Por que apoio de Biden a Israel está enfurecendo eleitores jovens
As eleições presidenciais de 2024 prometem ser as
mais polarizadas já vistas nos Estados
Unidos (EUA). A posição do
presidente Joe Biden em
relação à guerra na
Faixa de Gaza o coloca na contramão da opinião de seus apoiadores mais
importantes: jovens eleitores.
O americano Abdul Osmanu, de 22 anos, não tem
certeza se vai votar novamente no presidente Joe Biden nas eleições de 2024.
Grande parte dessa hesitação, diz ele, envolve o apoio do
governo a Israel enquanto o país continua a bombardear Gaza.
“Como amante da paz, muçulmano e homem negro, é
terrível ver o massacre dos palestinos”, diz Osmanu, que foi eleito para o
conselho municipal local em 2021. “Seria difícil para mim, para a minha
consciência, votar em um presidente que ajude e encoraje isso de diversas
formas."
O jovem eleitor do Estado americano de Connecticut,
na costa leste, diz à BBC que está avaliando se votará em um candidato de um
terceiro partido ou se não vai votar para presente - o voto nos EUA não é
obrigatório.
A decisão é difícil, no entanto, porque ele – e
muitos outros jovens eleitores – não querem ver Donald Trump eleito novamente.
Um número crescente de jovens eleitores democratas,
como Osmanu, parece estar descontente com Biden por causa da questão de Israel
e do conflito em Gaza. Isso é um motivo de preocupação para os democratas, já
que essa oposição às políticas de Biden pode ameaçar um pilar fundamental de
apoio em que o estadista se apoiou durante as eleições de 2020.
Nos últimos dois meses, os jovens eleitores têm
visto nos noticiários e nas redes sociais imagens de guerra e
destruição dentro de Gaza. Eles acompanharam o número de mortos, que passou de
20 mil palestinos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas.
Ao mesmo tempo, viram Biden apoiar publicamente o
esforço declarado de Israel para erradicar o Hamas depois do grupo ter matado
1,2 mil pessoas em Israel, em 7 de outubro. O Hamas continua a manter em Gaza
cerca de 100 reféns capturados em Israel.
A BBC revisou pesquisas eleitorais e conversou com
seis jovens eleitores e organizadores democratas dos EUA. Os dados e as
entrevistas parecem mostrar um sentimento crescente entre os jovens eleitores
de estarem diante de um dilema.
A campanha de Biden não quis comentar.
Os eleitores registrados com idades entre os 18 e
os 29 anos disseram que eram mais propensos a apoiar a causa palestiniana em
vez de Israel, segundo uma pesquisa recente do jornal New York Times com o
instituto de pesquisa Siena. Esse grupo de jovens tinha opiniões críticas sobre
Israel e a sua contra-ofensiva contra o Hamas, enquanto as gerações mais velhas
tinham opiniões mais favoráveis sobre Israel.
Embora uma clara maioria dos eleitores registrados
– 57% – desaprove a forma como Biden está lidando com o conflito, os eleitores
jovens têm as maiores objeções. Um total de 72% dos eleitores com idades entre
18 e 29 anos desaprovam os esforços de Biden, segundo a pesquisa.
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Palestinos e justiça social
Anna Bosking, de 22 anos, natural de Iowa, planeja
votar novamente em Biden. Mas depois de frequentar um curso de política no
Médio Oriente na universidade, de falar com colegas de Gaza e de ver relatos de
testemunhas oculares nas redes sociais, ela tornou-se mais crítica em relação à
relação dos EUA com Israel.
“Antes deste conflito sempre pensei que Israel era
um aliado consistente que sempre apoiaremos e nunca tive problemas”, diz ela à
BBC. “Mas acho que o povo americano foi forçado a considerar o contexto
histórico da situação.”
Uma possível razão para a divisão é que os jovens
democratas, especialmente os progressistas, também são mais propensos a ligar a
causa do Estado palestino às lutas pela justiça social nos EUA.
“Muitas das organizações nas quais estou presente
se identificam com a experiência dos palestinos”, diz Michael Abramson, de 25
anos, diretor político da área jovem do partido Democrata no condado de
Maricopa, no Arizona.
O condado de Abramson é importante para os
democratas no Estado. Ele disse estar confiante de que os jovens do Arizona vão
se mobilizar para votar em outros candidatos e temas como o aborto, mas diz não
ter certeza se ele e outros votariam no candidato democrata, a quem chama de
"o menor dos dois males".
Os democratas dependeram muito dos jovens eleitores
para impulsioná-los à vitória nas eleições presidenciais de 2020 e nas eleições
legislativas de 2022. As campanhas democratas normalmente investem milhões de
dólares na divulgação e no envolvimento dos jovens para reforçar esse apoio.
Nem todos os eleitores jovens criticam a posição de
Biden em relação a Israel.
A estudante Jessica Schwab, de 20 anos, da
Universidade Columbia, em Nova York, diz que não quer ver Trump reeleito e acha
que Biden está lidando bem com o conflito.
“Ele está ao lado de Israel e fornece suprimentos
militares e financiamento geral para a sua defesa”, diz ela. “Mas gosto de como
ele também está pedindo pausas humanitárias e inserindo algum tipo de espaço
para respirar para reduzir a quantidade de vítimas em Gaza”.
Apoiadores de Biden também argumentam que falta
quase um ano para as eleições de 2024 e que os jovens democratas vão agir se
tivessem que escolher entre Biden e Trump.
“É uma escolha entre dois candidatos”, diz Jack
Lobel, do grupo Eleitores do Amanhã. “E, embora as políticas do presidente
Biden em relação a Gaza possam estar perturbando alguns jovens, isso não vai
mudar o fato de que ele e Donald Trump são duas pessoas muito diferentes.”
·
EUA vão retirar porta-aviões do leste do mar Mediterrâneo após meses na
região, diz mídia
Duas fontes relataram à norte-americana ABC News
que o USS Gerald R. Ford e as embarcações que o acompanharam deixarão a área
depois que foram destacados em outubro.
O grupo liderado pelo porta-aviões USS Gerald R.
Ford deixará nos "próximos dias" o leste do mar Mediterrâneo, para
onde foi enviado logo após o início da guerra entre Israel e o Hamas em
outubro, segundo a emissora ABC News.
Dois responsáveis dos EUA contaram à ABC News que
nos "próximos dias" o porta-aviões e outros navios de superfície que
compõem o grupo retornarão ao porto de origem do porta-aviões em Norfolk,
Virgínia, EUA, conforme programado originalmente, para que possam se preparar
para futuras implantações.
Uma das fontes sublinhou que, mesmo sem o grupo de
porta-aviões, os Estados Unidos ainda terão muita capacidade militar na região
e flexibilidade, incluindo a possibilidade de implantar cruzadores e
destróieres adicionais no Mediterrâneo e no Oriente Médio.
No entanto, o Pentágono recusou comentar as
informações.
O Ford é o maior e mais novo porta-aviões da
Marinha dos EUA e estava chegando ao fim de sua primeira missão operacional
quando foi redirecionado para o leste do Mediterrâneo um dia depois que o grupo
palestino Hamas lançou um ataque surpresa sem precedentes contra Israel em 7 de
outubro, que, segundo Tel Aviv, causou mais de 1.000 mortos. Ele foi seguido
por uma campanha terrestre e aérea de Israel contra a Faixa de Gaza, que já
levou a mais de 20.000 baixas fatais palestinas.
Lloyd Austin, secretário de Defesa dos EUA, enviou
o porta-aviões e cinco navios de guerra de superfície para, como ele disse,
impedir que o Hezbollah no Líbano e o Irã fizessem alastrar o conflito. Em
dezembro, Austin prorrogou o destacamento do porta-aviões pela terceira vez
para manter esse papel de dissuasão, pois acreditava que as tensões na região
continuavam altas.
Ø Jeferson
Miola: Não há Ano Novo com matança em escala industrial de crianças palestinas
e o genocídio em Gaza
2023 é um ano da vergonha. É inaceitável
assistirmos passivamente e impotentemente o assassinato de oito mil e
quinhentas crianças palestinas transmitido em tempo real pela internet e TV.
Esta é a cifra macabra: em 80 dias de ofensiva
genocida, a máquina israelense de extermínio e limpeza étnica assassinou uma
criança palestina a cada 13 minutos – uma média de 106 por dia.
Outras 10 mil crianças foram feridas, muitas
mutiladas e gravemente atingidas. As sobreviventes agonizam à espera da morte
sem assistência ou por desidratação e fome, porque Israel bombardeou
maternidades, hospitais, matou médicos e socorristas e cortou o fornecimento de
água, comida e remédios.
Mulheres, crianças e idosos representam 80% dos
21.500 palestinos assassinados até 29 de dezembro.
Os demais mortos, na esmagadora maioria, são
adultos indefesos e desarmados que não estavam em trincheiras de combate.
A “guerra contra o Hamas” é mera propaganda
sionista que esconde o propósito verdadeiro de Israel, que é dizimar o povo
palestino, invadir seus territórios, roubar suas terras, instalar colônias
fortificadas com colonos judeus e apagar a Palestina do mapa.
O enviado da ONU para a Palestina relata que Israel
concede apenas duas opções aos palestinos: ou a morte, ou o deslocamento
forçado.
A Faixa de Gaza virou um depósito de escombros das
escolas, casas, prédios, mesquitas, igrejas e hospitais bombardeados. Nem os
alojamentos de refugiados, os escritórios da ONU e as organizações humanitárias
internacionais foram poupados dos ataques insanos.
O regime sionista de Apartheid promove uma
destruição aterradora, do mesmo padrão daquela devastação que a aliança de
Hitler com Mussolini e o generalíssimo Franco promoveu em Guernica em 1937.
A cobertura dessa tragédia pela mídia hegemônica é
chocante. Vomitável.
Além de sacralizar o “direito de defesa” de Israel,
classifica a ofensiva em Gaza como uma “guerra”, e não um genocídio programado
e uma agressão sem precedentes a um povo indefeso, que sequer possui Exército
para se defender da potência nuclear.
A leniência da mídia é ainda mais asquerosa quando
se sabe que neste breve período, o Exército sionista já assassinou 106
jornalistas e correspondentes internacionais. Um recorde histórico, sem
equivalência com outros conflitos no mundo.
Em 2014, quando o mundo assistia passivamente a
mais um dos ataques monstruosos que Israel costuma realizar em Gaza, Eduardo
Galeano perguntou:
“A chamada comunidade internacional existe? É algo
mais que um clube de comerciantes, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o
nome artístico que os Estados Unidos usam quando fazem [seu] teatro?
Ante a tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial
brilha mais uma vez. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as
declarações ocas, as declamações eloquentes, as posturas ambíguas rendem
tributo à sagrada impunidade”.
O genocídio em Gaza é um testemunho da tragédia da
ordem mundial. É a expressão da crise ética e moral profunda da humanidade.
Em 2024 o mundo ficará em 2023, continuará
indecente e vergonhoso.
Não há Ano Novo com a matança em escala industrial
de crianças palestinas e o genocídio em Gaza.
Guerra
está no 'nível mais alto e continuará por meses', diz Netanyahu
O
primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que a guerra
entre o país e o Hamas está em seu “nível mais alto e continuará por meses”,
informou a Rádio do Exército de Israel nesse sábado (30).
Ao falar com a imprensa em Tel Aviv, o premiê
afirmou que os militares israelenses estão "lutando com força e novos
sistemas acima e abaixo do solo".
"Temos a vantagem, já matamos mais de 8.000
terroristas", disse ele, de acordo com a Rádio do Exército.
Nesta semana, as
Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram ter destruído uma rede de
túneis e um dos “apartamentos-esconderijo” do segundo maior líder do Hamas em
Gaza, Yahya Sinwar.
De acordo com os militares israelenses, a 14ª
Brigada de Combate de Reserva das FDI localizou e destruiu o apartamento de
Sinwar, perto da cidade de Gaza "nas últimas semanas".
O local, conforme as FDI, fazia parte de uma
"longa e ramificada rede de túneis" que era usada por altos
funcionários do Hamas. Soldados da Unidade Yahalom descobriram um túnel de 20
metros de profundidade no subsolo durante uma inspeção do apartamento.
O poço levava a um túnel de 218 metros de
comprimento que contava com uma infraestrutura de ventilação, esgoto, rede
elétrica, salas de oração.
Ø Ministro
israelense sugere que Israel controle a Faixa de Gaza e que palestinos deixem o
enclave
O ministro das Finanças de Israel, Bezalel
Smotrich, apelou no domingo (31) para o regresso dos colonos judeus à Faixa de
Gaza e sugeriu que a população palestina deveria ser encorajada a emigrar para
outros países.
Após meses de intensos combates entre o Exército
israelense e o movimento palestino Hamas, as vozes favoráveis ao controle total
da Faixa de Gaza pelas autoridades israelenses começam a ressoar cada vez mais
nos altos círculos políticos de Tel Aviv.
"Para termos segurança devemos controlar o
território [Faixa de Gaza]. Para controlar militarmente o território por muito
tempo, precisamos de presença civil", afirmou o ministro à mídia local
quando perguntado sobre restabelecimento dos assentamentos ilegais israelenses
no território palestino.
Para Smotrich, o governo de Israel também deveria
"encorajar" os palestinos residentes em Gaza a saírem do país de
forma ordenada por conta da escalada bélica vivida na região nos últimos meses.
A incursão do Exército israelense no enclave já deixou mais de 22 mil mortos.
"Se atuarmos com a estratégia correta e
fomentarmos a emigração, se houver 100 mil ou 200 mil árabes em Gaza e não dois
milhões, o discurso do dia depois da guerra será completamente diferente.
Ajudaremos os refugiados a se reabilitarem em outros países com a cooperação da
comunidade internacional e dos países árabes de nosso entorno", comentou
Smotrich, que também é chefe do partido Sionista Religioso.
Fontes consultadas recentemente pela Sputnik
asseguraram que o governo israelense tem planos para realocar dezenas de
milhares de palestinos em países vizinhos à Gaza, como o Egito.
Entretanto, o ministro das Finanças foi o único que
sugeriu o controle total do território palestino pelas autoridades israelenses.
O próprio presidente de Israel, Benjamin Netanyahu, chegou a dizer que é
provável que Tel Aviv assuma o controle do enclave quando a ofensiva militar
terminar. Embora Netanyahu já tenha comentado que o único objetivo da ação é
"eliminar o Hamas", boa parte da Faixa de Gaza já foi destruída.
Em 2005, Israel retirou suas tropas e colonos da
Faixa de Gaza. Com isso, terminou sua presença ilegal no território palestino,
mantida desde 1967. No entanto, as autoridades israelenses mantiveram o
controle das fronteiras e impulsionaram um regime de segurança muito rigoroso,
que levou Gaza a ser conhecida mundialmente como "a maior prisão a céu
aberto do mundo".
Os assentamentos israelenses no território
palestino são considerados ilegais a luz do direito internacional e da ONU.
·
Ex-ministra do governo Netanyahu pede desculpas por políticas que
criaram 'divisão' em Israel
Uma ex-ministra do governo de Israel vê como
negativo seu papel durante a reforma judicial no país, que, segundo ela,
enfraqueceu a sociedade e tornou possível o ataque do Hamas.
Uma antiga ministra do gabinete do
primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu apresentou um pedido público de
desculpas no domingo (31) por ter contribuído para o conflito interno em Israel
que precedeu o ataque de outubro pelo Hamas desde a Faixa de Gaza, escreve a
agência norte-americana Associated Press.
Galit Distel-Atbaryan, legisladora do partido Likud
de Netanyahu, e ministra da Diplomacia Pública, assumiu a responsabilidade por
seu papel nos protestos em massa e na discórdia que eclodiram depois que o
governo de direita de Netanyahu tentou implementar uma ampla reforma no sistema
judiciário no final de 2022 e início de 2023.
"Eu fui uma das pessoas que causou o
enfraquecimento do Estado, que prejudicou as pessoas", disse ela em
declarações ao Canal 13 israelense, acrescentando que "criei uma divisão,
criei uma fissura, criei tensão, e essa tensão trouxe fraqueza. E essa
fraqueza, de muitas maneiras, trouxe o massacre".
"Estou aqui sentada e dizendo a vocês, público
democrático e secular: pequei contra vocês, causei dor, fiz com que temessem
por suas vidas aqui e sinto muito por isso."
Distel-Atbaryan pediu demissão de seu cargo de
ministra dias após o ataque de 7 de outubro, quando ficou claro que outros
ministérios do governo estavam assumindo suas responsabilidades.
Distel-Atbaryan caracterizou seu escritório como tendo se tornado um
"desperdício de fundos públicos" em tempos de guerra.
Ao mesmo tempo, ela permaneceu como membro do
parlamento pelo Likud.
Fonte: BBC News Brasil/ Viomundo/iG/Sputnik Brasil
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