Censo, ondas de calor e crise Ianomâmi marcaram o país em 2023
A retrospectiva dos acontecimentos que marcaram o
ano de 2023 no Brasil passa por momentos de tragédias climáticas, escolares e
discussões sobre direitos de povos originários. A preocupação com a
redução no desmatamento da Amazônia também marcaram o ano. Além disso, os
brasileiros conferiram detalhes sobre as características de sua população, por
meio da publicação do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) 2023. Confira alguns destaques:
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Janeiro
O ano começou com o início da gestão do presidente
da república eleito em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De forma inédita,
a faixa presidencial não foi passada a Lula pelo ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) no primeiro dia de 2023. A quebra do rito, no entanto, não
impediu a transição do poder. Um grupo oito de pessoas representativas da
sociedade brasileira subiu a rampa e passou a faixa ao presidente Lula.
Dias após a transição de poder, apoiadores do
ex-presidente Jair Bolsonaro protagonizaram cenas de
invasão e depredação da Praça dos Três Poderes. Houve destruição de prédios
públicos, como o Supremo Tribunal Federal (STF), o Palácio do Planalto e o
Congresso Nacional. Os atos de vandalismo ocorreram no dia 8 de
janeiro deste ano.
Dias após as manifestações, o ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a abertura de
investigações contra pessoas que de alguma forma tiveram envolvimento com o 8
de Janeiro. Com base nessas investigações, ao longo do ano, houve prisões e
operações de busca e apreensão.
O mês de janeiro também foi marcado por
tragédia na comunidade indígena dos Ianomâmis. Na terra onde vive
essa tribo, localizada em Roraima, o grupo sofreu com casos de
desnutrição, falta de acesso a medicamentos, violência e riscos à saúde por
causa de ações de garimpeiros ilegais.
Esse quadro fez com que o governo federal
decretasse estado de calamidade pública àquela região. O presidente Lula foi ao
local no dia 21/1, ao lado de Sônia Guajajara, a nova ministra dos Povos
Indígenas.
Além do estado de calamidade, a visita à terra
Ianomâmi foi palco para que o governo anunciasse medidas de fomento à saúde
daquela população e de maior fiscalização contra o garimpo ilegal.
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Fevereiro
Em tom
carnavalesco, o mês de fevereiro chegou como um alívio aos foliões sedentos por uma
aglomeração ao som de blocos de rua, trios elétricos e samba. Neste período,
porém, algumas regiões do país, como o Litoral Norte de São Paulo, registraram
chuvas além do previsto. Como consequência dessas precipitações, algumas
cidades tiveram casos de desabamentos e mortes.
São
Sebastião, foi o município mais afetado pela tempestade. De acordo com o Centro
Nacional de Previsão de Monitoramento de Desastres (Cemaden), as chuvas que
caíram no sábado (19/2) e no domingo (20/2) resultaram no acumulado de 626 mm
em São Sebastião.
Nesse mesmo período, no litoral paulista, também
foi registrado durante o fim de semana um acumulado de 337 mm em Ilhabela, 335
mm em Ubatuba e 234 mm em Caraguatatuba. Um milímetro de chuva equivale a um
litro de água por metro quadrado.
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Março
Temas relacionados à educação marcaram as
discussões dos brasileiros no mês de março. No ensino escolar, a violência
tomou conta do noticiário após um aluno de 17
anos invadir uma escola em São Paulo e esfaquear a professora Elizabeth
Tenreiro. A educadora tinha 71 anos e era querida por alunos e funcionários do
colégio. Elizabeth era funcionária aposentada do Instituto Adolfo Lutz e, desde
2013, atuava como professora.
Sobre o caso, a Secretaria de Educação de São Paulo
informou que apreendeu o estudante que cometeu o ataque e que toda a comunidade
escolar receberia apoio psicológico.
Também em março, estudantes de uma faculdade
particular de Bauru, em São Paulo, gravaram um vídeo para ridicularizar
uma colega do curso universitário. O motivo da "zoação" foi o fato
de a aluna ter mais de 40 anos de idade.
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Abril
Abril também foi marcado por um ato de violência a
um centro de ensino. O ataque ocorreu na manhã do dia 5 de abril. Um homem
invadiu uma creche
particular em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, e matou quatro
crianças. O crime ocorreu na unidade de ensino Cantinho Bom Pastor, que fica
localizada na rua dos Caçadores, no bairro Velha.
O autor do atentado, um homem de 25 anos, foi preso
e responde por quatro homicídios quadruplamente qualificados e cinco tentativas
de homicídio qualificadas. O processo tramita em segredo de justiça. Os ataques
à creche em Blumenau e à escola em São Paulo levantaram, no país, um clima de
apreensão a possíveis ataques futuros.
Ainda em
abril, chuvas assolaram o Maranhão. O excesso de precipitações
deixou pelo menos 8 mil famílias desabrigadas em todo o estado.
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Maio
No mês de maio o brasileiro teve contato com os
primeiros dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
(Pnad Contínua), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No recorte por cor ou raça, o IBGE verificou que a taxa de desocupação, no
primeiro trimestre deste ano, era de 11,3% entre os que se autodeclaravam
pretos, 10,1% entre os pardos e 6,8% entre os brancos.
No campo de gênero e desemprego, as mulheres
ficaram em 10,8%, enquanto entre os homens o índice foi de 7,2%.
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Junho
Enquanto maio foi mês de divulgação de dados de
emprego, o IBGE publicou as informações do Censo Demográfico 2022 em junho. Os
dados mostraram que, de 2010 a 2022, a população do Brasil cresceu 6,5% e
chegou a 203,1 milhões de pessoas.
Neste período também houve uma mudança de
concentração de gente nas cidades, como foi o caso da diminuição da população
de algumas capitais para o avanço de pessoas ao interior do país.
Um exemplo disso é o caso de Salvador. A primeira
capital do Brasil, segundo o Censo 2022, diminuiu
sua população em 9,63%. Além de Salvador, metrópoles como Belo Horizonte
(MG), Recife (PE), Belém (PA), Porto Alegre (RS) e Rio de Janeiro (RJ) também
apresentaram diminuição populacional.
Enquanto algumas capitais reduziram sua população,
outras aumentaram a quantidade de moradores. Um dos principais exemplos desse
fenômeno é Brasília.
A capital federal, segundo os dados do IBGE,
cresceu 9,6% em 12 anos, e se tornou a terceira maior cidade do Brasil. Outro
exemplo mostrado pelo Censo foi João Pessoa. A capital da Paraíba, entre 2010 e
2022, aumentou sua população em 15,3%. Entre as capitais do Nordeste, João
Pessoa também foi a que teve o maior crescimento na população.
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Julho
Em julho, o IBGE divulgou informações sobre a
população quilombola que vive no Brasil. Atualmente, segundo o Censo 2022, há
há 1.327.802 pessoas quilombolas no país. Esse dado significa que 0,65% da
população é quilombola.
Julho também foi o mês de divulgação da
Constituição na língua indígena. Isso se deu com a tradução da Carta Magna à
língua indígena nheengatu.
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Agosto
O mês de agosto foi marcado pelo assassinato da
líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, a mãe de santo Bernadete
Pacífico. O Pitanga dos Palmares fica localizado na Bahia.
Ela foi assassinada com vários tiros dentro de sua
casa e na presença de seus netos, que foram retirados da sala pouco antes de
ouvirem a avó ser baleada. A Ialorixá já havia informado à presidente do STF
que sofria ameaças há cerca de dois meses. Segundo relatos, ela denunciava a
retirada de madeira ilegal do território do seu quilombo e isso teria motivado
os assassinos.
Ainda em agosto, no dia 15, 29 milhões de pessoas
ficaram sem energia por conta de uma falha na rede elétrica brasileira. Um
atraso no tempo de resposta de equipamentos em usinas de energia causou um
apagão que durou algumas horas e atingiu diversas regiões do país.
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Setembro
Em setembro, o Rio Grande do Sul viveu episódios de
ciclones e fortes chuvas. Foram registradas mortes e milhares de desalojados em
diversas cidades gaúchas.
Enquanto o sul apresentou chuvas, outras regiões do
país foram dominadas por ondas de calor em setembro. A cidade de Cuiabá, por
exemplo, liderou o ranking das capitais mais quentes naquele mês e chegou a
marcar 43º C.
Segundo o Inmet, a região Centro-Oeste foi a mais
afetada pela onda de calor de setembro, e em vários outros estados a
temperatura superou os 40ºC.
Também foi em setembro que a região da Amazônia
enfrentou um período de seca extrema. Nesta época, cerca de 15 municípios do
Amazonas registraram situação de emergência por causa da estiagem.
As cidades mais afetadas estavam localizadas nas
proximidades dos rios Juruá e Solimões, nas regiões do Alto e Médio Solimões.
Mais de 100 mil pessoas foram afetadas pela seca.
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Outubro
Outra onda de calor assolou o Brasil em
outubro. Temperaturas acima do normal foram registradas em diversos estados
como Goiás, Mato Grosso, Pará e Tocantins.
Outubro também foi o mês de divulgação de um
relatório da Unicef que aponta que cerca de 31,9 milhões de crianças e
adolescentes (60,3%) enfrentaram, em 2022, privações em direitos fundamentais,
como alimentação, educação, informação, moradia, renda e saneamento. Por
isso, a Unicef conclui que precisam ser implantadas políticas públicas mais
eficazes.
O mês de outubro também ficou marcado pelo assassinato
de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, na orla do Rio de
Janeiro. As vítimas participavam de um congresso internacional de
ortopedia e receberam um total de 19 disparos no total. A maioria dos tiros foi
pelas costas.
Esse episódio ocorreu no dia 5 de outubro. Entre
as vítimas, Diego
Ralf de Souza Bomfim, 35 anos. Ele era irmão da deputada federal Sâmia Bomfim
(PSOL-SP). Diego Bomfim levou 8 tiros. Além dele, morreram no local
os médicos Marcos de Andrade Corsato, Perseu Ribeiro Almeida.
A Polícia Civil, à época, afirmou que os médicos
foram assassinados "por engano" por traficantes. Eles, na verdade,
queriam matar um miliciano, nomeado Tailon de Alcântara Pereira
Barbosa. De acordo com as investigações, Perseu Almeida teria sido
confundido com Taillon Barbosa
O miliciano, no final de outubro, foi preso pela
polícia. Já os traficantes foram assassinados a mando da facção criminosa
Comando Vermelho.
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Novembro
Ainda está calor por aí? Calma que já foi pior no
mês de novembro. É que aquela onda de
calor que assolou o país nos meses de setembro e outubro continuou em
novembro.
Mato Grosso do Sul e Minas Gerais registraram as
maiores temperaturas da onda de calor, com marcas acima de 43°C durante vários
dias de novembro.
Outro fato que marcou o país em novembro foi a
morte da jovem Ana Clara
Benevides Machado. Ela morreu por exaustão térmica durante o primeiro show de
Taylor Swift, no Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro.
O caso da morte da fã da cantora norte-americana
motivou o Ministério da Justiça e Segurança Pública a assinar uma portaria para
que fossem garantidos tanto o acesso gratuito de garrafas de uso pessoal,
contendo água para consumo no evento, como a disponibilização de bebedouros ou
embalagens de água ao público.
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Dezembro
O último mês do ano já começou com uma megaoperação
da Polícia Federal contra um grupo suspeito de negociar a compra e venda de 43
mil armas para os chefes das maiores facções criminosas do país em três anos.
No dia 5/12, os agentes cumpriram 25 mandados de
prisão preventiva, seis de prisão temporária e 52 mandados de busca e apreensão
no Brasil, Estados Unidos e Paraguai.
Este mês também foi marcado pelo rompimento de uma
mina em Maceió. Explorada pela empresa Braskem, a mina de sal-gema —
matéria-prima usada na fabricação de cloro, soda cáustica, ácido clorídrico e
bicarbonato de sódio — cedeu 2,35 metros, com uma velocidade 0,52 cm por
hora, pouco antes do rompimento.
Fonte: Correio Braziliense
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