Conheça
primeira agência de etnoturismo do Brasil criada e coordenada por povos
indígenas
Yabnaby: esse
é o nome da primeira agência de etnoturismo indígena do Brasil idealizada,
criada e coordenada por povos originários, segundo a Fundação Nacional dos
Povos Indígenas (Funai). Com a iniciativa, pessoas de todos os lugares do país
e do mundo podem conhecer os costumes, a cultura e forma de vida do povo Paiter
Suruí.
🌱O espaço foi criado dentro da Terra Indígena (TI) Sete de
Setembro na Aldeia Lapetanha, localizada em Cacoal(RO), a 480 km de Porto Velho.
O
local foi inaugurado em 2023 e a gestão é feita totalmente pelos povos
originários. Celebridades como o apresentador Luciano Huck e o cantor Xamã já se hospedaram na aldeia.
·
Como a Yabnaby surgiu?
A
agência foi idealizada pelo líder indígena e cacique Almir Suruí, quando
começou a desenvolver o plano estratégico de 50 anos do povo Paiter Suruí, nos
anos 2000. Vários diagnósticos feitos na região identificaram o potencial
etnoturístico do território onde ele e seu povo vive.
A
iniciativa foi conduzida pelas lideranças e pelos povos originários da Terra
Indígena, com o apoio da Associação de Defesa Etnoambiental Brasil Kanindé.
"Essa
é uma forma de gerar emprego e renda para os nossos povos, valorizar nossa
cultura e mostrar para o mundo o potencial da floresta e o desenvolvimento
sustentável na Amazônia", explica o líder indígena.
Em
2023, o projeto recebeu um investimento de R$ 522 mil do Programa Prioritário
de Bioeconomia (PPBio) para elaboração de um plano de negócios, com o propósito
de ampliar o local e a levar cada vez mais turistas ao coração da floresta.
🔎O PPBio é uma política pública da Superintendência da Zona
Franca de Manaus (Suframa) que destina recursos para startups da Amazônia com
base nos investimentos obrigatórios das indústrias.
🛖 Bangalocas
O
espaço turístico recebeu o nome "Yabnaby" em homenagem ao avô de
Almir Suruí. Já os dois locais de hospedagem foram dedicados à memória do líder
indígena Marimop Suruí e de Weitãg Suruí, pais do cacique.
"Foi
meu avô [Yabnaby] que deu essa ideia [do plano de 50 anos] e mostrou para meu
pai [Marimop] que o nosso povo poderia buscar qualidade de vida protegendo a
floresta. Foram eles que idealizaram o plano de 50 anos e deixaram esse legado
para os Suruí", explica Almir.
A
Yabnaby possui recepção, restaurante e duas "bangalocas" (junção de
bangalô e oca, um dos principais tipos de habitação indígena no Brasil) que
podem receber até cinco pessoas, cada, simultaneamente.
De
acordo com o líder indígena, a arquitetura das bangalocas é uma expressão
da cultura Paiter Suruí, caracterizada pelas cores e pelos desenhos inspirados
nas pinturas corporais tradicionais da etnia.
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Roteiro turístico
Oyago
Suruí, que trabalha na gestão do complexo turístico, explica que a experiência
de receber não indígenas é uma troca de tradições. O etnoturismo é uma forma
das pessoas terem contato com o estilo de vida, cultura na aldeia e dos povos
originários.
>>>
O pacote de hospedagem inclui:
- Alimentação tradicional local (mas também há opção de
comidas típicas);
- Banho de rio;
- Dança;
- Contação de histórias;
- Passeios de barco;
- Trilhas na floresta;
- Tour pela agrofloresta e plantações de café, banana, cacau
e a extração de óleos e outros produtos que são vendidos às indústrias de
cosméticos.
O
líder indígena explica que a previsão é que a sede da agência de turismo Paiter
Suruí esteja funcionando no início de 2025, no município de Cacoal e
representação em Porto Velho.
Para
aqueles que não têm condições de viajar até o interior de Rondônia, o programa
também deve criar uma experiência virtual de visitação da terra indígena, onde
pessoas da comunidade poderão compartilhar sobre a história do povo, a rotina
na comunidade indígena e outros temas.
Fonte:
g1
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