Brasil não será dependente de tecnologia de
IA estrangeira, diz ministra da Ciência e Tecnologia
Em coletiva, ministra
Luciana Santos destaca que "a luta política está posta" entre atores
do Sul Global que buscam soberania digital e países ricos que tentam mantê-los
como dependentes, e diz que, da parte do presidente Lula, o Brasil vai lutar
para ser autônomo e soberano em relação à tecnologia.
A ministra da Ciência,
Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, concedeu na manhã desta sexta-feira (19)
uma coletiva de imprensa, acompanhada pela Sputnik Brasil, para falar sobre a
agenda do Brasil relativa à inteligência artificial (IA) no G20, que ocorre em
novembro, no Rio de Janeiro.
A ascensão da
inteligência artificial preocupa países ao redor do mundo. Isso porque a
tecnologia pode ser usada de forma maliciosa, dando contornos mais realistas a
fake news ou facilitando atividades fraudulentas.
Em novembro de 2023,
uma cúpula internacional sobre o tema resultou na Declaração de Bletchley, da
qual o Brasil é um dos 28 países signatários. A declaração compartilhada é
considerada pioneira e estabelece responsabilidades quanto ao uso da IA, além
de determinar aos países signatários a criação de políticas para garantir o uso
seguro da tecnologia — um dos motivos pelos quais o tema também será discutido
no G20.
Ademais, em março
deste ano, a Assembleia Geral das Nações Unidas endossou oficialmente a
primeira resolução internacional que incentiva os países a promoverem a
segurança, a proteção e a confiabilidade dos sistemas de IA.
Na coletiva desta
sexta-feira, a ministra afirmou que "o fato de o Brasil estar presidindo o
G20 neste ano aumenta a responsabilidade do país em levantar a bandeira da paz
e da cooperação", e disse que a IA "entrou no grupo de trabalho do G20
pelo caráter estratégico que a tecnologia tem".
"Somos líderes em
algumas tecnologias, por exemplo, nós temos a matriz energética mais limpa do
planeta, com mais de 80% da nossa matriz limpa, renovável, tecnologia
genuinamente brasileira […] das hidrelétricas. Nós temos tecnologias sociais,
como é o nosso modelo SUS, nós temos uma competência indiscutível na Embrapa
das tecnologias que garantiram a produção de alimentos que nós temos hoje no
país, nós temos liderança na indústria aérea graças ao grande legado da
Embraer", disse a ministra.
"Mas nós
precisamos nos inserir muito mais, nós precisamos nos inserir nos desafios da
biomassa para manter a liderança na transição energética, no fenômeno do
hidrogênio verde, de hidrogênio de baixo carbono. Nós precisamos dominar de
maneira mais assertiva esses desafios espaciais e da transformação digital, que
vai do letramento digital à inteligência artificial, que vai mudar muito as
relações de produção no mundo", acrescentou.
A ministra afirmou que
tramita atualmente no Congresso um projeto de lei para responsabilizar as big
techs por difusão de desinformação e pela escala de informações contrárias à
neutralidade política.
"Nosso ministério
tem uma posição favorável à tramitação desse projeto de lei. Nós estamos
procurando com a Secom [Secretaria de Comunicação da Presidência da República],
com o ministro Paulo Pimenta [da Secom], como fazer uma força-tarefa interministerial
no sentido de arrancar uma posição política do governo mais proativa, que ela
não seja eminentemente técnica."
Na coletiva, a
ministra exaltou as possibilidades que a IA traz, afirmando que "as
grandes tecnologias usadas para o bem são extraordinárias".
Questionada pela
Sputnik Brasil sobre exemplos de como a IA poderia contribuir para a equidade e
para o desenvolvimento social do Brasil, Santos afirmou que os benefícios são
múltiplos.
