terça-feira, 23 de abril de 2024

Jung Mo Sung: Qual é a importância da Igreja no mundo de hoje?

Essa pergunta é tão ampla que não pode ser respondida de forma objetiva, mas, ao mesmo tempo, é fundamental porque as pessoas e grupos que participam nos debates e polêmicas sobre ações, opções e prioridades das igrejas pressupõe uma resposta a essa pergunta.

De uma certa forma, podemos dividir as lideranças das igrejas (seja no âmbito das comunidades locais ou no nível regional ou global) em dois grupos: os que pensam que a sua religião e a sua igreja são fundamentais para a vida das pessoas e do mundo, e o grupo que, apesar de gostar e de lutar pela sua igreja, creem que a Igreja e o cristianismo têm um papel secundário.

Alguém poderia perguntar: papel secundário ou central para o quê? A resposta depende do sujeito que vai responder; isto é, não há uma resposta correta “em si” que poderíamos achar em um livro sagrado e dizer aos outros que eles estão errados. Por exemplo, para um padre, uma freira, um pastor ou pastora que tem certeza que foi vocacionado por Deus, a Igreja e a sua religião são muito importantes, fundamentais para a vida das pessoas. A importância da (sua) Igreja/religião é proporcional à importância da sua vida. E ninguém quer se sentir sem importância, sem autoestima.

O que pode acontecer quando uma pessoa que se sente chamada por Deus, ou encontra o sentido da sua vida em uma igreja, e é criticada ou menosprezada por causa da religião ou sua igreja? Provavelmente vai se defender e até mesmo atacar as pessoas que desvalorizam, não a religião no sentido abstrato, mas criticam “a” religião/Igreja que faz ela se sentir importante na vida. Para essas pessoas a experiência religiosa é a base, o fundamento, da sua autoestima.

E de onde vem esse menosprezo que leva essas pessoas religiosas reagirem de forma até irracional e agressiva? Vem da cultura moderna iluminista que se sente superior aos grupos sociais que creem que Deus ou deuses estão atuando na vida das pessoas e no mundo. E essa cultura difusa do iluminismo está presente na esquerda política e também na esquerda cristã. Uma boa parte da esquerda cristã ainda não resolveu o problema da justaposição da cultura marxista iluminista (a razão e a consciência libertam o ser humano da opressão) com a linguagem religiosa do Deus libertador.

Porém, o mundo cristão não está dividido em essas duas tendências. Há uma terceira. O Papa Francisco é expressão mais significativa de uma teologia que, mantendo a linguagem religiosa cristã, afirma que a Igreja e a religião não são os valores mais importantes na vida. Para ele, o mais importante é o Reino de Deus, isto é, anunciar Deus que liberta os seres humanos de todas formas de escravidão. Nesse processo, a Igreja não é o valor supremo, mas é “apenas” um instrumento de anunciar e tornar presente o Reino de Deus entre a humanidade. A igreja é importante porque é o espaço de convivência de fé e de mútuo perdão, mas não é, não pode ser visto como o fundamento da vida e da fé da comunidade.

É na comunidade ou na igreja que as pessoas experimentam a graça, isto é, a de reconhecermos mutuamente que somos seres humanos, amados por Deus, sem importar a sua capacidade de consumo e de trabalho. Em uma sociedade centrada na ideologia da meritocracia medida em valores financeiros, a comunidade cristã tem sido e/ou deve ser o espaço de convivência da graça, da gratuidade e de misericórdia. E porque é movida pelo Espírito de Deus que essa comunidade reconhece que todos seres humanos são portadores de dignidade, independentemente da sua condição social, racial, sexual, capacidade intelectual...

A Igreja é ainda importante? Sim, porque sem igrejas e comunidades teremos menos espaços de convivência em que as pessoas podem experimentar a graça e perdão mútuo. Mais do que isso, a Igreja é o espaço social organizado que permite as pessoas manterem a fé de que o Reino de Deus está entre nós, apesar de tantas injustiças e opressões. Igreja, como espaço social organizado, precisa de presbíteros/as, pastores/as, lideranças etc., mas, para que a Igreja não perca o Espírito, é preciso ter claro que a Igreja não é o fim último, mas sim um instrumento para o Reino de Deus.

O fundamento das muitas das críticas ao Papa Francisco não é a questão da sexualidade ou das questões sociais e ambientais, mas sim da defesa de uma teologia/eclesiologia de uma igreja centrada em si mesma, uma visão de “vocacionados” que se sentem superiores. Esquecem que a vocação é graça, não mérito. Sem a missão de anunciar o Reino de Deus, o reino da justiça e da paz, a Igreja perde o seu espírito, a sua vocação.

 

       O cristianismo influenciou outras religiões?

 

O cristianismo conseguiu sedimentar a sua história no esteio temporal da humanidade com eficácia, isso nós não podemos negar. Todavia, construiu o seu império usando como moeda, o sangue inocente. Além disso, o cristianismo costurou sua história norteada por momentos ética e moralmente desonrosos, isto é, expandindo-se eliminando vários territórios com os seus habitantes, negociando com impérios na busca por poder e, pelos recursos das camadas mais pobres de várias nações, cidades, lugarejos e famílias. Não só isso, por anos monopolizou a verdade e, com isso, atrasou o avanço científico de várias comunidades, nublando o entendimento individual e coletivo induzindo-os ao erro. Essas são só algumas calamidades do cristianismo e, muitas dessas tristes constatações ainda acontecem hoje em dia.

Mas, como foi o início do catolicismo/cristianismo palestino?

