terça-feira, 23 de abril de 2024

China diz que EUA deixam 'registro desonroso na história' ao vetar Palestina na ONU

Pequim apoiou os esforços para admitir um Estado palestino nas Nações Unidas, uma vez que seria a "ratificação de uma injustiça", ao mesmo tempo, relembrou que a política externa estadunidense declara ser a favor da solução de dois Estados.

Durante uma conferência de imprensa em Papua-Nova Guiné, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse que a admissão do Estado palestino é uma medida para terminar uma injustiça prolongada.

"Uma admissão imediata da Palestina nas Nações Unidas é um movimento para retificar uma injustiça histórica prolongada", afirmou o ministro, citado pela agência estatal Xinhua.

Em sua visão, esta é uma obrigação internacional que deve ser cumprida por cada Estado-membro da ONU: "As Nações Unidas devem trabalhar para desempenhar o seu devido papel na resposta aos desafios globais, e o Conselho de Segurança da ONU deve cumprir o seu dever de manter a paz e a segurança internacionais", afirmou o chanceler, observando que a comunidade internacional "tem profunda insatisfação e decepção com os Estados Unidos" após seu veto negar a plena adesão da Palestina.

"Os Estados Unidos opõem-se mais uma vez abertamente à moralidade internacional e à comunidade internacional, deixando mais um registro muito desonroso na história", observou chanceler.

Ao argumentar o seu veto, Washington disse que o reconhecimento palestino como Estado e sua adesão às Nações Unidas precisam ser resultados de uma negociação bilateral com Israel, e não de um debate na ONU.

No entanto, a chancelaria chinesa tem uma visão diferente e relembrou que autoridades norte-americanas declararam diversas vezes ser a favor da solução de dois Estados.

"A adesão plena da Palestina à ONU não deve surgir como resultado das negociações Israel-Palestina, mas como uma pré-condição igual concedida à Palestina para negociações, servindo como um passo fundamental para a concretização da solução de dois Estados, [...] os Estados Unidos devem agir para mostrar o seu alegado apoio à solução de dois Estados".

O representante russo na ONU, Vasily Nebenzya, disse que "o uso do veto pela delegação dos EUA é uma tentativa desesperada de parar o curso inevitável da história", acrescentando que "a história não perdoará os Estados Unidos pelas suas ações", conforme noticiado.

Também neste sábado (20), o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse que reconsiderará as relações bilaterais com os EUA depois que Washington vetou o pedido palestino nas Nações Unidas, segundo o The Jerusalem Post.

¨      Xi Jinping ordena maior reorganização militar da China em uma década

O presidente da China, Xi Jinping, modificou a estrutura das Forças Armadas chinesas, ao expandir a atuação da Força de Apoio à Informação do Exército de Libertação Popular (ELP). As mudanças visam uma melhor adaptação das tropas chinesas às condições informatizadas da guerra moderna, indica um pesquisador chinês.

A Força de Apoio Estratégico foi criada há nove anos, em 2015, para coordenar as ações na guerra cibernética e na confrontação política. As unidades aeroespacial e cibernética, antes subordinadas, agora são independentes e operarão em paralelo à Força de Apoio à Informação.

A medida é uma decisão importante do Comitê Central do Partido Comunista da China por conta da necessidade de construir forças fortes, declarou Xi Jinping. O presidente ainda destacou que o novo ramo é um pilar chave para coordenar a construção e a aplicação de um sistema de informação em rede, conforme a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.

As tropas de informática desempenharão um papel crucial para promover um desenvolvimento de alta qualidade e a competitividade do Exército da China na guerra moderna, enfatizou o mandatário chinês.

A reestruturação ainda permitirá "melhorar o desdobramento" dos sistemas de satélites, do ciberespaço e da condução da guerra eletrônica, declarou o pesquisador sênior aposentado da Academia de Pesquisa Naval do Exército de Libertação Popular, Cao Weidong, durante o Simpósio Naval do Pacífico Ocidental, realizado em Qingdao.

A reorganização chega em um contexto de competição com os Estados Unidos pela influência global, além de acusações por parte de países ocidentais de atividades de pirataria informática, comenta o Bloomberg. Anteriormente, a chefe do Comando de Transporte dos EUA, general Jacqueline Van Olst, estimou que a China tem 100 vezes mais capacidade de construção naval do que os EUA para dominar a atividade marítima na região do Indo-Pacífico.

¨       Blinkem pode ameaçar Pequim com sanções por apoiar a indústria de defesa russa

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, durante sua visita à China, pode ameaçar Pequim com sanções por supostamente apoiar o complexo industrial de defesa da Rússia, informou o jornal Financial Times, citando fontes.

Um alto funcionário do Departamento de Estado norte-americano revelou que Blinken, durante sua visita à China, vai expressar preocupação com o apoio de Pequim ao complexo industrial de defesa da Rússia, que para o governo norte-americano ameaça a segurança europeia.

