segunda-feira, 22 de abril de 2024

Com Lula, a direita continua no Poder e a nos governar

Estamos diante de um governo de direita, conformado por uma coalizão de reacionários direitistas e de oportunistas da falsa esquerda ou esquerda burguesa que, pintando-se com as cores da luta popular, não se importam em ser peões no tabuleiro do latifúndio, do imperialismo, principalmente ianque, e da grande burguesia.

Arthur Lira mandou, de uma vez, abrir cinco Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPIs) e declarou que colocará em pauta, na Câmara dos Deputados, projetos de interesse da oposição bolsonarista e da extrema-direita. Motivo: se encontra irritado com o governo. Lira calcula que Luiz Inácio quer lançar um candidato próprio à presidência da Casa, em 2025, e por essa razão o governo o expôs, na votação que decidiu manter preso Chiquinho Brazão, um dos supostos mandantes da execução da Marielle. Naquela ocasião, Lira articulava com a extrema-direita, bolsonaristas e com o “centrão” soltar Chiquinho e o ministro das Relações Institucionais de Luiz Inácio, Alexandre Padilha, expôs Lira.

A iniciativa da Lira pôs em alerta o governo. No segundo ano exercendo o cargo, a situação de Luiz Inácio é dramática a tal ponto que ninguém duvida que seja a direita a governar o País. Ninguém mesmo. E essa conclusão independe da opinião que se tenha sobre o PT, sobre a composição ministerial ou sobre o mandatário. Embora o PT tenha sido, nos últimos 20 anos, o melhor instrumento da direita para enlamear o nome da verdadeira esquerda, governando sempre com um programa de direita enquanto fingia-se popular, a verdade é que mesmo quem não concorde com isso é obrigado a reconhecer que o País está nas mãos de uma quadrilha abertamente de direita, que tem como chefe o senhor Arthur Lira. Quem governa é essa quadrilha de profissionais bandidos do colarinho branco.

Arthur Lira é o mesmo homem que sustentou o governo Bolsonaro de 2021 em diante, que apoiou e trabalhou pela reeleição do bandido extremista de direita, e que se tornou ali o homem mais influente do País ao receber R$ 53,9 bilhões com “orçamento secreto” e arregimentar, assim, um exército de parlamentares sedentos por poder pessoal, dando-lhe controle absoluto da Câmara. Um governo minimamente “progressista”, digamos assim, fosse o caso, uma vez eleito e empossado, teria como primeira medida enfrentá-lo – no pior dos casos, secar-lhe a fonte –, pois, fosse de esquerda, saberia que doutro modo só lá estaria por formalidade: em vez de governar, seria governado por Lira. Dito e feito. O governo de turno atual não só aceitou a coleira, mas a reforçou: em 2023, foram R$ 34,6 bilhões em emendas parlamentares, sem contar mais de R$ 100 bilhões que foram usados nas negociatas – a maioria das quais passa por Arthur Lira. Para a desgraça da Nação, neste ponto, Bolsonaro ficou no chinelo.

Fortalecido pelo próprio governo, agora o presidente de fato Arthur Lira usa a força adquirida para pressionar. Um dos projetos apontará diretamente contra ocupações de terras – o que não surpreende ninguém, pois Lira, que sustenta este governo, é de uma família que possui mais de 20 mil hectares distribuídos em 115 latifúndios da agropecuária em Alagoas.

Não é sem razão que as greves nas universidades federais explodiram – mobilizando docentes e massas de estudantes em mais de 70 universidades e em 300 Institutos Federais – e que os camponeses seguem realizando tomadas de terras, ainda que parte delas seja mera covarde manipulação das massas sedentas por um pedaço de terra, com tal é o “abril vermelho”, em que a alta direção do MST encena seguir ainda lutando pela terra dado seu desmascaramento como movimento chapa branca e aproveita para pressionar o governo em busca de cargos rendosos para si e chegados e traficar com os interesses dos camponeses pobres intermediando e agenciando projetos milionários. A realidade crua é que todo o funcionalismo tem congelados seus salários, enquanto a alta burocracia estatal em seus três níveis, composta de tecnocratas, pela cúpula das forças militares, pelos barões do judiciário e pelos nobres parlamentares, esbanjam indecentes privilégios.

