sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Moraes diz que plano do 8/1 incluia enforcá-lo na Praça dos Três Poderes

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que os criminosos responsáveis pelos atos de 8 de janeiro planejavam prendê-lo e, posteriormente, enforcá-lo na Praça dos Três Poderes, em Brasília. A declaração foi feita em entrevista divulgada pelo jornal “O Globo” nesta quinta-feira (4).

“Eram três planos. O primeiro previa que as Forças Especiais [do Exército] me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio”, disse Moraes.

E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição

“Houve uma tentativa de planejamento. Inclusive, e há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin, que monitorava os meus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão. Tirando um exagero ou outro, era algo que eu já esperava. Não poderia esperar de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido. Mantive a tranquilidade. Tenho muito processo para perder tempo com isso. E nada disso ocorreu, então está tudo bem”, detalhou o magistrado.

No decorrer da entrevista, Moraes indica ter se chocado com a inação da Polícia Militar do Distrito Federal em conter os vândalos que depredavam as sedes dos Três Poderes.

“Afirmo sem medo de errar: não precisaria de cem homens do Batalhão de Choque para dispersar aquilo”. O ministro foi secretário da Segurança Pública de São Paulo durante a gestão do então governador Geraldo Alckmin e, posteriormente, ministro da Justiça de Michel Temer, que o indicou à Suprema Corte após a morte do ministro Teori Zavascki, em 2017.

 

Ø  'Lula me ligou para verificar as possibilidades jurídicas', diz Alexandre de Moraes sobre 8/1

 

Um ano depois dos ataques às sedes dos Três Poderes por radicais bolsonaristas, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STFAlexandre de Moraes disse ter recebido uma ligação do presidente Lula (PT) no momento dos ataques, em Brasília. Ele deu a declaração em entrevista concedida à jornalista Julia Duailibi para o documentário “8/1 A Democracia Resiste”, da GloboNews.

Por intermédio do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, o presidente Lula ligou para Alexandre de Moraes. Naquele dia, Lula estava em Araraquara, no interior de São Paulo.

Na conversa, Lula perguntou quais as possibilidades jurídicas para que o governo atuasse diante da invasão das sedes dos Três Poderes.

"Eu disse que o governo deveria fazer os pedidos [de desocupação dos quartéis e de afastamento de autoridades] via AGU [Advocacia-Geral da República]. Conversei também com o ministro Jorge Messias [da AGU]. Foi a AGU que fez os pedidos, tanto de desocupação dos quartéis, de todos os quartéis, quanto de afastamento das autoridades públicas em tese envolvidas", disse Moraes.

Moraes afirma ser "um grande erro" crer que ele afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), no dia seguinte aos ataques.

“Aí é um grande erro, que foi sendo passado, de que eu afastei o governador Ibaneis de ofício. Houve um pedido expresso da AGU para que todas as autoridades públicas, independentemente de grau, que tivessem eventual envolvimento, fossem afastadas”, disse Moraes.

·        Moraes: 'Nem de esquerda nem de direita'

Durante a entrevista, o ministro definiu como uma pessoa "nem de esquerda nem de direita".

“Um puxa para a direita, outro para a esquerda. Eu fico no centro, onde eu sempre estive e, como juiz, nós não somos nem de esquerda nem de direita. Nós temos que defender a Constituição”, disse.

Moraes diz não ser nem de esquerda nem de direita e brinca sobre Palmeiras

Moraes afirmou ainda que, se a Constituição defende medidas rigorosas na área da segurança, ele as aplicará. O mesmo vale para a defesa de direitos humanos.

“Se a Constituição defende medidas progressivas, na área de direitos humanos, eu também aplico. As pessoas, às vezes, por falta de conhecimento da própria Constituição, não entendem como são as decisões de um magistrado e acabam querendo rotular”, afirmou.

O ministro também brincou sobre o assunto. Disse dar risada sobre a variedade de rótulos atribuídos a ele. “Pelo menos não acharam que eu virei palmeirense”, brincou o magistrado, que é torcedor do Corinthians.

 

Ø  Podemos identificar quem planejou enforcar Alexandre de Moraes, diz diretor da PF

 

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, disse em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, que é possível identificar pessoas envolvidas em planejamento para enfocar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Rodrigues afirma que as informações sobre o planejamento de sequestro e assassinato do ministro do Supremo foram identificadas em mensagens trocadas por golpistas em grupos nos aplicativos de conversa.

“As informações foram extraídas de trocas de mensagens oriundas de apreensões e de prisões, de todo o trabalho investigativo sendo feito e que segue em curso. É uma situação absolutamente grave”, disse.

O diretor da PF afirma que a instituição está “debruçada sobre essa pauta” e sobre “toda sorte de barbárie” discutida nos grupos de golpistas.

Uma entrevista do ministro Alexandre de Moraes ao jornal O Globo revelou que havia três planos contra ele sendo discutidos nesses grupos.

Um dos planos previa o sequestro do ministro; outro envolvia o assassinato e desova do corpo em Goiás; já um terceiro, feito por um golpista mais exaltado, falava sobre o enforcamento de Moraes na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

·        Ameaça de enforcamento de Moraes era troca de mensagem “alucinada” em rede social, diz diretor-geral da PF 

O plano de enforcamento do ministro Alexandre de Moraes era uma troca de mensagem “alucinada” em rede social, disse à CNN o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

“Encontramos discussões e propostas de ações em trocas de mensagens por redes sociais. Algumas alucinadas, como a do enforcamento”, afirmou.

Moraes declarou em entrevista ao Globo que as investigações sobre o 8/1 mostraram três planos dos golpistas para prendê-lo e um deles incluiria uma tentativa de homicídio.

Rodrigues disse que as investigações sobre o episódio seguem em curso e que devem ter resultados em breve.

Os atos golpistas completam um ano na próxima segunda-feira, mas ainda não ocorreram denúncias ou prisões dos envolvidos nas ameaças contra Moraes.

Fontes do STF dizem que o ministro deu exemplos na entrevista do discurso de ódio que circula contra ele e que o ministro recebe muitas ameaças diariamente contra si e sua família nas redes sociais. O STF não comentou oficialmente o assunto.

 

Ø  A aliados, Bolsonaro ironizou entrevista de Moraes e lembrou facada

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro reagiu com um misto de ironia e descrença às declarações feitas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito do 8 de janeiro.

Logo cedo, Bolsonaro, enquanto estica o descanso de fim de ano em Angra dos Reis, foi alertado por aliados sobre as falas do ministro ao jornal O Globo e à revista Veja.

O ex-presidente, segundo relato de um interlocutor, debochou especificamente as falas de Moraes sobre supostos planos para atacá-lo e mesmo assassiná-lo.

“Se tem alguém que foi atacado, fui eu, inclusive tomei uma facada”, disse Bolsonaro ao telefone, segundo o relato, relembrando a facada de que foi alvo em Juiz de Fora, durante a campanha presidencial. “Caso, inclusive, [que] não foi solucionado até agora”, emendou o ex-presidente.

Bolsonaro, ainda de acordo com o interlocutor, teria “concordado” com um único trecho das entrevistas do ministro – o que menciona os ataques e ameaças feitas contra familiares.

Nos bastidores, o time bolsonarista se empenhou em minimizar as declarações de Moraes sobre os planos golpistas mencionados por eles e a vinculação dos mesmos ao bolsonarismo.

Aliados do ex-presidente atribuíram as ameaças a trocas de mensagens em redes sociais. Também mencionaram nas conversas reservadas que nada conversado no entorno de figuras como o ex-ajudante de ordens Mauro Cid se assemelha aos ataques descritos pelo ministro do STF.

Bolsonaro está em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, onde estica a folga de fim de ano. Segundo aliados, ele ficará longe de Brasília no 8 de janeiro, podendo permanecer no litoral até o fim do mês.

 

Ø  Parlamentares de oposição pedem que Moraes apresente provas sobre plano de enforcamento

 

Parlamentares da oposição criticaram o ministro Alexandre de Moraes e pediram que ele “apresente provas” do plano para enforcá-lo, enquanto partidos da base governista se solidarizaram e atacaram o bolsonarismo.

“Se o ministro provar tudo que está falando é gravíssimo, mas ele precisa apresentar provas. Caso contrário, não passa de uma fake news”, disse o deputado Sostenes Cavalcante (PL-RJ).

Para aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, as declarações precisam ser esclarecidas pelos inquéritos abertos.

“Certamente há distopias nessas ameaças. Imaginar que as Forças Armadas estejam com tais intenções é surreal. Se estão abertos inquéritos saberemos (ou não), mas a basear pelas “agressões” na Itália, precisamos aplicar bom desconto”, disse o senador Jorge Seif (PL-SC) em mensagem de texto à CNN.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, classificou o relato do ministro como “gravíssimo” e atacou o bolsonarismo em publicação nas redes sociais. “Gravíssimas as informações que o ministro Alexandre revelou sobre os planos dos golpistas do 8/1: prender, sequestrar e até matar quem defendeu a democracia e o estado de direito”, disse.

“A entrevista do ministro Alexandre escancara o a absurdo golpista que tomou o poder no 8 de janeiro e tinha o plano de matá-lo e enforcá-lo. Não é brincadeira o caso e não deve ser encerrado”, disse o deputado Lindberg Farias, também nas redes.

 

Fonte: CNN Brasil/g1

 

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