"Vou começar pelo
impacto no mercado de trabalho: tem um estudo, por exemplo, da Oxford que diz
que ao mesmo tempo que ela [IA] pode eliminar 20 milhões de empregos em países
desenvolvidos, ela também pode criar até 133 milhões de novos empregos. Isso
vai depender da capacitação de treinamento e das oportunidades. Eu acho que
pode diminuir bastante o trabalho repetitivo, manual, e dar mais tempo à
elaboração, à formulação", afirmou.
Ela acrescentou que na
saúde pública o advento da IA pode trazer diagnósticos mais rápidos e precisos,
"na agricultura familiar pode garantir um melhoramento na
produtividade" e que a tecnologia também pode "reduzir o desperdício
na distribuição de energia", que é um dos principais potenciais do Brasil.
"Vai melhorar a
eficiência energética, que é uma das principais potências do nosso país, a
nossa capacidade de integração, de distribuição de energia. Na educação pode
levar soluções mais específicas para aquele condicionamento de aprendizado
lúdico, de identificar as dificuldades de aprendizado de determinadas
pessoas."
Questionada sobre como
o Brasil pretende equilibrar a responsabilidade com o incentivo à IA, a
ministra afirmou que atingir essa meta é um grande desafio para o governo
brasileiro.
"De fato esse é o
grande desafio, porque nós não podemos ter uma regulação que mate a
criatividade e a inovação. Tem que ter uma regulação que obrigue regras, a
transparência do sistema, aquilo que tem impacto econômico ou político, […] e
garantir que [essa regulamentação] não impeça o desenvolvimento
tecnológico", explica.
·
IA traz possibilidades de novas modalidades
de guerra
Santos afirmou na
coletiva que a ascensão da IA também impacta na segurança nacional, uma vez que
traz outra perspectiva no que diz respeito à produção de armas autônomas, como
drones, e altera a forma como os países vão se preparar para o confronto. Ela
afirma que a tecnologia é essencial para ter poder de dissuasão.
"Para se proteger
precisa ter o domínio tecnológico, então são várias dimensões do
desenvolvimento tecnológico, a gente tem que funcionar com parâmetros de bom
senso, e que partem do pressuposto da defesa da vida sem interromper a
inovação, a criatividade."
Questionada sobre como
o Brasil pode liderar o debate sobre IA no Sul Global, Santos sublinha que essa
"não será uma construção fácil".
"Até hoje a gente
luta para ter acordos ambientais, e os grandes países do mundo, na prática,
sempre se fecham a assinar metas de descarbonização. Eles colocam metas para os
países em desenvolvimento, ou seja, eles querem custear as metas do país em
desenvolvimento e eles ficam sem nenhum tipo de responsabilidade de qualquer
meta de descarbonização. Esse tipo de lógica não pode acontecer. É uma lógica
que impede aqueles determinados países de terem sua autonomia, de se
desenvolverem", destaca a ministra.
Nesse contexto, a
ministra afirma que "a luta política está posta" no que diz respeito
à busca pela soberania digital.
"É claro que ela
não é explícita, mas ela está posta. É assim: 'Vocês serão consumidores dessa
tecnologia e nós somos produtores' [dizem os países ricos], e nós vamos dizer
'Não, nós vamos ser produtores, nós vamos defender o interesse das nossas nações'."
Ela destaca que os
países do Sul Global têm desafios e estágios diferentes na busca pela soberania
digital, o que inclui o Brasil, e acrescenta que, da parte do presidente Lula,
o Brasil não vai se conformar em ser um país dependente da tecnologia estrangeira.
"Da parte do
presidente Lula, isso [dependência estrangeira] nunca existirá. Nós vamos lutar
para sermos autônomos, sermos soberanos. Porque isso diz respeito ao interesse
do povo brasileiro. Soberania é um assunto popular, soberania é um assunto do
povo", conclui a ministra.
Ø Em reunião com Lula, empresário mais rico da AL anuncia
investimento de R$ 40 bi no Brasil
O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva recebeu nesta sexta-feira (19), em Brasília, o empresário
mexicano Carlos Slim, fundador e controlador do grupo América Móvil (AMX).