Aqueles ideólogos do oportunismo já lançam mão de argumentos para renovar as ilusões no governo. O mais forte deles, segundo o qual, o governo de turno nada pode fazer, pois Lira é forte e qualquer coisa que se faça poderá resultar em deposição. Assim, manipulam de tal modo a imagem da realidade na mente dos trabalhadores através de desenfreada publicidade de maravilhas tais que fazem parecer que estamos diante de um governo de esquerda, que todavia aceita governar um programa de direita, justificando-se com malabarismo verborrágico, de que é a condição para não ser deposto. No entanto, a realidade é que estamos diante de um governo de direita, conformado por uma coalizão de reacionários direitistas e de oportunistas da falsa esquerda ou esquerda burguesa que, pintando-se com as cores da luta popular, não se importam em ser peões no tabuleiro do latifúndio, do imperialismo, principalmente ianque, e da grande burguesia – desde que sejam dadas migalhas às massas para mantê-las calmas e aceites à escravidão assalariada. As massas populares, todavia, não aspiram migalhas e estão crescentemente compreendendo que a sobrevivência de sua honra e dignidade exige lutar por seus direitos e impor sua vontade a mais este governo de turno, a este parlamento direitista e às demais instituições reacionárias deste velho Estado genocida.

 

Ø  Não reclamem que a ultradireita avança, trabalhem por uma alternativa de esquerda. Por Gilberto de Souza

 

Não é pouca coisa, no mundo, o domínio dos países capitalistas. E há séculos. O poder seduz, como presenciamos até nos dias de hoje, a ponto de pagar por traições, subterfúgios, mentiras, tramas sórdidas e toda sorte de maldades, com um punhado de dólares. Já nem disfarçam mais. Vide o caso do bilionário norte-americano que sai lá dos canfundós do Texas para tirar satisfações com a Corte Suprema brasileira. Na cabeça dele - e de todos aqueles que se curvam para a regra de ouro do capitalismo: 'se quiser, pegue. Se pegar, pague' - você e portanto, seus interesses, vale o quanto tem no bolso. Diante de um argumento desses, difícil explicar que a vida não é bem assim.

Como traduzir, para seres dessa espécie que por alguns gramas de ouro derrubam uma floresta inteira, que o único planeta que conhecerão será esse? Eles, os filhos deles e, aí vem a pior parte, os nossos também. Ou seja, dividimos o mesmo espaço nesta existência com o contingente de algumas centenas de pessoas que têm por objetivo principal na vida acumular quantidades histéricas de dinheiro, com a certeza de que comprarão algo mais; além do que alguns metros cúbicos de terra sobre seus caixões. Há, no entanto, um movimento na Europa, berço dessa obscuridade, liderado pela austríaca Marlene Engelhorn, neta de um industrial, que propõe a distribuição dessa riqueza, sob certas condições éticas. Sinal que há algum juízo em meio a tamanho egoísmo.

•                                                Viralatismo

Embora o avanço da estupidez, do negacionismo diante o futuro sombrio que nos aguarda, demonstrado na força que elegeu alquele que vocês sabem quem mas é melhor nem dizer o nome, e com ele a malta de parlamentares da ultradireita neofascista que infesta o Parlamento, prestes a subjugar os destinos de milhares de meninos e meninas que por simples diversão acenderam um 'baseadinho', ao inferno de um presídio; não é hora de ceder um milímetro do que já foi conquistado até agora. E não foi pouco, embora nada decisivo o suficiente para determinar a preponderância social sobre a propriedade privada, sobre o lucro; o fim do preconceito de qualquer espécie; ou, ainda, a preservação da Terra para as futuras gerações, sobre qualquer outro objetivo pessoal de quem quer que seja.

Trata-se de uma batalha aparentemente eterna, mas que se resolverá diante da determinação de quem se recusa a ficar pelos cantos, reclamando que o mundo é injusto, a vida é difícil e não há mais tempo para mudar esse estado de coisas. E assim, deixar para trás o tal viralatismo que assola o país, a ponto de um presidente, eleito por milhões de brasileiros, bater continência para a bandeira de outro estado nacional. Enterrar, de uma vez, por todas, a prevalência do individualismo pueril; o identitarismo generalizado, diante do sacrifício de tantas vidas que amargam a fome, a miséria e a ignorância.

 

Ø  Abril cinzento para o governo Lula. Por Tereza Cruvinel

 

Num passado não tão distante, um governo progressista-reformista, bem avaliado pela população, viu juntar-se contra ele, nas ruas, no Congresso e também lá fora,  um conjunto de forças que o fez sair dos trilhos e desmoronar. Era chefiado pela primeira mulher eleita presidente, Dilma Rousseff.

A história não se repete mas nós somos tentados a buscar no passado elementos que nos ajudem a compreender o presente.  São muitas as diferenças entre o governo Dilma e o governo Lula 3, mas alguns fatos recentes nos fazem lembrar daquele período, entre 2015 e 2016, que abriu para o Brasil a caixa de pandora.  Como ela mesmo previu, não ficou pedra sobre pedra, e terminamos no desgoverno neofascista de Bolsonaro.

