sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

10 pontos que sinalizam que Bolsonaro sabia da ação da PF e fugiu de barco com Carlos

Reportagem divulgada pelo site Metrópoles nesta quarta-feira (31) revela que a Polícia Federal (PF) teria colhido informações que mostram que Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e um jet ski não voltaram da declarada "pescaria" de Jair Bolsonaro (PL) durante a ação de busca e apreensão contra Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) na casa do clã na praia de Mambucaba, uma vila histórica de Angra dos Reis (RJ), ocorrida na segunda-feira (29).

Após revelação de que Bolsonaro e os filhos teriam fugido em embarcações pelo mar antes da chegada dos investigadores, a defesa do ex-presidente se apressou em dar a sua narrativa.

Às 11h36, Fabio Wajngarten, ex-Secretário de Comunicação (Secom) e advogado do ex-presidente, afirmou na rede X que "Bolsonaro saiu para pescar as 5:00 com filhos e amigos".

Em nota divulgada à noite, o mesmo Wajngarten, juntamente com os também advogados Paulo Amador da Cunha Bueno e Daniel Tesser, omitem o horário da "pescaria".

"Cumpre aclarar que no momento da chegada dos agentes da Polícia Federal na residência, o ex-Presidente e seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, não estavam no imóvel, pois haviam saído cedo para pescar em local próximo. Ao tomarem conhecimento da busca que se realizava na residência do ex-Presidente, todos retornaram imediatamente para acompanhar e atender plenamente ao mandado judicial, prestando os esclarecimentos necessários e colaborando com os agentes policiais", diz o texto.

Em vídeo publicado nas redes sociais na madrugada desta quarta, o deputado federal Zucco (PL-RS), que estava com o clã, afirma que "em torno de 5h50 a gente saiu com tempo bom, mar calmo, sem vento" e complementa que "a gente usou barco, jet ski para fazer deslocamento marítimo".

Zucco afirma ainda que a pescaria foi combinada ao fim da live no dia anterior e que, na segunda, "somente 9h40 o advogado do presidente conseguiu entrar em contato relatando que uma equipe da PF estaria em sua residência", disse.

"O presidente, o Carlos foram na frente. Eu e o Flávio viemos um pouco atrás. O presidente chegou na casa por volta de 10h30", afirma.

Citando fontes da investigação, o Metrópoles diz que Bolsonaro saiu para pescar às 6h40. Com ele estavam além de Carlos, Flávio, Zucco e seguranças, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que também participou da live na noite anterior. O grupo teria usado dois jet skis e um barco para deslocamento.

Os agentes da PF teriam chegado à casa em Mambucaba, vindos de helicóptero do Rio de Janeiro, às 8h40. Eduardo teria voltado por volta das 9h30 para negociar o retorno de Carlos. Após as tratativas Carlos e Bolsonaro teriam retornado às 11h, acompanhados dos seguranças e do deputado Zucco.

O segundo jet ski e Flávio não teriam retornado na manhã. O senador teria alegado que foi a um almoço. A PF suspeita de que ele estaria ocultando provas.

O desencontro de informações ainda envolve Wajngarten, que diz ter chegado às 12h45 no local e encontrado Flávio Bolsonaro.

Diante dessas narrativas, 10 pontos sinalizam que Bolsonaro teria fugido de barco e teria conhecimento prévio da operação. Vamos a eles:

1.       Na operação do dia 25, a PF encontrou com Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, computadores e celulares que pertencem à agência;

2.       Os investigadores apuram se Ramagem seguia recebendo informações da Abin mesmo após deixar órgão. Há suspeitas de que essas informações seriam repassadas a Carlos Bolsonaro;

3.       Ramagem se encontrou com o atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa. As suspeitas de que ele teria recebido informações sobre a investigação fez com que Lula demitisse o número 2 da agência, Alessandro Moretti, que já havia trabalhado com Anderson Torres e era considerado bolsonarista por interlocutores do Planalto;

4.       Um dia antes da ação contra Ramagem, Bolsonaro divulgou um tuite misterioso em que dizia que "vivemos momentos difíceis, de muitas dores e incertezas" e que "as próximas semanas poderão ser decisivas". A publicação sinaliza que a operação pode ter sido vazada;

5.       O desencontro de informações sobre a "pescaria" do clã pouco antes da chegada da PF na casa de Mambucaba. Nem mesmo as pessoas que participaram do evento sabem precisar o horário exato que o ex-presidente e os pescadores embarcaram e saíram para o mar. E nem a hora exata e quem retornou à casa;

6.       Eduardo Bolsonaro ficou na casa ou estava com os irmãos na pescaria? Até o momento ninguém do clã se pronunciou se o filho "03" saiu para pescar ou não;

7.       O mistério sobre o desaparecimento de um dos jet skis e de Flávio Bolsonaro, que não teriam retornado junto com Bolsonaro, Carlos e a comitiva da pesca. O senador é o único do clã que não apareceu na porta da casa quando a Polícia Federal foi embora, por volta das 13h;

8.       O silêncio de Bolsonaro sobre a pescaria e o papo de maluco do ex-presidente com apoiadores para atacar a PF no caso da ‘Abin paralela’;

9.       A narrativa de vitimização do clã Bolsonaro, sem explicar de forma direta o que realmente teria acontecido durante a pescaria (aliás, cadê os peixes?). Além disso, o incitamento ao ódio contra a jornalista Daniela Lima, da GloboNews, que divulgou a informação sobre a suposta fuga;

10.     A possibilidade de Carlos ter usado justamente a casa em Mambucaba para esconder provas sobre a Abin Paralela após ação contra Ramagem. O local está no nome do pai e, caso ele não estive por lá, os agentes da PF não poderiam realizar a busca e apreensão no local.

 

Ø  Abin Paralela: após Carlos, PF mira outros dois filhos antes de chegar a Bolsonaro

 

A ação de busca e apreensão desencadeada contra Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) na última segunda-feira (25) acionou o alerta vermelho no clã, que já prevê operações da Polícia Federal (PF) contra outros dois filhos, antes de chegar a Jair Bolsonaro (PL).

Antes da operação da PF na casa em Mambucaba, vila histórica em Angra dos Reis, Bolsonaro deixou o local de barco levando com ele Carlos e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), deixando no imóvel apenas Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Segundo Bela Megale, no jornal O Globo, o senador estaria em pânico por medo de ser o próximo a receber a visita da PF.

O medo se dá porque Flávio é citado na investigação como um dos favorecidos na estrutura de arapongagem montada dentro da Agência Brasileira de Inteligência, Abin.

Ex-diretor da agência, Alexandre Ramagem (PL-RJ) teria colocado a "Abin paralela" para levantar informações para a defesa de Flávio no caso de corrupção das "rachadinhas". A tarefa foi encomendada a um assessor, Marcelo Bormevet, que já foi alvo de busca e apreensão da PF.

No clã, o temor é que a ação contra Borvemet pode ter levantando suspeitas para serem usadas em uma operação contra o senador.

Jair Renan é outro membro da família que está na mira da PF. O filho "04", que trabalha como assessor do senador Jorge Seif (PL-SC) em Balneário Camboriú, também é citado pela PF por ter sido favorecido no esquema montado por Carlos e Ramagem.

No caso, a Abin paralela teria montado uma estratégia de defesa de Jair Renan nas investigações sobre suposto tráfico de influência. O objetivo era incriminar o ex-parceiro comercial para livrar o filho de Bolsonaro.

No entanto, o consenso até mesmo dentro da família, é que o alvo principal é Jair Bolsonaro, que deve ser o último da família a receber a visita da PF.

Os investigados buscam levantar provas de que as ordens partiam diretamente do ex-presidente, já que Carlos sempre disse que obedecia ao pai.

"Está claro que mais essa operação da PF de hoje contra o deputado Alexandre Ramagem é uma perseguição por causa do Bolsonaro", escancarou o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, na rede X ainda durante a operação contra Carlos Bolsonaro, na segunda-feira.

O objetivo dos aliados do ex-presidente é realmente reforçar a narrativa de perseguição. No entanto, parte deles já concorda que há elementos na investigação que fatalmente levarão Bolsonaro a ser um dos indiciados.

No caminho da investigação traçado pela PF, a oitiva de Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), é chave para se chegar ao ex-presidente.

Heleno será indagado se deu aval à criação da Abin Paralela e se dava ordens para as escutas ilegais. 

A dúvida é se o general da reserva vai assumir a responsabilidade e blindar Bolsonaro ou, assim como o tenente-coronel Mauro Cid, dizer que cumpria ordens de seu superior imediato.

 

Ø  Ramagem confirma que obedecia ordens de Bolsonaro, com quem se reunia "às vezes sem Heleno"

 

O maior temor de Jair Bolsonaro (PL) está prestes a acontecer e o ex-presidente deve se tornar alvo da investigação da Polícia Federal (PF) sobre a chamada "Abin paralela" instalada em seu governo para monitorar ilegalmente adversários políticos e obter informações privilegiadas a seu clã.

Em declaração à coluna de Andréia Sadi, no portal G1, da Globo, o ex-diretor da Agência Brasileira de Informação (Abin), Alexandre Ramagem (PL-RJ) confirmou que recebia ordens diretas de Bolsonaro, embora fosse subordinado ao então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.

Indagado sobre  relação com Bolsonaro, Ramagem disse que despachava diretamente com o ex-presidente "com Heleno, na maioria das vezes, mas às vezes sem Heleno".

Ele teria reiterado ainda que tinha contato diário com Heleno, que "era meu superior hierárquico", mas que mantinha relação direta com Bolsonaro.

