quarta-feira, 3 de abril de 2024

Crime no Brasil não deve ser 'atividade compensadora', diz secretário nacional de Segurança

O secretário nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Mario Luiz Sarrubbo, afirmou que o crime no Brasil não deve ser uma "atividade compensadora". A fala foi feita durante o evento LAAD Security & Defense nesta terça-feira (2), com o intuito de apontar para a redução de índices de criminalidade no país.

"[É preciso] fazer com que o crime não seja uma atividade compensadora. E isso ocorre quando as leis são rígidas o suficiente para ele. E não é isso efetivamente que nos preocupa, mas também o crime tem de ser uma atividade de risco. Se cometer o crime, que a pena seja muito grande. O risco de um criminoso ser preso é muito pequeno. Então se torna uma atividade compensadora nesse aspecto. […] o nosso trabalho tem de ser fomentar uma política que traga condições, seja para a Polícia Militar, seja para que a Polícia Civil possa entender quais são os fluxos que esses crimes têm", afirmou.

Segundo ele, a desigualdade social está relacionada à segurança pública e, para ampliar a proteção da sociedade como um todo, é preciso repensar as estruturas desiguais do Brasil.

Além disso, ele ressaltou que apesar de o tema ser uma demanda estadual, é preciso haver participação por parte do ente federal. "É função do governo federal formular políticas."

"Nós só vamos defender a criminalidade organizada se todas as nossas agências se despirem de […] vaidades e trabalharmos de forma absolutamente organizada."

Ele afirmou que o crime organizado não é pauta somente do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e dos ministérios públicos, mas também das polícias Civil e Militar, bem como da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal (PF) e Receita Federal.

"Não podemos combater o crime se não olharmos para a lavagem de dinheiro."

Sarrubbo ainda ressaltou a importância do uso de câmeras nos fardamentos policiais ao redor do Brasil como forma de melhorar a produtividade contra a criminalidade, além de proteger os próprios agentes de segurança pública.

"A ditadura acabou. Hoje vivemos numa democracia e [em] um sistema de justiça forte que respeita os direitos humanos. E hoje é a nossa premissa, do Estado Democrático de Direito."

O secretário disse que é preciso cuidar da lavagem de dinheiro, feita muitas vezes por fintechs brasileiras, e com o apoio das próprias corporações.

"Temos, sim, que combater a corrupção de agentes públicos. Eles estão [a corrupção e o crime organizado] intimamente ligados. Não há crime organizado sem a participação de agentes públicos", concluiu.

Já o secretário de Produtos de Defesa, do Ministério da Defesa, Rui Chagas Mesquita, afirmou que a produção militar mundial tem relação com o cenário geopolítico vigente.

Ele exemplificou que, desde o início do conflito na Ucrânia, houve aumento na exportação.

"Os fatores políticos e geopolíticos estão impactando no processo [de produção militar]."

Mesquita também defendeu que a atual gestão federal pretende ampliar a autonomia e a soberania, a fim de fazer o mínimo para a defesa do Estado.

O secretário exemplificou que nações como China e Rússia têm produto interno bruto (PIB) forte muito em detrimento da exportação de equipamentos militares.

"Não podemos depender do exterior, de forças externas para produzir o mínimo da nossa defesa."

 

Ø  Polícia Federal assume a derrota e encerra as buscas em Mossoró

 

O Comando de Operações Táticas (COT) da Polícia Federal encerrou as buscas pelos dois detentos que escaparam do presídio de segurança máxima em Mossoró. A coluna apurou que a unidade de elite da PF deixou o Rio Grande do Norte no último sábado (30/3), após um mês e meio de mobilização.

Na equipe que participou das buscas, havia policiais com treinamento específico para atuar na Caatinga, bioma da região. Dezoito homens do COT estavam em Mossoró desde 16/2, dois dias após a fuga de Deibson Nascimento e Rogério Mendonça, integrantes do Comando Vermelho (CV).

O grupo já regressou a Brasília, onde fica a base do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal. Acionada em casos extremos, a unidade de elite é responsável por intervenções complexas que exijam preparo além do convencional das forças policiais.

Integrantes da PF que participaram das buscas relataram à coluna que a grande quantidade de cavernas da região e a vasta oferta de alimentos naturais, como frutas, dificultam a captura dos fugitivos. Desde 1987, quando o COT foi fundado, nenhum policial do comando foi morto em serviço.

A Força Nacional também deixou as buscas em Mossoró, em alinhamento com o novo planejamento traçado pelo Ministério da Justiça para capturar os fugitivos. Apenas em diárias, o MJ pagou R$ 1,3 milhão aos agentes da Força Nacional pelo período das buscas.

 

Ø  Filho de Domingos Brazão diz que 'não há provas' contra pai e tio pelo assassinato de Marielle

 

O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão, e o deputado federal Chiquinho Brazão estão presos preventivamente desde a última semana, suspeitos de serem mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018.

O assessor parlamentar Kaio Brazão, filho de Domingos e sobrinho de Chiquinho, publicou um vídeo nas redes sociais em que afirma não existirem provas que justifiquem a prisão dos familiares como responsáveis pelo crime que ocorreu no Rio de Janeiro. Na postagem, o assessor também saiu em defesa da família Brazão e garantiu o comprometimento com "a verdade e a justiça social".

Para Kaio, é fundamental diferenciar as presunções e evidências concretas da veracidade dos fatos ao comentar as investigações da Polícia Federal (PF), que também apontou o envolvimento de Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, no assassinato.

"A ausência de provas e a dependência exclusiva da delação de um criminoso confesso não são suficientes, se faz necessária uma validação jurídica e coerência nos fatos", declarou.

