segunda-feira, 1 de abril de 2024

Democracia ainda é a melhor forma de governo para 71%; para 18%, tanto faz, mostra Datafolha

Para 71% dos brasileiros, a democracia é a melhor forma possível de governo. Já 18% dizem que tanto faz se o país vive sob o regime ou não, enquanto 7% acreditam que sob certas circunstâncias uma ditadura é preferível.

O quadro apurado pelo Datafolha nos dias 19 e 20 de março mostra um país que defende majoritariamente o regime democrático no Brasil, mas que se vê apenas um pouco satisfeito com ele, o qual qualifica de problemático.

Esta é a trigésima vez em que o instituto afere a disposição democrática do país, em uma série histórica iniciada em setembro de 1989, um mês antes da primeira eleição presidencial direta após a ditadura militar encerrada em 1985.

O apoio de 71% está entre os mais altos do período estudado, mas vem apresentando uma queda desde o pico de 79%, apurado em outubro de 2022, quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) promovia abertamente sua campanha contra o sistema eleitoral às vésperas do segundo turno que perderia para Lula (PT).

A campanha custou os direitos políticos de Bolsonaro até 2030. Em 8 de janeiro de 2023, o país assistiu aos atos golpistas que depredaram as sedes dos três Poderes e à reação institucional a eles, e agora vê investigações apontarem uma trama para manter o ex-presidente no poder.

O apoio à democracia caiu para 74% na ocasião seguinte em que o Datafolha questionou isso a eleitores, em dezembro de 2023. Em relação àquela rodada anterior, o "tanto faz" oscilou três pontos percentuais para cima, enquanto a aceitação da ditadura ficou no mesmo patamar.

Na série do instituto, o menor apoio à democracia foi registrado em fevereiro de 1992, quando o país já vivia na crise política do seu primeiro governo eleito pós-ditadura, o de Fernando Collor (então PRN). Em setembro daquele ano, quando foi aberto o processo de impeachment do então presidente, o OK à ditadura ocasional atingiria seu maior nível até aqui, 23%.

O maior apoio ao regime democrático é registrado entre a classe média e os mais ricos. Entre quem ganha de 5 a 10 salários mínimos, é de 87%, passando a 85% na faixa superior de renda. Mulheres são o grupo menos entusiasmado, com 66% de apoio.

Não há diferenças significativas de opinião quando o que está na balança é a posição política do entrevistado. Elas são vistas, contudo, de forma clara quando o Datafolha questiona o grau de satisfação e a avaliação do ouvido acerca da democracia brasileira.

Essas duas questões haviam sido feitas antes em fevereiro de 2014. De lá para cá, subiu de 9% para 18% o índice de quem se diz muito satisfeito com o regime democrático. Os que se dizem um pouco satisfeitos caíram de 59% para 53%, enquanto os insatisfeitos oscilaram de 28% para 27%.

Já os que acreditam que o país vive numa democracia plena foram de 3% para 6%, com os que a consideram com pequenos problemas subindo de 21% a 28%. O maior contingente, de quem vê um regime com grandes problemas, caiu de 61% para 46%, enquanto aqueles que afirmam que o Brasil não é uma democracia passaram de 9% para 16%.

Nesta pesquisa foi feito o cruzamento com aqueles que se dizem muito ou um pouco petistas (41%), bolsonaristas (30%) e neutros (21%). Um quarto dos apoiadores de Bolsonaro acha que o Brasil não é democrático, ante 9% de petistas e 15% de quem declara neutralidade na polarização.

Já 32% dos que se dizem ao lado do PT afirmam estar muito satisfeitos com o regime --ante só 6% de bolsonaristas, dos quais 46% se dizem nada felizes com o estado da democracia. Petistas insatisfeitos são 10%, enquanto neutros são 30% (e 11% deles muito satisfeitos).

O Datafolha ouviu 2.002 eleitores em 147 cidades brasileiras. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou menos.

 

       Para 55%, Bolsonaro quis dar um golpe; 39% discordam, mostra Datafolha

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou dar um golpe para permanecer no poder após ser derrotado por Lula em outubro de 2022. É isso o que pensa a maioria dos brasileiros, 55%, segundo a mais recente pesquisa do Datafolha. Discordam dessa leitura 39% dos ouvidos.

Bolsonaro é alvo de investigação da Polícia Federal, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, que vem revelando detalhes sobre uma trama golpista que envolveu reuniões nos palácios do Planalto e da Alvorada, a confecção de uma minuta com os procedimentos a envernizar a intentona e a tentativa de trazer a cúpula das Forças Armadas para o plano.

Muito do roteiro saiu da turbulenta delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, que voltou à cadeia após a revelação de gravações pela revista Veja em que ele se disse pressionado pela PF a falar o que não sabia e faz críticas a Moraes.

Especialistas em direito se dividem acerca da tipificação da conduta de Bolsonaro, de resto abertamente golpista em diversos momentos de sua carreira pública, particularmente na sistemática campanha contra o sistema eleitoral brasileiro --que já lhe rendeu a perda de direitos políticos até 2030.

Não souberam se posicionar sobre o tema 7% dos 2.002 entrevistados pelo Datafolha em 147 cidades brasileiras nos dias 19 e 20 de março. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou menos

Sem surpresa, bolsonaristas são refratários à tese de que o líder quis dar um golpe. Não acreditam nisso 73% de seus eleitores no segundo turno de 2022 e 75% dos que se dizem ou muito ou algo próximo de seu ponto no espectro político.

