quinta-feira, 25 de abril de 2024

Líderes mundiais criticam relatório de direitos humanos dos EUA

O México e a Rússia criticaram o relatório do departamento de Estado dos Estados Unidos sobre direitos humanos ao redor do mundo publicados na segunda-feira (22).

"Avaliamos negativamente o relatório do Departamento de Estado sobre a situação dos direitos humanos no mundo em 2023", afirmou a embaixada russa em Washington.

"Mais uma tentativa de impor os valores americanos à comunidade internacional", disse o corpo diplomático.

"Rejeitamos categoricamente estas acusações. Esta não é a primeira vez que Washington joga a carta dos direitos humanos em tentativas vãs de desestabilizar a situação política interna da Rússia", disse a embaixada.

A Rússia ainda alerta que Washington ignora as "violações flagrantes dos direitos e liberdades fundamentais por parte do regime de Kiev", enquanto tenta "desafiar a legalidade da operação especial na Ucrânia".

Os Estados Unidos deveriam "incluir no relatório uma seção separada dedicada à situação dos direitos humanos nos próprios EUA", concluiu a embaixada russa.

Da mesma forma, o México contestou o documento, que atribuiu ao país uma visão sombria sobre a defesa dos direitos humanos pela impunidade em homicídios, sequestros e tráfico de pessoas e também pela estigmatização de jornalistas e meio de comunicação "por parte dos políticos", diz o relatório.

"[Os EUA] se posicionam como juízes do mundo", argumentou o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, que disse que os líderes em Washington "não estão acostumados a respeitar a soberania do povo".

Obrador exigiu ainda respeito mútuo na relação bilateral: "Nós os respeitamos, eles deviam nos respeitar", disse, enquanto evidenciou os flagrantes de perseguição e violação dos direitos humanos nos Estados Unidos.

"Nós não lhes dizemos: por que vocês têm um candidato [Donald Trump] assediado nos tribunais? Por que vocês alocam bilhões de dólares para a guerra? Por que vocês não libertam Assange, que foi preso injustamente?"

O presidente mexicano também se referiu às mais de 100 mil mortes por overdose de drogas sintéticas e aos maus-tratos infligidos a centenas de milhares de migrantes latino-americanos e caribenhos.

 

¨      A crescente tensão em universidades dos EUA após prisões de alunos em protestos contra guerra em Gaza

 

Uma nova onda de protestos estudantis contra a guerra em Gaza está se espalhando pelos campi universitários dos Estados Unidos, levando a detenções em massa de estudantes.

As manifestações se espalharam da Universidade de Columbia, onde um campo de protesto foi desmantelado e mais de 100 pessoas foram detidas, até Yale e outras instituições superiores do país, enquanto as autoridades procuram formas de controlá-las.

Na noite de segunda-feira (22/4), a polícia agiu para dispersar um protesto na Universidade de Nova York (NYU) e fez várias prisões.

No mesmo dia, dezenas de estudantes foram detidos em Yale, enquanto a Columbia cancelou as aulas presenciais.

Há acampamentos de manifestantes na Universidade da Califórnia em Berkeley, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e em outras universidades importantes do país.

Manifestações e debates acalorados sobre a ofensiva de Israel em Gaza e sobre a liberdade de expressão abalaram os campi dos EUA desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, o que deu início à campanha militar israelense em Gaza.

Quando questionado sobre os protestos universitários na segunda-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que condenava tanto "os protestos antissemitas" como "aqueles que não compreendem o que está acontecendo com os palestinos".

·        Cerimônias de formatura em dúvida

As autoridades dessas prestigiadas universidades estão tendo dificuldade de acalmar os ânimos nos seus campi e, na maior parte dos casos, falharam nessa tentativa.

Há preocupação com as próximas cerimônias de formatura.

A Universidade do Sul da Califórnia (USC) atraiu críticas e protestos na semana passada quando cancelou o tradicional discurso de formatura da oradora da turma, uma muçulmana que defendeu os palestinos.

Um dia depois, a USC anunciou que também não teria os habituais oradores e nem homenageados na cerimônia que costuma reunir 65 mil pessoas no campus.

Já a Universidade de Michigan anunciou no seu site que designará uma zona especial para ativistas ficarem — fora dos locais onde serão realizadas as cerimônias de formatura.