O governo Lula, com todas as diferenças, vive uma situação insólita. Pegou um país destruído por quatro anos de desgoverno, venceu uma tentativa de golpe, recriou as políticas sociais imprescindíveis ao enfrentamento da pobreza e até da fome,  reanimou a economia colhendo crescimento surpreendente no primeiro ano, controlou a inflação, fez o emprego reaparecer e resgatou o respeito externo pelo país.

Aí está o IBGE informando que a renda média dos brasileiros cresceu 11,5% e a renda dos mais pobres, 12,6%.  A FGV atesta que 8,3% da população, ou 16,9 milhões de pessoas, que em 2023 estavam abaixo da linha de extrema pobreza, deixaram essa condição.

Estes feitos notáveis, entretanto, não estão se traduzindo em maior aprovação ao governo e em aumento da popularidade do presidente. Nem estão impedindo que o Congresso – onde ninguém depende de boa comunicação governamental para saber o que se passa no país - viva gerando crises, reiterando ameaças, acenando para a instabilidade.  

Embora seja abril,  tempo de céu limpíssimo em Brasília, nuvens pesadas marcaram a relação entre os poderes. O Senado confrontou o STF aprovando a PEC das drogas, um retrocesso. Falou-se em impeachment de ministros da corte. Uma pauta bomba de R$ 40 bilhões foi armada na CCJ com o projeto que cria quinquênios para magistrados, procuradores e caroneiros. Por que o STF quer premiar o Judiciário enquanto hostiliza a  suprema corte?

Na Câmara, um presidente com os nervos à flor da pele ameaçou instalar CPIs em pencas e derrubar vetos e decretos presidenciais e tocar a “pauta da vingança”.

Dois bombeiros agiram para baixar o fogo, o ministro Rui Costa e o líder José Guimarães. Lira sossegou um pouco, não havia falado em vingança.  A birra com o ministro Padilha é coisa pessoal. O presidente voltando da Colômbia, fez na sexta uma pajelança com a equipe palaciana para entender a confusão. Lula, bom nordestino, sabe como ninguém amansar cabritos bravos. Vai encontrar-se com Artur Lira e com Rodrigo Pacheco.  O mal estar será contornado mas haverá um preço a pagar. Possivelmente, a liberação de R$ 3 bilhões dos R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão que ele vetou. Mas daqui a algum tempo, o chão vai tremer de novo.

Desde que Eduardo Cunha impôs a Dilma a liberação impositiva das emendas individuais , a governabilidade no Brasil é bancada pelo orçamento. Sob Temer, o Congresso tornou obrigatória também a liberação das emendas de bancada. Com Bolsonaro, avançou mais, criando o orçamento secreto. Lula o refugou, com a ajuda do STF, mas vem pagando faturas transparentes.

É certo que Lira busca eleger um sucessor para não ficar ao relento no futuro mas, com ele ou sem ele, o Congresso pegou o osso e não vai largar. Em relação a Eduardo Cunha, é preciso reconhecer que Lira tem uma diferença: não quer passar-se por um irresponsável fiscal, aprovando pautas bomba. Menos mal.

Na rua, a oposição a Dilma veio com as manifestações de 2013. A extrema direita estava rompendo a casca do ovo e surfou a onda. Mas foi o Congresso, o PSDB de Aécio e o PMDB de Temer principalmente, que armaram a bomba do impeachment. Tiveram aliados, como o TCU, a mídia, o mercado, a Fiesp etc.

Já o que espreita Lula, o que nos espreita a todos no campo democrático,  é o bolsonarismo, agora fortemente acasalado com a extrema direita trumpista nos EUA. Os ataques de Elon Musk ao ministro Alexandre de Morais, sua articulação com deputados trumpistas para denunciar “a ditadura no Brasil”, são expressão clara disso. 

O caso Musk-X pilhou a militância extremista que estará com Bolsonaro neste domingo na praia de Copacabana.  Malafaia avisa que vai descer a lenha em Alexandre de Morais. Quer ser preso para com isso levantar o clamor dos evangélicos.  A palavra de ordem será novamente anistia, mas agora ampla. Não apenas para os vândalos de 8 de janeiro, mas para Bolsonaro, com a revogação de sua inelegibilidade. Ele e Trump querem voltar. Mangalô três vezes!!

Tudo isso está acontecendo sem que o campo progressista consiga levantar-se para fazer frente à ofensiva da extrema direita, para defender o STF sob ataque e o governo que se move pisando em ovos e evitando crateras. É como se a esquerda só existisse no Parlamento, onde é minoritária e dependente do Centrão. 

E não estou nem falando na algaravia que vem do mercado, BC, FMI e outros atores do mundo econômico por conta do ajuste temporal na política fiscal.

 

Fonte: A Nova Democracia/Correio do Brasil

 

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