Privatizar o ensino público beneficia
apenas os tubarões da educação
Desde que assumiu o
governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas trabalha diariamente com a tese de
destruição do Estado e privatização de todo o serviço público. Com isso, visa
beneficiar o grande capital em detrimento de quem precisa do serviço público, além
de tirar do Estado a responsabilidade de cuidar da coisa pública, como
determina a Constituição. Esse é o projeto da extrema-direita.
Para tanto, o
governador enviou um Projeto de Emenda à Constituição (PEC) estadual com
objetivo de reduzir de 30% para 25% o percentual de impostos destinados à
educação pública paulista. Se aprovada, essa PEC tirará do setor R$ 10 bilhões
ao ano, em valores de hoje. E avança com seu projeto de destruição das
políticas públicas em benefício da maioria da população, como foi o caso da
privatização da Sabesp. E ele não pretende parar por aí para alimentar a sanha
do mercado em abocanhar tudo o que vê pela frente.
Dentro desse contexto,
a Secretaria Estadual da Educação de São Paulo (Seduc) anunciou para novembro
uma Parceria Público-Privada (PPP), entregando 33 escolas públicas para a
iniciativa privada. Nos mesmos moldes do que o atual secretário da Educação do estado,
o empresário Renato Feder, fez no Paraná, onde os malefícios continuam afetando
a população paranaense e os profissionais da educação.
De acordo com o
governo paulista essa PPP envolverá a construção, gestão e operação das
unidades, além de serviços não pedagógicos, como limpeza, manutenção, gestão de
infraestrutura e segurança. No papel tudo bonitinho, mas, em sã consciência,
qual empresa privada aceitará gerenciar escolas sem obter lucro? A Seduc afirma
também que o objetivo é “liberar a direção da escola de tarefas burocráticas,
permitindo maior dedicação às questões pedagógicas”.
Segundo o governo,
esse projeto prevê R$ 1,6 bilhão de investimento e concessão de 25 anos para as
empresas gerenciarem essas escolas. A Seduc tem a cara de pau de afirmar que
“metade das unidades serão construídas até o segundo ano e as demais, até o terceiro
ano de contrato”. O projeto promete atingir 29 municípios, com aporte do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
• Governo paulista
Por que em vez disso,
o governo paulista não investe esse dinheiro na educação pública, com tudo o
que o as escolas necessitam para funcionar adequadamente? Claramente esse
projeto é inimigo da educação pública porque entrega dinheiro público para o
setor privado sem garantia nenhuma de retorno, muito menos retorno nas regiões
mais deficitárias do Estado.
Além do que dinheiro
público deve ir para o setor público. Com esse projeto o governo de São Paulo
mascara a proposta de destruição da escola pública com a privatização e,
portanto, prejudica a população mais vulnerável, que mal tem dinheiro para
sobreviver, ainda mais pagar por escola.
Além do mais, esse
projeto significa um avanço à deterioração das relações de trabalho na educação
porque no serviço público a contratação dever ser feita via concurso público
como determina a legislação, Como ocorreu no Paraná e em todos os estados e municípios
onde existem as PPPs, quem ganha são as empresas em detrimento da educação
pública. Eles não estão preocupados com qualidade nenhuma, muito menos com as
filhas e filhos da classe trabalhadora.
Gestão Tarcísio vai usar ChatGPT para
produzir aulas digitais no lugar de professores
O governo Tarcísio de
Freitas (Republicanos) vai passar a usar o ChatGPT, ferramenta de inteligência
artificial, para produzir as aulas digitais que são usadas pelos professores de
todas as escolas da rede estadual paulista.
Até então, o material
didático era produzido por professores curriculistas, ou seja, especialistas na
elaboração desse tipo de conteúdo. Agora, esses docentes terão apenas a função
de "avaliar a aula gerada [pela inteligência artificial] e realizar os
ajustes necessários para que ela se adeque aos padrões pedagógicos".
A reportagem teve
acesso a um documento que foi enviado aos professores com as novas orientações
para a produção do material do 3º bimestre deste ano. O texto explica que a
ferramenta de inteligência artificial vai gerar a "primeira versão da aula
com base nos temas pré-definidos e referências concedidas pela
secretaria".
Os professores depois
serão responsáveis por editar o material e encaminhar para uma equipe interna
da secretaria, que fará a revisão final de aspectos linguísticos e formatação.
Em nota, a Secretaria
de Educação confirmou que planeja testar o uso de inteligência artificial para
produzir as aulas digitais do terceiro bimestre dos anos finais do ensino
fundamental (do 6º ao 9º ano) e do ensino médio. Segundo a pasta, a ferramenta vai
ser usada para melhorar o que foi elaborado anteriormente pelos professores.
Ainda segundo a
secretaria, o ChatGPT será configurado para gerar as aulas, usando como
referência o que foi produzido pela equipe nos últimos meses, além do material
didático de outros autores.
A decisão de usar o
Chat GPT foi do próprio secretário de Educação, o empresário Renato Feder, para
agilizar a produção do material didático que é usado pelos 3,5 milhões de
alunos da rede estadual paulista.
Até o segundo bimestre
deste ano, os professores tinham que entregar quatro aulas por semana. Com o
uso da ferramenta, eles passam a ter que entregar três aulas a cada dois dias
úteis ou seja, pelo menos
seis por semana.
As aulas digitais
passaram a ser produzidas e distribuídas para as escolas no ano passado. Elas
são a principal aposta de Feder para melhorar os indicadores educacionais de
São Paulo a estratégia é a mesma que ele usou quando era secretário do Paraná.
O secretário defende
que o material produzido sob sua orientação é mais adequado para orientar as
aulas, já que prioriza os conteúdos que são cobrados em avaliações nacionais,
como o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).
No ano passado, Feder
chegou a decidiu abrir mão dos livros didáticos impressos do Programa Nacional
do Livro Didático (PNLD). Assim, as escolas teriam à disposição apenas os
slides.
Depois de uma série de
críticas sobre a inviabilidade de se usar apenas o material digital e de
diversos erros serem encontrados nas aulas produzidas pela secretaria, o
governo Tarcísio anunciou um recuo parcial.
Ele decidiu que São
Paulo voltaria a aderir ao programa nacional para continuar recebendo os livros
impressos, mas manteve a produção e envio de slides para serem usados nas aulas
Especialistas e
professores encontraram diversos tipos de erros no material distribuído pelo
governo Tarcísio. Foram identificados erros gramaticais e conceituais, além de
atividades em desacordo com o que deveria ser ensinado para cada série.
Uma das aulas, por
exemplo, dizia que a Lei Áurea, de 1888, foi assinada por dom Pedro 2º e que a
capital paulista possui praias.
Em nota, a Secretaria
de Educação disse que o processo de fluxo editorial com o uso do ChatGPT
"ainda será testado e passará por todas as etapas de validação para que
seja avaliada a possível implementação."
Apesar de afirmar que
o processo ainda está em teste, os professores curriculistas já receberam as
orientações sobre como devem trabalhar nas próximas semanas.
Segundo a pasta, a
ferramenta vai aprimorar as aulas produzidas anteriormente pelos docentes.
"Com a inserção de novas propostas de atividades, exemplos de aplicação
prática do conhecimento e informações adicionais que enriqueçam as explicações
de conceitos-chave de cada aula."
"Na sequência,
esse conteúdo será avaliado e editado por professores curriculistas em duas
etapas diferentes, além de passar por revisão de direitos autorais e
intervenções de design. Por fim, se essa aula estiver de acordo com os padrões
pedagógicos, será disponibilizada como versão atualizada das aulas feitas em
2023", diz a nota.
Ainda de acordo com a
secretaria, a equipe de produção dos materiais conta com 90 professores
curriculistas.
Fonte: Correio do
Brasil
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