sábado, 20 de abril de 2024

Brasil não será dependente de tecnologia de IA estrangeira, diz ministra da Ciência e Tecnologia

Em coletiva, ministra Luciana Santos destaca que "a luta política está posta" entre atores do Sul Global que buscam soberania digital e países ricos que tentam mantê-los como dependentes, e diz que, da parte do presidente Lula, o Brasil vai lutar para ser autônomo e soberano em relação à tecnologia.

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, concedeu na manhã desta sexta-feira (19) uma coletiva de imprensa, acompanhada pela Sputnik Brasil, para falar sobre a agenda do Brasil relativa à inteligência artificial (IA) no G20, que ocorre em novembro, no Rio de Janeiro.

A ascensão da inteligência artificial preocupa países ao redor do mundo. Isso porque a tecnologia pode ser usada de forma maliciosa, dando contornos mais realistas a fake news ou facilitando atividades fraudulentas.

Em novembro de 2023, uma cúpula internacional sobre o tema resultou na Declaração de Bletchley, da qual o Brasil é um dos 28 países signatários. A declaração compartilhada é considerada pioneira e estabelece responsabilidades quanto ao uso da IA, além de determinar aos países signatários a criação de políticas para garantir o uso seguro da tecnologia — um dos motivos pelos quais o tema também será discutido no G20.

Ademais, em março deste ano, a Assembleia Geral das Nações Unidas endossou oficialmente a primeira resolução internacional que incentiva os países a promoverem a segurança, a proteção e a confiabilidade dos sistemas de IA.

Na coletiva desta sexta-feira, a ministra afirmou que "o fato de o Brasil estar presidindo o G20 neste ano aumenta a responsabilidade do país em levantar a bandeira da paz e da cooperação", e disse que a IA "entrou no grupo de trabalho do G20 pelo caráter estratégico que a tecnologia tem".

"Somos líderes em algumas tecnologias, por exemplo, nós temos a matriz energética mais limpa do planeta, com mais de 80% da nossa matriz limpa, renovável, tecnologia genuinamente brasileira […] das hidrelétricas. Nós temos tecnologias sociais, como é o nosso modelo SUS, nós temos uma competência indiscutível na Embrapa das tecnologias que garantiram a produção de alimentos que nós temos hoje no país, nós temos liderança na indústria aérea graças ao grande legado da Embraer", disse a ministra.

"Mas nós precisamos nos inserir muito mais, nós precisamos nos inserir nos desafios da biomassa para manter a liderança na transição energética, no fenômeno do hidrogênio verde, de hidrogênio de baixo carbono. Nós precisamos dominar de maneira mais assertiva esses desafios espaciais e da transformação digital, que vai do letramento digital à inteligência artificial, que vai mudar muito as relações de produção no mundo", acrescentou.

A ministra afirmou que tramita atualmente no Congresso um projeto de lei para responsabilizar as big techs por difusão de desinformação e pela escala de informações contrárias à neutralidade política.

"Nosso ministério tem uma posição favorável à tramitação desse projeto de lei. Nós estamos procurando com a Secom [Secretaria de Comunicação da Presidência da República], com o ministro Paulo Pimenta [da Secom], como fazer uma força-tarefa interministerial no sentido de arrancar uma posição política do governo mais proativa, que ela não seja eminentemente técnica."

Na coletiva, a ministra exaltou as possibilidades que a IA traz, afirmando que "as grandes tecnologias usadas para o bem são extraordinárias".

Questionada pela Sputnik Brasil sobre exemplos de como a IA poderia contribuir para a equidade e para o desenvolvimento social do Brasil, Santos afirmou que os benefícios são múltiplos.

"Vou começar pelo impacto no mercado de trabalho: tem um estudo, por exemplo, da Oxford que diz que ao mesmo tempo que ela [IA] pode eliminar 20 milhões de empregos em países desenvolvidos, ela também pode criar até 133 milhões de novos empregos. Isso vai depender da capacitação de treinamento e das oportunidades. Eu acho que pode diminuir bastante o trabalho repetitivo, manual, e dar mais tempo à elaboração, à formulação", afirmou.

Ela acrescentou que na saúde pública o advento da IA pode trazer diagnósticos mais rápidos e precisos, "na agricultura familiar pode garantir um melhoramento na produtividade" e que a tecnologia também pode "reduzir o desperdício na distribuição de energia", que é um dos principais potenciais do Brasil.

"Vai melhorar a eficiência energética, que é uma das principais potências do nosso país, a nossa capacidade de integração, de distribuição de energia. Na educação pode levar soluções mais específicas para aquele condicionamento de aprendizado lúdico, de identificar as dificuldades de aprendizado de determinadas pessoas."

Questionada sobre como o Brasil pretende equilibrar a responsabilidade com o incentivo à IA, a ministra afirmou que atingir essa meta é um grande desafio para o governo brasileiro.

"De fato esse é o grande desafio, porque nós não podemos ter uma regulação que mate a criatividade e a inovação. Tem que ter uma regulação que obrigue regras, a transparência do sistema, aquilo que tem impacto econômico ou político, […] e garantir que [essa regulamentação] não impeça o desenvolvimento tecnológico", explica.

·        IA traz possibilidades de novas modalidades de guerra

Santos afirmou na coletiva que a ascensão da IA também impacta na segurança nacional, uma vez que traz outra perspectiva no que diz respeito à produção de armas autônomas, como drones, e altera a forma como os países vão se preparar para o confronto. Ela afirma que a tecnologia é essencial para ter poder de dissuasão.

"Para se proteger precisa ter o domínio tecnológico, então são várias dimensões do desenvolvimento tecnológico, a gente tem que funcionar com parâmetros de bom senso, e que partem do pressuposto da defesa da vida sem interromper a inovação, a criatividade."

Questionada sobre como o Brasil pode liderar o debate sobre IA no Sul Global, Santos sublinha que essa "não será uma construção fácil".

"Até hoje a gente luta para ter acordos ambientais, e os grandes países do mundo, na prática, sempre se fecham a assinar metas de descarbonização. Eles colocam metas para os países em desenvolvimento, ou seja, eles querem custear as metas do país em desenvolvimento e eles ficam sem nenhum tipo de responsabilidade de qualquer meta de descarbonização. Esse tipo de lógica não pode acontecer. É uma lógica que impede aqueles determinados países de terem sua autonomia, de se desenvolverem", destaca a ministra.

Nesse contexto, a ministra afirma que "a luta política está posta" no que diz respeito à busca pela soberania digital.

"É claro que ela não é explícita, mas ela está posta. É assim: 'Vocês serão consumidores dessa tecnologia e nós somos produtores' [dizem os países ricos], e nós vamos dizer 'Não, nós vamos ser produtores, nós vamos defender o interesse das nossas nações'."

Ela destaca que os países do Sul Global têm desafios e estágios diferentes na busca pela soberania digital, o que inclui o Brasil, e acrescenta que, da parte do presidente Lula, o Brasil não vai se conformar em ser um país dependente da tecnologia estrangeira.

"Da parte do presidente Lula, isso [dependência estrangeira] nunca existirá. Nós vamos lutar para sermos autônomos, sermos soberanos. Porque isso diz respeito ao interesse do povo brasileiro. Soberania é um assunto popular, soberania é um assunto do povo", conclui a ministra.

 

Ø  Em reunião com Lula, empresário mais rico da AL anuncia investimento de R$ 40 bi no Brasil

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta sexta-feira (19), em Brasília, o empresário mexicano Carlos Slim, fundador e controlador do grupo América Móvil (AMX). Entre as principais pautas da reunião, foram abordadas a expansão da rede de fibra ótica e 5G no país e as oportunidades de parcerias comerciais no setor de telecomunicações.

Conhecido por sua atuação no ramo de telecomunicações, Slim é o homem mais rico da América Latina, com fortuna de US$ 102 bilhões (R$ 516 bilhões). A América Móvil, da qual é dono, é a quarta maior operadora de telefonia do mundo e controla a Claro no Brasil.

Segundo o Palácio do Planalto, o empresário mexicano estimou ter investido mais de R$ 40 bilhões no Brasil nos últimos cinco anos e estima outros R$ 40 bilhões para os próximos cinco, especialmente em fibra ótica, internet de alta velocidade e serviços para cidadãos e empresas.

Ainda segundo a assessoria de Lula, Carlos Slim elogiou o controle da inflação e as exportações do país.

O presidente brasileiro, por sua vez, falou dos planos de investimento em infraestrutura, que totalizam R$ 1,7 trilhão via Novo PAC, o Novo Programa de Aceleração do Crescimento, nos próximos anos.

Lula reforçou com o empresário a "necessidade de criar instituições multilaterais mais fortes para lidar com as ameaças das mudanças climáticas e ter financiamento aos países pobres em condições mais favoráveis para o desenvolvimento", diz a nota do Planalto.

O presidente esteve acompanhado dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Juscelino Filho (Comunicações) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência).

¨      Brasil conquista 2 novos mercados para pescados na Índia

O governo da Índia confirmou nesta sexta-feira (19) aprovação sanitária para a importação do pescado de cultivo (aquicultura) e pescado de captura (pesca extrativa) brasileiros. As informações foram divulgadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

De acordo com o Mapa, nos últimos 12 meses o governo indiano autorizou também a importação de açaí em pó e de suco de açaí brasileiros.

Em novembro do ano passado, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, esteve na Índia, quando se encontrou com o ministro da Pesca, Pecuária e Lácteos da Índia, Kamala V Rao.

À época, a Índia era o 12º principal destino das exportações agrícolas brasileiras, com vendas de US$ 2,9 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões). Açúcar e óleo de soja estiveram entre os produtos mais comercializados, informou a pasta.

Segundo as Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro (Agrostat), nos três primeiros meses deste ano o Brasil exportou mais de 12 mil toneladas de pescado para cerca de 90 países, gerando receitas de US$ 193 milhões (cerca de R$ 900 milhões).

O ministério afirmou que o valor representa aumento de mais de 160% em comparação com 2022, quando as vendas foram de US$ 74 milhões (cerca de R$ 370 milhões).

Com esses novos mercados, o agronegócio brasileiro alcançou a 30ª abertura comercial internacional este ano. Ainda segundo o Mapa, nos últimos 16 meses foram abertos 108 novos mercados em 50 países.

¨      Gás argentino para o Brasil pode passar de 3 milhões de m³ por dia, diz ministro brasileiro

O ministro de Minas e Energia brasileiro, Alexandre Silveira, declarou que o fornecimento de gás natural da Argentina para o Brasil pode passar de 3 milhões de metros cúbicos (m³) por dia com a conclusão do acordo binacional de importação do combustível da reserva de Vaca Muerta.

Segundo ele, hoje a demanda de gás do Brasil é de cerca de 100 milhões de m³ por dia e o país tem um potencial de incremento da oferta nacional em até 150 milhões de m³ por dia.

"Estamos com discussões avançadas com a Argentina para recebermos gás da região de Vaca Muerta, e inclusive estive com o presidente do Paraguai nesta semana para ampliar as rotas possíveis. Podem ser mais 3 milhões de m³ por dia vindo da Argentina", disse o ministro no encerramento do evento Gas Week, que é o maior da indústria de gás natural do Brasil, em Brasília.

A rota do gás ainda está sendo estudada, mas uma que foi cogitada passa pelo Paraguai e outra aproveita uma parte ociosa do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol).

A produção nacional de gás natural é de aproximadamente 140 milhões de m³ por dia, enquanto a reinjeção (para não queimar o gás) é de cerca de 73 milhões de m³ por dia.

"Sabemos que a reindustrialização do Brasil representa aumento do PIB, aumento da arrecadação, alívio fiscal, ampliação da infraestrutura, emprego e renda para brasileiras e brasileiros. Vamos aproveitar melhor o gás natural que produzimos aqui. Não dá para ficar reinjetando a metade dessa riqueza tão preciosa para a nossa gente", defendeu o ministro.

O ministro abordou ainda medidas para o setor de gás natural com potencial para injetar quase R$ 100 bilhões no produto interno bruto (PIB) brasileiro e criar mais de 430 mil empregos.

Um dos objetivos do ministério, anunciou ele, é reduzir em US$ 7 (R$ 36,70), ou 25%, o preço do gás natural no Brasil.

Ainda segundo Silveira, o preço do gás natural passou de cerca de US$ 10 (cerca de R$ 50) em 2019 para quase US$ 16 (cerca de R$ 90) em 2022.

¨      EUA investem US$ 40 milhões no reforço da interoperabilidade militar com a Argentina

O dinheiro permitiria uma "aliança estratégica" que levaria Buenos Aires a comprar "artigos de defesa, treinamento e serviços dos Estados Unidos", além de investir em caças F-16.

O governo dos EUA anunciou na quinta-feira (18) que concederá à Argentina um subsídio de US$ 40 milhões (R$ 209,7 milhões) do fundo de Financiamento Militar Estrangeiro (FMF, na sigla em inglês) para modernizar a defesa do país sul-americano.

A medida foi confirmada pela Embaixada dos EUA em Buenos Aires e está de acordo com a "aliança estratégica" entre os dois países que Javier Milei, presidente da Argentina, promoveu nas últimas semanas.

A embaixada diz que o FMF é "um subsídio de assistência à segurança reservado aos principais parceiros" e permitirá que a Argentina "compre artigos de defesa, treinamento e serviços dos Estados Unidos, através de fundos de assistência gratuita, e melhore a interoperabilidade com as forças dos EUA".

O comunicado também nota que essa contribuição será usada para a compra de 24 caças F-16 da Dinamarca, conforme um acordo assinado na terça-feira (16) em Copenhague por Luis Petri, ministro da Defesa da Argentina.

A embaixada acrescentou que "esta é a primeira vez desde 2003 que a Argentina recebe financiamento FMF" de Washington.

O embaixador norte-americano Marc Stanley disse, no X, que a Argentina é "um parceiro importante" para os Estados Unidos, e que estava "orgulhoso" de continuar apoiando o esforço de modernização militar da nação sul-americana. Segundo ele, o investimento "aumentará a capacidade de defesa aérea da Argentina".

Os F-16 adquiridos por Buenos Aires permitirão que o país "defenda seu território de forma mais eficaz e coopere com parceiros regionais para manter a paz e a estabilidade nas Américas", segundo a Casa Branca.

Petri se reuniu na quinta-feira (18) na sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em Bruxelas, na Bélgica, com Mircea Geoana, vice-secretário-geral da organização, a quem apresentou uma carta de intenções que expressa o pedido da Argentina para se tornar um "parceiro global" do bloco.

"Continuaremos a trabalhar para recuperar ligações que nos permitam modernizar e treinar as nossas forças de acordo com os padrões da OTAN", deixou claro o ministro argentino.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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