O filho do conselheiro do TCE-RJ atua como assessor no gabinete do vereador do Rio de Janeiro Waldir Brazão desde janeiro de 2021. Apesar de usar o sobrenome da família, o parlamentar não tem laços sanguíneos e foi chefe de gabinete do deputado estadual Manoel Brazão.

Justiça suspende pagamento de R$ 581 mil em férias a Domingos Brazão

Mais cedo, a 2ª Vara de Fazenda Pública da Capital determinou a suspensão do pagamento de R$ 581 mil do período de férias não tiradas de Domingos Brazão entre 2017 e 2022, quando ele esteve afastado do cargo por suspeita de fraude e corrupção.

A decisão atendeu a uma ação popular movida pelo deputado federal Tarcísio Motta Carvalho (Psol-RJ) de 27 de março.

·        Investigações finalizadas

No fim de março, a PF apresentou a conclusão das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco em um relatório de quase 480 páginas. Com forte atuação na região de Jacarepaguá, Domingos e Chiquinho teriam encomendado a morte por conta da oposição de Marielle a um projeto de lei na Câmara do Rio que autorizava a expansão imobiliária na área controlada pela milícia, à qual os dois estariam ligados.

Já o ex-chefe da Polícia Civil foi acusado de ter atuado na corporação para evitar que o crime fosse esclarecido e ainda proteger a família Brazão. As investigações foram concluídas após a delação do ex-policial militar Ronnie Lessa, que foi o responsável por executar os assassinatos.

 

Ø  Evitar prisão preventiva tornou-se ponto central da atuação política de Bolsonaro

 

Eram 20h34 do dia 12 de fevereiro quando Jair Bolsonaro divulgou um vídeo em que convocava um ato em sua defesa. Uma hora depois, o ex-presidente cruzava o portão da embaixada da Hungria, onde se abrigaria por dois dias. A sucessão das duas cartadas é uma expressão do espírito errático de Bolsonaro, um personagem que fez da própria sobrevivência o ponto central de sua atividade política.

Quatro dias depois de ter o passaporte confiscado e descobrir que a PF encontrou todas as suas digitais numa tentativa de golpe, o ex-presidente encarou sua maior aflição.

Escapar de uma ordem de prisão é a principal motivação das jogadas recentes de Bolsonaro. Ao chamar uma multidão para a avenida Paulista, o ex-presidente tentou exibir o custo do encarceramento de um líder político para constranger os tribunais.

Como essa arma teria boa chance de falhar, ele aproveitou o ato para pedir a aliados uma anistia antecipada por seus crimes.

Já o esconderijo improvisado na embaixada húngara sugere que o receio de Bolsonaro era mais urgente — ou, no mínimo, que ele explorava um cardápio de alternativas para enfrentar um desfecho considerado inevitável. O travesseiro e a cafeteira entregues de última hora por funcionários da chancelaria dão peso à primeira hipótese.

Quando autorizou a operação Tempus Veritatis, em 8 de fevereiro, Alexandre de Moraes incluiu Bolsonaro no rol de investigados proibidos de deixar o país por risco de “tentativa de evasão”. O ministro anotou que a intenção poderia aumentar quando o grupo soubesse do aprofundamento das investigações.

É preciso engolir as desculpas esfarrapadas da defesa de Bolsonaro para acreditar que nada suspeito aconteceu na embaixada.

Os advogados só disseram ao STF que ele mantém relações políticas com o governo da Hungria e que seria “ilógico” tratar o episódio como indício de um eventual pedido de asilo. A sorte do ex-presidente é que ele não será julgado por falta de lógica.

 

Ø  Depois do STF, a Justiça Militar vai julgar Jair Bolsonaro e os generais

 

Trinta e seis anos depois de ter sido absolvido da acusação de ser o responsável pelo plano, revelado por Veja, de explodir bombas em quartéis e em um sistema de abastecimento de água em protesto por melhores salários, Jair Bolsonaro pode voltar ao banco dos réus no Superior Tribunal Militar, sob o risco de ser banido das Forças Armadas.

Se em junho de 1988 o STM eximiu de culpa o capitão, que, como se sabe, deixou a carreira militar, ingressou na política e se elegeu presidente três décadas mais tarde, não há indicativos de que a agora Corte será tão benevolente.

Após o veredicto do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as autoridades responsáveis por planejar um golpe de Estado, o STM deve levar ao banco dos réus o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus principais auxiliares militares em uma espécie de “julgamento de honra”.

É nesta Corte, composta por 15 ministros (um indicado por FHC, dois por Lula, seis por Dilma Rousseff, um por Michel Temer e cinco por Bolsonaro), que o ex-mandatário e personagens como o ex-candidato a vice Walter Braga Netto, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Oliveira e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier deverão ter suas vidas militares escrutinadas e poderão perder patentes militares, medalhas etc.

Por lei, caso oficiais como eles forem condenados a mais de dois anos, o Ministério Público Militar ou o comandante do Exército,  Marinha ou Aeronáutica têm poderes para provocar o STM a impingir aos culpados também a penalidade reputacional de perderem a farda e serem declarados indignos de compor os quadros das forças armadas.

A Corte tem jurisprudência pacífica de que, após o fim de todos os recursos na justiça comum, o condenado a pena privativa de liberdade superior a dois anos fica sujeito a perder a patente e as honrarias da carreira.

O julgamento no STM é tão relevante para os militares que uma decisão que os declare indignos, por exemplo, é tratada pela cúpula das forças armadas como uma espécie de pena de morte.

A punição vale também para militares da reserva, como Bolsonaro, que, se penalizado, teria os vencimentos revertidos à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e à filha Laura.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Metrópoles/FolhaPress/Veja

 

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