A imprensa como arma do golpismo em 1964
A passagem dos 60 anos
do golpe de Estado de 1964 consolidou a omissão da ampla maioria da imprensa
empresarial a respeito de sua ativa participação na conspiração que levou à
deposição do presidente João Goulart. A cobertura do evento, em grande parte superficial
e diversionista, expôs a ausência de autocrítica quanto à sua cumplicidade com
a violência cometida contra a democracia e durante os sombrios 21 anos de
ditadura militar. O propósito recorrente foi o de tentar manter no esquecimento
o papel dos órgãos de difusão na ofensiva de direita e extrema direita, eivada
de mentiras e deturpações, que desestabilizou o governo, derrubou o presidente,
barrou os avanços sociais em curso e alvejou a esquerda.
Neste artigo, pretendo
reavivar como os meios de comunicação, sobretudo a imprensa escrita,
tornaram-se uma das trincheirasprioritárias no combate a Jango e às forças
progressistas. A trama militar-política-empresarial-midiática obedeceu a um
planejamento estratégico bem definido, inspirado nos ditames da Guerra Fria e
do anticomunismo. Os artífices do golpismo empregaram táticas de manipulação e
persuasão, atreladas à propaganda ideológica adversa, contando para isso com a
adesão de grupos de mídia.
A meta era debilitar o
governo perante a opinião pública, particularmente junto à classe média e aos
segmentos sociais mais conservadores, atemorizando-os com mistificações em
torno da “República sindicalista” e da “comunização”, com o intuito de convencê-los
a aceitar a quebra da ordem constitucional pela via autoritária e
antidemocrática.
Com raríssimas
exceções, as empresas jornalísticas atuaram como correias de transmissão do
bloco conservador – uma teia que interligava o empresariado nacional, as
corporações multinacionais, os latifundiários, os especuladores do mercado
financeiro, partidos e grupos parlamentares de direita e extrema direita e a
parcela reacionária da alta oficialidade das forças armadas. Os fios dessa teia
se fortaleceram em torno de intenções comuns: minar as bases de apoio a Jango,
deter a ascensão das classes subalternas e, em especial, travar as mobilizações
sociais e políticas em favor das reformas de base (agrária, urbana,
universitária, administrativa, tributária, fiscal, bancária, política,
eleitoral e outras). Reformas que, se concretizadas, constituiriam os alicerces
de uma concepção de desenvolvimento nacional inclusivo, participativo,
distributivo e mais igualitário.
Para desvelar a
convergência da chamada grande imprensa com outras esferas de poder, meu ponto
de partida é a contribuição do filósofo marxista italiano Antonio Gramsci,
jornalista militante em periódicos socialistas nas décadas de 1910 e 1920 e
fundador do L’Unità, jornal do Partido Comunista Italiano (PCI), em
12 de fevereiro de 1924. Gramsci qualifica a imprensa como “a parte mais
dinâmica” da superestrutura ideológica, fixando-a como “a organização material
voltada para manter, defender e desenvolver a ‘frente’ teórica ou ideológica” –
ou seja, um braço ideológico-cultural do bloco hegemônico na sociedade.
A imprensa projeta-se,
via de regra, como sustentáculo de posições políticas, econômicas, empresariais
e financeiras, difundindo significados e valores que servem para consolidar
consensos sociais. Assim concebida, atua como fração de partido político na
representação de interesses de específicos, externando opiniões nos editoriais,
elegendo os temas que julga prioritários e controlando ideologicamente os
enfoques noticiosos. No enfrentamento de inimigos reais, pode desfechar
campanhas e manobras retóricas, com o propósito de enfraquecer e, no limite,
anular alternativas que interfiram nos fundamentos estabelecidos pelas classes
hegemônicas.
Exatamente como
aconteceu no Brasil até a eclosão do golpe.
