o trabalho, pagamento de dívidas e ainda levou à evacuação de regiões inteiras há seis meses.

O analista observa ainda que o investimento estrangeiro em Israel também diminuiu em 2023. De fato, no primeiro trimestre de 2023, o investimento estrangeiro direto em Israel caiu 60% devido à agitação política e social causada pela reforma judicial do governo israelense.

Com a guerra, o investimento estrangeiro direto diminuiu 28,7% em 2023, em comparação com 2022, segundo o Gabinete Central de Estatística (OCE).

A S&P espera que o déficit do governo geral de Israel aumente para 8% do produto interno bruto (PIB) em 2024, e que a dívida líquida do governo geral atinja 66% do PIB em 2026. A empresa de classificação também espera que a guerra em Gaza continue até 2024 e indicou que irá rever a classificação do país novamente em 10 de maio.

O professor emérito de Economia da Universidade de Haifa Benjamin Bental explicou como os ataques contínuos entre o Irã e Israel seriam um desastre para a economia israelense.

"Se você pensa que a cada dois meses, ou a cada mês, ou a cada semana, ou o que quer que seja, haverá um ataque de mísseis do Irã que exigirá gastos com defesa de cerca de US$ 1 bilhão [cerca de R$ 5,2 bilhões] por noite, isso certamente não é sustentável", disse ele à Sputnik.

O confronto contínuo de Israel com o Hamas, o Hezbollah e os houthis também acarreta riscos de exaustão para a economia do Estado Judeu.

Como consequência, Israel não será capaz de concretizar o seu potencial e o crescimento econômico será baixo, o que significa "estagnação dos padrões de vida durante um período considerável", acrescentou Bental.

"O conflito não terminará até que a questão palestina seja resolvida. [...] Israel é agora uma entidade instável cuja existência se baseia na destruição genocida de outros, e a maior parte do mundo está agora consciente disso", indicou Rodney Shakespeare, professor visitante de Economia Binária na Universidade Trisakti de Jacarta, na Indonésia, à Sputnik.

Em contrapartida, para Terner, uma reforma política em Israel que leve forças mais moderadas e centristas ao poder poderia ser uma possível solução para a crise e para a questão palestina.

¨      Israel aprova planos para continuidade da guerra na Faixa de Gaza

O chefe do Estado-Maior do Exército de Defesa de Israel, Herzi Halevi, aprovou os planos para a continuação das operações militares na Faixa de Gaza, informou o serviço de imprensa neste domingo (21).

"O chefe do Estado-Maior, Herzi Halevi, realizou uma avaliação da situação e aprovou os planos para a continuação da guerra", dizia o comunicado. Já o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu "dar golpes adicionais e dolorosos" ao Hamas com o objetivo de libertar os reféns que seguem em Gaza. Segundo o premiê, o grupo "está aproveitando a divisão" dentro de Israel e "fica encorajado com as pressões dirigidas ao governo israelense".

"O Hamas apenas endurece as condições para a libertação de nossos reféns [...] Portanto, daremos golpes adicionais e dolorosos, e isso acontecerá em breve", declarou Netanyahu em uma mensagem de vídeo nas redes sociais por ocasião do início da Páscoa judaica.

Nos próximos dias, segundo o primeiro-ministro, Israel aumentará "a pressão militar e política", pois considera essa a única maneira de libertar os reféns e "alcançar a vitória".

"Infelizmente, até agora, todas as propostas para a libertação de nossos reféns foram rejeitadas categoricamente pelo Hamas", disse o primeiro-ministro, respondendo às crescentes críticas internas de que ele não fez o suficiente para concluir as negociações.

A guerra na Faixa de Gaza, que começou em outubro do ano passado, já deixou mais de 34 mil palestinos mortos e pelo menos 77 mil feridos, além de um rastro de destruição em todo o território. O conflito começou após um ataque sem precedentes de autoria do Hamas contra o território israelense, quando mais de 200 pessoas foram feitas reféns e cerca de 1,2 mil mortas.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia pediu às partes para interromperem as hostilidades. Segundo o presidente russo, Vladimir Putin, a resolução da crise no Oriente Médio só é possível com base na fórmula de "dois Estados" aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, que prevê a criação de um Estado palestino independente com base nas fronteiras de 1967, com a capital em Jerusalém Oriental.

¨      Plano dos EUA de sancionar batalhão ultraortodoxo das FDI desagrada Netanyahu

Os Estados Unidos devem sancionar, pela primeira vez, um batalhão ultraortodoxo das Forças de Defesa de Israel (FDI); o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu disse que a intenção é "do nível moral mais baixo".

De acordo com o jornal israelense Haaretz, as sanções podem acontecer devido ao envolvimento do batalhão em violações dos direitos humanos na Cisjordânia, onde está baseado.

O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, também criticou a possível sanção e afirmou que o ministro da Defesa israelense, Yoav Galant, deve apoiar os ultraortodoxos.

Segundo o site de notícias norte-americano Axios, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciaria sanções contra a controversa unidade das Forças de Defesa de Israel nos próximos dias. O batalhão é considerado o destino de jovens colonos radicais de direita da Cisjordânia que não foram aceitos em outras unidades das FDI.

As sanções proibirão o batalhão e os seus membros de receber ajuda e treino militar dos EUA.

 

Ø  Líder supremo do Irã elogia 'sucesso' das Forças Armadas de seu país no confronto com Israel

 

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, elogiou as Forças Armadas de seu país pela postura que considerou um "sucesso" frente a última escalada de tensões com Israel.

"As Forças Armadas mostraram uma boa imagem das suas capacidades e poder, e uma imagem admirável da nação iraniana com o seu sucesso nos acontecimentos recentes", disse Khamenei numa reunião com comandantes militares iranianos.

Como disse o aiatolá nos seus primeiros comentários públicos desde o ataque iraniano a Israel na semana passada, trata-se do "ressurgimento do poder da determinação da nação iraniana a nível internacional".

"As recentes conquistas das Forças Armadas criaram uma sensação de esplendor e magnificência sobre o Irã islâmico aos olhos do mundo", escreveu Khamenei na sua conta oficial da rede social X.

No dia 13 de abril, o Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica do Irã lançou mais de 300 drones e mísseis no seu primeiro ataque direto contra Israel, em resposta ao bombardeio israelense à embaixada iraniana em Damasco no início do mês.

Segundo o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Daniel Hagari, o país hebreu interceptou 99% dos projéteis disparados pelo Irã, incluindo todos os drones. Benny Gantz, membro do gabinete de Guerra do país, anunciou, diante do cenário, que Israel planejava forjar uma coligação regional e responder à retaliação iraniana.

Em 19 de abril, Israel atacou com drones a província iraniana de Isfahan, que abriga um importante centro de pesquisa nuclear. A defesa antiaérea iraniana abateu vários veículos aéreos não tripulados enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irã, Hosein Amir Abdolahian, garantiu que os drones israelenses não causaram quaisquer danos.

 

Ø  Presidente da Síria diz que 'não vale a pena dialogar' com líderes ocidentais

 

O presidente sírio, Bashar al-Assad, disse em uma entrevista transmitida neste domingo (21) que o Ocidente não possui governantes com quem valesse a pena dialogar e que os líderes ocidentais agem como administradores de negócios. O país vive um conflito civil há 13 anos impulsionado por interferências desses países.

"Os políticos modernos não pensam estrategicamente. Eles resolvem problemas à sua frente e não mantêm mais a palavra. Qualquer acordo pode ser quebrado no dia seguinte. Posso dizer que não há um único político no Ocidente com quem eu gostaria de falar", afirmou o chefe de Estado sírio ao canal de TV Pervy, da Rússia.

Assad acrescentou ainda que o Ocidente não produziu um "estadista" desde os tempos da primeira-ministra britânica Margaret Thatcher ou do presidente norte-americano Ronald Reagan. Sob a influência do capitalismo, "os países se transformaram em corporações e os líderes em gerentes corporativos", opinou.

Assad acusou os Estados Unidos, em particular, de lucrar com outros países e transformar cada conflito em uma "doença crônica perigosa".

"Os Estados Unidos lucram com qualquer conflito e depois se afastam e assistem ao caos se desenrolar, esperando para dar o golpe final", afirmou.

A Síria está envolvida em um conflito interno desde 2011 e possui partes do leste, ricas em petróleo e gás, controladas ilegalmente pelos Estados Unidos e militantes aliados. Após 13 anos de instabilidade, mais da metade da população do país precisa de assistência alimentar, com milhões de deslocados, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).

·        Ataques terroristas na região

Na última semana, representantes dos sistemas judiciais do Irã, do Iraque e da Síria assinaram um documento trilateral sobre cooperação na luta contra o terrorismo. De acordo com a agência de notícias iraniana IRIB, "os três países concordaram em cooperar na identificação e eliminação de grupos terroristas em seus territórios".

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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