terça-feira, 2 de abril de 2024

Frade menciona a América do Norte 150 anos antes da ‘descoberta’ de Colombo

Ainda há muitos mitos de que Cristóvão Colombo foi o primeiro europeu a “descobrir” e explorar a América do Norte. No entanto, os vikings estavam na América séculos antes do que Colombo – eles viajaram da Escandinávia para a Terra Nova via Groenlândia por volta de 999 D.C., como provam diversas evidências arqueológicas. Além disso, tecnicamente, as tribos nômades asiáticas descobriram a América há mais de 15.000 anos.

Uma nova evidência, a primeira escrita, indica que alguém de fora do norte da Europa tinha conhecido acerca da América, o que surpreende é que o relato foi feito antes da viagem de Colombo em 1492.

·        Crônica escrita em 1345 já falava sobre a América

A primeira referência sobre a América na área do Mediterrâneo foi documentada em um novo estudo por Paolo Chiesa, do departamento de estudos literários da Universidade de Milão. O pesquisador encontrou um escrito no qual havia a menção sobre uma “ terra que dicitur Marckalada ”, encontrada a oeste da Groenlândia, na obra chamada Cronica universalis escrita pelo frade milanês Galvaneus Flamma em 1345.

Publicado no Journal of the Society for the History of Discoveries, Chiesa diz no estudo que “A referência de Galvaneus, provavelmente derivada de fontes orais ouvidas em Gênova, é a primeira menção ao continente americano na região mediterrânea, e dá indícios da circulação (fora da área nórdica e 150 anos antes de Colombo) de narrativas sobre terras além da Groenlândia.”

·        O que seria a Marckalada

Marckalada ou Markland, é o nome que as fontes irlandesas deram a uma parte da costa atlântica da América do Norte. A referência a Markland ocorre no terceiro livro, no qual é discutida a terceira era da humanidade de Abraão a Davi. A certa altura, o autor da Idade Média “insere um longo excursus geográfico, tratando principalmente de áreas exóticas: Extremo Oriente, terras árticas, ilhas oceânicas, África”, diz Chiesa.

Nos textos em que escreveu, o frade milanês utiliza uma variedade de fontes, que vão desde tratados bíblicos a eruditos, incluindo relatos de viajantes como Marco Polo e Odoric de Pordenone.

No entanto, o frade descreveu Markland a partir do testemunho oral de marinheiros que viajaram pelos mares da Dinamarca e da Noruega, provavelmente o diálogo ocorrei em Gênova, local onde Galvaneus fez seu doutorado.

·        Tradução

Desse modo, Markland é hoje a América do Norte. O escrito do frade foi traduzido do latim para o inglês, contendo a seguinte composição:

“Mais ao norte está o Oceano, um mar com muitas ilhas onde vivem uma grande quantidade de falcões peregrinos e gerifaltes. Essas ilhas estão localizadas tão ao norte que a Estrela Polar permanece atrás de você, em direção ao sul. Os marinheiros que frequentam os mares da Dinamarca e da Noruega dizem que ao norte, além da Noruega, fica a Islândia; mais à frente há uma ilha chamada Grolandia, onde a Estrela Polar fica atrás de você, em direção ao sul. O governador desta ilha é um bispo. Nesta terra não há trigo, nem vinho, nem fruta; as pessoas vivem de leite, carne e peixe. Eles moram em casas subterrâneas e não se aventuram a falar alto ou a fazer barulho, por medo de que os animais selvagens os ouçam e os devorem. Lá vivem enormes ursos brancos, que nadam no mar e trazem marinheiros naufragados para a costa. Ali vivem falcões brancos capazes de grandes voos, que são enviados ao imperador de Katai. Mais a oeste há outra terra, chamada Marckalada, onde vivem gigantes; nesta terra, existem edifícios com lajes de pedra tão grandes que ninguém poderia construir com elas, exceto gigantes enormes. Há também árvores verdes, animais e uma grande quantidade de pássaros. No entanto, nenhum marinheiro conseguiu saber ao certo sobre esta terra ou sobre as suas características.”

Ainda conforme o estudo, “Embora a cúria papal soubesse da existência da Groenlândia desde o século XI, Galvaneus é o primeiro a dar algumas informações sobre suas características na área italiana e, de maneira mais geral, em uma obra “científica” e enciclopédica latina, como seu Cronica universalis afirma ser.”