No período 1960–1964,
havia “uma divisão partidária muito nítida na imprensa brasileira”, com os
jornais alinhados a interesses políticos e econômicos, que os vinculava a
partidos, grupos e corporações”, como assinala o jornalista Janio de Freitas,
que foi redator-chefe do Jornal do Brasil (maio de 1959 a
abril de 1961) e do Correio da Manhã (março a novembro de
1963): “No Rio, tínhamos o Correio da Manhã, identificado com o
PSD, o partido dos coronéis do interior, e com um setor menos intolerante e
radicalizado da alta burguesia. O Diário Carioca também se
identificava com o PSD, e isso vinha de bem antes, na década de 1950, quando
cresceu a sua relevância. O Diário de Notícias era o jornal
dos militares e da direita, que havia surgido com uma perspectiva relativamente
mais democrática, mas que migrou logo para a direita. O Globo,
conservador e udenista também, era um vespertino importante, mas não tinha nem
metade da influência que viria a ter mais tarde. A Tribuna da Imprensa,
lacerdista. Em São Paulo, sobressaía O Estado de S. Paulo, muito
identificado com a linha dura, de direita, da UDN”.
Janio de Freitas
ressalta que o número de jornais era incomparavelmente maior do que na
atualidade. Só no Rio, havia 17 diários em circulação, “o que significava, ao
menos teoricamente, mais opções para os leitores e um mercado de trabalho
relativamente maior para os jornalistas – ainda que prevalecesse uma tendência
conservadora na maioria deles”.
Essa partidarização
refletiu-se na aproximação cada vez mais orgânica dos principais veículos com a
marcha golpista que afinal destituiu João Goulart.
O vínculo
econômico-financeiro por trás da adesão de muitos jornais à oposição a Goulart
era alimentado por verbas milionárias das maiores agências de publicidade
(várias delas com matrizes nos Estados Unidos), na forma de anúncios e
patrocínios de empresas nacionais e estrangeiras contrárias às inclinações
reformistas do governo federal; e por créditos concedidos por bancos e
financeiras privadas.
Sem contar a captação
de recursos junto ao empresariado e entidades privadas pelo Instituto de
Pesquisas e Estudos Sociais (IPES). Criado ainda no governo de Jânio Quadros, o
IPES foi o braço ideológico de aglutinação das elites empresariais, políticas e
militares, das oligarquias rurais e das multinacionais em torno de um projeto
de poder que implicasse, segundo René Armand Dreifuss, “a adoção de um modelo
capitalista associado e fortemente industrializante, com uma economia centrada
sobretudo em um alto grau de concentração de propriedade na indústria e
fortemente integrada ao sistema bancário”. A execução de tal projeto exigia a
exclusão política das classes populares – exatamente aquelas que poderiam se
beneficiar das medidas sociais do governo nacional-reformista. Depor Jango
significaria não só a conquista do Estado para executar a reordenação do
capitalismo brasileiro como também a liquidação do movimento de massas que se
ampliava no país.
Organismos como o IPES
operavam como pontes da ação político-ideológica dentro da estratégia do
governo dos Estados Unidos de priorizar a segurança em suas áreas de
influência, através do combate ao “inimigo interno” – a esquerda associada ao
comunismo – em países latino-americanos. A combinação da doutrina de
contrainsurreição com a guerra cultural, midiática e propagandística visava
desestabilizar governos populares e progressistas. Sem falar no Instituto
Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), fundado em maio de 1959 por Ivan
Hasslocher a serviço da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos
(CIA, na sigla em inglês). O IBAD despejou, segundo cálculos do então
embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon, algo próximo a 5 milhões de
dólares para tentar eleger candidatos direitistas no pleito de 1962. Essa soma
provinha de contribuições tanto de empresários brasileiros quanto de empresas
estrangeiras que operavam no Brasil. O IBAD destinava parte dos recursos
captados junto a essas multinacionais para o IPES.
Por sua vez,
financiados pelo empresariado e por verbas de órgãos governamentais dos Estados
Unidos, como a CIA, os cinejornais, boletins informativos, panfletos e
cartilhas produzidos pelo IPES formavam um manancial de doutrinação
anticomunista. Exploravam a crise econômica e a espiral inflacionária, acusando
Jango – que não tinha uma base de sustentação coesa – de ceder a pressões do
sindicalismo e da esquerda. Batiam na tecla de que o inimigo estava se tornando
cada vez mais ameaçador na “marcha para o comunismo”, supostamente
infiltrando-se no Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), na União Nacional dos
Estudantes (UNE) e em outras entidades da sociedade civil.
O IPES criou o Grupo
de Publicações/Editorial (GPE) para produzir artigos doutrinários, matérias e
traduções de textos estrangeiros para veículos de comunicação associados ou
receptivos. Integravam esse grupo jornalistas, escritores e publicitários afinados
com o ideário golpista. No total, o IPES editou quase 300 mil exemplares de
livros e cerca de 2,5 milhões de folhetos. Aliciou jornalistas e formadores de
opinião e estabeleceu sólidas ligações com empresários de comunicação, o que
favoreceu a publicação de editoriais, artigos e reportagens que desacreditavam
o governo Goulart e incutiam sentimentos de desesperança, temor e repúdio.
Última
Hora de Samuel Wainer era o único jornal
identificado com o governo Goulart, como o fora com o de Getúlio Vargas no
começo na década de 1950. Além das edições carioca e paulista, circulava uma
edição nacional impressa no Rio e complementada com noticiários locais em Porto
Alegre, Belo Horizonte, Recife, Curitiba, Campinas, Santos, Bauru, ABC e
Niterói. Apoiava as reformas de base, com cobertura diária das reivindicações
sociais.
As demais publicações
do campo nacional-popular tinham alcance mais limitado e se vinculavam a
partidos, organizações e movimentos de esquerda – quase sempre divididos entre
si e sem demonstrar a necessária clarividência na análise da correlação de
forças real na sociedade. Entre elas, destacavam-se Novos Rumos,
órgão do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que circulou de 1959 a 1964 e
chegou a uma tiragem de 60 mil exemplares; A Classe Operária,
lançada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em 1962; Brasil
Urgente, editado pela esquerda católica, de 1963 a 1964; A Liga,
porta-voz das Ligas Camponesas de Francisco Julião, entre 1962 e 1964; Binômio,
de Belo Horizonte, um dos precursores do jornalismo alternativo; O
Semanário, nacionalista; e Panfleto, semanário brizolista que
surgiu em fevereiro de 1964, com tiragem de 70 mil exemplares, e teve apenas
sete edições, a última em 30 de março de 1964.
À medida que as
clivagens ideológicas e a trama golpista se aguçavam, o clima nas redações
passou a refletir as posições em litígio. Segundo a jornalista Ana Arruda
Callado, o meio jornalístico estava muito dividido na fase que antecedeu o
golpe: “A campanha da direita contra o governo João Goulart encontrava eco
entre repórteres e jornalistas, de maneira geral, embora, do outro lado, vários
de nós apoiássemos as reformas de base e os avanços sociais. Havia discussões
sobre o quadro político, que foram ficando cada vez mais restritas aos grupos
de esquerda ou de direita. As trocas entre nós, com posições diferentes, já
quase não existiram. Havia um certo enrijecimento ideológico”.
O quadro de
acirramentos levou Janio de Freitas a pedir demissão do cargo de redator-chefe
do Jornal do Brasil e, mais tarde, do Correio da Manhã,
por motivos idênticos: não aceitou ingerências políticas na linha editorial,
que valorizava a informação veraz e o interesse precípuo dos leitores, e reagiu
a tentativas de introduzir mecanismos de censura prévia no noticiário.
Artigos e editoriais
associavam o governo Goulart ao comunismo, ao desprestígio dos valores morais,
familiares e cristãos, aos riscos à propriedade privada.
(i) O diretor do
jornal O Estado de S. Paulo, jornalista Júlio Mesquita
Filho, em discurso na Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), cobrou uma
ação firme dos Estados Unidos contra “a grave situação do Brasil, que está à
beira do comunismo” (Última Hora Nordeste, 21/11/1963). Segundo
Mesquita, “o governo dos Estados Unidos deve prevenir a União Soviética de que
não permitirá um novo regime comunista nas Américas, mesmo que para isso seja
necessário usar a bomba atômica”.
(ii) O proprietário
dos Diários Associados, Assis Chateaubriand, alertou sobre a “comunização” do
país (Última Hora Nordeste, 13/11/1963): “A Sudene e seus ativistas das
esquerdas. Luiz Carlos Prestes e o Partido Comunista nas ruas, Celso Furtado de
mãos dadas a Lênin… O assalto a Capuava à luz do dia pelos comunistas é uma
página de vergonha e luto para as forças armadas.”
(iii) Editorial
do Jornal do Brasil (13/11/1963)criticou as duas políticas
que, a seu juízo, coexistiam no governo Goulart: “Uma legal, sem eficiência e
resultado administrativo democrático, e outra ilegal, visivelmente subversiva,
montada nesse apêndice ilegal do governo, chamado Comando Geral dos
Trabalhadores.”
(iv) Já o editorial
“Tomada de posição” do Diário de Notícias (12/3/1964) acusou Jango
de permitir que “demagogos de toda ordem se sirvam desses compromissos [com as
demandas populares] para transformá-los em instrumento de agitação e de
acirramento da luta de classes”.
(v) O
Globo publicou o editorial “Em defesa da Constituição, da lei e da
ordem” (23/3/1964), no qual praticamente justificava uma ruptura institucional:
“Quando os principais responsáveis pela coisa pública se associam aos mais
notórios agitadores e comunistas, para pregar contra a Constituição e contra o
Congresso, não é mais possível a omissão de um único brasileiro, impõem-se a
luta e a reação.” E foi além na cruzada contra Jango e a esquerda: “A nação não
está mais disposta a assistir, imóvel, a guinadas para a esquerda. A nação não
é esquerdista e não pode, portanto, admitir um governo esquerdista.”
Em fins de outubro de
1963, os principais grupos de comunicação do Rio de Janeiro decidiram se
contrapor ao programa semanal do deputado federal Leonel Brizola na Rádio
Mayrink Veiga (emissora estatal), no qual defendia enfaticamente as
reformas de base. Foi então que lançaram a “Rede da Democracia” – uma cadeia
formada pelas rádios Globo, Jornal do Brasil e Tupi. Diariamente, às 22h30m,
transmitiam pronunciamentos contrários ao governo federal e à esquerda. O
objetivo era divulgar “a verdade sobre as manobras que os inimigos da
democracia, de peito aberto ou encapuzados, intentam para golpear os princípios
constitucionais, as liberdades humanas e os ditames cristãos da formação
histórica do Brasil”. O comunicado das três emissoras, publicado por O
Globo em 26 de outubro de 1963, dava conta de que “a voz de líderes
autênticos divulgará mensagens de fé na grandeza da pátria e na pujança do
regime democrático”.
Apareceram de viva voz
os empresários Roberto Marinho (Globo), Nascimento Brito (Jornal do Brasil) e
João Calmon (Tupi), adotando, com ligeiras nuances, uma linha discursiva de
viés anticomunista e oposicionista.
Depois de dizer que o
principal problema brasileiro era o esclarecimento da opinião pública, Roberto
Marinho ressaltou: “Muitos dos nossos patrícios estão sendo vítimas de uma
deformação intencional e altamente perigosa, da parte de uma minoria de demagogos
e de comunistas, ostensivos ou disfarçados, mas todos empenhados em envenenar
as nossas relações com os países do mundo ocidental, jogar-nos à ‘Cortina de
Ferro’ e estabelecer, dentro do próprio país, condições que o levariam
inexoravelmente ao comunismo.”