Entre as principais pautas da reunião, foram abordadas a expansão da rede de
fibra ótica e 5G no país e as oportunidades de parcerias comerciais no setor de
telecomunicações.
Conhecido por sua
atuação no ramo de telecomunicações, Slim é o homem mais rico da América
Latina, com fortuna de US$ 102 bilhões (R$ 516 bilhões). A América Móvil, da
qual é dono, é a quarta maior operadora de telefonia do mundo e controla a
Claro no Brasil.
Segundo o Palácio do
Planalto, o empresário mexicano estimou ter investido mais de R$ 40 bilhões no
Brasil nos últimos cinco anos e estima outros R$ 40 bilhões para os próximos
cinco, especialmente em fibra ótica, internet de alta velocidade e serviços para
cidadãos e empresas.
Ainda segundo a
assessoria de Lula, Carlos Slim elogiou o controle da inflação e as exportações
do país.
O presidente
brasileiro, por sua vez, falou dos planos de investimento em infraestrutura,
que totalizam R$ 1,7 trilhão via Novo PAC, o Novo Programa de Aceleração do
Crescimento, nos próximos anos.
Lula reforçou com o
empresário a "necessidade de criar instituições multilaterais mais fortes
para lidar com as ameaças das mudanças climáticas e ter financiamento aos
países pobres em condições mais favoráveis para o desenvolvimento", diz a
nota do Planalto.
O presidente esteve
acompanhado dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Juscelino Filho
(Comunicações) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da
Presidência).
¨ Brasil conquista 2 novos mercados para pescados na Índia
O governo da Índia
confirmou nesta sexta-feira (19) aprovação sanitária para a importação do
pescado de cultivo (aquicultura) e pescado de captura (pesca extrativa)
brasileiros. As informações foram divulgadas pelo Ministério da Agricultura e
Pecuária (Mapa) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
De acordo com o Mapa,
nos últimos 12 meses o governo indiano autorizou também a importação de açaí em
pó e de suco de açaí brasileiros.
Em novembro do ano
passado, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, esteve na Índia,
quando se encontrou com o ministro da Pesca, Pecuária e Lácteos da Índia,
Kamala V Rao.
À época, a Índia era o
12º principal destino das exportações agrícolas brasileiras, com vendas de US$
2,9 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões). Açúcar e óleo de soja estiveram entre os
produtos mais comercializados, informou a pasta.
Segundo as
Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro (Agrostat), nos
três primeiros meses deste ano o Brasil exportou mais de 12 mil toneladas de
pescado para cerca de 90 países, gerando receitas de US$ 193 milhões (cerca de
R$ 900 milhões).
O ministério afirmou
que o valor representa aumento de mais de 160% em comparação com 2022, quando
as vendas foram de US$ 74 milhões (cerca de R$ 370 milhões).
Com esses novos
mercados, o agronegócio brasileiro alcançou a 30ª abertura comercial
internacional este ano. Ainda segundo o Mapa, nos últimos 16 meses foram
abertos 108 novos mercados em 50 países.
¨ Gás argentino para o Brasil pode passar de 3 milhões de m³ por
dia, diz ministro brasileiro
O ministro de Minas e
Energia brasileiro, Alexandre Silveira, declarou que o fornecimento de gás
natural da Argentina para o Brasil pode passar de 3 milhões de metros cúbicos
(m³) por dia com a conclusão do acordo binacional de importação do combustível da
reserva de Vaca Muerta.
Segundo ele, hoje a
demanda de gás do Brasil é de cerca de 100 milhões de m³ por dia e o país tem
um potencial de incremento da oferta nacional em até 150 milhões de m³ por dia.
"Estamos com
discussões avançadas com a Argentina para recebermos gás da região de Vaca
Muerta, e inclusive estive com o presidente do Paraguai nesta semana para
ampliar as rotas possíveis. Podem ser mais 3 milhões de m³ por dia vindo da
Argentina", disse o ministro no encerramento do evento Gas Week, que é o
maior da indústria de gás natural do Brasil, em Brasília.