Tendo isso em vista, não é difícil de se esperar que Colombo estivesse informado que havia um continente inteiro mais para o oeste, pois ele também, assim como o frade, era genovês. Outro indício que corrobora com a especulação é de que Colombo estava muito seguro em seu plano de cruzar o oceano, enquanto muitos de seus contemporâneos achavam a ideia absurda.

 

Ø  Onde está a cidade perdida de Atlântida?

 

A história de Atlântida, uma lendária república insular com estruturas sociais avançadas, provoca a imaginação por séculos. Afundada nas profundezas do oceano, segundo o mito, ela representaria o auge da civilização. Essa narrativa tem origem no antigo filósofo Platão, que criou a história como um conto de advertência contra a arrogância das nações, incorporando a própria essência do imperialismo que deu errado. Usando Atlântida como contraste, Platão montou um palco alegórico para contrastar com sua sociedade ideal, muito parecido com uma versão de Atenas em seu auge, que ele detalhou em sua obra seminal, “A República”.

Ao contrário da representação da cidade nas adaptações modernas, a Atlântida de Platão não era um paraíso idílico, mas uma encarnação de advertência da decadência moral. As descrições dos diálogos de Platão pintam os atlantes como um povo corrompido por sua própria riqueza e poder, uma oposição gritante à modéstia e à virtude que ele imaginava para um estado modelo. Essa interpretação da Atlântida, por meio das lentes filosóficas de Platão, serve como um exame crítico dos valores sociais, examinando a linha tênue que separa a civilização de seu colapso.

·        A narrativa da Atlântida

A enigmática Atlântida capturou a imaginação humana por milênios, estimulando investigações contínuas sobre sua existência. Supostamente situada além do Estreito de Gibraltar, no Oceano Atlântico, a Atlântida foi descrita como uma terra extensa – na época de Platão, concebida para superar em tamanho tanto a Líbia quanto uma parte substancial do que hoje é conhecido como Turquia. Se uma forma de terra tão grande residisse sob as águas do Atlântico, certamente seria detectável pela moderna tecnologia de sonar.

A ideia da Atlântida como uma sociedade idílica, perdida na história, pode ser atribuída em grande parte a Ignatius Donnelly, um ex-congressista americano que, em 1882, publicou um trabalho influente intitulado “Atlantis: The Antediluvian World” (Atlântida: O Mundo Antediluviano). Por meio de 13 proposições, Donnelly postulou que Atlântida não apenas existiu, mas serviu como um farol de tranquilidade e prosperidade durante o alvorecer da humanidade.

Donnelly sugeriu que a Atlântida foi a progenitora de várias civilizações antigas e que, se alguém seguisse as pistas deixadas por Platão, a cidade submersa poderia ser descoberta. Seu texto teve uma profunda influência, abrindo caminho para a Atlantologia – um campo propício para entusiastas que buscam desvendar seus segredos com base em sua estrutura conceitual.

O catalisador para a teoria de Donnelly foi alimentado por uma descoberta sensacional na década de 1870 — o arqueólogo amador Heinrich Schliemann, seguindo pistas do épico de Homero, “A Ilíada”, alegou ter localizado a cidade histórica de Troia. A suposta transição de Troia do mito para a realidade deu crédito à possibilidade da existência de Atlântida sob as ondas do oceano.

·        Busca pela fabulosa metrópole submersa

Desde que os contos de um novo continente chegaram às costas europeias, expedições e hipóteses foram abundantes, ligando as Américas à lendária metrópole submersa de Atlântida. Os esforços para descobrir essa antiga cidade aumentaram na história recente, especialmente nos séculos XX e XXI.

Em 2018, uma equipe proclamou ter encontrado “provas concretas da existência de Atlântida” com grande alarde. A evidência chave apresentada incluía uma série de círculos em um parque nacional na Espanha, que acabaram por ser lagos experimentais criados em 2004 e 2005 para um estudo envolvendo zooplâncton.

Kenneth Feder, professor emérito de antropologia na Central Connecticut State University, passou sua carreira enfrentando mitos sobre Atlântida. Sem provas da existência dessa cidade, Feder observa que o encanto pelo mito atrai pessoas para a arqueologia.

Na visão de Feder, arqueólogos poderiam ser mais ativos. “Como disciplina, não fazemos um trabalho proativo suficiente”, diz Feder. “Mas se o que nos resta são as pessoas vendo documentários sobre Atlântida ou alienígenas antigos, e é isso que as deixa curiosas, então… precisamos ser capazes de seguir com isso.”

 

Fonte: Só Cientifica

 

Nenhum comentário: