quinta-feira, 18 de abril de 2024

Privatizar o ensino público beneficia apenas os tubarões da educação

Desde que assumiu o governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas trabalha diariamente com a tese de destruição do Estado e privatização de todo o serviço público. Com isso, visa beneficiar o grande capital em detrimento de quem precisa do serviço público, além de tirar do Estado a responsabilidade de cuidar da coisa pública, como determina a Constituição. Esse é o projeto da extrema-direita.

Para tanto, o governador enviou um Projeto de Emenda à Constituição (PEC) estadual com objetivo de reduzir de 30% para 25% o percentual de impostos destinados à educação pública paulista. Se aprovada, essa PEC tirará do setor R$ 10 bilhões ao ano, em valores de hoje. E avança com seu projeto de destruição das políticas públicas em benefício da maioria da população, como foi o caso da privatização da Sabesp. E ele não pretende parar por aí para alimentar a sanha do mercado em abocanhar tudo o que vê pela frente.

Dentro desse contexto, a Secretaria Estadual da Educação de São Paulo (Seduc) anunciou para novembro uma Parceria Público-Privada (PPP), entregando 33 escolas públicas para a iniciativa privada. Nos mesmos moldes do que o atual secretário da Educação do estado, o empresário Renato Feder, fez no Paraná, onde os malefícios continuam afetando a população paranaense e os profissionais da educação.

De acordo com o governo paulista essa PPP envolverá a construção, gestão e operação das unidades, além de serviços não pedagógicos, como limpeza, manutenção, gestão de infraestrutura e segurança. No papel tudo bonitinho, mas, em sã consciência, qual empresa privada aceitará gerenciar escolas sem obter lucro? A Seduc afirma também que o objetivo é “liberar a direção da escola de tarefas burocráticas, permitindo maior dedicação às questões pedagógicas”.

Segundo o governo, esse projeto prevê R$ 1,6 bilhão de investimento e concessão de 25 anos para as empresas gerenciarem essas escolas. A Seduc tem a cara de pau de afirmar que “metade das unidades serão construídas até o segundo ano e as demais, até o terceiro ano de contrato”. O projeto promete atingir 29 municípios, com aporte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

•        Governo paulista

Por que em vez disso, o governo paulista não investe esse dinheiro na educação pública, com tudo o que o as escolas necessitam para funcionar adequadamente? Claramente esse projeto é inimigo da educação pública porque entrega dinheiro público para o setor privado sem garantia nenhuma de retorno, muito menos retorno nas regiões mais deficitárias do Estado.

Além do que dinheiro público deve ir para o setor público. Com esse projeto o governo de São Paulo mascara a proposta de destruição da escola pública com a privatização e, portanto, prejudica a população mais vulnerável, que mal tem dinheiro para sobreviver, ainda mais pagar por escola.

Além do mais, esse projeto significa um avanço à deterioração das relações de trabalho na educação porque no serviço público a contratação dever ser feita via concurso público como determina a legislação, Como ocorreu no Paraná e em todos os estados e municípios onde existem as PPPs, quem ganha são as empresas em detrimento da educação pública. Eles não estão preocupados com qualidade nenhuma, muito menos com as filhas e filhos da classe trabalhadora.

 

       Gestão Tarcísio vai usar ChatGPT para produzir aulas digitais no lugar de professores

 

O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai passar a usar o ChatGPT, ferramenta de inteligência artificial, para produzir as aulas digitais que são usadas pelos professores de todas as escolas da rede estadual paulista.

Até então, o material didático era produzido por professores curriculistas, ou seja, especialistas na elaboração desse tipo de conteúdo. Agora, esses docentes terão apenas a função de "avaliar a aula gerada [pela inteligência artificial] e realizar os ajustes necessários para que ela se adeque aos padrões pedagógicos".

A reportagem teve acesso a um documento que foi enviado aos professores com as novas orientações para a produção do material do 3º bimestre deste ano. O texto explica que a ferramenta de inteligência artificial vai gerar a "primeira versão da aula com base nos temas pré-definidos e referências concedidas pela secretaria".

Os professores depois serão responsáveis por editar o material e encaminhar para uma equipe interna da secretaria, que fará a revisão final de aspectos linguísticos e formatação.

Em nota, a Secretaria de Educação confirmou que planeja testar o uso de inteligência artificial para produzir as aulas digitais do terceiro bimestre dos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) e do ensino médio. Segundo a pasta, a ferramenta vai ser usada para melhorar o que foi elaborado anteriormente pelos professores.

Ainda segundo a secretaria, o ChatGPT será configurado para gerar as aulas, usando como referência o que foi produzido pela equipe nos últimos meses, além do material didático de outros autores.

A decisão de usar o Chat GPT foi do próprio secretário de Educação, o empresário Renato Feder, para agilizar a produção do material didático que é usado pelos 3,5 milhões de alunos da rede estadual paulista.

Até o segundo bimestre deste ano, os professores tinham que entregar quatro aulas por semana. Com o uso da ferramenta, eles passam a ter que entregar três aulas a cada dois dias úteis ou seja, pelo menos seis por semana.

As aulas digitais passaram a ser produzidas e distribuídas para as escolas no ano passado. Elas são a principal aposta de Feder para melhorar os indicadores educacionais de São Paulo a estratégia é a mesma que ele usou quando era secretário do Paraná.

O secretário defende que o material produzido sob sua orientação é mais adequado para orientar as aulas, já que prioriza os conteúdos que são cobrados em avaliações nacionais, como o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).

No ano passado, Feder chegou a decidiu abrir mão dos livros didáticos impressos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Assim, as escolas teriam à disposição apenas os slides.

Depois de uma série de críticas sobre a inviabilidade de se usar apenas o material digital e de diversos erros serem encontrados nas aulas produzidas pela secretaria, o governo Tarcísio anunciou um recuo parcial.

Ele decidiu que São Paulo voltaria a aderir ao programa nacional para continuar recebendo os livros impressos, mas manteve a produção e envio de slides para serem usados nas aulas

Especialistas e professores encontraram diversos tipos de erros no material distribuído pelo governo Tarcísio. Foram identificados erros gramaticais e conceituais, além de atividades em desacordo com o que deveria ser ensinado para cada série.

Uma das aulas, por exemplo, dizia que a Lei Áurea, de 1888, foi assinada por dom Pedro 2º e que a capital paulista possui praias.

Em nota, a Secretaria de Educação disse que o processo de fluxo editorial com o uso do ChatGPT "ainda será testado e passará por todas as etapas de validação para que seja avaliada a possível implementação."

Apesar de afirmar que o processo ainda está em teste, os professores curriculistas já receberam as orientações sobre como devem trabalhar nas próximas semanas.

Segundo a pasta, a ferramenta vai aprimorar as aulas produzidas anteriormente pelos docentes. "Com a inserção de novas propostas de atividades, exemplos de aplicação prática do conhecimento e informações adicionais que enriqueçam as explicações de conceitos-chave de cada aula."

"Na sequência, esse conteúdo será avaliado e editado por professores curriculistas em duas etapas diferentes, além de passar por revisão de direitos autorais e intervenções de design. Por fim, se essa aula estiver de acordo com os padrões pedagógicos, será disponibilizada como versão atualizada das aulas feitas em 2023", diz a nota.

Ainda de acordo com a secretaria, a equipe de produção dos materiais conta com 90 professores curriculistas.

 

Fonte: Correio do Brasil

 

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