A declaração segue a trilha que a investigação da PF quer chegar, de que a Abin paralela funcionava diretamente sobre ordens de Bolsonaro.

Por esse motivo, os investigadores teriam decidido ouvir Heleno em depoimento. A interlocutores, o ex-ministro já teria adiantado que deve dizer aos agente que Ramagem despachava diretamente com Bolsonaro, embora fosse seu subordinado.

Com a declaração de Ramagem implicando o ex-presidente, Bolsonaro deve virar alvo da investigação da PF, que cumpriu mandado de busca e apreensão contra o filho "02", Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

A investigação ainda deve atingir o próprio Flávio e Jair Renan, que são citados pela PF como favorecidos pela arapongagem ilegal promovido pelos subordinados de Ramagem.

·        Saia justa

Na próxima terça-feira (5), Augusto Heleno deve enfrentar uma saia justa em depoimento à PF, que já teria dados que revelam que Heleno tinha conhecimento dos monitoramentos ilegais feito pelos subordinados na Abin.

Além disso, há um histórico de ações que ligam diretamente Heleno à estrutura montada por Carlos Bolsonaro na Abin após a exoneração do general Carlos Alberto dos Santos Cruz e de Gustavo Bebbiano do núcleo duro do governo logo no início do mandato do ex-presidente, em 2019.

Em sua defesa, Heleno deve contar o histórico de aproximação de Ramagem do clã Bolsonaro e afirmar que as tratativas do ex-diretor-geral da Abin se davam diretamente com o ex-presidente.

Caso o general confirme realmente o que tem dito a interlocutores, Jair Bolsonaro (PL) deve virar alvo da investigação e ser convocado a prestar depoimentos sobre o caso.

De acordo com os investigadores, os arapongas lotados na Abin obedeciam ordens direta de Ramagem que, por sua vez, era subordinado a Heleno e a Bolsonaro.

·        Heleno sabia

Em entrevista ao Roda Viva em 3 de março de 2020, o ex-secretário geral da Presidência Gustavo Bebianno afirmou que Heleno tinha conhecimento de que Carlos Bolsonaro queria montar uma Abin paralela dentro do governo. Bebianno morreu 11 dias depois da entrevista.

Na ocasião, o ex-secretário geral da Presidência revelou que o filho de Bolsonaro articulava com "um delegado da PF" a montagem da Abin paralela logo nos primeiros meses de governo.

"Um belo dia o Carlos Bolsonaro aparece com um nome de um delegado federal e três agentes que seriam uma Abin paralela. Isso porque ele não confiava na Abin".

Ainda segundo o ex-secretário, ele e o general Santos Cruz afirmaram a Bolsonaro que eram contra a ideia.

"O general Heleno (chefe do gabinete Institucional da presidência) foi chamado. Ficou preocupado. Mas ele não é de confronto e o assunto acabou comigo e o general Santos Cruz. Nós aconselhamos o presidente a não fazer aquilo porque também seria motivo de impeachment. Eu não sei se isso foi instalado porque depois eu acabei saindo do governo".

Questionado se o delegado seria o atual diretor da Abin, Alexandre Ramagem, Bebianno preferiu não responder. “Eu lembro o nome do delegado. Mas não vou revelar por uma questão institucional e pessoal”, afirmou.

Na mesma entrevista, Bebianno revelou que Carlos Bolsonaro comandava o Gabinete do Ódio.

“Eu disse ao presidente que as notícias falsas não podiam estar dentro do Planalto porque poderiam dar em impeachment. Mas a pressão que o Carlos faz é tão grande que o pai não consegue se contrapor ao filho. É como aquela criança que quer um presente no shopping, esperneia e o pai não tem pulso para dizer não”, contou.

·        Gabinete do ódio e "Abin paralela"

Após se aproximar de Ramagem e em meio à tentativa de criar a "Abin paralela" para atuar junto ao Gabinete do Ódio, Carlos Bolsonaro instalou a primeira grande crise no Planalto.

O alvo era justamente o general  Carlos Alberto dos Santos Cruz, que se opôs aos planos do filho de Bolsonaro e foi demitido em 13 de junho de 2019. 

Menos de um mês depois, Ramagem foi nomeado por Bolsonaro como diretor-geral da Abin e, sob o aval de Augusto Heleno, iniciou a instalação da Organização Criminosa que virou alvo da PF - e resultou na ação contra o agora deputado federal nesta quinta-feira (25).

A investigação da PF segue a mesma linha de raciocínio exposta por Bebbiano e escancara a relação espúria com o clã Bolsonaro que fez Ramagem alavancar sua carreira política e se lançar pré-candidato à prefeitura do Rio - tendo como coordenador de redes sociais, Carlos Bolsonaro.

 

Fonte: Fórum

 

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