# Jesus era judeu, veio de uma família judia, estudou as escrituras judaicas e seguiu a religião judaica.

# A única referência desse Jesus que se conecta com o catolicismo/cristianismo é o seu nome.

# No cristianismo os dois ritos que o identificam são o batismo e a eucaristia. Esses ritos não são invenções cristãs, mas sim práticas preexistentes do próprio judaísmo. Portanto, o cristianismo surge como mais uma seita judaizante com pouquíssima relevância no seu início quando comparada com a dos Essênios, dos Fariseus, dos Saduceus e dos Zelotes. Nesse contexto, o batismo veio dos Essênios/João Batista.

>>> Outras religiões que devemos considerar, são:

• Zoroastrismo:

- É cronologicamente anterior, já possuía concepções escatológicas bem definidas. Estas concepções são relativas à ressurreição do corpo, imortalidade da alma, paraíso, inferno, estado intermediário e julgamento.

• Mitraismo:

- Mitra e Jesus (o da bíblia) apresentam desde cedo semelhanças começando pelos seus nascimentos milagrosos. A ideia de sacrifício está marcada em ambos.

• Parsismo:

- A luta entre o bem e o mal acontece e no final e Ormazd irá vencer.

Foi de onde surgiram as ideias de paraíso, inferno e o dia do julgamento. Itens esses presentes no Judaísmo. Mas, também é verificado em outras religiões mesopotâmica e seitas persas.

• Hélios e Apolo:

- A história do personagem mais importante do cristianismo, Jesus Cristo, encontra-se repleta de elementos solares destes deuses. Baco, filho de júpiter, deus do vinho, transformou a água em vinho primeiro que o mito cristão. Hércules teve 12 trabalhos (lembra dos 12 apóstolos?). Além do nascimento milagroso semelhante ao de Jesus.

Bom, considerando alguns dos sincretismos supracitados (existem muito mais) e a grande influência helenista exercida na palestina, podemos entender que o cristianismo herdou conceitos dos pensamentos mitológicos e filosóficos gregos, em especial, a preexistência da alma de Platão, as máximas do estoicismo e as generalizações dos pensamentos religiosos mais proeminentes dos seus vizinhos. Cabe salientar que, não era incomum o sincretismo cultural entre os povos.

 

       Por que a igreja católica está cheia de símbolos do anti-cristo agora?

 

A igreja católica foi formada sendo composta por vários mártires que depois viraram santos. O cristianismo da atualidade, historicamente falando, é uma "filial" do catolicismo de outrora e, conforme sabemos, os "evangélicos" são uma espécie de massa que segue as ordens do líder. Além disso, compartilham e vivem a visão desse líder. Dessa forma, qualquer definição de cristianismo embasada somente em meia história endossada pelo entendimento deslocado, vai desfavorecer o leigo defensor desse líder.

Portanto, as bases do catolicismo foram forjadas por Paulo e, pelos eruditos que defendiam as visões textuais Paulinas e, pasme, a maioria deles, inclusive dos fantasmagóricos "apóstolos" são os santos que conhecemos hoje. Ou seja, se conhece a história do cristianismo primitivo, sabe o papel desses santos no DNA do catolicismo e, também do motivo do protestantismo ser como é, uma fábula que isola toda a complexidade da religião cristã buscando enriquecer financeiramente a hierarquia dogmática e nada mais.

 

       Há sinais de que Jesus Cristo está voltando?

 

# Mateus 24:6–8 diz: “E ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; olhai não vos perturbeis; porque forçoso é que assim aconteça; mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes e terremotos em vários lugares. Mas todas essas coisas são o princípio das dores”.

Guerras sempre aconteceram, antes, durante e depois de Jesus - então não é um métrica coesa para termos como base para o seu retorno.

# Apocalipse 6:12 diz: “E vi quando abriu o sexto selo, e houve um grande terremoto; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua toda tornou-se como sangue”

Terremotos sempre aconteceram, eclipse solar também, dadas as circunstâncias temporais e ambientais. Dessa forma, não é uma métrica confiável para termos como fundamento para o seu retorno.

# Joel 2:30–31 diz: “E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia de Jeová”

Desastres naturais, eclipses solar e lunar. Sempre tivemos esses tipos de fenômenos naturais, inclusive na época dos extintos dinossauros. Então, ainda não é um métrica fidedigna.

Entendam que, Jesus não vai voltar. Ele morreu e se decompôs. Os textos eclesiásticos tentam fomentar essa bravata, mas não vai acontecer. O estilo de pregação apocalíptico trabalhava com o retorno de um enviado de deus, de suas leis, e, a restauração de tudo que seu povo "oprimido", nesse caso, os Hebreus haviam passado nas mãos dos outros povos ou pelos próprios líderes hebreus corruptos que, não seguiram as ordens de deus. Também não haverá arrebatamento, é tudo fábulas cristãs. Todos que adotaram esse tipo de pregação (Jesus, João Batista, Pedro, Paulo, etc.) esperavam o retorno de um representante de deus.

# Veja o que disse Paulo:

"Nós, os vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, de modo algum procederemos os que dormem"

Aconteceu conforme Paulo esperava? Não.

# Pedro:

"Ora, o fim de todas as coisas está próximo"

Aconteceu conforme Pedro esperava? Não.

# Mateus/Jesus

"Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai. Como foi nos dias de Noé, assim também será na vinda do Filho do homem.

Aconteceu conforme Mateus/Jesus esperavam? Não.

Mas, concordo que usar Noé como exemplo não foi muito inteligente, já que enchentes acontecem desde que o mundo é mundo. Enfim, certamente, esse rebuliço cristão não vai acontecer.

 

Fonte: IHU OnLine/Quora

 

 

 

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