Bolsonaro foi avisado que ato poderia
flopar, mas insistiu ser capaz de “mover multidões”
Nenhum aliado do
ex-presidente Jair Bolsonaro admite em público, mas a manifestação do ultimo domingo
(21), em Copacabana, no Rio de Janeiro,
foi, de fato, um fiasco. A palavra que mais circulou nas redes nos dias que se
seguiram foi “flopou”.
Por mais que tentem
disfarçar, foi inegável o diminuto público presente ao evento. E aí vem a
enxurrada de explicações, teorias indisfarçáveis do fracasso. Valdemar
Costa Neto, o presidente do PL, partido de Bolsonaro, culpou o horário, às 10h
da manhã, o dia quente e, pasmem, disse ainda que não daria pra competir com
“uma praia dessas”.
Segundo o grupo de
pesquisa "Monitor do debate político", da Escola de Artes,
Ciências e Humanidades (EACH) da USP, coordenado por Pablo Ortellado e Márcio
Moretto, o ato reuniu 32,7 mil pessoas. Um público 18% menor do que o que
esteve em São Paulo, em fevereiro, e metade dos presentes no 7 de Setembro de
2022.
O temor do fracasso,
segundo a coluna de Bela Megale, no Globo, foi debatido entre os
organizadores. O próprio Bolsonaro, no entanto, se manifestou convicto da sua
capacidade em “mover multidões”.
A ordem dentro do
partido e apoiadores de Bolsonaro é minimizar a falta de público.
·
"Fazer este país dar certo"
Apesar de vários
políticos da oposição terem comemorado o fiasco, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva se
antecipou ao assunto durante seu encontro com jornalistas na última terça-feira
(23), e foi certeiro:
"Alguém vai me
perguntar, eu já vou logo dizer, 'presidente, o que o senhor acha do ato em
Copacabana?' Eu não vi o ato porque estava fotografando o Minha Casa Minha
Vida dos joões-de-barro. Descobri no Palácio do Alvorada quatro
casas de joões-de-barro e resolvi fazer um filme para publicar na
internet. Não me preocupam os atos dos fascistas. O que me importa é
o seguinte: eu vou fazer este país dar certo”, disparou Lula.
A ironia de Lula foi
na mosca e provocou a reação, entre outros, do folclórico deputado de extrema
direita Nikolas Ferreira (PL), conhecido como “Chupetinha”. Após
ter se destacado no ato de domingo ao revelar que "procura por machos com
testosterona", ele deu mais um de seus shows. Com a voz embargada e um
tanto travado, o parlamentar de Minas Gerais
"chorou" no plenário da Câmara, para constrangimento geral.
"Lula se refere
às pessoas que estavam se manifestando de forma pacífica, ordeira e democrática
como 'fascistas' [...] ele rotula seus opositores para criar narrativas, mas eu
quero dizer algo para Lula e para a esquerda: narrativas são perigosas",
chorou Nikolas Ferreira.
Desculpas
bolsonaristas à parte, é cedo demais para comemorações governistas. A única e
acertada reação é mesmo a de Lula, ou seja, fazer o país dar certo. Com o
perdão do chavão, a cadela do fascismo permanece como sempre esteve, no cio.
Derrapadas do governo, sobretudo na economia, e os comícios bolsonaristas
voltam a bombar.
¨ TREM DA ALEGRIA: 25 parlamentares deram R$ 125 mil para bancar fiasco
de Bolsonaro
Após Silas Malafaia bancar o ato na Paulista com
dinheiro de uma ONG - a Associação Vitória em
Cristo - ligada à sua igreja para escapar do fisco, um grupo de 25 deputados,
pagos com dinheiro público, montou uma vaquinha e arrecadou R$ 125 mil para
financiar o evento de Jair Bolsonaro (PL) ocorrido em Copacabana, no Rio.
Segundo reportagem de
Levy Teles, do Estadão, o líder da bancada evangélica Sóstenes Cavalcante
(PL-RJ) foi o primeiro a doar, R$ 5 mil, para a causa.
“Eu fui o primeiro
para dar exemplo”, disse o parlamentar, que tem estreita ligação com Malafaia e
assumiu o comando do novo ato.
Além dele, outros 15
deputados e nove senadores, aliados do ex-presidente, teriam participado da
arrecadação do dinheiro.
"Não é justo
apenas uma pessoa arcar com os gastos”, justificou Marco Feliciano (PL-SP),
também da bancada evangélica.
A reportagem divulgou
o nome de 14 dos 25 parlamentares que usaram parte dos salários pagos pela
União para bancar o ato de Bolsonaro.