A universidade acrescentou que não iria impedir protestos pacíficos, mas assegurou que tomaria iniciativas caso as manifestações trouxessem alguma conduta ilegal.

·        Tensão nas universidades

Os protestos nos campi estiveram no centro das atenções desde a semana passada, depois que a polícia da cidade de Nova York foi enviada ao campus da Universidade de Columbia, onde prendeu mais de 100 manifestantes.

Em um comunicado divulgado na segunda-feira (22), a Columbia anunciou que todas as aulas seriam realizadas virtualmente.

A presidente da instituição, Minouche Shafik, citou incidentes de “comportamento intimidador e de assédio”.

Shakif afirmou que as tensões foram “exploradas e amplificadas por indivíduos não afiliados a Columbia que vieram ao campus para promover as suas próprias agendas”.

Na Universidade de Nova York (NYU), ativistas montaram tendas em frente à escola de negócios Stern School of Business Administration.

Assim como aconteceu em outras universidades, os manifestantes da NYU exigem que os gestores da instituição divulguem e retirem "o financiamento e as doações recebidas de produtores de armas e empresas com interesses na ocupação israelense".

No cair da noite de segunda-feira, a polícia começou a prender manifestantes no local.

Horas antes, quase 50 ativistas foram presos na Universidade de Yale, em New Haven, Connecticut, onde as autoridades disseram que centenas de pessoas estavam reunidas.

·        Acusações de antissemitismo

A Universidade de Nova York afirma ter recebido relatos de "cânticos intimidadores e vários incidentes antissemitas".

Vídeos divulgados recentemente parecem mostrar alguns manifestantes perto de Columbia expressando apoio ao ataque do Hamas a Israel.

A parlamentar democrata Kathy Manning, que visitou Columbia na segunda-feira, disse ter visto manifestantes pedindo a destruição de Israel.

O grupo hassídico Chabad, da Universidade de Columbia, disse que estudantes judeus foram submetidos a gritos e retórica ofensiva.

Também foi relatado que um rabino afiliado à universidade enviou uma mensagem a 300 estudantes judeus em Columbia, aconselhando-os a evitar o campus até que a situação "melhorasse dramaticamente".

Membros de grupos de protesto que emitiram declarações públicas negam antissemitismo, defendendo que suas críticas são direcionadas ao Estado de Israel e aos seus defensores.

Em um comunicado no último domingo (21), o grupo "Estudantes de Columbia pela Justiça na Palestina" disse que "rejeita firmemente qualquer forma de ódio ou discriminação" e criticou "pessoas exaltadas que não nos representam".

·        Na mira do Congresso

Em sua declaração, Shafik afirmou que seria criado um grupo de trabalho em Columbia para “alcançar uma resolução para esta crise”.

A universidade e Shafik, que na semana passada viajou para o Capitólio, em Washington, para testemunhar perante uma comissão do Congresso sobre os esforços da universidade para enfrentar o antissemitismo, estão sendo convocadas para resolver a situação.

Um grupo de parlamentares, liderado pela deputada republicana de Nova York Elise Stefanik, assinou uma carta na segunda-feira pedindo a renúncia de Shafik devido ao que Stefanik descreveu como "o fracasso em pôr fim à horda de estudantes e agitadores que incitam atos de terrorismo contra os estudantes judeus".

Em uma carta publicada online, a republicana da Carolina do Norte Virginia Foxx, que preside a Comissão de Educação da Câmara, escreveu que "o contínuo fracasso de Columbia em restaurar a ordem e a segurança" constitui uma violação das obrigações que condicionam o recebimento de verbas e apoio federal.

Os protestos em Nova York também envolveram os deputados democratas Kathy Manning, Jarred Moskowitz, Josh Gottheimer e Dan Goldman.

Gottheimer disse que a Columbia "pagaria o preço" se não conseguisse garantir que os estudantes judeus se sentissem bem-vindos e seguros na universidade.

Os protestos também levaram Robert Kraft, proprietário do time de futebol americano New England Patriots e ex-aluno da Columbia, a alertar que deixaria de apoiar a universidade até que ela tomasse “ações corretivas”.

·        A questão da liberdade de expressão

Alguns professores universitários culparam Columbia pela forma como a universidade lidou com os protestos e por apelar à intervenção policial.

Um grupo de professores se declarou "surpreso por [Shafik] não ter defendido a liberdade de pensamento, que é fundamental para a missão educativa de uma universidade numa sociedade democrática".

Eles também criticaram a disposição de Shafik em apaziguar os parlamentares que procuravam interferir nos assuntos universitários.

Em um comunicado enviado à BBC na noite de segunda-feira, o Instituto Knight para a Primeira Emenda, da própria universidade, pediu uma "correção urgente de conduta".

E citou as regras da universidade para afirmar que autoridades externas só poderiam ser envolvidas quando houvesse um "perigo claro e presente para as pessoas, propriedades ou para a operação de qualquer divisão da universidade".

"Não é óbvio para nós como um acampamento e protestos representariam tal perigo, mesmo que não fossem autorizados", afirmou o comunicado.

O ataque do Hamas ao sul de Israel, em 7 de outubro, resultou na morte de 1.200 pessoas, a maioria delas civis, e no sequestro de 253 reféns levados a Gaza.

Enquanto isso, mais de 34 mil pessoas morreram em Gaza, a maioria delas crianças e mulheres, devido à ofensiva israelense no território palestino.

¨      Israel intensifica bombardeios em Gaza e foca em área que disse antes estar 'livre do Hamas'

os ataques israelenses se intensificaram na Faixa de Gaza, trazendo alguns dos bombardeios mais pesados ​​em semanas. As Forças de Defesa de Israel (FDI) ordenaram novas evacuações no norte da faixa, alertando os civis de que estavam em uma "zona de combate perigosa".

As FDI estão apelando a alguns residentes de Beit Lahiya, ao norte do enclave, para que evacuem para outras áreas da cidade, enquanto os militares lançam uma nova operação na área, de acordo com o jornal The Times of Israel.

Ataques aéreos e bombardeios de tanques no solo também foram relatados nas áreas centro e sul, no que os moradores disseram serem bombardeios quase ininterruptos.

"Foi uma daquelas noites de horror que vivemos no início da guerra. Os bombardeios de tanques e aviões não pararam. Tive que me reunir com meus filhos e minhas irmãs que vieram se abrigar comigo em um lugar e orar por nossas vidas enquanto a casa continuava tremendo", disse Um Mohammad, 53 anos, mãe de seis filhos, que mora a 700 metros de Zeitoun, à Reuters.

O tenente-coronel Avichay Adraee, porta-voz das FDI em língua árabe, publicou uma lista das zonas que precisam ser evacuadas junto ao anúncio.

"Você está em uma zona de combate perigosa", alertou Adraee, acrescentando que as FDI "trabalharão com extrema força contra a infraestrutura terrorista e os elementos subversivos" na região.

Os novos bombardeamentos no norte de Gaza ocorrem quase quatro meses depois de o Exército israelense ter anunciado que estava a retirar as suas tropas desta área, dizendo que o Hamas já não controlava essa região específica.

Durante a noite de ontem (22) para hoje (23), os tanques fizeram uma nova incursão a leste de Beit Hanoun, no extremo norte da Faixa de Gaza, embora não tenham penetrado muito na cidade, disseram moradores à Reuters. Os tiros atingiram algumas escolas, causando pânico entre os residentes deslocados que ali se abrigavam.

No Hospital Nasser, a principal unidade de saúde do sul de Gaza, as autoridades recuperaram no último dia mais 35 corpos do que dizem ser uma das pelo menos três valas comuns encontradas no local, elevando o total encontrado para 310 na semana passada.

Os palestinos dizem que as tropas israelenses enterraram cadáveres lá com escavadeiras para encobrir crimes.

Os militares israelenses disseram que suas tropas desenterraram alguns corpos no local e os enterraram novamente após testes para garantir que não houvesse reféns entre eles.

Tel Aviv diz que está tentando erradicar o Hamas, que controla o enclave, após um ataque do grupo militante em 7 de outubro, que matou cerca de 1,1 mil pessoas e fez 250 reféns, segundo os registros israelenses.

As autoridades de Saúde palestinas dizem que mais de 34 mil pessoas foram confirmadas como mortas na guerra de sete meses, com milhares de corpos ainda não recuperados.

 

Fonte: Sputnik Brasil/BBC News Mundo

 

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