Casos de
dengue aumentaram 26% em relação a janeiro de 2023 em Feira de Santana
Feira de
Santana registrou 53 casos de dengue entre o primeiro dia do ano e essa
segunda-feira (29). Desse total, sete apresentaram sinais de alarme e não foi
registrado nenhum óbito. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde.
O aumento
é de 26% em relação ao mês de janeiro do ano passado, quando foram
contabilizados 42 casos da doença. Entretanto, os casos de alarme sofreram uma
redução de 41,6%, pois nesse período de 2023 foram listados 12 casos com sinais
de alarme e um óbito.
O
prefeito Colbert Martins Filho, médico especializado em
epidemiologia, alerta que diante do aumento de casos em todo país, há
possibilidade de enfrentar mais um ano epidêmico. O gestor também pontua que as
chuvas do final de semana aliadas às altas temperaturas podem ocasionar um
surto de dengue.
“Os
agentes estão nas ruas permanentemente, estamos buscando os focos e com o
fumacê na rua, bombas costais. Estamos fazendo o máximo esforço, inclusive,
estamos avaliando a possibilidade de reforçar o quadro dos agentes de endemias
porque neste momento as dificuldades podem ser ainda maiores”, destacou.
Entre os
locais com mais notificações na zona urbana estão os bairros Mangabeira (5),
Papagaio(5) e Centro (4). Nos distritos, apenas Humildes registrou casos, foram
cinco diagnósticos positivos.
·
Quando procurar a
unidade de saúde?
Pessoas
com febre e, ao menos, mais dois sintomas compatíveis com dengue, a exemplo de
dor de cabeça, no corpo ou nas articulações, são consideradas suspeitas da
doença. A recomendação da Vigilância Epidemiológica (VIEP) é que ao notar os
sinais, o morador procure a unidade de saúde mais próxima para receber
orientações.
Nos casos
graves, em que nota-se uma piora da doença, apresentando dor na barriga intensa
e contínua, vômitos persistentes, queda de pressão e sensação de desmaio, o
paciente deve procurar as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ou as
policlínicas municipais.
Ø
Operação investiga suspeita de tuberculose
entre indígenas venezuelanos Warao, residentes em Feira de Santana
A
Defensoria Pública da Bahia (DPE-BA), em conjunto com a Secretaria de Saúde
estadual (Sesab), realizou uma operação em Feira de Santana para
verificar a suspeita de tuberculose entre os venezuelanos indígenas da etnia
Warao. De acordo com o Conselho Nacional de Saúde, embora a doença afete todo
mundo, este grupo é especialmente vulnerável, assim como crianças, pessoas em
situações de rua e em miserabilidade.
Na semana
passada, uma menina de dois anos foi a óbito e, em outubro de 2023,
um adulto também faleceu com os sintomas do que parecia ser uma pneumonia. No
entanto, o obituário da criança indica tuberculose e desnutrição grave como
causa da morte.
Na mesma
data, outras duas crianças foram internadas também com desnutrição,
desidratação e suspeita de pneumonia. Além disso, o pai da vítima testou
positivo para tuberculose e há cinco crianças com sintomas parecidos.
Tudo isto
acendeu um alerta para o risco generalizado de contágio, pois a doença é
transmissível, tem como principal sintoma a tosse recorrente, e atinge
principalmente o pulmão, mas, tem cura efetiva se tratada com antecedência.
Como os venezuelanos moram em grupo em uma pequena vila, em condições
precárias, era necessário averiguar com brevidade se há foco de contágio. Um
dos fatos que mais preocupam é o aumento de indígenas na vila, que vive lotada
de crianças livres, brincando e pulando pelos corredores, algumas nuas e
expostas, sem qualquer proteção.
“No ano
passado, havia 52 venezuelanos no local, agora já são 72. A Defensoria realizou
essa nova visita com a Sesab para que, se verificada a doença, em um ou mais
integrantes, sejam feitas as profilaxias de emergência para evitar novos
óbitos”, destacou o defensor público Maurício Moitinho, da área de Fazenda
Pública.
Ele está
acompanhando os migrantes e juntando informações e documentos para mover uma
Ação Civil Pública (ACP) contra o Município de Feira de Santana, visando
garantir mais assistência do poder público à comunidade Warao na região.
De acordo
com Moitinho, um novo passo para que sejam respeitados os direitos imigratórios
dos venezuelanos será dado após o relatório que deverá ser feito pela
vigilância sanitária e da área de saúde, que colheu as informações durante a
vistoria feita nesta segunda-feira (29).
A visita
técnica contou com equipe do Núcleo Regional de Saúde Centro Leste e também com
a participação de integrantes do Movimento Nacional de População de Rua – MNPR
de Feira de Santana, que dá assistência aos Warao há quatro anos.
·
A gente não quer só
comida
Embora as
condições de saúde sejam preocupantes, ao tentar dialogar com os(as) Warao –
que não falam português brasileiro – dá para entender perfeitamente que a maior
preocupação que demonstram é com o que vão comer no dia seguinte. E também com
o aluguel, que não tem sido pago regularmente pelo Município de Feira de
Santana.
As frases
curtas, pausadas e demasiadamente gesticuladas mostram a dificuldade de se
comunicar, mesmo arriscando um portunhol improvisado.
“Não temos
dinheiro para comprar comida. [Somando] com a luz, pagamos quase 400 reais de
aluguel. Temos ajuda de carros [motoristas] no sinal. São 12 pessoas para
trazer comida para todos”, comentou o cacique Viva Rattia Rattia, um dos
anciãos do local, que efusivamente dizia que não tinham apoio municipal
regular.
“Nós não
temos nada. Trabalhamos todo dia para comprar comida. Todo dia. Saímos pela
manhã para pedir dinheiro no semáforo, para comprar frango, macaxeira…
Almoçamos, e, à tarde, já não tem”, revela outro morador da vila, Atilano
Mijares. Todos os homens e mulheres de lá vão às ruas para tentar ganhar o pão
para alimentar as 72 bocas que estão vivendo na vila.
Atilano
confirmou ainda que ganham no máximo 40, 50 reais por dia no sinal e que às
vezes passam fome. Mas nem tudo é só comida.
Ao ver que
a Defensoria estava lá, ele logo encostou e disse: “quero falar”. E com
simplicidade esboçou palavras que reverberam bem o que grande parte dos Warao
que vieram para o Brasil com esperança de vida nova querem:
“Queremos
uma terra para plantar; cana, macaxeira… queremos trabalhar. Não tem material
(para fazer artesanato – colares, redes, cobertores, bolsas – um dos meios por
quais os indígenas sobrevivem), mas, se tiver, podemos trabalhar. Estamos aqui
em Feira há anos, mas não conseguimos trabalho, não conseguimos uma casa boa.
Só precisamos disso para morar sempre aqui no Brasil, em conjunto, como
família”.
Ø
Saúde anuncia centro de emergência para
conter epidemia de dengue
A ministra
da Saúde, Nísia Trindade, anunciou nesta quinta-feira (1) o lançamento de
um Centro de Operações de Emergência para controle da epidemia de
dengue no Brasil. Durante reunião tripartite na sede da Organização
Pan-americana da Saúde (Opas), em Brasília, Nísia fez um chamamento pedindo
mobilização nacional por parte de estados e municípios.
“Quero
fazer aqui um chamamento público para a união de todo o país neste momento.
para proteger nossa população e para prevenir, uma vez que sabemos que a maior
parte dos focos [do Aedes aegypti], mais de 75%, se encontra nas casas”, disse.
“Apenas com essa união podemos avançar no sentido de estarmos protegendo nossa
população desse quadro de dengue e, possivelmente, de outras arboviroses.”
Na
abertura da reunião, a ministra voltou a dizer que a vacinação contra a dengue
não pode ser vista como solução para a epidemia por conta da limitação de doses
da Qdenga cedidas pelo laboratório fabricante. Outro ponto crítico da
imunização destacado por Nísia é a não-indicação do imunizante para idosos,
grupo mais acometido por formas graves da dengue.
“A vacina
é esperança, é instrumento fundamental, mas não é resposta para um momento de
crise”, disse. “É hora de prevenir e cuidar. A dengue é uma doença para a qual
o Sistema Único de Saúde (SUS) pode operar de forma eficiente, evitando mortes.
Isso tem que ser uma tônica nossa neste momento”, concluiu.
Fonte: Tribuna da Bahia/Agencia Brasi
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