As armas
que os EUA estão enviando secretamente à Ucrânia
A Ucrânia começou a usar
mísseis balísticos de longo alcance fornecidos secretamente pelos EUA contra as forças invasoras russas,
confirmaram autoridades americanas.
As armas fazem parte
de um pacote de ajuda de US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão) aprovado pelo
presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em março e chegaram
este mês à Ucrânia.
Os equipamentos
militares já foram usados pelo menos uma vez para atacar alvos russos na Crimeia ocupada, segundo
a mídia americana.
Biden assinou na
quarta-feira (24/4) um novo pacote de ajuda de US$ 61 bilhões (R$ 330 bi) para
a Ucrânia.
Os EUA forneceram
anteriormente à Ucrânia uma versão de médio alcance dos Sistemas de Mísseis
Táticos do Exército (ATACMS, na sigla em inglês), mas mostraram-se relutantes
em enviar algo mais poderoso, em parte devido às preocupações sobre o
comprometimento da prontidão militar do país diante de outras ameaças.
No entanto, Biden
parece ter aprovado secretamente o envio do sistema de longo alcance — capaz de
disparar mísseis a distâncias de até 300 km — em fevereiro deste ano.
"Posso confirmar
que os Estados Unidos forneceram à Ucrânia ATACMS de longo alcance sob
orientação direta do presidente", disse o porta-voz do Departamento de
Estado, Vedant Patel.
Os EUA "não
anunciaram [o envio] no início, para manter a segurança operacional da
Ucrânia", acrescentou ele.
Não está claro quantos
equipamentos do tipo já foram enviados, mas o conselheiro de Segurança Nacional
dos EUA, Jake Sullivan, disse que Washington planeja enviar mais.
"Eles farão a
diferença. Mas, como eu disse antes, não existe solução mágica", disse
ele.
Os mísseis de longo
alcance foram usados pela primeira vez na semana passada para atacar um campo
de aviação russo na Crimeia ocupada, reportou a agência de notícias Reuters,
que citou como fonte uma autoridade norte-americana não identificada.
Os novos mísseis
também foram usados num ataque às tropas russas na cidade portuária ocupada de
Berdyansk durante a noite de terça-feira (23/4), segundo o jornal The New York
Times.
Nos últimos meses,
Kiev aumentou os apelos por ajuda internacional, à medida que os seus estoques
de munições se esgotavam e a Rússia registra ganhos constantes em batalhas.
O novo pacote de ajuda
americano foi aprovado após meses de impasse, pois havia uma oposição de alguns
membros do Congresso.
"Isso tornará a
América mais segura, tornará o mundo mais seguro”, disse Biden após sancionar a
medida.
Após a notícia do
pacote, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse: "Agora faremos
tudo para compensar esse meio ano que foi gasto em debates e dúvidas."
"O que os
invasores russos foram capazes de fazer durante este tempo, o que Putin
planeja, agora devemos nos voltar contra eles."
Zelensky alertou
recentemente que uma ofensiva russa era esperada nas próximas semanas, após a
Ucrânia perder a cidade de Avdiivka durante o inverno.
As forças ucranianas
sofreram com a escassez de munições e de sistemas de defesa aérea nos últimos
meses — e as autoridades culparam os atrasos na ajuda militar dos EUA e de
outros aliados ocidentais pela perda de vidas e de território.
Sullivan disse na
quarta-feira (24/5) que era "certamente possível que a Rússia obtivesse
ganhos táticos adicionais nas próximas semanas".
Desde que a Rússia
invadiu a Ucrânia, em 24 de Fevereiro de 2022, dezenas de milhares de pessoas —
a maioria soldados — foram mortas ou feridas em ambos os lados e milhões de
pessoas fugiram das suas casas.
Ø Após novo pacote de ajuda militar aprovado, Pentágono confirma
início do envio de armas à Ucrânia
Os Estados Unidos
iniciaram o processo de transferência de armas e munições para a Ucrânia. A
expectativa é que as primeiras entregas cheguem dentro de alguns dias, se não
antes, disse o porta-voz do Departamento de Defesa, Patrick Ryder, nesta
quinta-feira (25).
"Já iniciamos o
processo de movimentação de algumas das armas, munições e equipamentos, que
estarão lá em alguns dias, se não antes", disse Ryder, quando questionado
sobre quando os EUA acreditam que a primeira carga de munições chegará à Ucrânia.
Em um comunicado
recente, Ryder destacou a robusta rede logística que permite ao Pentágono
movimentar os materiais rapidamente, em questão de dias.
"Temos uma rede
logística muito robusta que nos permite movimentar o material rapidamente, como
fizemos no passado, numa questão de dias. Por questões de segurança operacional
não darei detalhes sobre o que este pacote de assistência poderá incluir. Há
materiais importantes, defesa aérea e capacidade de artilharia", explicou.
No início desta
quinta-feira, coordenador de comunicações estratégicas do Conselho de Segurança
Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que a defesa aérea continua a ser
uma "grande prioridade" para os Estados Unidos, ao responder a uma pergunta
sobre o possível envio de mísseis Patriot para a Ucrânia.
Na quarta-feira (24),
o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou uma lei de defesa nacional, aprovada
recentemente pelo Senado, após meses de debate, que atribui US$ 95 bilhões (R$
490,27 bilhões) em ajuda à Ucrânia, a Israel e às suas operações no Indo-Pacífico.
A divisão exata dos
valores contemplam a Ucrânia com US$ 61 bilhões, Israel com US$ 26 bilhões e
outros US$ 8 bilhões para iniciativas de segurança na região oceânica do
Indo-Pacífico.
Do dinheiro atribuído
à Kiev, US$ 23,3 bilhões destinam-se à reposição de artigos e serviços de
defesa para a Ucrânia, US$ 13,8 bilhões para a compra de sistemas de armas
avançados e US$ 11,3 bilhões para operações militares dos EUA na região.
Os regulamentos também
contêm uma medida para fornecer sistemas de mísseis táticos do Exército de
longo alcance (ATACMS) à Ucrânia.
A Ucrânia é apoiada
militarmente pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), o bloco de
guerra liderado pelos Estados Unidos e composto pela maioria dos países da
União Europeia.
A Rússia considera que
os envios de armas para Kiev dificultam a solução do conflito e alerta que a
OTAN está "brincando com fogo".
Ø Scott Ritter: nova ajuda dos EUA à Ucrânia não vai eliminar
vantagem da Rússia
Ex-inspetor de armas
da ONU e analista político Scott Ritter diz à Sputnik que "armas
mágicas" de Washington não vão alterar a superioridade militar de Moscou
no conflito nem enviar as forças russas de volta às fronteiras de 1991.
Nenhuma das
"armas mágicas" de Washington pode ajudar Kiev a conter o avanço das
forças russas em sua ofensiva, afirmou à Sputnik o ex-inspetor de armas da
Organização das Nações Unidas (ONU) e analista político Scott Ritter.
Nesta semana, o Senado
dos EUA aprovou um novo pacote de ajuda a Ucrânia, Israel e Taiwan no valor de
US$ 95 bilhões (cerca de R$ 490 bilhões). O financiamento recebeu 75 votos
favoráveis e 17 contrários, sendo necessários no mínimo 60 senadores para a aprovação
da proposta.
Do total dos recursos,
cerca de US$ 61 bilhões (cerca de R$ 315 bilhões) são para a Ucrânia, outros
quase US$ 26 bilhões (cerca de R$ 134 bilhões) para Israel e US$ 8 bilhões
(cerca de R$ 41 bilhões) são destinados a Taiwan.
Do montante destinado
ao regime de Kiev, pelo menos US$ 13,8 bilhões (R$ 71,2 bilhões) serão usados
para compra de armamentos, como mísseis de longo alcance ATACMS e caças F-16.
"Os US$ 13,8
bilhões em assistência militar que serão fornecidos à Ucrânia serão
insuficientes para basicamente deter o avanço russo em curso e mudar o
resultado no campo de batalha", afirmou Ritter.
Ele acrescentou que a
soma não ajudará Kiev a "virar a maré para enviar as forças russas de
volta, de acordo com a fórmula de [Vladimir] Zelensky, às fronteiras de
1991". Segundo o analista, ele não é o único a pensar dessa forma.
"Essa é a
avaliação do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, [Dmitry] Kuleba, que
disse que nesta fase final do jogo não há quantidade de assistência militar que
possa impedir o avanço russo. Ele está correto", ressaltou Ritter.
Segundo Ritter, a
Rússia goza atualmente de "superioridade militar, senão de supremacia
absoluta, ao longo de toda a linha de combate, não apenas nas linhas da frente,
mas estendendo-se até às áreas de retaguarda das defesas ucranianas".
Ele explicou ainda que
depois que as armas dos EUA forem entregues à Ucrânia e levadas para a linha de
frente, o armamento estará sujeito a constantes interdições.
"Muito pouco
dessa assistência militar chegará realmente aos soldados ucranianos na linha da
frente, e quando isso acontecer, esse equipamento militar será destruído de
forma relativamente rápida pelos russos, que vão rastrear o equipamento",
destacou Ritter.
¨ EUA alocam dinheiro para Kiev apenas 'para salvar sua reputação'
e isto não muda nada, diz analista
A maior parte do
dinheiro projetado na nova lei de defesa nacional que contém assistência a Kiev
ficaria nos Estados Unidos, disse o cineasta Regis Tremblay à Sputnik. Na sua
opinião, a atual política antirrussa do presidente dos EUA, Joe Biden, apenas procura
fortalecer a sua posição nas próximas eleições.
Segundo cineasta Regis
Tremblay, que atualmente reside na Crimeia, a resposta da opinião pública russa
à aprovação pelos EUA da lei de defesa nacional que prevê, entre outras coisas,
milhões de dólares em assistência a Kiev, tem sido muito mais discreta do que
no país da América do Norte.
A lei de ajuda à
Ucrânia, a Israel e ao Indo-Pacífico gerou uma controvérsia significativa. A
maioria dos legisladores do Partido Democrata, agora totalmente ligados aos
interesses do complexo militar-industrial nacional, votou a favor do
financiamento, enquanto o Partido Republicano permanece fortemente dividido
sobre a questão. Assim, alguns conservadores propuseram a remoção do presidente
da Câmara, Mike Johnson, do cargo por apoiar gastos massivos.
"Aqueles que
prestam atenção [à lei de ajuda aprovada] sabem que a maior parte desses US$ 61
bilhões [cerca de R$ 315,7 bilhões] nunca chegará à Ucrânia. Eles sabem que
acabarão no complexo militar-industrial dos EUA para reabastecer os arsenais
dos EUA. E agora? Quanto é que vai chegar à Ucrânia? Bem, acho que as pessoas
podem ter certeza de que parte desse dinheiro vai acabar nos bolsos do
[presidente ucraniano Vladimir] Zelensky e de seus comparsas", enfatizou
Tremblay.
O pouco que acabará
por ser atribuído a Kiev e às suas Forças Armadas não mudará a situação no
front, sublinhou ele. Em sua opinião, a atual política do presidente dos EUA,
Joe Biden, procura criar uma imagem forte do presidente que se esforça para "vencer
esta guerra contra a Rússia".
"É tudo
fanfarronice, tudo foi pensado para garantir que Joseph Biden continue a ser um
candidato viável nas próximas eleições", sublinhou.
Quanto ao
desenvolvimento do conflito ucraniano, Tremblay acredita que "esta guerra
basicamente acabou". Ele observou que atualmente não há verba ou armas que
possa ser despejada na Ucrânia para ajudá-la a vencer. Ao mesmo tempo, a única
coisa que poderá criar "um verdadeiro problema para o mundo" é se os
países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) decidirem enviar as
suas tropas para lá, o que foi levantado em discursos do presidente da França,
Emmanuel Macron, e de vários outros líderes.
"A outra parte é
que o dinheiro [projetado na lei de ajuda] é realmente insignificante quando se
trata das necessidades da Ucrânia. Os sistemas de defesa aérea Patriot custam
bilhões de dólares. Não sei quem nos EUA quer enviar mais Patriot para a Ucrânia
que vai ser destruído, penso que os EUA estão a enviar este dinheiro apenas
para não perderem reputação e respeito."
Tremblay chamou a
atenção para o fato de o mundo estar se tornando multipolar. Neste contexto,
destacou o papel do grupo BRICS, da Organização para Cooperação de Xangai (OCX)
e da Iniciativa Cinturão e Rota que impulsionam o processo.
"Esta situação se
tornou mais perigosa e imprevisível devido à relutância dos EUA em aceitar o
seu legítimo lugar na ordem mundial como um entre iguais", comentou.
Fonte: BBC News/Sputnik
Brasil
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