<<
Veja:
Bia Kicis (PL-DF)
Carlos Portinho (PL-RJ)
Dr. Hiran (PP-RR)
Eduardo Bolsonaro (PL-SP)
Izalci Lucas (PL-DF)
Jorge Seif (PL-SC)
José Medeiros (PL-MT)
Magno Malta (PL-ES)
Marcos Rogério (PL-RO)
Nikolas Ferreira (PL-MG)
Pr. Marco Feliciano (PL-SP)
Rogério Marinho (PL-RN)
Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
Wilder Morais (PL-GO)
¨
Embaixada da Hungria: Moraes diz que
Bolsonaro não tentou fugir e arquiva ação
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu arquivar
ação contra Jair Bolsonaro que apurava suposta violação de medidas cautelares e
tentativa de fuga no episódio em que o ex-presidente se hospedou na Embaixada da Hungria, em Brasília (DF).
A estadia de Bolsonaro
na sede da representação húngara no Brasil havia sido revelada pelo jornal
norte-americano The New York Times no dia 25 de março. O
periódico trouxe à tona que o o ex-mandatário,
sorrateiramente, passou dois dias na Embaixada da Hungria, levantando
suspeitas de que estaria tentando evitar sua prisão dias após a
apreensão de seu passaporte por determinação de Moraes, e de dois de
seus mais próximos assessores terem sido presos. O fato ocorreu na primeira
quinzena de fevereiro.
Bolsonaro teve o
documento de viagem apreendido como medida cautelar contra uma possível
fuga do Brasil, uma vez que o ex-chefe de Estado é o alvo central do
inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado perpetrada pelo
antigo governo entre o final de 2022 e o começo de 2023, após a derrota do
radical para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A estadia de Bolsonaro
na embaixada húngara, então, passou a ser vista como uma violação de medida
cautelar, já que a sede da representação diplomática é de soberania húngara,
fazendo com que autoridades brasileiras não tenham jurisdição sob o local - a Polícia
Federal, por exemplo, não poderia entrar na representação diplomática para
realizar uma operação de busca e apreensão ou mesmo cumprir uma ordem de
prisão.
Moraes, então, pediu
um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), bem como uma manifestação
do próprio Bolsonaro sobre o caso, e emitiu despacho nesta quarta-feira (24)
arquivando a ação por entender que o ex-presidente não violou medidas cautelares.
O ministro diz, ainda, que "não há elementos concretos" para
comprovar que o ex-chefe de Estado tentou encampar uma fuga.
"Não
há elementos concretos que indiquem – efetivamente – que o investigado
pretendia a obtenção de asilo diplomático para evadir-se do país e,
consequentemente, prejudicar a investigação criminal em andamento",
escreveu o magistrado.
“Os locais das missões
diplomáticas, embora tenham proteção especial, nos termos do art. 22 da
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, promulgada através do Decreto
nº 56.435/1965, não são considerados extensão de território estrangeiro, razão
pela qual não se vislumbra, neste caso, qualquer violação a medida cautelar de
‘proibição de se ausentar do país'", prosseguiu.
O ministro do STF,
entretanto, manteve as medidas cautelares contra Bolsonaro, que incluem a
apreensão de seu passaporte e a proibição de se comunicar com outros
investigados no inquérito que apura tentativa de golpe de Estado no
Brasil.
·
Juristas discordam de Moraes
Em entrevista
à Fórum, o advogado criminalista Fernando Augusto Fernandes, doutor
em Ciência Política pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e mestre em
Criminologia e Direito Penal pela Universidade Cândido Mendes, afirmou
que "claramente Bolsonaro descumpriu a ordem do ministro"
Alexandre de Moraes.
"Ele não poderia
jamais ter se refugiado porque isso claramente fere a ordem do
ministro. Bolsonaro descumpriu uma medida substitutiva da prisão
preventiva que é não deixar o país. O ingresso dele na embaixada gera
imediatamente a possibilidade de prisão preventiva", analisa
Fernandes.
Augusto de Arruda
Botelho, também advogado criminalista e que já foi secretário nacional de
Justiça, trata-se de um "clássico motivo para decretação de prisão
preventiva".
"A ação de
Bolsonaro de se esconder na embaixada é um clássico motivo para decretação de
prisão preventiva. É uma daquelas situações usadas como exemplo em livros e nas
salas de aula", escreveu Botelho através das redes sociais.
O professor, advogado
e jurista Pedro Serrano vai na mesma linha. Ele considera que, agora,
há razões suficientes para que o STF possa decretar a prisão preventiva de
Bolsonaro.
"Incrível . Quem
me acompanha nas redes sabe de minha visão crítica do excesso de prisões
preventivas no Brasil , inclusive de minha crítica a ideia de prender
preventivamente Bolsonaro , o que me pareceu uma hipótese abusiva e
inconstitucional . Agora aparece a surpreendente notícia que ele teria estado,
recentemente, por 2 dias na embaixada da Hungria , depois das cautelares
decretadas pelo STF. Tentativa de fuga é hipótese clássica de preventiva .
Vamos aguardar as apurações e a defesa de Bolsonaro, mas sem dúvida , caso
verdadeiro o fato, aumentaram muito as chances dele ser, legitimamente,
preso", afirma Serrano.
¨ Bolsonaro na embaixada: petistas veem “decisão política” de
Moraes
Parlamentares do PT e de outros partidos de esquerda
avaliam que o ministro do STF Alexandre de Moraes tomou
uma “decisão política” ao arquivar a investigação sobre a estada de Jair Bolsonaro na
embaixada da Hungria em Brasília, em meados de fevereiro deste ano.
A estada de Bolsonaro
na representação diplomática foi revelada pelo jornal americano The New York
Times. O ex-presidente ficou no local de 12 a 14
de fevereiro, dias após Moraes mandar apreender seu passaporte em investigação
que apura suposta trama golpista para Bolsonaro permanecer no poder após a
derrota para Lula.
Após a revelação do
caso, Moraes mandou investigar o fato para apurar se Bolsonaro tentou pedir
asilo político à Hungria. Eventual pedido nesse sentido poderia ser visto como
desrespeito à medida cautelar determinada pelo ministro do STF proibindo o ex-presidente
de deixar o Brasil.
Em decisão datata da
terça-feira (23/4), porém, Moraes concluiu não haver elementos
concretos que indiquem, efetivamente, que
Bolsonaro pretendia obter asilo para fugir do Brasil e, consequentemente,
prejudicar a investigação criminal em andamento contra ele.
“Os locais das missões
diplomáticas, embora tenham proteção especial, nos termos do art. 22 da
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, promulgada através do Decreto
nº 56.435/1965, não são considerados extensão de território estrangeiro, razão
pela qual não se vislumbra, neste caso, qualquer violação a medida cautelar de
‘proibição de se ausentar do País’. Da mesma maneira, não há elementos
concretos que indiquem – efetivamente – que o investigado pretendia a obtenção
de asilo diplomático para evadir-se do País e, consequentemente, prejudicar a
investigação criminal em andamento, conforme bem salientado pela
Procuradoria-Geral da República”, disse Moraes na decisão.
Na visão de petistas,
ao arquivar o caso, Moraes indica que só tomará qualquer decisão para prender
Bolsonaro quando tiver elementos suficientes para condená-lo com base nas
investigações das quais o ex-presidente é alvo, e não por descumprimento de
medidas cautelares.
Nos bastidores,
parlamentares do PT e de outras legendas governistas compararam o arquivamento
com a decisão da Polícia Federal de não pedir o
indiciamento de Bolsonaro na investigação que
apurava uma possível importunação dele a uma baleia jubarte em 2023.
¨ Depois de Moraes não ver crime, Bolsonaro volta a pedir
passaporte
A defesa de Jair
Bolsonaro (PL) planeja fazer um novo pedido ao
ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes pela
liberação do passaporte do ex-presidente. O pedido de uma nova análise vem na
esteira da decisão de Moraes ao não constatar crime ou qualquer irregularidade de Bolsonaro na estada na embaixada da Hungria, em
Brasília.
A presença por dois
dias do ex-presidente no local foi revelada pelo New York Times e
abriu uma série de suspeitas se Bolsonaro estaria buscando asilo político, já
que dias antes ele havia sido alvo de ação de Polícia
Federal (PF) a mando de Moraes.
Na decisão, o ministro
disse que “não há elementos concretos que indiquem efetivamente que o
investigado pretendia a obtenção de asilo diplomático para evadir-se do país e,
consequentemente, prejudicar a investigação criminal em andamento”. O
passaporte de Bolsonaro, no entanto, continua retido.
No novo pedido, a
defesa do ex-presidente vai alegar que se trata de uma missão diplomática e que
houve convite oficial do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para uma
visita ao país.
Moraes já negou a
devolução do passaporte de Bolsonaro em 28 de março deste ano. O ministro disse
que “as diligências estão em curso, razão pela qual é absolutamente prematuro
remover a restrição imposta ao investigado, conforme, anteriormente, por mim decidido
em situações absolutamente análogas”.
À época, a PGR (Procuradoria-Geral da República), ao ser consultada,
disse que “a medida em questão se prende justamente a prevenir que o sujeito à
providência saia do país, ante o perigo para o desenvolvimento das
investigações criminais e eventual aplicação da lei penal. Os pressupostos da
medida continuam justificados no caso”.
Fonte:
Fórum/Metrópoles
Nenhum comentário:
Postar um comentário