"O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, avisará a China que os EUA tomarão medidas punitivas se ela não parar de enviar tecnologias relacionadas a armas para a Rússia", diz o artigo do jornal.

O Financial Times destaca ainda que Blinken "não planeja revelar quais medidas os EUA tomarão". No entanto, fontes do jornal informaram que elas poderiam incluir a imposição de sanções contra instituições financeiras chinesas e outras organizações.

Uma das fontes afirmou que o aviso de Blinken será o mais claro dentre os que os funcionários dos EUA já fizeram diretamente aos seus colegas chineses. De acordo com uma das fontes, a China está cada vez mais preocupada com a possibilidade de medidas ocidentais contra seus bancos.

·        Crise no Oriente Médio e situação na China

Blinken visitará a China de 24 a 26 de abril. Durante as reuniões com autoridades chinesas, o secretário de Estado dos EUA discutirá temas como a crise no Oriente Médio e a situação no mar do Sul da China, informou o Departamento de Estado.

O vice-porta-voz do órgão, Vedant Patel, chegou a declarar que os EUA estavam preparados para tomar "medidas adicionais" contra empresas chinesas supostamente por apoiar o complexo industrial de defesa russo.

O representante da embaixada chinesa em Washington, Liu Pengyu, afirmou à Sputnik que Pequim faz esforços construtivos para promover a possibilidade de uma resolução política para a crise na Ucrânia e ainda pediu que os EUA não interferissem nos "relacionamentos normais" entre China e Rússia.

·        Parceria estratégica

No início do mês, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, participou de um encontro com o presidente chinês, Xi Jinping, e reforçou a parceria estratégica com o país. Na reunião, o presidente chinês reforçou a disposição de Pequim para fortalecer a cooperação com a Rússia nas organizações multilaterais, a exemplo do BRICS e da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), estabelecendo o fortalecimento de um diálogo de alto nível entre os países.

Já Lavrov lembrou que o diálogo entre Moscou e Pequim tem desagradado os EUA e seus aliados. "Por isso eles estão promovendo na região suas abordagens baseadas em blocos, enfatizando particularmente a necessidade de a Organização do Tratado do Atlântico Norte [OTAN] entrar na região", declarou.

Na ocasião, o chanceler ainda alertou que Washington tenta criar alianças politicas e militares na região da Ásia-Pacífico e, diante disso, ressaltou a necessidade de assegurar a estabilidade na região.

 

Ø  Apesar da ênfase em laços 'mutuamente benéficos', diplomacia do Japão emite sinais duplos à China

 

O Japão divulgou um relatório anual em que enfatiza a busca por laços "mutuamente benéficos" com a China, mas também culpa Pequim pela situação de segurança "severa e complexa" na região da Ásia-Pacífico.

De acordo com observadores que falaram ao South China Morning Post (SCMP), o Japão está enviando sinais ambíguos e contraditórios sobre a China.

Após a publicação de seu relatório anual oficial sobre política externa, o Diplomatic Blue Book (Livro Azul Diplomático), Tóquio se comprometeu a perseguir uma "relação mutuamente benéfica baseada no interesse estratégico comum" ao mesmo tempo em que sinaliza a responsabilidade chinesa na instabilidade no mar do Sul da China.

"O envolvimento e o diálogo são úteis mesmo que não haja acordo. O fato de o lado japonês estar ampliando essa possibilidade é positivo", disse Chong Ja Ian, professor associado de ciência política na Universidade Nacional de Cingapura. "Se [a China] vai retribuir é algo a se observar", afirmou o acadêmico.

Mas as críticas severas dirigidas à China, incluindo acusações de que os desafios de segurança do Japão são, em grande medida, apresentados por Pequim, sugerem que os sinais de Tóquio são ambíguos ou contraditórios.

"Restabelecer as relações estratégicas mutuamente benéficas após cinco anos é suposto ser uma coisa boa, mas a menção consistente da 'ameaça da China' eliminou o efeito positivo trazido pela reintrodução dos elementos cooperativos nos laços bilaterais", disse Zhang Yun, professor associado de relações internacionais na Universidade Niigata do Japão.

Em um discurso ao Congresso dos EUA no início deste mês, o premiê japonês, Fumio Kishida, disse que "as ações militares da China apresentam um desafio estratégico sem precedentes e o maior" não só para o Japão, mas para o mundo em geral. "A Ucrânia de hoje pode ser o Leste Asiático de amanhã", disse Kishida.

Pequim expressou na terça-feira (16) sua "firme objeção" ao Livro Azul japonês, com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, dizendo que o Japão "recorreu às mesmas velhas acusações falsas contra a China e ao exagero da 'ameaça chinesa'".

Ainda de acordo com a apuração do SCMP, os sinais construtivos são bem-vindos, mas precisam ser acompanhados de ações concretas que não enalteçam a rivalidade regional.

 

Fonte: Sputnik Brasil

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