Acreditam nesse intento, em ambos os grupos, 19%. Como a opinião é expressa ao mesmo tempo da autodeclaração, é de se supor que esses entrevistados concordam com a ideia de que um golpe de Estado seria aceitável.

Na pista contrária, 87% dos eleitores de Lula e 86% dos petistas creem na intenção golpista do ex-presidente, ante 19% e 11%, respectivamente, que não. Os neutros no barômetro ideológico do Datafolha acreditam mais (48%) que Bolsonaro queria dar um golpe do que o contrário (39%).

Em segmentos mais amplos, os mais ricos são mais taxativos de que Bolsonaro não buscou uma ruptura institucional: 53% não creem nisso. Entre os mais instruídos, o índice fica em 48%, o mesmo apontado entre os evangélicos, grupo associado ao bolsonarismo.

 

       2026: Michelle, Tarcísio, Ratinho, Zema ou Caiado: quem tem mais chance contra Lula em pesquisa

 

O instituto Paraná Pesquisas divulgou levantamento nesta quinta-feira, 28, onde mediu as intenções de voto de nomes apontados como possíveis sucessores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, em uma eleição contra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), aparecem com melhor colocação em um eventual pleito, mas perdem para Lula no cenário-base da pesquisa.

Quando os eleitores são informados que Michelle e Tarcísio teriam apoio explícito de Bolsonaro, eles empatam tecnicamente com o atual presidente da República. Também foram testados na pesquisa os nomes dos governadores Ratinho Júnior (PSD), Paraná; Romeu Zema (Novo), Minas Gerais; e Ronaldo Caiado (União), Goiás; além dos senadores Tereza Cristina (PP-MS) e Ciro Nogueira (PP-PI).

Embora Bolsonaro esteja inelegível, o Paraná Pesquisas também testou um cenário eleitoral estimulado, no qual o ex-presidente aparece numericamente à frente, com 37,1% das intenções de voto, mas empatado tecnicamente com Lula, com 35,3%. A margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais.

Na sequência estão o ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT), com 7,5% das intenções de voto; a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), com 6,1%; e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), 1,8%. Os que disseram que votariam em branco, nulo ou em nenhum dos nomes apresentados foram 8%, enquanto 4,2% não soube ou não respondeu.

O levantamento foi realizado entre os dias 18 e 22 de março pelo instituto, que entrevistou pessoalmente 2.024 eleitores em 162 municípios em todo o País. O nível de confiança é de 95%.

•        Michelle Bolsonaro

A ex-primeira-dama é a que apresenta o melhor desempenho como herdeira política de Bolsonaro contra Lula. Michelle aparece com 30,9% das intenções de voto, enquanto o petista lidera com 36%. Os demais nomes oscilam, mas a ordem não é alterada: Ciro, Tebet e Leite.

A pesquisa também mediu o desempenho dela com o apoio explícito de Bolsonaro. Nesse cenário, Michelle alcança 43,4% e empata tecnicamente com Lula, que tem 44,5%. Não há outros nomes testados neste cenário com o apoio do ex-presidente, o que também ocorre nos casos dos demais candidatos citados abaixo.

•        Tarcísio de Freitas

O governador paulista surge com uma distância maior de Lula. Segundo o levantamento, Tarcísio tem 23,3% contra 36,2% do presidente. Porém, assim como Michelle Bolsonaro, empata tecnicamente com o petista quando os eleitores são informados de que ele teria o apoio de Bolsonaro: o governador sobe para 40,8% das intenções de voto, enquanto o presidente tem 43,9%.

•        Ratinho Júnior

Em outro cenário, o governador do Paraná, com 14,6% das intenções de voto, está tecnicamente empatado em segundo lugar com Ciro Gomes, que tem 12,9%. Lula lidera com 36,6%.

Com o apoio explícito de Bolsonaro, Ratinho vai para 35,3%, mas ainda está atrás do atual presidente, com 44,6%.

•        Romeu Zema

Zema vive uma situação similar a de Ratinho. O governador mineiro aparece com 14,1%, mas também empatado em segundo lugar com Ciro, que tem 12,8%. Lula, nesse cenário, tem 36,8% das intenções de voto. Mesmo com o apoio de Bolsonaro, o governador do Novo fica atrás de Lula: o mineiro tem 34,6% contra 44,5% do atual presidente da República.

•        Ronaldo Caiado

Caiado é quem tem o pior desempenho entre os governadores testados pelo Paraná Pesquisas. Com 7,7% das intenções de voto, aparece em quarto lugar no cenário testado, mas empata tecnicamente com Tebet, que tem 9%, em terceiro. Ciro Gomes tem 13,9% e Lula, 36,3%.

O goiano chega a 32,6% com o apoio de Bolsonaro, enquanto Lula tem 44,9%

•        Tereza Cristina

Assim como Caiado, Tereza Cristina também está em quarto lugar, empatada tecnicamente na terceira posição com Simone Tebet. A senadora tem 7% e a ministra de Lula, 8,9%. O presidente lidera com 36,6% das intenções de voto.

Ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro, Tereza Cristina sobe para 32,2% com o apoio do ex-presidente. Lula lidera com 44,5% nesse cenário.

•        Ciro Nogueira

O senador e presidente do PP aparece na última colocação, com 3,4% das intenções de voto. Eduardo Leite tem 4,4%, o que significa empate técnico entre os dois. Lula lidera com 36,9%, seguido por Ciro (14%) e Tebet (9,2%). O ex-ministro da Casa Civil chega a 29,1% com o apoio de Bolsonaro. Nesse caso, Lula tem 44,9%.

 

Fonte: DataFolha

 

Nenhum comentário: