sábado, 3 de fevereiro de 2024

Pequim culpa avanço da OTAN pelo conflito na Ucrânia e chefe da Defesa chinês promete apoio à Rússia

Ministro da Defesa chinês afirma que cooperação entre Moscou e Pequim é pilar para manutenção da paz mundial e elogiou o posicionamento russo em relação a Taiwan

Em sua primeira aparição pública após ser nomeado como ministro da Defesa no final do ano passado, Dong Jun disse ao seu homólogo russo, Sergei Shoigu, que a cooperação estratégica entre os países é um pilar para a manutenção da paz mundial.

Durante uma reunião por vídeo-chamada os chefes concordaram que China e Rússia devem aprofundar a sua cooperação e responder de forma decisiva aos desafios globais.

"Nós os apoiamos na questão ucraniana, apesar do fato de os EUA e a União Europeia continuarem a pressionar o lado chinês", afirmou Dong, prometendo que Pequim “não mudará nem abandonará o nosso rumo político estabelecido sobre esta questão”, mesmo sob a ameaça de mais sanções.

Ao mesmo tempo, segundo o ministro chinês, a China percebe o "forte apoio do lado russo na questão de Taiwan, bem como em outros tópicos dos nossos principais interesses", acrescentou Dong. "Como as duas forças mais importantes e fundamentais do mundo, devemos responder de forma decisiva aos desafios globais", reiterou.

Dong criticou ainda a tentativa dos EUA em manter sua hegemonia mundial tendo Rússia e China como alvos certeiros. "A história e a realidade provam que a hegemonia está condenada ao fracasso".

O ministro russo disse que, ao contrário dos estados ocidentais, a Rússia e a China não estão "criando blocos militares" e a cooperação militar entre eles não é "dirigida contra países terceiros". Shoigu observou que "as relações russo-chinesas na esfera militar estão a desenvolver-se de forma constante em todas as áreas” e disse estar ansioso por uma “cooperação estreita e produtiva" com o seu homólogo chinês.

A posição da China em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia criou tensões entre o país asiático e os EUA. As autoridades norte-americanas acusam Pequim de apoiar Moscou, ao invés de demonstrar neutralidade. A China, por sua vez, culpa a extensão da OTAN na Europa pela crise na Ucrânia e denunciou o uso de sanções unilaterais por parte dos EUA e dos seus aliados como ferramenta de pressão geopolítica.

 

Ø  Em meio a embate com Zelensky, comandante ucraniano destaca 'vantagem significativa' da Rússia

 

Em seu artigo, o militar indica o fracasso dos Estados Unidos para chegar a um acordo de ajuda militar assim como o frágil resultado das sanções aplicadas contra Rússia. Zaluzhny também diz que Moscou tem "vantagem significativa" na "mobilização de recursos humanos" durante o conflito.

No geral, o comandante das Forças Armadas da Ucrânia, Valery Zaluzhny, analisa em seu artigo publicado na CNN nesta quinta-feira (1º) que a Ucrânia deve adaptar-se a uma redução na ajuda militar dos seus principais aliados e concentrar-se com ênfase na tecnologia.

"O desafio para as nossas Forças Armadas não pode ser subestimado. É criar um sistema estatal completamente novo de rearmamento tecnológico", afirmou.

A publicação do texto acontece em meio a um turbilhão de rumores em torno do seu futuro, depois que vários meios de comunicação informaram que o presidente, Vladimir Zelensky, pediria a demissão de Zaluzhny do cargo. No entanto, a mídia afirma que o texto foi escrito antes dos rumores desta semana.

O comandante também cita que os líderes militares da Ucrânia devem ter em conta uma série de desilusões e distrações fora do campo de batalha. Indiretamente, faz referência ao fracasso dos Estados Unidos em chegar a um acordo sobre um novo pacote de ajuda militar, bem como o fato de os desenvolvimentos no Oriente Médio terem chamado a atenção internacional em outros lugares.

Ao mesmo tempo, ressalta que as sanções não surtiram efeito, o que "significa que a Rússia ainda é capaz de mobilizar o seu complexo militar-industrial".

Apesar de lamentar a falta da ajuda militar estrangeira, os problemas internos são claramente uma preocupação ao serem descritos ao longo do texto, especialmente no setor de mobilização de tropas.

"Devemos reconhecer a vantagem significativa desfrutada pela [Rússia] na mobilização de recursos humanos e como isso se compara à incapacidade das instituições estatais na Ucrânia para melhorar os níveis de mão de obra das nossas Forças Armadas", relata.

Em outro momento o comandante diz que a Ucrânia "continua paralisada ​​pelas imperfeições do quadro regulamentar do nosso país, bem como pela monopolização parcial da indústria de defesa".

A divulgação do artigo nesta quinta-feira (1º) acontece em meios aos rumores de embate entre Zaluzhny e Zelensky. Tem sido ventilado na mídia que os dois desacordaram sobre posições militares, principalmente em Avdeevka, cidade pequena na região de Donbass, há algumas semanas. A forma como a mobilização de soldados está sendo feita também foi campo minado entre os dois ucranianos.

Enquanto os desentendimentos acontecem, a Rússia continua a avançar em sua operação militar especial, destruindo armamentos ucranianos e os enviados pelo Ocidente. Ontem (31), a revista Foreign Affairs destacou que as Forças Armadas da Rússia eliminaram a maioria dos tanques alemães Leopard 2 cedidos à Ucrânia.

Até o momento, foram destruídos 568 aviões, 265 helicópteros, 11.580 veículos aéreos não tripulados, 457 sistemas de defesa antiaérea, 14.877 tanques e outros veículos blindados de combate, 1.214 lançadores múltiplos de foguetes, 7.931 peças de artilharia de campanha e morteiros e 18.124 unidades de veículos militares especiais ucranianos, resumiu o Ministério da Defesa hoje (1º).

Moscou prossegue sua operação militar especial iniciada em 24 de fevereiro de 2022, tendo como alguns dos objetivos principais a "desmilitarização e desnazificação" do país vizinho.

·        Zelensky e Zaluzhny tiveram desacordo sobre posições militares antes de 'rumores' sobre demissão

Em mais uma série de atritos com a principal liderança das Forças Armadas da Ucrânia, o presidente Vladimir Zelensky e o comandante-em-chefe Valery Zaluzhny tiveram grandes desentendimentos com relação às posições militares em Avdeevka, cidade pequena na região de Donbass, há algumas semanas, informou a publicação Bild.

Enquanto Zaluzhny insistiu na retirada das tropas da cidade para estabilizar a linha de frente e também facilitar os esforços de defesa da Ucrânia, Zelensky rejeitou a estratégia.

A região de Avdeevka passou a ser um dos principais pontos de discórdia entre o comando das Forças Armadas da Ucrânia por conta da posição estratégica em meio à operação militar especial russa. Diante de posições enfraquecidas, houve reflexos para o desempenho do Exército em Artyomovsk no ano passado.

Em maio de 2023, as forças russas libertaram a cidade em mais um duro golpe à contraofensiva ucraniana, cada vez menos efetiva.

·        Mobilização de 500 mil ucranianos

Outro ponto de desentendimentos entre Zelensky e o chefe das Forças Armadas foi o desacordo com Zaluzhny na insistência em mobilizar mais 500 mil ucranianos para as linhas de frente, em meio ao desgaste da população com o conflito e os diversos problemas enfrentados por Kiev. Além disso, há uma queda na ajuda militar enviada pelos parceiros ocidentais.

Na última segunda-feira (29), alguns legisladores e jornalistas ucranianos afirmaram que Zaluzhny havia sido destituído do cargo, acrescentando que Zelensky ainda não havia publicado o decreto. Porém, a informação foi refutada pelo Ministério da Defesa e o próprio Zelensky na sequência. O especialista militar e coronel aposentado Anatoly Matviychuk afirmou à Sputnik que a situação mostrou que o presidente "não tem autoridade em nenhum dos grupos de poder [da Ucrânia]" e, por isso, precisou recuar da decisão.

"Penso que isso foi talvez uma ação deliberada por parte de Zelensky, porque ele precisa tomar alguma atitude para recuperar sua popularidade", disse.

Os rumores sobre a destituição de Zaluzhny foram precedidos por relatos de crescente inimizade entre o presidente ucraniano e o general de alto escalão. Alguns veículos de mídia ocidentais alertaram em novembro do ano passado que as relações entre Zaluzhny e Zelensky se tornaram "terríveis" após a contraofensiva malsucedida da Ucrânia.

·        'Não queremos o seu lixo voador': a relação entre a Ucrânia e a Austrália está cada vez mais tensa

Embora a Austrália seja listada como uma das doadoras de armas para a Ucrânia, o último país agiu de maneira pouco diplomática ao afirmar que não desejava receber os caças F/A-18 Hornet aposentados devido ao seu estado precário.

Essa informação foi relatada pelo jornal australiano Financial Review.

Devido à falta de capacidade de seus pilotos para enfrentar seus homólogos russos, o governo de Kiev teria recusado uma oferta feita por Camberra em 2023: a doação direta de 41 caças F/A-18 Hornet fabricados na década de 1970.

"Não queremos os seus destroços [...] são lixos voadores", expressou um alto funcionário da Força Aérea Ucraniana a dois representantes australianos que estavam visitando Kiev, conforme relatado por este veículo especializado em economia e finanças.

O jornal acrescentou: "O comentário, que previu com precisão o destino das aeronaves, foi um indicativo da incompreensão mútua que, por vezes, existiu entre a Austrália e a Ucrânia durante o conflito de dois anos".

A Austrália prestou auxílio militar ao governo Zelensky, avaliado em dezenas de milhões de dólares, para apoiar o país em sua luta contra as tropas russas.

 

Ø  Temos garantia de que o dinheiro da Hungria não irá para Ucrânia, diz Orbán sobre ajuda da UE a Kiev

 

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, diz que aceitou a aprovação do pacote da União Europeia (UE) de ajuda à Ucrânia, antes rejeitado pela Hungria, após negociar a utilização racional dos fundos.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, se pronunciou nesta quinta-feira (1°) sobre o pacote de apoio adicional de 50 bilhões de euros (cerca de R$ 267,4 bilhões) para a Ucrânia, aprovado pelos membros da UE no âmbito do orçamento do bloco.

De acordo com Orbán, o pacote aprovado garante um gasto racional de fundos, sendo que nenhuma verba da Hungria será destinada à Ucrânia.

"Negociamos um mecanismo de controle para garantir o uso racional dos fundos e obtivemos garantias de que o dinheiro da Hungria não iria para a Ucrânia", disse Orbán em um vídeo publicado em sua conta do Facebook (plataforma proibida na Rússia por extremismo).

A Hungria era contrária à aprovação do pacote, o que levou países da UE a cogitar uma sabotagem à economia húngara como forma de pressionar o país a aprovar a ajuda financeira. Em dezembro, a Hungria vetou a aprovação do pacote e, desde então, vinha manifestando fortes objeções nos dias anteriores à cúpula que reuniu os 27 líderes do bloco em Bruxelas, nesta quinta-feira.

O temor de Budapeste era de que os fundos destinados pelo bloco à Hungria pudessem, de alguma forma, acabar na Ucrânia.

"Também tínhamos medo de disponibilizar fundos à Ucrânia durante demasiado tempo, sem controle", disse Orbán.

Porém, os temores foram dissipados ao longo de reuniões entre Orbán e outras lideranças do bloco, realizadas na noite de quarta-feira (31) e na manhã desta quinta-feira, resultando na aprovação do pacote.

"Após longas negociações, aceitamos a oferta", disse o primeiro-ministro húngaro no vídeo publicado na rede social.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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