quarta-feira, 3 de abril de 2024

Hong Kong domina compra de miúdos bovinos e leva junto desmate da Amazônia

Itens desprezados por consumidores brasileiros como medula espinhal, aorta bovina, tendão e omaso – uma parte do estômago do boi – são exportados em volumes expressivos para Hong Kong, que apesar de sua diminuta população, é o comprador número um de miúdos bovinos do Brasil. Entre 2022 e 2023, junto aos pedaços de boi, os importadores desse território levaram para a Ásia produtos do frigorífico abastecido pelo maior desmatador da Amazônia dos últimos anos.

O destino final desses miúdos é um enigma. No passado recente, autoridades locais desbarataram redes de contrabando de carne para a China e fontes admitem que é uma possibilidade que explicaria os volumes desproporcionais de compras de Hong Kong.

A investigação conjunta da Repórter Brasil e do jornal Hong Kong Free Press rastreou a carne que chega à região administrativa de Hong Kong e descobriu que as empresas Harvest Charm, Uni Shining International, Loyalty Union e Galaila International importaram miúdos bovinos do frigorífico 163 Beef, que tem entre seus fornecedores fazendas da família de Bruno Heller, preso em 2023 e apontado pela Polícia Federal como “o maior desmatador” da Amazônia. As fazendas de Heller acumulam multas que somam mais de R$ 27 milhões por desmatamento ilegal.

As importações ocorreram entre 2022 e 2023, mesmo período em que a unidade do frigorífico de Novo Progresso, no Pará, comprou gado reiteradamente da família de Heller. A Repórter Brasil já mostrou que essas mesmas fazendas vendiam gado a frigoríficos fornecedores da rede de supermercados francesa Carrefour.

Enquanto os compradores e governos europeus têm tomado uma série de medidas contra o desmatamento em sua cadeia produtiva e a China continental discute medidas para combater o problema, Hong Kong ainda não possui qualquer exigência sobre a origem do gado e sua rastreabilidade.

Nenhuma das empresas importadoras respondeu às tentativas de contato da reportagem. O frigorífico 163 Beef também não retornou telefonemas e e-mails com pedidos de esclarecimentos. O espaço segue aberto para suas manifestações.

A defesa de Bruno Heller enviou nota dizendo que a investigação em andamento é sigilosa e “todas as circunstâncias abordadas já estão sendo devidamente elucidadas perante as autoridades e os órgãos competentes.”

•        Endereço de escritório leva a floricultura

Os registros das empresas Harvest Charm, Uni Shining International, Loyalty Union e Galaila International junto ao governo de Hong Kong não trazem informações específicas sobre as atividades exercidas pelas empresas, mas informam seus endereços. A  reportagem foi até as sedes e escritórios apontados pelos registros, todos em prédios comerciais construídos nos anos 1980 na região central e portuária de Hong Kong.

No endereço de duas delas, Harvest Charm e Uni Shining International, não existe qualquer indicação de que essas empresas funcionem no local – neste último local, uma placa na porta indica a existência de uma floricultura. No endereço da Loyalty Union e da Galaila International, havia escritórios identificados, mas sem atendimento ao público.

A Galaila é a única das quatro empresas a manter uma página na internet, onde se apresenta como uma revendedora de couro, sem mencionar qualquer negócio ligado aos miúdos bovinos.

As outras três empresas não possuem sites, redes sociais ou marcas próprias. A reportagem enviou cartas registradas e e-mails (quando possível) às quatro empresas perguntando sobre as suas atividades. Três cartas foram entregues, e uma delas foi devolvida ao remetente. Não houve qualquer resposta.

•        123 mil toneladas de miúdos para 7 mi habitantes

Com uma população de somente 7,5 milhões de habitantes, Hong Kong é o maior comprador de miúdos bovinos brasileiros, com um volume que chegou a 123 mil toneladas em 2022 – o que daria uma média de 17 toneladas de miúdos por pessoa, se tudo fosse consumido como alimento.

“Os miúdos bovinos brasileiros têm um bom mercado na Ásia, tanto para consumo direto quanto para processamento de alimentos humanos, de animais de estimação e para fabricação de ração para pecuária”, observa Louis Chan, diretor de pesquisas do Hong Kong Trade Development Council, órgão local de incentivo ao comércio internacional.

Na ponta do lápis, o território é, por uma larga margem, o maior comprador de miúdos brasileiros no planeta. Em 2023, respondeu por 69,7% das compras de miúdos e outras partes bovinas, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC).

Vendidos para Hong Kong, os miúdos geram receita maior para os frigoríficos. Se ficassem no Brasil, possivelmente terminaram na chamada “graxaria”, unidade que processa produtos de baixo valor, como sabonetes, explica Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP). “Para o frigorífico, é interessante exportar miúdos porque ajuda a compor a sua receita. Então, quando aparece um mercado como Hong Kong, o frigorífico vai desovar os miúdos para lá”, completa.

•        Frigoríficos abrem mercado na China

Até 2018, Hong Kong era também o maior importador de carne bovina brasileira em geral. O volume de compras do diminuto território superava aqueles de locais com população dezenas de vezes maiores, como a União Europeia, os Estados Unidos e a China continental. A explicação corrente dentro da indústria de carne para essa liderança era de que o destino final de parte relevante da carne seria o território chinês, onde moram 1,4 bilhão de pessoas.

Hong Kong é parte da China desde 1997, mas conta com moeda, autoridades sanitárias e controles de fronteira próprios, em um mecanismo comumente qualificado como “um país, dois sistemas”. Por isso, a contabilidade das exportações para ambos locais é feita de forma separada.

Em 2019, a China tomou o lugar de Hong Kong como maior comprador da carne brasileira. Isso aconteceu depois que o governo chinês passou a habilitar mais frigoríficos brasileiros para venderem diretamente àquele país – contudo, até hoje não há autorização de Pequim para importação de miúdos do Brasil. Atualmente, Hong Kong ainda é o segundo maior comprador de carne bovina in natura brasileira.

•        Mercado ilegal na fronteira

As estatísticas oficiais mostram que parte dos miúdos brasileiros que chegam a Hong Kong são reexportados para outros territórios da Ásia. De acordo com estatísticas de reexportação do Governo de Hong Kong, 342 milhões de dólares em subprodutos bovinos brasileiros foram reexportados em 2023, sendo que seus principais destinos foram o Vietnã (50,3%), Taiwan (29,9%) e Coreia do Sul (15,4%).

O governo de Hong Kong reconhece também que há comércio ilegal de produtos de origem bovina com a China continental. Durante os últimos três anos foram presas 160 pessoas e apreendidas mais de mil toneladas de carne congelada que eram traficadas à China, segundo nota enviada à reportagem pelo Centro de Segurança Alimentar de Hong Kong. A íntegra pode ser lida aqui.

“Hong Kong não é apenas um país consumidor, mas também um ponto de entrada para a China. Isso precisa ser rastreado adequadamente”, observa Marina Guyot, Gerente de Políticas Públicas do Imaflora, organização que atua por mais transparência no setor da pecuária.

Um eventual contrabando pode estar carregando a pegada de desmatamento de Hong Kong para a China. A situação não deve mudar em um horizonte curto, já que não há perspectivas claras de que empresas e governo de Hong Kong passem a fazer exigências a respeito de como o boi é criado no Brasil.

“A conscientização entre os consumidores de Hong Kong em relação à sustentabilidade da carne está aumentando lentamente, mas não é substancial o suficiente para promover mudanças no comportamento de consumo e na cadeia produtiva,” diz Lei Yu-Ting, que liderou o setor de pesquisas do Greenpeace East Asia durante doze anos.

Yu-Ting explica que as poucas iniciativas que buscam mostrar qual a origem da carne em Hong Kong estão focadas somente na qualidade da carne e em questões de segurança alimentar. “É difícil para os consumidores saberem se a carne que eles consomem está associada ao desmatamento no Brasil e em outros países,” conclui o pesquisador.

 

Ø  Venezuela e Rússia firmam parceria no setor agroalimentar

 

Venezuela e Rússia assinaram nesta segunda-feira (1º) um acordo para capacitação, pesquisa e apoio técnico no setor agroalimentar, informaram os ministros venezuelanos para a Agricultura e Terras venezuelano, Wilmar Castro Soteldo, e para Ciência e Tecnologia, Gabriela Jiménez.

O memorando foi assinado por Soteldo, Jiménez e pelo reitor da Universidade Federal do Cáucaso do Norte, da Federação da Rússia, Dmitri Nikolaevich Bespalov. O embaixador russo em Caracas, Sergei Mélik-Bagdasárov, e a ministra da Educação Universitária, Sandra Oblitas, também estiveram presentes na reunião.

"O governo do presidente Nicolás Maduro assinou um memorando de entendimento entre o Ministério da Agricultura e Terras e a Fundação Uticex [Fundação para a Unificação Técnica da Investigação, Capacitação e Extensão] e a Universidade Federal do Cáucaso do Norte, da Federação

da Rússia, em termos de formação, investigação e apoio técnico e científico no setor agroalimentar", informa o ministro venezuelano em publicação na plataforma X (antigo Twitter).

Na ocasião também foi anunciada a instalação de uma fábrica de insulina com tecnologia russa e de uma base para o sistema de navegação por satélite Glonass no país sul-americano.

A ministra para a Ciência e Tecnologia, Gabriela Jiménez, explicou, também em sua conta na plataforma X, que essa é uma agenda técnica que inclui a cooperação entre universidades, faculdades de agronomia e engenharia, produtores, movimentos camponeses e o agronegócio.

No dia 13 de março, Venezuela e Rússia celebraram os 79 anos do estabelecimento de suas relações. Um mês antes, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, visitou Caracas com o objetivo de expandir a cooperação estratégica.

Caracas e Moscou também acordaram em expandir a cooperação petrolífera com "uso pacífico da energia nuclear".

 

       Rússia denuncia que EUA estão encobrindo os responsáveis pelo ataque ao Crocus City Hall

 

Os Estados Unidos estão encobrindo os responsáveis pelo ataque terrorista à sala de concertos russo do Crocus City Hall, denunciou o Serviço de Inteligência Externa da Rússia.

"Os norte-americanos estão protegendo os responsáveis pelo ataque terrorista ao Crocus City Hall", afirmou a entidade, citada por sua assessoria de imprensa.

Segundo a nota, "o Serviço de Inteligência Externa da Federação da Rússia informa que a administração [do presidente dos EUA, Joe Biden] está intensificando os seus esforços para criar uma imagem distorcida do grande ataque terrorista ocorrido na Rússia no dia 22 de março".

Washington também começou a acobertar o presidente ucraniano Vladimir Zelensky logo após o ataque, acrescenta o texto.

O Departamento de Estado dos EUA, os seus serviços especiais e organizações afiliadas foram encarregados de "eliminar qualquer tipo de suspeita que a comunidade internacional tenha sobre o envolvimento de Zelensky e seu círculo mais próximo no crime".

As agências dos EUA estão tentando convencer os seus aliados de que é o grupo Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em outros países) que está por trás do ataque nos arredores de Moscou, informou a inteligência russa.

•        Uma guerra terrorista contra a Rússia'

Segundo a declaração, o atual governo de Kiev está travando uma guerra terrorista total contra a Rússia.

"O regime de Kiev tem travado uma guerra terrorista de pleno direito contra a Rússia já há algum tempo, como afirmam abertamente os seus representantes, como Kirill Budanov [chefe da Inteligência Militar ucraniana] e Vasily Malyuk [chefe do Serviço de Segurança ucraniano]", diz o texto.

No domingo (31), o Ministério das Relações Exteriores russo informou ter enviado às autoridades ucranianas exigências de prisão e extradição de todas as pessoas envolvidas no ataque ao Crocus City Hall e em outros ataques ocorridos nos últimos anos.

O ministério mencionou os assassinatos dos jornalistas Daria Dugina e Vladlen Tatarsky, destacando que as investigações "indicam que os vestígios de todos estes crimes levam à Ucrânia".

Segundo a agência, a Ucrânia utiliza informações de satélite fornecidas pela inteligência dos Estados Unidos na preparação de bombardeios e ataques contra o território russo.

"Os dados recebidos pelo serviço indicam que, ao organizarem os seus ataques, os ucranianos utilizam ativamente informações de satélite fornecidas pela inteligência dos EUA", afirmou o comunicado.

O ataque ao Crocus "é um 'parente' direto" dos massivos bombardeios com mísseis e dos ataques de grupos ucranianos de sabotagem e reconhecimento contra as regiões russas de Kursk e Belgorod, afirmou o serviço russo.

No dia 22 de março, um grupo de homens armados atirou contra uma multidão reunida no salão de concertos do Crocus City Hall, poucos minutos antes do início do show de uma banda de rock. O tiroteio foi seguido de um incêndio que, segundo o Ministério para Situações de Emergência, afetou uma área de quase 13 mil metros quadrados. Segundo os últimos dados oficiais, o ataque terrorista deixou 144 mortos, incluindo crianças, e cerca de 180 feridos.

Até agora, 13 suspeitos foram detidos na Rússia, incluindo os quatro agressores que abriram fogo contra o público no Crocus City Hall, bem como nove pessoas no Tajiquistão, suspeitas de terem ligações com os autores do ataque.

O presidente russo Vladimir Putin reconheceu que o ataque foi obra de islâmicos radicais, mas assumiu que poderia ser um elo em uma cadeia de operações levadas a cabo contra a Rússia desde 2014 "pelas mãos do regime neonazista em Kiev".

Segundo o Serviço Federal de Segurança, após o ataque os terroristas tentaram fugir em direção à fronteira entre a Rússia e a Ucrânia. No entanto, a Ucrânia negou categoricamente qualquer envolvimento no ataque.

O ataque ao salão de concertos é o mais mortal na Rússia em quase 20 anos.

•        Justiça russa determina prisão preventiva do 10º suspeito do ataque ao Crocus City Hall

O Tribunal Distrital de Basmanny, em Moscou, determinou nesta segunda-feira (1º) a prisão do décimo réu no caso do ataque terrorista ao Crocus City Hall, Yakubjoni Yusufzoda.

"O pedido da investigação foi atendido e foi escolhida uma medida preventiva contra Yusufzoda na forma de detenção por um período até 22 de maio", anunciou a juíza Natalia Dudar na decisão.

Segundo as investigações, poucos dias antes do ataque terrorista o réu transferiu dinheiro a um cúmplice "para garantir alojamento aos terroristas".

Yusufzoda se comunicou com o tribunal com o apoio de um intérprete. Cidadão do Tajiquistão, casado e com três filhos, o réu trabalhava extraoficialmente como operário em um canteiro de obras. A maior parte do julgamento ocorreu fechada ao público a pedido do investigador.

Além dele, nove pessoas tiveram prisão preventiva decretada por envolvimento no ataque terrorista, que em 22 de março matou 143 pessoas, segundo o Ministério para Situações de Emergência da Rússia.

Nesse dia, um grupo de homens armados atirou contra uma multidão reunida no salão de concertos do Crocus City Hall, poucos minutos antes do início do show de uma banda de rock. O tiroteio foi seguido de um incêndio que, segundo o Ministério para Situações de Emergência, afetou uma área de quase 13 mil metros quadrados.

Até agora, 13 suspeitos foram detidos na Rússia, incluindo os quatro agressores que abriram fogo contra o público no Crocus City Hall, bem como nove pessoas no Tajiquistão, suspeitas de terem ligações com os autores do ataque.

O presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu que o ataque foi obra de islâmicos radicais, mas assumiu que poderia ser um elo em uma cadeia de operações levadas a cabo contra a Rússia desde 2014 "pelas mãos do regime neonazista em Kiev".

Segundo o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, na sigla em russo), após o ataque, os terroristas tentaram fugir em direção à fronteira entre a Rússia e a Ucrânia. No entanto, a Ucrânia negou categoricamente qualquer envolvimento no ataque.

O ataque ao salão de concertos é o mais mortal na Rússia em quase 20 anos.

•        'Inaceitável': Rússia condena ataque israelense à Embaixada do Irã em Damasco

A Rússia condena veementemente o ataque aéreo israelense contra a seção consular da Embaixada do Irã em Damasco, declarou o Ministério das Relações Exteriores russo.

"Condenamos veementemente este ataque ao consulado iraniano na Síria. Consideramos categoricamente inaceitável qualquer ataque às instalações diplomáticas e consulares, cuja inviolabilidade é garantida pela Convenção de Viena", afirmou o MRE em comunicado.

O ataque aéreo aconteceu nesta segunda-feira (1º). Até o momento, a morte de sete vítimas foram confirmadas, entre elas dois generais ligados ao Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês).

Os ministérios das Relações Exteriores do Irã e da Síria também condenaram o ataque. O porta-voz do MRE iraniano afirmou que o país vai se reservar quanto ao tipo de resposta que dará ao agressor.

 

Fonte: Repórter Brasil/Sputnik Brasil

 

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