Economia israelense poderia resistir a uma
escalada persistente no Oriente Médio?
Especialistas que
falaram à Sputnik sobre a economia de Israel acreditam que, apesar da
resiliência do Estado judeu ante tantos conflitos, o país foi muito afetado
pela guerra e provavelmente uma nova espiral de escalada entre Tel Aviv e Teerã
seria um desastre para a economia do país.
A agência de
classificação de risco norte-americana, S&P Global Ratings, rebaixou a
classificação de crédito de Israel de AA- para A+, devido à desaceleração da
economia e ao aumento dos riscos geopolíticos, seu último rebaixamento desde
uma baixa similar da Moody's em fevereiro.
A guerra de Gaza,
amplificada pela escalada das tensões entre Tel Aviv e Teerã, tem afetado a
economia israelense desde outubro de 2023. No quarto trimestre do mesmo ano,
ela contraiu 20,7%, ultrapassando largamente a queda inicial projetada de 10%.
A dívida do país aumentou US$ 43 bilhões (cerca de R$ 223,5 bilhões) em 2023,
dos quais US$ 22 bilhões (aproximadamente R$ 114,3 bilhões) foram acumulados
desde o início das hostilidades. A moeda nacional de Israel, o shekel,
desvalorizou mais de 4% em relação ao dólar em 2024.
O presidente do Centro
de Pesquisa Taub para Estudos de Política Social e professor de Economia da
Universidade Bar-Ilan, Avi Weiss, acredita que a economia de Tel Aviv
"demonstrou notável resiliência" argumentando que até "a
indústria da construção está regressando ao trabalho".
De acordo com o
professor, como resultado dos esforços israelenses, a economia deverá crescer
entre 1,5% e 2% — ainda que abaixo dos 3,5% projetados — em 2024, e acima de 5%
em 2025.
Para o diretor da
Terner Consultancy, uma importante consultoria geopolítica e empresarial com
sede em Nova York, dr. Steven Terner "a economia israelense não tem sido
resiliente [...]. Ela sofreu imensamente com a guerra".
"A economia
israelense ficou paralisada quando a guerra de Gaza começou porque praticamente
todo o país foi mobilizado para o esforço de guerra", disse o diretor à
Sputnik explicando que a guerra interrompeu o trabalho, pagamento de dívidas e
ainda levou à evacuação de regiões inteiras há seis meses.
O analista observa
ainda que o investimento estrangeiro em Israel também diminuiu em 2023. De
fato, no primeiro trimestre de 2023, o investimento estrangeiro direto em
Israel caiu 60% devido à agitação política e social causada pela reforma
judicial do governo israelense.
Com a guerra, o
investimento estrangeiro direto diminuiu 28,7% em 2023, em comparação com 2022,
segundo o Gabinete Central de Estatística (OCE).
A S&P espera que o
déficit do governo geral de Israel aumente para 8% do produto interno bruto
(PIB) em 2024, e que a dívida líquida do governo geral atinja 66% do PIB em
2026. A empresa de classificação também espera que a guerra em Gaza continue até
2024 e indicou que irá rever a classificação do país novamente em 10 de maio.
O professor emérito de
Economia da Universidade de Haifa Benjamin Bental explicou como os ataques
contínuos entre o Irã e Israel seriam um desastre para a economia israelense.
"Se você pensa
que a cada dois meses, ou a cada mês, ou a cada semana, ou o que quer que seja,
haverá um ataque de mísseis do Irã que exigirá gastos com defesa de cerca de
US$ 1 bilhão [cerca de R$ 5,2 bilhões] por noite, isso certamente não é sustentável",
disse ele à Sputnik.
O confronto contínuo
de Israel com o Hamas, o Hezbollah e os houthis também acarreta riscos de
exaustão para a economia do Estado Judeu.
Como consequência,
Israel não será capaz de concretizar o seu potencial e o crescimento econômico
será baixo, o que significa "estagnação dos padrões de vida durante um
período considerável", acrescentou Bental.
"O conflito não
terminará até que a questão palestina seja resolvida. [...] Israel é agora uma
entidade instável cuja existência se baseia na destruição genocida de outros, e
a maior parte do mundo está agora consciente disso", indicou Rodney Shakespeare,
professor visitante de Economia Binária na Universidade Trisakti de Jacarta, na
Indonésia, à Sputnik.
Em contrapartida, para
Terner, uma reforma política em Israel que leve forças mais moderadas e
centristas ao poder poderia ser uma possível solução para a crise e para a
questão palestina.
¨ Israel aprova planos para continuidade da guerra na Faixa de
Gaza
O chefe do
Estado-Maior do Exército de Defesa de Israel, Herzi Halevi, aprovou os planos
para a continuação das operações militares na Faixa de Gaza, informou o serviço
de imprensa neste domingo (21).
"O chefe do
Estado-Maior, Herzi Halevi, realizou uma avaliação da situação e aprovou os
planos para a continuação da guerra", dizia o comunicado. Já o
primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu "dar golpes adicionais e
dolorosos" ao Hamas com o objetivo de libertar os reféns que seguem em
Gaza. Segundo o premiê, o grupo "está aproveitando a divisão" dentro
de Israel e "fica encorajado com as pressões dirigidas ao governo
israelense".
"O Hamas apenas
endurece as condições para a libertação de nossos reféns [...] Portanto,
daremos golpes adicionais e dolorosos, e isso acontecerá em breve",
declarou Netanyahu em uma mensagem de vídeo nas redes sociais por ocasião do
início da Páscoa judaica.
Nos próximos dias,
segundo o primeiro-ministro, Israel aumentará "a pressão militar e
política", pois considera essa a única maneira de libertar os reféns e
"alcançar a vitória".
"Infelizmente,
até agora, todas as propostas para a libertação de nossos reféns foram
rejeitadas categoricamente pelo Hamas", disse o primeiro-ministro,
respondendo às crescentes críticas internas de que ele não fez o suficiente
para concluir as negociações.
A guerra na Faixa de
Gaza, que começou em outubro do ano passado, já deixou mais de 34 mil
palestinos mortos e pelo menos 77 mil feridos, além de um rastro de destruição
em todo o território. O conflito começou após um ataque sem precedentes de
autoria do Hamas contra o território israelense, quando mais de 200 pessoas
foram feitas reféns e cerca de 1,2 mil mortas.
O Ministério das
Relações Exteriores da Rússia pediu às partes para interromperem as
hostilidades. Segundo o presidente russo, Vladimir Putin, a resolução da crise
no Oriente Médio só é possível com base na fórmula de "dois Estados"
aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, que prevê a criação de um Estado
palestino independente com base nas fronteiras de 1967, com a capital em
Jerusalém Oriental.
¨ Plano dos EUA de sancionar batalhão ultraortodoxo das FDI
desagrada Netanyahu
Os Estados Unidos
devem sancionar, pela primeira vez, um batalhão ultraortodoxo das Forças de
Defesa de Israel (FDI); o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu
disse que a intenção é "do nível moral mais baixo".
De acordo com o jornal
israelense Haaretz, as sanções podem acontecer devido ao envolvimento do
batalhão em violações dos direitos humanos na Cisjordânia, onde está baseado.
O ministro da
Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, também criticou a possível sanção e
afirmou que o ministro da Defesa israelense, Yoav Galant, deve apoiar os
ultraortodoxos.
Segundo o site de
notícias norte-americano Axios, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken,
anunciaria sanções contra a controversa unidade das Forças de Defesa de Israel
nos próximos dias. O batalhão é considerado o destino de jovens colonos radicais
de direita da Cisjordânia que não foram aceitos em outras unidades das FDI.
As sanções proibirão o
batalhão e os seus membros de receber ajuda e treino militar dos EUA.
Ø Líder supremo do Irã elogia 'sucesso' das Forças Armadas de seu
país no confronto com Israel
O líder supremo do
Irã, aiatolá Ali Khamenei, elogiou as Forças Armadas de seu país pela postura
que considerou um "sucesso" frente a última escalada de tensões com
Israel.
"As Forças
Armadas mostraram uma boa imagem das suas capacidades e poder, e uma imagem
admirável da nação iraniana com o seu sucesso nos acontecimentos
recentes", disse Khamenei numa reunião com comandantes militares
iranianos.
Como disse o aiatolá
nos seus primeiros comentários públicos desde o ataque iraniano a Israel na
semana passada, trata-se do "ressurgimento do poder da determinação da
nação iraniana a nível internacional".
"As recentes
conquistas das Forças Armadas criaram uma sensação de esplendor e magnificência
sobre o Irã islâmico aos olhos do mundo", escreveu Khamenei na sua conta
oficial da rede social X.
No dia 13 de abril, o
Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica do Irã lançou mais de 300 drones e
mísseis no seu primeiro ataque direto contra Israel, em resposta ao bombardeio
israelense à embaixada iraniana em Damasco no início do mês.
Segundo o porta-voz
das Forças de Defesa de Israel, Daniel Hagari, o país hebreu interceptou 99%
dos projéteis disparados pelo Irã, incluindo todos os drones. Benny Gantz,
membro do gabinete de Guerra do país, anunciou, diante do cenário, que Israel
planejava forjar uma coligação regional e responder à retaliação iraniana.
Em 19 de abril, Israel
atacou com drones a província iraniana de Isfahan, que abriga um importante
centro de pesquisa nuclear. A defesa antiaérea iraniana abateu vários veículos
aéreos não tripulados enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irã, Hosein
Amir Abdolahian, garantiu que os drones israelenses não causaram quaisquer
danos.
Ø Presidente da Síria diz que 'não vale a pena dialogar' com
líderes ocidentais
O presidente sírio,
Bashar al-Assad, disse em uma entrevista transmitida neste domingo (21) que o
Ocidente não possui governantes com quem valesse a pena dialogar e que os
líderes ocidentais agem como administradores de negócios. O país vive um
conflito civil há 13 anos impulsionado por interferências desses países.
"Os políticos
modernos não pensam estrategicamente. Eles resolvem problemas à sua frente e
não mantêm mais a palavra. Qualquer acordo pode ser quebrado no dia seguinte.
Posso dizer que não há um único político no Ocidente com quem eu gostaria de
falar", afirmou o chefe de Estado sírio ao canal de TV Pervy, da Rússia.
Assad acrescentou
ainda que o Ocidente não produziu um "estadista" desde os tempos da
primeira-ministra britânica Margaret Thatcher ou do presidente norte-americano
Ronald Reagan. Sob a influência do capitalismo, "os países se transformaram
em corporações e os líderes em gerentes corporativos", opinou.
Assad acusou os
Estados Unidos, em particular, de lucrar com outros países e transformar cada
conflito em uma "doença crônica perigosa".
"Os Estados
Unidos lucram com qualquer conflito e depois se afastam e assistem ao caos se
desenrolar, esperando para dar o golpe final", afirmou.
A Síria está envolvida
em um conflito interno desde 2011 e possui partes do leste, ricas em petróleo e
gás, controladas ilegalmente pelos Estados Unidos e militantes aliados. Após 13
anos de instabilidade, mais da metade da população do país precisa de assistência
alimentar, com milhões de deslocados, segundo dados da Organização das Nações
Unidas (ONU).
·
Ataques terroristas na região
Na última semana,
representantes dos sistemas judiciais do Irã, do Iraque e da Síria assinaram um
documento trilateral sobre cooperação na luta contra o terrorismo. De acordo
com a agência de notícias iraniana IRIB, "os três países concordaram em cooperar
na identificação e eliminação de grupos terroristas em seus territórios".
Fonte: Sputnik Brasil
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