Nascimento Brito
defendeu as “liberdades democráticas”, que, se mantidas, assegurariam ao país
superar as dificuldades – inclusive “a inflação, que desvaloriza o dinheiro e
dificulta a vida do povo”. Advertiu, porém, para a ação dos “inimigos da
democracia […], totalitários que querem oprimir o povo em nome de uma falsa
‘nova ordem’”.
Calmon, referindo-se
ao poder de penetração do rádio, indagou: “Por que haveria de continuar o
rádio, no plano político, a ser manejado em cadeia apenas por inimigos mortais
da democracia? […] Chegou a hora de dizer: basta! Nossa ‘Rede da Democracia’
aqui está para impedir que nos céus do Brasil continue o monólogo liberticida e
subversivo”. E mais adiante: “Estávamos perdendo a batalha da propaganda, que é
o episódio mais importante da Guerra Fria, mas ainda é possível recuperar o
tempo perdido.”
O diretor da Rádio
Tupi foi o único dos três empresários a, explicitamente, atacar as reformas de
base e o governo. Prometeu demonstrar que “exploradores da boa-fé do
proletariado” iludiam o povo com a emenda constitucional da reforma agrária; e
que “a demagógica política salarial do trabalhismo tornou o frete marítimo
quase proibitivo”.
No programa de 30 de
outubro de 1963, Roberto Marinho criticou a política econômica de Goulart, que,
no seu modo de ver, estimulava os trabalhadores a lutarem por melhores
salários, sem esclarecê-los dos impactos inflacionários sobre o custo de vida:
“O que lhes interessa [aos operários] não é o aumento de salários, mas a
estabilidade de preços das coisas. […] Essa é que seria uma política honesta de
governo. Mas os que não se preparam para as grandes responsabilidades da vida
pública não sabem administrar. Só sabem fazer demagogia […] e afugentar os
capitais estrangeiros necessários ao nosso desenvolvimento, afugentar os
próprios capitais nacionais, que estão procurando outros sítios mais
seguros, onde não serão perseguidos como estão sendo no Brasil”.
A “Rede da Democracia”
ficou no ar até 1º. de abril de 1964. Terminou junto com a democracia.
Nos dias de ódio e
fúria que se seguiram à deposição de João Goulart, a esmagadora maioria dos
jornais saudou o golpe de Estado. Os editoriais do Correio da Manhã –
“Basta!” e “Fora!” –, na definição precisa de Janio de Freitas, entraram para
“a história vergonhosa do jornalismo golpista”. E o que dizer do título do
editorial na primeira página de O Globo em 1/4/1964: “Ressurge
a democracia!”? Sem falar na coleção de manchetes eufóricas com a destruição do
Estado democrático de direito. Eis algumas: “Vitorioso o movimento democrático”
(O Estado de S. Paulo, 2/4/1964), “Povo festejou na Guanabara vitória
das forças democráticas” (Diário do Paraná, 2/4/1964), “Fabulosa
demonstração de repulsa ao comunismo” (O Dia, 4/4/1964).
Não resta qualquer
dúvida sobre a interferência crucial dos meios de comunicação na preparação e
na defesa do golpe de Estado – o qual, convém insistir, impediu a continuidade
de um processo emergente de democratização da vida social, política, econômica
e cultural do país. A imprensa construiu e difundiu, sistematicamente,
narrativas hostis ao governo Goulart e ao bloco nacional-reformista,
resguardando domínios e privilégios de classe da burguesia e do sistema de
poder por ela hegemonizado. Tomou partido, deixou claro de que lado estava. “A
imprensa era parte da conspiração, pelo seu conservadorismo.”, acentua Janio de
Freitas. ”Ela era e é antirreformas. Qualquer mudança que atinja a chamada
estrutura socioeconômica do Brasil, a imprensa vai ser contra. Ela foi e é a
primeira arma do conservadorismo e do golpismo”.
Fonte: Por Denis de
Moraes, em A Terra é Redonda
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