A rota do gás ainda
está sendo estudada, mas uma que foi cogitada passa pelo Paraguai e outra
aproveita uma parte ociosa do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol).
A produção nacional de
gás natural é de aproximadamente 140 milhões de m³ por dia, enquanto a
reinjeção (para não queimar o gás) é de cerca de 73 milhões de m³ por dia.
"Sabemos que a
reindustrialização do Brasil representa aumento do PIB, aumento da arrecadação,
alívio fiscal, ampliação da infraestrutura, emprego e renda para brasileiras e
brasileiros. Vamos aproveitar melhor o gás natural que produzimos aqui. Não dá
para ficar reinjetando a metade dessa riqueza tão preciosa para a nossa
gente", defendeu o ministro.
O ministro abordou
ainda medidas para o setor de gás natural com potencial para injetar quase R$
100 bilhões no produto interno bruto (PIB) brasileiro e criar mais de 430 mil
empregos.
Um dos objetivos do
ministério, anunciou ele, é reduzir em US$ 7 (R$ 36,70), ou 25%, o preço do gás
natural no Brasil.
Ainda segundo
Silveira, o preço do gás natural passou de cerca de US$ 10 (cerca de R$ 50) em
2019 para quase US$ 16 (cerca de R$ 90) em 2022.
¨ EUA investem US$ 40 milhões no reforço da interoperabilidade
militar com a Argentina
O dinheiro permitiria
uma "aliança estratégica" que levaria Buenos Aires a comprar
"artigos de defesa, treinamento e serviços dos Estados Unidos", além
de investir em caças F-16.
O governo dos EUA
anunciou na quinta-feira (18) que concederá à Argentina um subsídio de US$ 40
milhões (R$ 209,7 milhões) do fundo de Financiamento Militar Estrangeiro (FMF,
na sigla em inglês) para modernizar a defesa do país sul-americano.
A medida foi
confirmada pela Embaixada dos EUA em Buenos Aires e está de acordo com a
"aliança estratégica" entre os dois países que Javier Milei,
presidente da Argentina, promoveu nas últimas semanas.
A embaixada diz que o
FMF é "um subsídio de assistência à segurança reservado aos principais
parceiros" e permitirá que a Argentina "compre artigos de defesa,
treinamento e serviços dos Estados Unidos, através de fundos de assistência
gratuita, e melhore a interoperabilidade com as forças dos EUA".
O comunicado também
nota que essa contribuição será usada para a compra de 24 caças F-16 da
Dinamarca, conforme um acordo assinado na terça-feira (16) em Copenhague por
Luis Petri, ministro da Defesa da Argentina.
A embaixada
acrescentou que "esta é a primeira vez desde 2003 que a Argentina recebe
financiamento FMF" de Washington.
O embaixador
norte-americano Marc Stanley disse, no X, que a Argentina é "um parceiro
importante" para os Estados Unidos, e que estava "orgulhoso" de
continuar apoiando o esforço de modernização militar da nação sul-americana.
Segundo ele, o investimento "aumentará a capacidade de defesa aérea da
Argentina".
Os F-16 adquiridos por
Buenos Aires permitirão que o país "defenda seu território de forma mais
eficaz e coopere com parceiros regionais para manter a paz e a estabilidade nas
Américas", segundo a Casa Branca.
Petri se reuniu na
quinta-feira (18) na sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN),
em Bruxelas, na Bélgica, com Mircea Geoana, vice-secretário-geral da
organização, a quem apresentou uma carta de intenções que expressa o pedido da
Argentina para se tornar um "parceiro global" do bloco.
"Continuaremos a
trabalhar para recuperar ligações que nos permitam modernizar e treinar as
nossas forças de acordo com os padrões da OTAN", deixou claro o ministro
argentino.
Fonte: Sputnik Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário